sábado, 20 de outubro de 2018

Os Netos...

Depois dos filhos criados e de alguma estabilidade no desenrolar dos percursos da vida surgem os Netos. Será a ordem natural desta nossa permanência nesta Terra que continua a girar em volta do Sol. E, agora na condição de Avós, lá recomeçam a ser chamados para interagirem mais intimamente na Família.  

           Começam, muitos dos agora Avós a ficar com os bercinhos, depois as cadeirinhas e não tarda nada que já andam a ajudar nos primeiros passos. Todos curvados nem sentem as dores que os anos vão pendurando nas costas. Trocam histórias com os outros Avós e repetem as gracinhas – todos os dias diferentes – que vão acontecendo até chegar a altura de ajudarem os Pais a levarem ou irem buscar às escolas.   

           Muitos destes Avós já se esqueceram dos percursos e das “graças” dos seus Filhos e cada nova coisa dos Netos é como se a Primavera nascesse todos os dias.

Para nós – Avós - os nossos Netos estão cobertos do pó doirado das estrelas. As suas palavras soam como o chilrear dos pardais e desejamos (apesar de todas as novas tecnologias) que sonhem com fadas e que estes sonhos se espraiem pelos anos de juventude e que o Sol que nasce todas as manhãs seja sempre um bom companheiro.

E os Netos vão crescendo e mais depressa do que o esperado saltam para as faculdades, ou mesmo sem especialização, procuram entrar no mercado de trabalho que apesar da muita propaganda continua em muitos casos a não oferecer estabilidade de remuneração e horários humanizados. E o coração dos Avós vai pulsando pelas lutas, pelos contratempos que os seus Netos vão sofrendo. A Vida não é só Primavera. Tem muitos dias de Inverno, de tormentas que os Avós não podem resolver. Só podem ouvir as desilusões tantas vezes também muito sofridas pelos Filhos mais directamente ligados aos nossos Netos. A Família – felizes os que têm este reboliço de filhos e netos enlaçados na distância de uns quarteirões de prédios – é na verdade o verdadeiro suporte de uma sociedade de Liberdade.

Liberdade que, como diz a canção, só será a sério quando houver Paz que tanto desejamos e muitos de nós trabalhamos para a manter, de Pão (traduzindo: de emprego), de Habitação (tantas vezes dificultada pelas opções dos governos), Saúde (nesta altura precisamos de resolver os problemas dos Enfermeiros), Educação que tarda em ver resolvido a contagem do tempo dos Professores.  

E no meio de tudo isto, as pessoas mais velhas voltam sempre aos Netos e ao desejo de que eles encontrem um caminho feliz e vejam os seus sonhos rapidamente realizados. 

Maria Clotilde Moreira
Jornal Costa do Sol - 17 a 23 de Outubro

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