terça-feira, 12 de dezembro de 2017

"RARÍSSIMAS", OU A ÁRVORE E A FLORESTA!



Os mídia e as redes sociais fervilham com alegados gastos de uma dirigente de uma IPSS chamada "Raríssimas". Como é óbvio, eu só conheço o que foi publicado. E fico escandalizado, não por uma eventual gestão incompetente e/ou danosa de uma ou mais pessoas numa Instituição (porque isso é próprio do género humano sobretudo quando existe dinheiro em abundância), mas principalmente por estarmos só a ver o problema da árvore. E qual é o problema mais largo, mais profundo, a verdadeira floresta, que é mister analisar e corrigir? É o falhanço do Estado! Deste governo? Não necessariamente, mas também. Não necessariamente porque o fenómeno deste falhanço não é novo, e já aconteceu em governos anteriores desta "democracia" de 43 anos. Mas também, porque temos visto este governo do PM Costa mais preocupado em acrescentar despesa corrente em salários de funcionários, do que assegurar que as normais funções do Estado estejam adequadamente asseguradas. E isso foi visto, com graves consequências, este mesmo Verão, nos fogos de Pedrogão e no roubo de Tancos. Se o Ministério da tutela (da Solidariedade e Segurança Social) tivesse cumprido as suas funções de inspecção das actividades da IPSS referenciada, designadamente pela IGSS, os actos em causa já teriam sido detectados há muito e os seus responsáveis chamados às autoridades. Assim, com este "laisser faire", não só foi posto em causa o bom trabalho que terá sido feito por esta IPSS, como sobretudo comprometida a credibilidade de muitas outras, que sendo sérias e fazendo bom trabalho, vão certamente ver diminuídas as suas possibilidades futuras de se financiarem junto dos cidadãos. Que o governo não se comporte como se estivéssemos já solventes e ricos, e assegure primeiro se o Estado cumpre as suas obrigações estruturais elementares.

3 comentários:

  1. Acho que tem toda a razão quanto ao "pateta" do Estado. Este confia (ou interessa-lhe "confiar"...) nos privados e dá-lhes o "bolo". Depois de lho dar, não os fiscaliza e ainda se lhes mistura em cargos como Assembleia Geral e similares. E depois... ainda é tomado pelo mau quando as coisas correm mal pois os recebedores nunca assumem culpa alguma do prejuízo e/ou do dolo. A minha tese é que esse Estado é quase sempre "tomado por dentro" por gente que dele não gosta a não ser para o minar no "cuore" onde se instalou e donde o vigia. Dr. Jekyll e Mr. Hyde no seu melhor.
    Só mais uma palavra sobre os os funcionários públicos que tanto o preocupam e que o governo "beneficiou". Quase parafraseando Almada Negreiros direi: Morram os funcionários públicos! Morram pim!

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  2. Eu sou casado com uma funcionária, e a reposição de valores e regalias deverá prosseguir, mas na minha modesta opinião, só depois de assegurados serviços absolutamente essenciais que o Estado deve aos cidadãos. Sei que não concorda, o que acho normal, dadas as nossa proverbiais divergências políticas. Espero que tal não me condene às galeras.

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  3. OBS. Publicado no jornal PÚBLICO, na sua edição de 13/12/17.

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