sábado, 15 de setembro de 2018


Estamos “bem” acompanhados...


Dizia ontem o jornalista espanhol Pablo Montesinos que, desde que foram descobertas irregularidades no “mestrado” de Cristina Cifuentes, que levaram à sua demissão do cargo que desempenhava, tem sido “um ver se te avias” de correcções de currículos no Parlamento, tal o número de qualificações inflaccionadas que continham.

E um novo “desporto” afadiga os meios de comunicação espanhóis, que consiste em demonstrar qual deles descobre mais “arranjinhos” e plágios nos trabalhos académicos dos políticos mais em evidência, que são os que mais lhes interessam. E pelo que já se sabe, a Universidade Rey Juan Carlos I fica muito mal colocada, assim como Alvarez Conde, um proeminente professor dessa instituição, que parece ser o ponto comum em todas as anomalias verificadas.

Desmascarada que foi Cristina Cifuentes, que se recusou a mostrar os TFM-trabalhos de fim de mestrado, dizendo que os tinha perdido, seguiram-se as dúvidas sobre Pablo Casado, ainda antes de ser eleito líder do PP; pelo meio foi “apanhada” a ministra da Saúde, Carmen Montón que, licenciada em medicina, quis fazer na malfadada escola um mestrado em “reprodução assistida”, acabando por se demitir.

Entretanto o líder do “Ciudadanos”, Albert Rivera, talvez por já ter sido desmascarado pela Universidade de Barcelona por apresentar falsas qualificações, encarniçou-se contra Pedro Sánchez, exigindo que tornasse pública a sua tese de doutoramento em economia pela Universidade Camilo José Cela, ao que o chefe do Governo respondeu que ela estava acessível a quem a quisesse consultar na Universidade; mesmo assim insistiam que a tornasse pública, até porque o jornal ABC fez escândalo com a manchete de que a tese era plagiada.

A Universidade saíu em defesa de Sánchez, afirmando que a tese foi defendida pelo doutorando perante um júri altamente qualificado, não foi posta em causa a sua qualidade e foi aprovada; agora que Sánches autorizou que se publicasse, desunham-se os “periodistas” a ver quem descobre mais falhas, se os textos citados estão devidamente assinalados e até já houve um jornal que o acusou de “autoplágio”, por incluír na tese trabalhos seus anteriores, pese embora um programa informático anti-plágio já ter demonstrado que são irrelevantes as falhas encontradas ...


Amândio G. Martins








2 comentários:

  1. Sabe o que me "espanta? É esta "doença" ser tão contagiosa. Atavismos tão básicos num tempo tão rapidamente evolutivo....

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  2. O que a mim me parece é que estas pessoas, percebendo desde cedo que a política lhes pode proporcionar uma mais rápida ascensão na escala social, dedicam-se mais a ela que aos estudos; e quando um título académico se torna mesmo imprescindível para progredirem, tentam obtê-lo a qualquer custo, servindo-se da notoriedade pública já alcançada...

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