quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Ó pra mim machista...


Sabemos que grande parte das doenças que hoje nos afectam se devem àquilo que comemos e bebemos, pela sua deficiência, pelos excessos; daí que seja difícil perceber o descaso com que tão importante tema é hoje tratado em tantas famílias “modernas”.

Se há uma avó, uma mãe que cozinha para todos, a comida bem feita aparece na mesa a horas certas, que maravilha; comem todos e ninguém parece dar valor a tão indispensável tarefa, de tal forma que não há quem se preocupe a ensinar e aprender.

As meninas não têm vergonha de chegar à idade casadoira sem perceber a “ponta de um corno” de uma questão tão basilar para o bem-estar familiar; depois, a menos que disponham de rendimentos para ter uma cozinheira profissional permanente, alimentam-se de “fast food”, enlatados e todo o tipo de porcarias, de que resulta sermos um país com altíssima taxa de crianças obesas, diabéticas, com colesterol e hipertensas!

Vem isto a propósito de um programa de culinária da RTP, de que já me calhou ver alguns episódios, chamado “a minha mãe cozinha melhor que a tua”; e vêem-se ali as coisas mais caricatas, como mães e avós que vão com filhas e netas, que não sabem nada de nada de cozinha, parecendo orgulhar-se disso, a ponto de não conhecerem sequer o nome dos utensílios, e fazerem esgares de nojo quando é preciso mexer com as mãos em peixe e carne.

Impressiona-me o desprezo que esta juventude revela por algo tão decisivo; e as desculpas que arranjam para não ter começado a aprender logo de pequenas são as mais disparatadas, parecendo-me claro que as progenitoras são mesmo as mais responsáveis por esse disinteresse. É capaz de parecer “fino” a estas raparigas tratar o trabalho doméstico com desprezo, mas ele é fundamental para a felicidade da família.



Amândio G. Martins

4 comentários:

  1. Este seu comentário, que muito apreciei, confessa logo à partido que é machista. Mas face à "ordem vigente" actual, ele é até "fascista", pois é contra a igualdade de mulheres e homens, ao pressupôr a mulher a cozinhar para os homens. Isso já foi tempo, hoje os homens já sabem cozinhar, que remédio, pois perante a incapacidade desta geração actual de mulheres, passariam fome se não aprendessem. Os meus filhos nasceram em 73 e 75, sei do que falo. Um abraço.

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  2. Subscrevo na íntegra e vou um bocadinho mais longe; é um comportamento criminoso em relação às crianças provocando-lhes obesidade e as outras doenças associadas ou não, que o senhor Amândio refere. Costumo passar, depois das 19 horas, junto de um "posto de abastecimento" dessa comida de plástico, até fazem bicha dentro dos carros para se abastecerem. Isto, num país com a excelentíssima gastronomia que sabemos. E fica muito mais caro que comer em casa! Dá Deus nozes...Não vem bem a propósito, mas, já agora; há dias fui ver o filme de João Botelho, "O Fim da Inocência". é sobre o comportamento aí da rapaziada a partir dos 14/15 na Night. Não sei se imaginam!Álcool, drogas, sexo... Uma desgraça!

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  3. Concordo com parte do problema: desprezo pela vida familiar. Discordo que seja tarefa específica das mulheres o ter de cozinhar (diz ele enquanto esprera que a comida que meteu à pouco no forno, para os almoços dos próximos dias, fique pronta - já cheira! E podia ser melhor, se não tivesse de ter aprendido quase só por mim) Ah! E do que sei cozinhar, não é nenhuma desgraça, é por gostar de saber e de fazer.

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  4. Há casos em que o marido, ou namorado, cozinham e até levam ao tal programa a "consorte", neste caso é mesmo com sorte. Mas a regra é nenhum deles saber nada de nada em cozinha. Quem nos supermercados observar o que corre no "tapete" da caixa verifica que são os jovens que mais "lixo" levam para casa, em comida e bebida; então aquelas garrafonas de suposto sumo, compostos de açúcar e químicos, metem mesmo nojo! Quem de facto se vê levar para casa produtos e frescos para cozinhar são os mais idosos, os tais que sabem cozinhar e apreciam comida de gente...

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