sábado, 19 de janeiro de 2019

E os livros?


À tia que faleceu e que temos de esvaziar. Hoje já há quem receba roupas e lá vamos entregar vestidos e casacos e até roupa de casa. Depois são as loiças que conseguimos distribuir pelos familiares e amigos e até pelas primas que estão a rechear a casa que acabaram de comprar ou que gostam de fazer algum negócio e levar jarras e caixinhas às feiras de velharias. E temos os móveis que sobram depois de bem escolhidos. Para este sector também há umas empresas que os levam rapidamente.

Mas há um aspecto que muitas vezes nos agride junto aos caixotes do lixo. Digo “agride” porque muitos de nós ainda somos muito sensíveis a deitar fora livros. E junto de caixotes de lixo vemos muitas vezes grandes quantidades de livros em bom estado ali abandonados. As pessoas vão passando e remexem e até por vezes levam um ou dois mas a grande maioria ali fica até a camioneta do lixo os levar.

Então onde se pode entregar livros? Segundo informações que se vão recolhendo as bibliotecas locais, de uma maneira geral, estão cheias e recusam aceitar estas “doações”. Há quem tente enviar para a Província e faça alguns contactos mas com muito pouco êxito pois o nosso interior está desértico e as vilas e cidades têm já as suas bibliotecas a funcionar e o envio também quando ocorre é bastante caro.

Há anos fui confrontada com um pedido para encontrar quem recebesse livros técnicos de Economia em inglês e Alemão que faziam parte da “Biblioteca” de um economista falecido e ninguém da família tinha interesse neste género de livros. Não tive qualquer êxito e, se calhar, os livros continuam nas prateleiras. Hoje com a redução de tudo a um computador portátil ou a uma “tablet” muito poucas pessoas preenchem as suas horas de lazer a ler um livro em papel. Até as crianças desde tenra idade já sabem ver desenhos animados nas novas tecnologias.

Há quem tenha tentado enviar para os Países de expressão portuguesa. Porém esta alternativa esbarra com dificuldades em contactos com as entidades locais e quando se consegue deparamo-nos com os preços exorbitantes do seu envio.

Que fazer? Não seria possível aqui no nosso Município de Oeiras que continua a ser chamado por muitos de Município Modelo e que até tem ligações com países de língua oficial portuguesa encontrar um caminho para periodicamente recolher livros e depois fazer chegar a quem gostaria de dispor de um livro em papel? Fica o desafio.

Maria Clotilde Moreira

Jornal Costa do Sol – 16.01.2019

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