sábado, 13 de outubro de 2018


A maldição da  múmia...


A transladação dos restos do ditador Franco não tem dado descanso ao chefe do Governo espanhol; é que depois de ter conseguido que o “Congreso de los diputados” votasse a favor da sua remoção  -  com abstenção de toda a Direita -  a que a família do ditador e o abade dos “Caídos”se opunham terminantemente, é agora o Governo e seus apoiantes que também não querem que seja sepultado  na catedral de Almudena, local escolhido pelos descendentes, por já lá terem uma cripta privada onde  estão outros membros do clã.

E Pedro Sánchez tem mesmo aqui um problema porque tinha dito várias vezes que o tristemente célebre defunto seria colocado num local digno à escolha da família; e esta não só faz agora finca-pé em depositá-lo em Almudena, uma catedral icónica e próxima do palácio real, como quer uma cerimónia com as honras militares devidas a um chefe de Estado. E aquilo a que, acessoriamente, a esquerda e as famílias das vítimas da ditadura também queriam pôr termo -  as romagens de fanáticos do franquismo -  passarão a ficar ainda mais fáceis.

Embora  haja uma lei canónica que impede sepulturas nas igrejas, os bispos, que  têm lavado as mãos na disputa, parece continuarem a não querer tomar posição, mas vão dizendo que a polémica é política e “los muertos no tienen carnet político”; para tentar descalçar esta apertada “bota”, pensa o Governo recorrer ao Papa Francisco que, virando os olhos ao Céu, digo eu, há-de pensar que só mais esta lhe faltava...


Amândio G. Martins

2 comentários:

  1. Sabe que, quando li o título, pensei logo em.... Cavaco Silva? Afinal a múmia "era outra"....

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  2. A que refiro é uma múmia há muito"encaixotada"; a de cá ainda se desloca meia viva...

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