domingo, 19 de agosto de 2018

Está na hora


E já vem tarde. A União Europeia encara, finalmente e com determinação (veremos!), a aplicação de sanções à Polónia, que podem ir até à retirada do direito de voto no Conselho Europeu, punição pela recusa da independência do poder judicial.

Está na hora de obrigar quem quer fazer parte da UE a obedecer às condições de admissão. Chega de paliativos. Já nos bastava andar por aí uma deputada europeia, fascista renegada e não assumida, a querer usufruir dos palcos reservados aos democratas.

Não espanta que apareçam gargantas – muitas, demais! – a dizer, de forma tão “candidamente correcta”, que não lhe devemos tirar a voz e, pelo contrário, devemos contraditá-la em cima do mesmo palco. Já Francisco Louçã defrontou o papá Le Pen, em 1990, olhos nos olhos, melhor, ombro a ombro, e bem se viu quem foi mentiroso e arruaceiro. Era bom, sim, se não conhecêssemos o que a História nos ensina sobre essas liberalidades. Hitler e o partido Nazi, no país de Beethoven e Marx, com o respaldo de quatro vezes mais votos do que Marine Le Pen, atingindo, em 1933, a incrível marca de 92% do eleitorado alemão, também beneficiaram da tolerância democrática. E depois? Bem, depois, foi o que se viu. Para evitar milhões de mortos e outras vítimas, teria valido a pena calá-lo.

É legítimo cercear a liberdade de “alguns” em defesa de todos os outros. Bem sei que as inibições impostas por governos (felizmente, não foi o caso, em Portugal, a propósito dos convites a oradores na Web Summit) podem abrir precedentes perigosos. Neste capítulo, a intervenção cívica, com ou sem partidos, tem de ser – e foi - fundamental. E o “princípio” deverá ser sempre o mesmo: nenhuma liberdade aos inimigos da liberdade. Não é má vontade, é, simplesmente, um mecanismo de defesa. Porque ninguém tenha dúvidas de que esses inimigos da liberdade se aproveitarão dela para a destruir na primeira oportunidade. 

Expresso - 25.08.2018 (adaptado/encurtado pelo autor).

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.