sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Meias desculpas

- Os Bombeiros andam pelos Tribunais a tentar abafar as culpas que lhes cabem nos desastres vindos a lume, desde o quartel até à ponta da mangueira, e durante o ataque no meio das chamas que ateiam na gestão da função e da matéria. Função para a qual dantes, só respondiam ao toque e corriam a pé, ou de bicicleta de pedal, os operários da construção civil, trolhas pedreiros, carpinteiros, mecânicos, chapeiros, sapateiros, desempregados, cobradores de quotas, e afins. Hoje as Corporações têm um elevado estatuto, aonde todos querem entrar e até é preciso cunha e fazer soar qualquer sirene, para lá chegar e envergar farda pomposa e garbo no desfile. Hoje os quartéis são lugar apetecido e só lá entra quem já lá tiver a família e até esposa e filho, e outras raparigas a dar com um sorriso. Dantes não era assim. Todos entendiam que aquilo, era posto e farda sem brilho, e para disponíveis de pé descalço e da bebida. Hoje é um luxo. Mas estes importantes intervenientes na paz do nosso viver, e por isso são soldados da solidariedade, na tentativa de se "limparem das cinzas e faúlhas" que os envolvem, debitam desculpas de mau pagador. Argumentam em tribunal, que as suas falhas e incompetências se devem à "falta de meios" para combater o que tem de ser dominado a tempo e horas, na cidade e no campo, em prédios e matas, altos, e na estrada do acidente e da morte. Ora tal argumento contém uma  importância quanto pobreza argumentativa, e sem fim, se pegar. É uma fuga às responsabilidades e qualidade de actuação no terreno e na gestão dos tais meios. Assim, se esta "narrativa" colhesse em tribunal ligeireza de absolvição, os médicos, enfermeiros,funcionários públicos, forças policiais, administrações diversas, direcções da banca e finança, etc. deitavam mão, com o jeito que adquiriram, desta desculpa esfarrapada, e tudo estava explicado e tudo lhes seria perdoado, seriam todos ilibados de culpas, mesmo se das suas acções resultaram enormes perdas e prejuízos para um povo inteiro e para o património de todos nós. O argumento aceite, alargar-se-ia aos vários sectores e classes em défice de comportamento, e jamais podiam ser culpados seja do que quer que fosse. Sabemos nós, que é bom gestor e melhor interveniente da coisa que abraçam e aceitaram cumprir, aqueles que fazem obra e apresentam bons resultados, com os meios suficientes, que têm, e que correspondem a anos de reivindicação para os obter e possuem. Se durante os tempos de baixa acção, de ócio nos quartéis, se debruçarem mais sobre a manutenção dos meios em bom estado ou a merecer atenção, e não no alheamento e na defesa do compadrio, reivindicando tudo e mais alguma coisa, com alguns a achar que eles e elas são uns coitadinhos. Porém hoje para entrar num quartel e envergar aquelas fardas, é preciso altos conhecimentos e boas cunhas, para tirar da frente o estorvo à porta, ao contrário do que sucedia quando éramos miúdos a sonhar ser polícia ou bombeiro. Desejo que passava depressa, e hoje modo de vida e profissão pago como nunca. Para muitos, uma arrogância, vaidade e mamanço com medalhas!

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