terça-feira, 6 de novembro de 2018

Coisas que continuo a não compreender

Em conversas mais ou menos intelectuais que surgem em horas de cavaqueira, vão dizendo: porque não escreves sobre… e lá vem uma lista de problemas que as afecta ou que entendem pouco e gostavam de ter mais informação. Para isso era necessário que eu também estivesse mais esclarecida e ter certezas sobre o que por aí se diz. Mas a quantidade de noticias que nos caiem em cima – seja pelos jornais, rádio ou televisão – pouco tempo nos deixam para procurarmos e assegurarmos a veracidade dos assuntos.

Mas uma coisa que continua a espantar-me: é a proliferação de abertura de lojas chamadas chinesas onde são postos à venda milhares de objectos que não servem para nada. Ali ficam anos e anos a encherem grandes superfícies fora, claro, os armazéns em enormes caves. Estas importações é dinheiro que sai e que vão suportar as informações de que as nossas importações são superiores às exportações. Expliquem-me: porque se importa imagens de nossas senhoras e outros santos feitos no outro lado do Mundo? Não haverá artífices portugueses que os possam produzir aqui nas nossas aldeias?   

Também as calças esfarrapadas - e dizem que alguns modelos até custam fortunas – é uma moda (?) que me espanta que tenha a adesão de tanta gente. E esta gente não são só novos – rapazes e raparigas – mas também muitos adultos que deviam – quanto a mim – dar exemplo de bom gosto e não ir atrás de pseudo modas a armar ao chique.

Estes procedimentos para mim errados (tento não os seguir e a chamar a atenção dos que me rodeiam) estão a suportar que lá longe, muito longe muita mão de obra de crianças sejas explorada Se não importássemos, se não houvesse mercados, talvez ajudássemos a mudar mentalidades daqueles longínquos responsáveis e a politica daqueles países tivesse de seguir outros rumos.

Também não consigo compreender como continua a haver, principalmente jovens, a espetarem pregos no corpo e a cobrirem o corpo com “desenhos”. São práticas muito antigas mas de povos e culturas que nada têm a ver connosco. Bem sei que os portugueses foram dos primeiros a ir por esses mares fora à procura de coisas novas mas sem o passado daquelas civilizações não consigo compreender que se pintem e se espetem no nosso País.

Completamente diferente das minhas incompreensões acima referidas mas que infelizmente vão fazendo parte do nosso dia a dia sem possibilidade de corrigir na procura de um mundo mais justo são as disparidades salariais já não só “entre os donos disto tudo” e os seus trabalhadores mas até entre “estrelato” e investigação cientifica. Tanto trabalho científico português, premiado e aplaudido no Mundo que continua com dificuldade de meios materiais e até sem uma divulgação nos meios da comunicação social de acordo com a sua real importância.      

Maria Clotilde Moreira

Jornal Costa do Sol - 31.10.2018 

    

1 comentário:

  1. De vez em quando aqui temos a nossa amiga Clotilde, a falar-nos dos seus espantos. Esqueceu-se de, pelo menos, mais um! As bichas (continuo a dizer bichas) para comprarem comida de plástico. Isto, no país que tem uma das melhores gastronomias do mundo...

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