Ventura e uma tal de Rita Matias, A quadrilha do ressentimento
Por Maria João
Quem é Rita Matias?
Rita Matias nasceu em 1998 e é uma criatura portuguesa associada ao partido de extrema-direita Chega. Filha de um pastor evangélico ligado aos movimentos ultraconservadores, cresceu num ambiente profundamente marcado por valores tradicionais, moralismos rígidos e uma visão do mundo onde só há espaço para uma verdade, a dela. Estudou Ciência Política na Universidade Católica Portuguesa e tornou-se rapidamente uma das figuras centrais do Chega, notabilizando-se pela sua postura radical contra o feminismo, os direitos LGBTQIA+ e as políticas de imigração.
Atualmente, lidera a Juventude Chega e já teve lugar na Assembleia da República. É frequentemente apresentada como o rosto jovem do partido, como se bastasse o verniz da juventude para esconder o bolor ideológico que representa. A tentativa de suavizar a imagem agressiva de André Ventura através da sua figura feminina e supostamente moderada falha redondamente: as palavras de Rita Matias ecoam os mesmos princípios de intolerância, nacionalismo exacerbado e elitismo étnico.
As declarações mais recentes de Rita Matias, em que se ergue em defesa de manifestantes de extrema-direita impedidos de desfilar livremente são um escarro à democracia. Pior: são um insulto direto ao espírito do 25 de Abril.
Ao lamentar a “hostilidade” sofrida pelos pobres racistas, Rita Matias não revela compaixão, revela perversidade. Inverte a realidade para normalizar o ódio, como quem diz que o problema não é a violência da extrema-direita, mas a sociedade que se recusa a aceitá-la com um sorriso.
Rita Matias é o rosto sorridente da decadência política. Uma jovem que, além de recitar dogmas bafientos, apresenta-se como campeã de valores nacionais, que, na sua cabeça, incluem a submissão das mulheres, a expulsão dos estrangeiros e a criminalização da diferença.
É o Chega a tentar criar uma Ventura de saias: menos suor, mais maquilhagem, mas com o mesmo veneno a correr nas veias.
Deixa-se embalar no sonho de uma pátria onde há portugueses de primeira e de segunda, onde quem chega de fora só serve para lavar escadas, e mesmo isso sob constante desconfiança e insulto.
Mas não nos enganemos: Rita Matias é só a aprendiz. O verdadeiro responsável por esta infecção social chama-se André Ventura, o oportunista-mor.
Ventura é um político sem espinha, que se alimenta da ignorância e da frustração como uma sanguessuga que se alimenta do sangue alheio.
Não lidera um partido, lidera um culto do rancor. Não quer construir nada: quer queimar tudo. Incendeia o país a cada discurso, como um pirómano da democracia.
É o típico advogado de causas perdidas: diz-se contra o sistema, mas é dele que vive. Finge defender o povo, mas trai-o com cada frase que cospe para ganhar votos.
É um rato vestido de homem, que grita muito para disfarçar a sua própria mediocridade.
O Chega não é uma força política, é um alarme de emergência.
É a prova de que, quando a democracia adormece, os ratos saem da toca e montam palanques. E Ventura é o maior deles.
Hoje, ouvir Rita Matias a “chorar lágrimas de crocodilo” pelos seus camaradas de extrema-direita é ver o Chega no seu estado mais puro: um bando de ressentidos a tentar fazer do preconceito uma bandeira.
E só existe uma resposta possível: resistência.
Resistir com inteligência, com coragem, com memória.
Porque enquanto houver Venturas e Matias a destilar veneno, haverá Abril para os calar.
A liberdade que hoje celebramos não se discute, defende-se.
Maria João Desantis
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