quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Sobredotados, morcões e hiperactivos


A jornalista Paula Ferreira, do JN, diz que a escola, assim como está, segrega grande parte dos alunos, mimando só os das boas notas, que fazem subir no ranking os estabelecimento que frequentam, levando os país a matricularem aí os filhos, tantos que será preciso seleccionar e aceitar só os das melhores médias, não deixando lugar para os outros, que são a grande maioria e os mais carentes de formação.

Como leigo na matéria, mas calculando o “inferno” que será para muitos professores ter de aguentar na sua sala gente que não só não quer estudar como impede os que querem de avançar com sucesso, não vejo como integrar uns com os outros. Agora vulgarizou-se o termo “hiperactivo”, que parece dar cobertura a todo o tipo de vandalismo; dizia um dia destes alguém, na Antena Aberta, da Antena 1, que a maioria deles são é hipermalcriados!

 Questiona a jornalista:: “Estão as escolas vocacionadas e preparadas para ensinar ou apenas para transmitir conteúdos?  Deverão os alunos ser tratados todos da mesma forma, como se no interior da sala de aula estivesse uma massa uniforme e não indivíduos, todos diferentes, embora com as mesmas obrigações, vivências díspares e objectivos distintos. Terá a escola alguma coisa a ver com o estranho mundo dos nossos adolescentes?

E é este ponto que a escola, numa sociedade democrática, precisará de decidir, se quer continuar a formar meninos sobredotados ou se vai, de facto, formar os outros e atenuar as diferenças em termos de pauta, de cidadania, de igualdade de oportunidades”.


Amândio G. Martins


4 comentários:

  1. Vivi com uma professora primária (do ensino básico como se diz muito mais pomposamente agora, tal como essa dos hiperactivos, ou seja, umas bestasinhas) já lá vão uns anitos, mas já ela me falava nesse tal "inferno", provocado até, por vezes, por alguns pais que lá o iam fazer à escola. E, claro, no secundário ainda é muito pior!E o "inferno" também tem piorado. Mas o comportamento da miudagem e dos mais matulões do secundário e do superior, é o espelho desta "linda" sociedade.

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  2. O problema da hipervalorização das notas, muitas vezes artificialmente, parece-me ser somente no ensino privado. O que, lamentavelmente se insere na nossa sociedade de "vencedores e vencidos" ´, sem espaço para os outros que caem e se levantam mas... já não vão a tempo, no sistema que vivemos.Ou seja, os problemas estão predominantemente a montante ( dinheiro e cultura familiar, visão ideológica societal, etc.).
    Três apartes: talvez pelo que disse atrás, não gosto muito ( subjectivo, claro) que se usem palavras como "hipermalciados" e, muito menos, "bestazinhas"; a minha mulher nunca permitiu que a designassem como "professora primária" pois, dizia ela, o grau de ensino é que se denominava como "primário" ( o novo termo de "1º ciclo do ensino básico" é pomposo, Francisco?!); finalmente o síndrome de "Hiperactividade com défice de atenção". Ele existe, o que é pena é que se tenha sobrediagnosticado e sobremedicado farmacologicamente.
    Nota: apesar de sentir "repugnância" pelo aconselhamento de livros que não tenha lido, por razões óbvias, vou permitir-me "anunciar" um pequeno opúsculo que saiu já em Janeiro ("Hiperactividade e défice de atenção" de Pedro Strecht, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, Vol.nº 80), pela confiança que o autor me merece. São só 94 páginas, custa 3,15 euros, cabe num bolso e pode ser comprado no hipermercado Pingo Doce (passe a propaganda).

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  3. Tem razão, Fernando! A designação correcta é mesmo ensino básico. Quanto às bestazinhas, não vejo a gravidade que o Fernando vê, mas aceito a sua observação.

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  4. Na verdade, é preciso ter em conta que os mais problemáticos são de famílias com pouca ou nenhuma escola; mas ver o que eles e os pais muitas vezes fazem, "invadindo" as escolas e agredindo professores, não sugere palavras meigas... A professora do ensino primário, ou básico, ou primeiro ciclo, está na base de tudo e sempre me pareceu a mais desconsiderada...

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