sábado, 9 de dezembro de 2017

Variações

A figura de António Variações ainda é ao cabo de 33 anos após a sua morte, venerada, ou pelo menos recordada e louvada. Carismático como poucos, este ex-cabeleireiro do lugar de Fiscal ali no Minho, em Vila Verde, é hoje recordado e homenageado como sendo um intérprete único, algo enigmático. Avançado na obra criada, e nos disfarces assumidos, foi um intérprete que marcou indelevelmente, um tempo. Há um antes dele, e outro, após a sua partida e no vazio deixado. Não foi alvo de manifestações populistas, por parte de gabinetes assediados, ministérios, presidências, grupos de forcados, palradores oficiais, nem de deputados a louvar em assembleias de pouca fé, o seu génio e a sua arte. Não recebeu o calor humano que merecia, nem foi nomeado o seu trabalho como género futurista, que ainda hoje foi motivo para a realização de um colóquio e um Concerto, na Faculdade de Letras na Univ. de Coimbra, e no Teatro Gil Vicente, respectivamente. A Deolinda de Jesus, assim se chamava a sua mãe, foi por ele criado e dedicado um tema, que subiu ao palco, cantado pelos seus irmãos. Dele muito se diz actualmente. Daquele que partiu, por entre “xutos e chutos”, dados aos “pontapés” por qualquer casal ventoso, ao som de uma má voz, e por entre as veias duma guitarra apaparicada mas de pouco alcance, mas muito ruído levantado pelos seus apaniguados, ninguém daqui por 33 anos falará, ou escreverá uma linha, uma semifusa que seja. Mas do Variações, um rapaz sem o melhor sorriso do mundo, mas com imensa alma, teremos sempre notícia do seu som, e da sua genial figura barbuda e talento como compositor!

-*(publicado hoje no DN-madª)

1 comentário:

  1. O dos chutos, que se foi devido aos mesmos, parece que até nem era mau rapaz. Mas, nesta terra do 8 ou 80, houve efectivamente manifesto exagero na consumação do mesmo.

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