quinta-feira, 22 de novembro de 2018


Deus queira que sim...


“Até hoje não se entende totalmente o que aconteceu naquele país longínquo; certo é que, às vésperas da escolha do seu novo líder, metade da população passou a enxergar apenas um lado das coisas. E, quando a paz social estava a dar o badagaio, veio o pior. É que essas hordas de meios cegos, surdos e mudos partilhavam o mesmo espaço.

Pessoas de ambos os lados conviviam nos mesmo transportes públicos, no trânsito, nas ruas, nas mesmas empresas, nas redes sociais e, pior, no mesmo seio familiar.Não conseguindo nem olhar para os seus colegas e parceiros, pessoas de ambos os lados começaram a amargurar à mesa. Colegas, vizinhos, amigos, pais, mães, cônjujes, tios, avós e filhos começaram a trocar farpas sem dó. Familiares saíram dos grupos de família sem dizer adeus ou, se se despediam, faziam-no com verbalhetes impróprios.

Foi então que o evento final se desenrolou. A população inteira convergiu para as urnas, mas pouco importava o candidato, cada lado da população queria era vencer, jogar na cara da outra metade que o lado deles era uma bosta. No final do dia, os resultados foram afixados. Ganhou o do lado direito. Ficou tudo na mesma. Os sintomas diminuíram mas a maleita continua, com galhos e lixo num cenário pós-vendaval.

Naquela terra distante, viveu-se um Carnaval invertido. Durante dias valeu tudo, mas todos levaram  a mal. E numa eterna terça-feira de cinzas, continua esse povo meio cego, surdo e mudo. Mas estamos no caminho da cura. O Natal vai confortar os corações inquietos”...

Nota – Este texto é um resumo do artigo de Hugo Veiga, com o título “O colapso dos sentidos”, publicado no Dinheiro Vivo.


Amândio G. Martins

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