quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Marcelo quer. Quer o quê?


1- O PR, Marcelo Rebelo, anda na política há mais ou menos seis décadas, fora aqueles anos mais tenros, em que andou pela mão com o pai. Talvez tenha em algum momento ouvi-lo dizer que em Portugal, todos viviam desafogados. Naquele tempo, não via ou não haviam sem-abrigos, e as pontes para os abrigar também eram poucas e más. As luzes das montras eram de pouco brilho e só o cigarro que restava apanhado do chão, na boca iluminava. Marcelo fez-se homem, professor, líder e governante. Estudou para isso. Para ser doutor e presidente. Nos últimos tempos, deu-lhe para sair de casa, e descobriu que na rua e por lixeiras, vivia gente como ele, com corpo e alma, mas com menos hipóteses e oportunidades, já que a linhagem deles o não permitiu. Agora bate-se até à insistência, por questão de consciência que a idade determina, e a religiosidade aconselha, por acabar com a pobreza e o abandono na sarjeta, de gente quase como ele. É verdade que os não quer escondidos de modo a não aparecerem na fotografia. Ele que até cultiva o gosto da as tirar seja com quem for. Dá-lhe popularidade, embora ao pobre nem sorriso se lhe acomode, nem brilho nos olhos se acenda. Bom. Já é alguma coisa!
2 - Marcelo Rebelo, de repente ouviu pelos média, de que tinha morrido um cantautor maravilhoso, profundo, inquieto e irrequieto, mas nunca a ele se referiu em nenhuma feira de cultura ou de acumulação de conhecimento. Marcelo, hoje PR, talvez só em pequeno tenha tido um tambor, que o podia fazer vibrar mas com limites, para não incomodar a família nobre, e Tambor para ele é nome de filme inquietante. Mas agora aparece com ar constrangido na foto junto ao esquife de José Mário Guedes Branco, e misturado com alguns "Vozes na Luta", que ali mesmo a seus pés o homenageavam. Cremos que o PR nunca viu um concerto dado pelo autor magnífico, falecido, nem sequer tenha comprado um disco dele em vez de um livro, lá pelas feiras por onde tem andado. Mas marcou presença agora, como aparece por outras bandas, e sempre com ar confrangido. Já não é mau. Fica registado!
3 - Marcelo de Sousa, PR, e grande viajante pelo ar e pelas redacções dos média, em vez de querer saber por que razão a Imprensa está a sufocar, a passar mal, numa crise, ou a "embarcar num silêncio aflito"(José Afonso), a espernear e se aguentar nas bancas, dá como solução "a aprovação de propostas que ajudem os média a ultrapassar tais dificuldades" - a sobreviverem. Ora somos de opinião que caberia ao presidente, querer saber das razões porque se lê muito pouco em Portugal, e o porquê das escolas não ensinarem a acumular hábitos de leitura desde pequenino, e para a vida. E uma vez adquirido tal hábito, dar condições de vida com qualidade, trabalho e salário digno, que permita comprar um jornal, por exemplo. A medida que ele avança, a nós parece-nos que não leva a lado algum, nem a leitura maior, pois o dinheiro (que se esfuma), apenas sairá dos bolsos dos contribuintes sem resultados positivos para melhorar a situação da iliteracia e desinformação, em que somos ricos. Por aí não vamos lá, e continuaremos estendidos num ataúde, "sem palavras nem poemas"! *

-*(DN.mdrª22-11)

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