domingo, 18 de novembro de 2018

Os Avós

Ao Avós sempre tiveram um
papel importante na Família
como referência de continua-
ção de tradições.
Mas nestes últimos tempos, que
talvez estejam a fazer meio século,
cada vez mais Avós estão a ser cha-
mados para sustentação da família
não só como assegurando tarefas no
dia a dia como ajudando monetária-
mente. À porta das escolas há um nú-
mero crescente de avós a levarem e
a irem buscar os netos. O mesmo nas
actividades desportivas e culturais.
E as conversas são muito idênticas:
“não posso aceitar esse convite por-
que estou de serviço aos netos nesse
dia”. Mas esta desistência de aceitar
convites é normalmente acompanha-
da por sorrisos pela perspectiva de
mais um dia de beijinhos e ternuras
dos nossos netos.
Os Avós não se queixam, antes pelo
contrário: mostram um sorriso gran-
de embora muitas vezes as pernas
não tenham a desenvoltura que seria
desejável.
É que os horários dos seus filhos,
dos pais dos seus netos, não têm di-
mensão humana e para que haja pão
ao fim do mês os avós têm de estar
de serviço quando não são mesmo os
seus pouco recursos monetários que
ajudam no pagamento das contas. E
os Avós sorriem e vão acrescentando:
pode ser que venham dias melhores.
Muitos destes Avós começaram
uma vida dura, foram lutando e es-
trearam melhoria de horários, a se-
mana inglesa, o aumento do dias de
férias, alguns até tiveram horários
especiais para continuarem os estu-
dos. Eles que assistiram também, ao
nascimento do 13º mês – uma pren-
da de Natal - e depois mais algum
dinheiro para as férias, vêem agora
os seus filhos angustiados trabalhan-
do sem horários, falta de pagamento
de trabalho extra, e muitas certezas
da incerteza do amanhã. Vivem na
angústia de não viverem o suficiente
para ajudar os seus filhos e, princi-
palmente, os seus netos.
Os Avós continuam a ensinar algu-
mas brincadeiras muito antigas como
fazer bolas de sabão que com um bo-
cado de detergente, alguma água e
um canudo, soprando enchem o céu
de bolas lindas que voam ao sabor do
vento. Hoje estas brincadeiras estão
a ser esquecidas pois desde muito
cedo todas as crianças têm as novas
tecnologias nas mãos que espanta-
das vão dizendo ainda a muitos Avós
como se manobram.
Os Avós continuam a ser o recur-
so de muitos Pais para deixarem os
filhos em lugar seguro e poderem
ter um tempinho para si e, com uns
beijinhos de “portem-se bem” aba-
lam um fim-de-semana descansados
para pensarem em si (ou muitas ve-
zes para fazerem um trabalho extra
e acrescentarem uns euros aos seus
magros rendimentos).
E como dizem certos escritos: os
Avós não morrem tornam-se invisíveis
e moram nos nossos corações.
Ao Avós sempre tiveram um
papel importante na Família
como referência de continua-
ção de tradições.
Mas nestes últimos tempos, que
talvez estejam a fazer meio século,
cada vez mais Avós estão a ser cha-
mados para sustentação da família
não só como assegurando tarefas no
dia a dia como ajudando monetária-
mente. À porta das escolas há um nú-
mero crescente de avós a levarem e
a irem buscar os netos. O mesmo nas
actividades desportivas e culturais.
E as conversas são muito idênticas:
“não posso aceitar esse convite por-
que estou de serviço aos netos nesse
dia”. Mas esta desistência de aceitar
convites é normalmente acompanha-
da por sorrisos pela perspectiva de
mais um dia de beijinhos e ternuras
dos nossos netos.
Os Avós não se queixam, antes pelo
contrário: mostram um sorriso gran-
de embora muitas vezes as pernas
não tenham a desenvoltura que seria
desejável.
É que os horários dos seus filhos,
dos pais dos seus netos, não têm di-
mensão humana e para que haja pão
ao fim do mês os avós têm de estar
de serviço quando não são mesmo os
seus pouco recursos monetários que
ajudam no pagamento das contas. E
os Avós sorriem e vão acrescentando:
pode ser que venham dias melhores.
Muitos destes Avós começaram
uma vida dura, foram lutando e es-
trearam melhoria de horários, a se-
mana inglesa, o aumento do dias de
férias, alguns até tiveram horários
especiais para continuarem os estu-
dos. Eles que assistiram também, ao
nascimento do 13º mês – uma pren-
da de Natal - e depois mais algum
dinheiro para as férias, vêem agora
os seus filhos angustiados trabalhan-
do sem horários, falta de pagamento
de trabalho extra, e muitas certezas
da incerteza do amanhã. Vivem na
angústia de não viverem o suficiente
para ajudar os seus filhos e, princi-
palmente, os seus netos.
Os Avós continuam a ensinar algu-
mas brincadeiras muito antigas como
fazer bolas de sabão que com um bo-
cado de detergente, alguma água e
um canudo, soprando enchem o céu
de bolas lindas que voam ao sabor do
vento. Hoje estas brincadeiras estão
a ser esquecidas pois desde muito
cedo todas as crianças têm as novas
tecnologias nas mãos que espanta-
das vão dizendo ainda a muitos Avós
como se manobram.
Os Avós continuam a ser o recur-
so de muitos Pais para deixarem os
filhos em lugar seguro e poderem
ter um tempinho para si e, com uns
beijinhos de “portem-se bem” aba-
lam um fim-de-semana descansados
para pensarem em si (ou muitas ve-
zes para fazerem um trabalho extra
e acrescentarem uns euros aos seus
magros rendimentos).
E como dizem certos escritos: os
Avós não morrem tornam-se invisíveis
e moram nos nossos corações.

Os Avós sempre tiveram um papel importante na Família como referência de continuação de tradições.

Mas nestes últimos tempos, que talvez estejam a fazer meio século, cada vez mais Avós estão a ser chamados para sustentação da família não só como assegurando tarefas no dia a dia como ajudando monetáriamente. À porta das escolas há um número crescente de avós a levarem e a irem buscar os netos. O mesmo nas actividades desportivas e culturais. E as conversas são muito idênticas: “não posso aceitar esse convite porque estou de serviço aos netos nesse dia”. Mas esta desistência de aceitar convites é normalmente acompanhada por sorrisos pela perspectiva de mais um dia de beijinhos e ternuras dos nossos netos.

Os Avós não se queixam, antes pelo contrário: mostram um sorriso grande embora muitas vezes as pernas não tenham a desenvoltura que seria desejável.

É que os horários dos seus filhos, dos pais dos seus netos, não têm dimensão humana e para que haja pão ao fim do mês os avós têm de estar de serviço quando não são mesmo os seus pouco recursos monetários que ajudam no pagamento das contas. E os Avós sorriem e vão acrescentando: pode ser que venham dias melhores.

Muitos destes Avós começaram uma vida dura, foram lutando e estrearam melhoria de horários, a semana inglesa, o aumento do dias de férias, alguns até tiveram horários especiais para continuarem os estudos. Eles que assistiram também, ao nascimento do 13º mês – uma prenda de Natal - e depois mais algum dinheiro para as férias, vêem agora os seus filhos angustiados trabalhando sem horários, falta de pagamento de trabalho extra, e muitas certezas da incerteza do amanhã. Vivem na angústia de não viverem o suficiente para ajudar os seus filhos e, principalmente, os seus netos.

Os Avós continuam a ensinar algumas brincadeiras muito antigas como fazer bolas de sabão que com um bocado de detergente, alguma água e um canudo, soprando enchem o céu de bolas lindas que voam ao sabor do vento. Hoje estas brincadeiras estão a ser esquecidas pois desde muito cedo todas as crianças têm as novas tecnologias nas mãos que espantadas vão dizendo ainda a muitos Avós como se manobram.

Os Avós continuam a ser o recurso de muitos Pais para deixarem os filhos em lugar seguro e poderem ter um tempinho para si e, com uns beijinhos de “portem-se bem” abalam um fim-de-semana descansados para pensarem em si (ou muitas vezes para fazerem um trabalho extra e acrescentarem uns euros aos seus magros rendimentos).

E como dizem certos escritos: os Avós não morrem tornam-se invisíveis e moram nos nossos corações.
Maria Clotilde Moreira

Jornal Costa do Sol - 14.11.2018

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