segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

A luta da Cassandra do "Caraças"!

(carta ignorada de 04-02):-tréplica n/pbcda)
- Garanto que não vou entrar num pingpong com a Cassandra, pois seria uma guerra desigual que nem a de Tróia. Mas julgo que esta Cassandra não será uma dos 19 filhos de Príamo, e contudo talvez venha também a ser desacreditada e considerada louca por mais do que um Apolo e por Maduro, e ser vítima de maldição, tal como a da antiguidade. Esta Cassandra, apesar de guerrero, fala consolada por privilégio recebido por vir parar a um país que trata melhor os de fora e os recebe de braços abertos e lhes dá à chegada ao aeroporto, o que aos indígenas é negado, ou nem sequer atendido, quando necessitam de apoio. O que diz nesta guerra, denuncia desconhecimento próprio de quem aqui não fez vida, mas que soube depressa qual o país que lhe dá, privilégios chorudos, desde psicólogo, casa, friforífico cheio, assistência diversas. Ela não sabe que cá em Portugal, somos milhares os que não têm assistência médica nem medicamentosa senão tivermos dinheiro. O que não temos. Ela ignora que nas farmácias não há milhões de medicamentos e que são milhões de receitas médicas que não são aviadas, porque os portugueses são de tal modo pobres que nem sequer se deslocam às farmácias por falta de dinheiro para os levantar e nem às consultas aparecem desde que paguem taxa moderadora, como eu. Ela devia saber que se passa fome e frio de morte, e quando comem côdea, é porque estão numa lista de instituição misericordiosa ou caridosa, que lhes dá alimentos, pelo menos pelo natal, e cobertor para aquecer pela noite vivida entre caixas de cartão, na companhia do cão fiel e dos dejectos. A Cassandra, deve ter raiz nesta península, mas se não tem, escolheu bem o país de acolhimento e de refúgio, pois aqui é melhor tratada que os naturais nascidos, pois é uma característica das autoridades lusas, apoiarem depressa e bem os que vêm cá parar num interlúdio de fazer chorar a calçada. Rápido lhes descobre uma casa, emprego, facilidades para a felicidade, enquanto os de cá andam anos a esperar precisamente pelo mesmo. Os portugueses, andam sempre a pedinchar casa, emprego e pão anos a fio, mas passam a vida debaixo da ponte e à porta da miséria. Não vestem com a qualidade que eles exibem, com todos os dentes a brilhar, nem viajam para fora da porta e da sombra da sua rua. A Cassandra,que tem reservas para se por a andar do país de onde saiu, coisa que os portugueses como eu, não possui. Nem meios nem passaporte. Apenas vontade, o que é pouco e inseguro. Também convém saber, que vivemos entre o crime o assalto com morte a qualquer momento e por qualquer esquina, faça sol ou lua. Ela veio para um país com muita coisa, mas que não é nenhum paraíso. Aqui sofre-se pr´a burro, desde que se nasce e sem amigos influentes que nos desenrasquem emprego que garanta sustento. Também não temos cartão de multibanco e por isso dispensamos as máquinas MB. É que elas só dão a quem lá tem. Ela porém vai dispor de processos à disposição, que para nós não são dados. Nós levamos mais de metade da vida no silêncio, e na vergonha que se saiba, que somos pobres, desde os antepassados. O que vemos pela TV que chegam da Venezuela de Chavez e Maduro, filhos de Bolívar, são imagens de gente que veste bem, e melhor alimentada, com os dentes todos, enquanto os portugueses apresentam cara de fome e desdentados, mesmo a trabalharem no duro, e a descontarem para a segurança social ter fundos para a apoiarem, e a outros provenientes de estranhas partes que se instalam comodamente em tempo recorde, e crédito facilitado com taxa aveleludada, para além de ajuda internacional prevista para casos tais, que sabem usar com mestria e que os governos desbloqueiam a todo o vapor para eles desfrutarem e se relançarem em negócio lucrativo, e fazerem parte do tecido explorador empresarial. Outros arranjam boas colocações e em pouco tempo ficam melhor que nós. Disso sabemos nós desde tempos com que Abril nos enganou. Revolução que não foi bolivariana mas de instalação de compadrios. Aqui erguem-se bairros de todas as cores a sobreviverem entre a lama, a droga e o crime. Ela devia começar por prestar mais atenção e passar menos tempo nas compras no centro comercial e no mercado com os "panidólares" que trouxe de Caracas, ganhos com certeza fruto do trabalho e da padaria ou de outra banca rentável. Enquanto ela por certo ainda exibe nos dedos o ouro e jóias com que partiu e desembarcou, nós tivemos que o vender, quem o tinha, para pagar contas e comer, num esforço para manter os dedos. Os mesmos que vos apontam o lamento de quem perdeu privilégios, mas que se safam num país de oportunistas espertos, que se movem bem e de carro em bom estado. Nós continuamos a pé e a pedir. O vosso luxo venezuelano agora interrompido, é ainda melhor que a qualidade de vida que se nos anda colada nas contas mensais e sangrentas, quando a luz e a água é cortada, e quando o senhorio nos ameaça de despedimento. Cassandra Guerrero, enteada de Príamo, vê lá se aprendes, agora que tens a cobertura oficial de um país desigual para com os seus, que por cá andam às voltas a vaguear, em busca de saída. Invocastes Bolívar e eu termino com Aldous Huxley:-" A ditadura perfeita terá as aparências da democracia. Uma prisão sem muros, na qual os prisioneiros não sonharão sequer com a fuga. Um sistema de escravidão onde graças ao consumo, ao divertimento, os escravos terão amor à sua escravidão". E agora entro em "shut down"!*

-*(rspta à carta de Casandra Guerrero(vnzlna), in DTK de 04-02, que se insurgiu à n. "A luta continua" antes tb ali pubcda)

                                                        

Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.