quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Quem me ajuda?


Há momentos na vida em que escolher uma posição intelectual chega a ser doloroso. Intrinsecamente contra qualquer tipo de censura, custa-me muito ver impedir alguém do uso da palavra. Por outro lado, permitir que alguém “envenene” o povinho com falsidades que, no futuro, se podem tornar perigosas, é posição que também me arrepela os cabelos. Refiro-me à recente polémica sobre a conferência de Piers Corbyn, na Universidade do Porto, para negar, pelo menos parcialmente, que as alterações climáticas se devem à influência humana. Não se sabendo se há interesses obscuros, mas fortes, por detrás dessas ideias - completamente afastadas, à luz de critérios inatacáveis, do mainstream científico actual - sabe-se, contudo, que permitir que uma Universidade de prestígio, ela própria dependente do erário público, sirva de “calçadeira” a tais intentos, é absolutamente reprovável. Esta é a minha única certeza no assunto porque, quanto ao mais, confesso-me dividido, quase apetecendo pedir ajuda neste imbróglio. Por todas as razões, parece-me avisado que esses “cientistas” falem com quem quiserem, a expensas próprias, e sem capitalizarem promoções estatais apetecíveis, ainda assim no conforto e na tranquilidade de saberem que não vão perder a vida pelas suas ideias. Já do mesmo não beneficiou Giordano Bruno, com quem comparar Corbyn é, no mínimo, desonesto.

2 comentários:

  1. Sendo bem evidente que essa gente tem uma agenda bem definida, compreende-se mal que instituições públicas paguem para que a vão cumprindo, a não ser para poder rebatê-la com gente que defende outros valores...

    ResponderEliminar
  2. Confesso que não segui como devia ser esse debate(?) promovido por uma professora da Universidade do Porto e com o patrocínio desta. Mas do que li e ouvi, penso que poderei intervir pelo lado por onde o José Rodrigues o abordou. O de se é correcto que se dê voz a pseudo-cientistas num forum promovido pela casa da ciência. O seu "dilema" interior é o meu e só o dignifica pois de maniqueísmos estamos nós fartos. E que o assunto merece atenção, mostra-o dois dos mais vistos programas de debate -Governo Sombra e Eixo do mal- em que, no primeiro, todos defendiam que o evento não devia ter sido evitado ( pela defesa da liberdade total de expressão) e, no segundo, só um dos quatro intervenientes o fazia. Portanto, neste caso vertente, entendo que a voz dos "negacionistas" não deve ser calado mas sim controvertida por vozes com saber feito e demonstrado, em debate aberto. Estamos a falar de ciência e esta deve estar sempre de "peito aberto" às fés e similares que querem debitar somente aquilo que convem.
    Em política, aí sim, "preciso mesmo de ajuda" pois o combate está a tornar-se desigual. A minha formação cultural leva-me por caminhos bem democráticos de falar e deixar falar, mas os inimigos da democracia já prenderam que com regras... não vão lá. E distorcem, mentem, insinuam mas.... reclamam espaço para expender e expandir, com tudo o que lhes vem às "mãos, os seus desígnios. E aí, ao contrário da ciência,... não há como mostrar por "a+b" que ... o "clima está a alterar-se pela mão do Homem"... Para já, o meu lado "Dr. Jeqyll" ainda está vencedor.

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.