quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Síria

De pouco vale, objectivamente, a nossa indignação sobre o horror que se vive na Síria e em outras regiões do planeta, onde diariamente morrem centenas de pessoas.
De pouco vale porque para os senhores do mundo, para os donos disto tudo, estas mortes são danos colaterais em relação ao fundamental. E o fundamental, para eles, é o Poder; o fundamental são questões de geoestratégia que escapam a todas as lógicas humanitárias, solidárias e afins; é a ganância, o controle do mundo....
Agradeço ao José Manuel Castro Lousada os dados que agora reproduzo e que foram por ele publicados na sua pagina.
Talvez, lendo isto fiquemos revoltados, mais revoltados ainda; percamos um pouco mais a fé no ser humano; aumente a nossa repugnância pelos grandes líderes que tanto lucram com esta infâmia.
Talvez...mas é imperativo que consigamos ver para lá do óbvio, mesmo que o óbvio seja, como é, tenebroso.
Ficaremos também, com toda a certeza mais conscientes da nossa impotência, mas que ela não seja sinónimo do nosso silêncio.
A ler, com atenção.
"Ghouta-leste. Alguns pontos referidos em blogs internacionais. Objectivos da administração Trump relativamente aos "rebeldes" de Ghouta, em particular, e à Síria em geral:
- Demonstrar ao mundo que o governo sírio não é capaz de manter a segurança nem sequer na capital, impedindo, designadamente, que embaixadas, consulados e outros organismos ou agências internacionais se instalem em Damasco;
- Mostrar ao mundo que a intervenção militar da Rússia na Síria não foi bem sucedida;
- Proteger os "rebeldes" e terroristas para que possam continuar a ser utilizados para desestabilizar o país e ajudar a derrubar o governo;
- Esvaziar de conteúdo as conversações de paz de Astana, promovidas pela Rússia, e dar primazia às de Genebra, sob os auspícios das N.U.;
- Justificar a presença americana no nordeste da Síria e controlar as reservas energéticas a leste do Eufrates, impedindo que o governo use as correspondentes receitas para financiar a reconstrução, o que poderá apressar a queda de Assad;
- Proporcionar a Israel pontos de apoio táctico e logístico dentro do território sírio, inclusive ao nível de aeródromos na posse de forças dos Estados Unidos ou de outras com estes coligadas (YPG/curdos, etc.), que Telavive poderá usar nas operações contra o Hezbollah e milícias iranianas."
Porcos.
Miseráveis.

17 comentários:

  1. Não sei se entendi bem mas parece-me que, segundo o Sr. JMCL, esses são os "maus", não? Se assim é... aí está o velho maniqueísmo em acção...
    Curioso que, nessa meta-análise bloguista, nem por uma vez se fale do sofrimento humano! Mesmo dando de barato a nossa "impotência"individual, faz impressão...

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  2. O sofrimento humano é visível e hediondo para qualquer pessoa com meio coração a funcionar. Não é preciso referi-lo porque ele entra-nos pelos olhos dentro todos os dias. O que já não será tão obvio , e é nessa vertente que a abordagem do referido senhor é importante, são as jogadas que estão por detrás desta vergonha. Um jogo de xadrez em que as peças são um povo que não se pode defender e com a cumplicidade surda das Nações Unidas e quejandos. O silêncio da classe política é ensurdecedor e repugnante. Se houver um atentado na Europa ninguém os cala ,mas aqui nem se ouvem, uns porque são pró N.U / EUA, outros porque são pró Russia. Não me viu a ser sectária na abordagem por isso não sei a quem se refere quando fala dos maus. Os maus...os maus são os que se alimentam destas tragédias humanitárias por questões económicas, de geopolítica é geoestratégia, mas desses não se fala nos noticiários, porque não interessa.

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    1. Caríssima Graça ( bom voltar a "vê-la"!) você é que citou seis "itens" (a totalidade) referidos pelo Sr. JMCL, não fui eu que os inventei! E vê lá algum que que seja "pró N.U/EUA" (sic)? Eu não vejo, confesso. Num aparte, incomoda-me que faça binómio desses dois actores. Então a ONU não é muito mais que isso a Rússia não é componente dela?
      Pensa que estou a fazer a defesa dos EUA? Pois não estou, mas não aceito que num debate político e/ou social, a casuística só contenha exemplos de um lado, com foi o caso vertente que a Graça trouxe à liça.

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  3. Os E.U.A. querem fazer na Síria o que fizeram no Iraque e na Líbia, só não vê quem fecha os olhos...

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    1. Ou quem só tem um aberto... Não porque não possa ter razão no que vê, mas porque não quer ver o campo todo que a visão alcança.

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    2. ...Líbia, só não vê quem não quer ver.

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    3. Pois... Grato pela apodo que me coloca de "cegueira" auto- infligida... mas olhe que há mais "cegos" e laconicamente assertivos.

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  4. Bem-vinda, Graça! Quem é que fica impávido e sereno perante o que se passa na Síria? Mas também no Iémen, na Líbia, e o que se passou ( e ainda passa) no Iraque.Na Síria, a guerra não acabou já, porque os "suspeitos" do costume, a sua NATO e os seus aliados que têm apoiado a "oposição" que integra a rapaziada do EI e da Al Nursa(não me lembro se é assim que se escreve, mas não interessa)que é o ramo da Al Qaeda local, não querem. O seu objectivo, como sempre, era/é o derrube de Assad, que, tal como Saddan e Kadafi, não colabora com eles. Pronto, já sei que o Fernando Rodrigues, mais uma vez, me vai acusar de só ver de um olho. Paciência!

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  5. Que estranho, neste seu comentário, não ouvir uma única palavra (uma só!) sobre os que estão a sofrer os efeitos dos bombardeamentos russos e sírios! quem deita as Discute-se tudo menos eles! Quem é culpado, de que lado dos lados políticos, mas sobre os mortos e estropiados... nada! Neste momento interessa-me pouco saber quem tem razão ( julgo que ninguém!) mas sim como se pode salvar aquela gente da carnificina. E quem deita as bombas neste momento são os russos e os sírios, ou não? Espero bem que não me vá dizer que os meios justificam os fins! Espero bem...

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  6. Ó Fernando, então não comecei por dizer quem é que fica impávido e sereno com que se passa na Síria? Nem que fosse uma única pessoa! Infelizmente, já vai em meio milhão. Quanto ao resto, não vale a pena repetir. Sei que todos estes horrores,nos perturbam. Passe uma noite o melhor possível.

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    1. Tem razão, disse aquela frase anódina e quase introdutória do que queria dizer. Depois,são só notas duma determinada visão política. Referindo eu, sem o citar, o caso actual de Goutta, não tece nenhum comentário quanto aos lançadoresde bombas.Porquê? São eles e elas (as bombas por eles lançadas) que estão a matar e a matar.Cada um fala do que quer, embora com o mesmo "pano de fundo", e nós os dois escolhemos coisas diferentes. O que não é somente uma escolha política...

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  7. Queridos Amigos,
    Não que Vos digo mais nada de tudo que já foi dito, mas perante tantas atrocidades que nos entram todos os dias porta adentro, ninguém pode ficar impávido. Mas só sei dizer que todas as armas são fatais, mortais, e nada mais.
    Não sei pensar naquilo que tanto dor e sofrimento se abateu naquelas terras, onde a Paz já não existe há tanto tempo. Não posso dizer mais nada, ou seja BASSSSSSSSSSSSSSSSSSSTA!!!!!!!!!!!!!

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  8. Vi agora o jornal Avante. Os meus amigos têm as posições que têm, mas não têm preconceitos que vos impeçam de ler este jornal. A propósito da Síria, vejam! Também não será novidade para vocês, a guerra da informação e contra informação. As coisas, e então estas, nunca são a preto e branco...

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    1. Mas as mortes intencionais, essa são mesmo muito NEGRAS... e, repito, é dessas que eu falo neste debate desencadeado pela Graça.
      Quanto ao Avante, realmente não li mas, oh Francisco,espera isenção de análise? Claro que espera, eu é que não!

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  9. Fernando, não estou a falar de isenção. Falo de informação. De dados concretos. E, neste aspecto, até lhe sugiro mais. Sugiro-lhe também a antepenúltima edição. Ainda mais completa. Acha que se o jornal mentisse, não lhe caíam em cima? Como o Fernando deve calcular, não leio só o Avante! E está enganado quanto à minha expectativa de isenções, não sou ingénuo.
    Ambos condenamos a morte de civis inocentes. Quanto à intencionalidade, já não concordo consigo. Boa noite!

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