sexta-feira, 30 de junho de 2023

Fazem o que querem e sobra-lhes tempo

 

Os especialistas em criar “bolhas” que sempre rebentam na cara da gente mais fraca sabem bem que são eles os criadores de todas as instabilidades, com as quais e das quais sempre saem a ganhar, porque o poder político é cada vez menos poderoso perante os seus oráculos e patifarias, sendo consciente ou inconscientemente induzido a fazer o que eles querem que seja feito.

 

Assim, sabendo bem que são os seus ganhos desmesuradamente obscenos que vêm alimentando o monstro inflaccionário, em vez de recomendarem para si próprios moderação, redistribuindo a riqueza ilegitimamente acumulada, acusam, como leio no JN, os pretensamente elevados níveis de emprego nas principais economias, tantas vezes miseravelmente pagos, como a principal causa da inflacção, ameaçando, com a “cruela” do BCE à cabeça, dar continuidade à subida das pornográficas taxas de juro para quem tem a casa para pagar, mas nunca para remunerar melhor as economias de quem lhes confia o dinheiro a eles...

 

Amândio G. Martins

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Austeridade nas Palavras Cavaco Silva

 

Realmente , o ex Presidente da República,  ex PM   ex ministro das Finanças,  ex chefe do PSD,  não consegue seguir o avisado conselho do Rei de Espanha em 2007 ao Presidente Hugo Chavez; " Porque não te calas?."

É que em vez de ficar mesmo calado,  respondendo que não fala, não diz nada, tem que  o fazer de forma a  dizer algo,  que seja interpretado como auto-piedade por não falar  , ou  como uma gracinha,  algo estranho em pessoa sempre tão sisuda, ou  ainda,  " como subentendam  o que já disse, no que agora mesmo, acabei de dizer.

Numa cerimónia a um seu ex  excelente,  brilhante ministro  - não tivesse sido sua escolha  -,  e claro que com os jornalistas a quererem que ele ataque o Governo,  como sempre faz.

Ao perguntado sobre a austeridade , hoje, responde: austeridade tenho eu , nas palavras.

É de ter pena? É de fazer as interpretações usuais a Cavaco Silva , que elogia o seu ex grande ministro das Finanças? Comparando sem o dizer ao actual, que será muito mau, não o seu? E já agora,  nesta austeridade,  de palavras,  será que Cavaco Silva consegue viver com a reforma parca que tem? É que,  ainda PR,  disse , na inauguração do novo edifício da Faculdade de Medicina da UP , que não saberia se conseguiria viver com a sua reforma.

 

Porque " não te calas?????".

 

Ou não ou não ou não ou não ou não ou não ou não ou não ou não ou

 

A. Küttner de Magalhães

Só se fosse para um sítio melhor

 

Portugal vai mudar, diz o líder da Oposição no seu mais recente cartaz – parece que já vai no quarto ou quinto desde que é líder da sua gente -  colocado na rotunda do tribunal da minha terra, Ponte de Lima; e é verdade que, embora sendo impossível, o nosso país precisava mesmo de mudar para um lugar melhor, porque estamos numa zona do globo ameaçada pela desertificação e continuamos a ver as celuloses a promover descomunais plantações de eucaliptos, como no recente inverno vi fazer aqui na vizinha freguesia de Fornelos, a poucos passos da minha casa, quando eu cheguei a pensar, pela forma como arrotearam o terreno, que estaria destinado a um vinhedo, dada a sua orografia e óptima exposição solar.

 

Mas com as celuloses a dominar uma grande fatia das nossas florestas, e os proprietários pouco ou nada sensibilizados para as questões ambientais, apesar de se queixarem constantemente da escassez de água nos regadios, já sabemos o que a casa gasta; mas não deixa de me revoltar ver tanta gente que, sendo ainda jovem, com obrigação de dar mais atenção à preservação do ambiente na sua terra, entregam as suas propriedades rústicas a uma exploração tão insana.

 

Costumo argumentar com eles, muitos deles ex-emigrantes em países europeus evoluídos, com o que todos vemos nas televisões, quando assistimos às etapas duma volta à França, por exemplo, questionando-os quantos eucaliptais, ou sequer um eucalipto, conseguem ver, com alguns “inocentes” a responder-me que os eucaliptos não se dão bem nessas terras, retorquindo-lhes eu que não é por isso, que essa invasora se dá bem em todo o lado, mas porque os povos evoluídos respeitam as suas terras...

 

Amândio G. Martins

quarta-feira, 28 de junho de 2023

O QUE LEVA ALGUÉM A ATIRAR UMA TROTINETE PARA O RIO?

 


A educação e formação que recebeu? A influência das redes sociais e comunicação social? Tudo junto e mais alguma coisa? A degradação do civismo e dos valores cívicos tem que ser travada e combatida, para defesa da própria democracia. (trotinete no rio Douro, junto ao passadiço do Cais de Quebrantões para o Areinho de Oliveira do Douro, V.N.Gaia)

Antes um cão que um velho

 Jornal de Notícias. 23.06.2023. Antes um cão que um velho. AUGUSTO KÜTTNER




Nada que seja de admirar,  quando cada vez há mais pessoas velhos  e a cada dia somos totalmente descartáveis. 


A partir dos 70, estamos a mais. 


Quem isto escreve,  já teve uma troca de emails com alguém minimamente conhecido , cá no país,  que escreveu que reformados/ grisalhos, estão a gastar dinheiro ao Estado,  sem nada produzirmos.


A pergunta foi , e os " seus país?", que ficou sem resposta.


Independentemente de já termos tido um tempo suficiente de trabalho,  que nos deu direito a ter uma reforma.


Tivemos a nítida noção  que os velhos que estão em lares, só são visitados pelos familiares  pontualmente,


Sabe-se que há velhos que ocupam camas de hospital sem necessitar,  por não haver em casa quem os trate, mesmo pagando, ou lares suficientes,  para os velhos existentes. 


Sabemos, se avós formos, que muita gente em locais públicos  tem mais consideração por cães,  que por crianças. 


E não admira,  quando se  está num passeio,  e uma jovem vem com um cão,  com a trela esticada, cheira e cheira a pessoa, pede-se para encolher a trela, a reacção imediata é " o cão não faz mal,”.


E quando se diz que não se quer que o cão nos ande a cheirar , a resposta é "  não dá para entender,  mas mais vale um cão,  que um velho".


E quando se pergunta " então estamos a mais? ", a resposta pronta é " claro"!



AUGUSTO KÜTTNER

Inovações para lixar a gente

 

Em mais uma daquelas inovações para lixar a gente, o dr. Fernando Araújo, do martirizado Serviço Nacional de Saúde, anunciou que Matosinhos e Viana – porquê estes? - vão ter um novo processo de avaliação  das aptidões dos velhos para conduzir automóveis, dizendo que, com isso, aliviará os Centros de Saúde de muitos milhares de consultas para aquele efeito, o que a mim me parece completamente disparatado; de facto, e avaliando por mim, quando se aproximava a data de renovar a carta de condução, aproveitava uma das consultas de rotina para pedir à médica de família o atestado respectivo, cujo exame da visão lhe não ocupava muito tempo.

 

Com aquele documento na mão, ia a uma escola de condução cá do sítio e rapidamente ficava resolvido o assunto, aguardando depois em casa a carta renovada, tudo tratado sem necessidade de deslocações para longe; pelo que percebi do novo processo, terei de me deslocar a Viana, como milhares de outros idosos, afunilando tudo e, no meu caso, multiplicando por dez  a distância a percorrer, e sabe-se lá que mais obstáculos me poderão surgir pela frente.

 

Entretanto, enquanto por cá se complica tudo cada vez mais, a DGT espanhola acaba de anunciar o fim do uso obrigatório do famoso triângulo de pré-sinalização, que será substituído por um “pirilampo”em cima do carro, por terem concluído que a sua colocação, nos casos que a lei obrigava, custava a muita gente a vida, atropelada quando saía da viatura para pôr aquilo à distância regulamentar. Enfim, “tan cerca y tan lejos”...

 

Amândio G. Martins

Custe o que custar, diz ela


Não votei na senhora Christine Lagarde para presidir a uma instituição que interfere mais com a minha (nossa) vida do que, provavelmente, o Presidente da República, em quem (ou contra quem) voto. Na realidade, também não votei contra ela. O facto é que a Presidente do BCE tem um poder absoluto sobre a minha (nossa) vida, e, pelo que se vê, exerce-o de forma perfeitamente cega. Está-se borrifando para os efeitos colaterais das medidas que impõe, na aplicação mecânica das regras que aprendeu e lhe são muito convenientes, como a de que a subida das taxas de juro contraria a inflação. Se daí vier também a recessão e a ruína de alguns dos menos favorecidos na “populaça”, paciência, temos pena! Como eu gostaria de a castigar nas próximas eleições para a presidência do BCE. Mas não, não me é dada tão grande satisfação. Quem a nomeia é o Conselho Europeu, e este nunca deixa ficar mal a Banca.


Público - 28.06.2023

terça-feira, 27 de junho de 2023

Presidente em Pedrógão

 Público Segunda-feira26 de Junho de 2023 Presidente em Pedrógão Augusto Küttner de Magalhães





Para em definitivo calar quem fala fora de ocasião, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a 24 de Junho, depois de estar com a população, no São João no Porto, foi a Pedrógão Grande.


Esteve junto ao memorial às vítimas dos fogos em 2017.


Presidente que não foi convidado, como deveria ter sido, para a pretensa inauguração do memorial.


Presidente que esteve com e em Pedrógão Grande desde o primeiro momento em 2017, e sempre acompanhou, lá, a situação.


Presidente que merece mais consideração, mais respeito, e tantos devem saber evitar o aproveitamento de situações muito trágicas para aparecerem e dizerem o que não tem um mínimo de conteúdo e substância para ser dito.


Augusto Küttner de Magalhães

Borraste a pintura, Maria

 

Um dia destes referi aqui a candidata espanhola do Partido Popular à presidência da Junta da Extremadura, Maria Guardiola, que, tendo ficado em segundo lugar nas eleições autonómicas, atrás do governante socialista ainda em funções, Guillermo Fernández Vara, poderia governar a região fazendo maioria de votos vom Vox, para o que lhes oferecia a presidência do Parlamento regional; mas como estes ameaçavam com novas eleiçoes, se não pudessem entrar no Governo, e a pressão da máquina partidária para que amoleça a sua posição, apesar da palavra dada, tem vindo de todos os lados do partido onde já houve acordos, aparecendo agora também a ambiciosa presidenta da comunidade de Madrid a dizer-lhe que o PP não tem que fazer o que a Esquerda quer, a antes corajosa Maria já não é a mesma, tendo baixado o tom e admitindo que pode haver um acordo.

 

E é assim que a extrema-direita vai fazendo valer os seus votos, conspurcando os lugares de mando em toda a Espanha, sem renunciar a nenhuma das suas bandeiras, o que tem feito aumentar brutalmente o número de agressões selvagens à comunidade gay entre a gente mais jovem, com apelos tão indignos como o cartaz que um dia destes apareceu numa residência estudantil, convidando a gente “sana” a lutar contra a epidemia de homosexualidade que está a “infectar” espanha e oferecendo “20 euros por cada enfermo capturado”...

 

Amândio G. Martins

 

 

Celebremos em homenagem o 90º aniversário de Siza Vieira

Álvaro Siza Vieira, é um Mestre da Arquitectura. O maior, sendo, Eduardo Souto Moura, o segundo. Os dois, que são amigos, colocaram a arquitectura portuguesa no mundo e ambos foram galardoados com o Prémio Pritzker, o Nobel da Arquitectura. Siza é um arquitecto desenhador dos sonhos. Homem com preocupação política e social, luta contra a desigualdade. Após o 25 de Abril, o arquitecto Nuno Portas, promove um projecto de habitação social e Siza Vieira - colabora. É um cultor da música erudita. Entre as obras do seu traço, destaca-se a fantástica, Casa de Serralves. Doou à Fundação Calouste Gulbenkian, 100 obras de arte de sua esposa, Maria Antónia Siza, entre desenhos e pintura. Notável! Sobre a sua companheira, precocemente desaparecida, o Mestre Siza, disse: «Foi um terramoto!», e ainda, sobre ela: «Desenhava melhor do que eu». Siza Vieira, ouve muito e fala pouco e quando diz fá-lo com virtude, sapiência e assertividade. Parabéns à RTP3, que se associou à justa celebração do seu 90º aniversário, com uma bela entrevista, conduzida por Fátima Campos Ferreira. Foi um encanto ouvi-lo a dizer palavras lavadas e lavradas. Amo a sua obra. Desejamos-lhe Vida Longa!

segunda-feira, 26 de junho de 2023

E o Ventura diz que não há racismo

 JN 22.06.2023 E o Ventura diz que não há racismo AUGUSTO KÜTTNER


Por certo , que cada um terá a sua verdade,  ou a verdade que lhe é mais confortável e conveniente. 

André Ventura,  há muito que proclama,  no caso seria alegadamente,  face aos ciganos,  que o país não é racista. 

Agora , e muito bem , a PSP num anúncio de um concurso para oficiais,  colocou a fotografia de um preto, podia ser branco, asiático,  é uma Pessoa,  um Ser Humano, num país que se diz , que se proclama,  erradamente,  não racista.

Quando, e não há muito tempo, ainda havia colónias, era nítido o racismo,  quando a maioria dos brancos que para lá iam, assumiam o preto, como menos igual. 

E nunca houve uma séria vontade de querer que assim não fosse, mesmo em democracia, já sem colónias. 

O referido anúncio da PSP , está a criar comentários totalmente racistas,  vergonhosos, deploráveis.


Isto é o que abertamente está a acontecer neste país,  que se fica enredado em casos e casinhos, para fazer de conta que estas situações gravíssimas, não existem.

AUGUSTO KÜTTNER

O estado a que aquilo chegou

 

Num estado cuja hierarquia é preenchida, da base até ao topo, por criminosos de grosso calibre, com o sistema judicial subjugado aos interesses da bandidagem política e militar no poder, não espanta nada que um vulgar mercenário se sinta com força para fazer a quem manda todo o tipo de ameaças e chantagens, porque conhece muito bem os podres de todos eles, com quem, de resto, já conviveu intimamente; e quando o chefe mais alto daquela máfia putrefacta, depois de esvaziar as prisões para lhe fornecer “voluntários” para a morte, meros prisioneiros de delito comum sem qualquer preparação militar, deixou de poder fornecer-lhe o material bélico que exigia, não porque não quisesse, mas porque também não teria em quantidade suficiente, o cão de guerra, se calhar encharcado em vodka, ensaiou a opereta da marcha quixotesca para Moscovo.

 

E uma potência nuclear assim posta a ridículo perante o mundo inteiro - já que até o "estado de sítio" parece ter sido declarado -  em apoio da qual saíram alguns dos mais dementes autocratas, com realce para o “maduro” da Venezuela, não foi coisa bonita de se ver; e se o que ali ainda possa haver de gente decente e válida, realmente empenhada numa transformação, continuar impedida de contribuir com o seu pensamento, no sentido de poder vir a substituir democraticamente a cleptocracia reinante no grande país, com o fim de o transformar num parceiro fiável da comunidade humana, ninguém diga que está seguro...

 

Amândio G. Martins

sábado, 24 de junho de 2023

Desce-se tao baixo, que até impressiona...

Cinco aventureiros multimilionários interessados em ver de perto os destroços do 'Titanic', morreram. A diferença de tratamento mediático entre estes e, os 500 migrantes que naufragaram, tendo-se afogado quase todos - é chocante! Enquanto aqueles, vítimas da sua ousadia respaldados em milhões de euros, com honras diárias de abertura de noticiários, os 500 imigrantes, que encontraram a morte no cemitério do Mediterrâneo, revelou uma comunicação desigual e chocante. Os meios de salvamento ao dispor daqueles, com centenas de operacionais e meios, comparado com estes, que se fazem transportar em «cascas de nozes» é abissal... os pobres não interessam para nada, salvo para trabalharem e muito. Os ultra-ricos, não sabem o que fazer ao dinheiro e com tédio inventam, neste caso, formas de jogar com a própria vida(!)... no dia da morte destes, naufragaram dezenas de imigrantes ao largo das Canárias. A Comunicação Social alvitrou? Não ouvimos não vimos nem lemos... quando desaparecem 5 pescadores no mar das Caxinas, quantos operacionais e meios são mobilizados para o salvamento? Por comparação, com os aventureiros, muito poucos... na morte, também há pobres e ricos!

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Excêntricos

 

Não sabem o que fazer ao dinheiro que lhes engorda a conta a todo o momento, sem que para isso tenham que fazer algum esforço, porque não lhes falta quem o faça por eles; assim, para vencer o tédio, dedicam o tempo a imaginar aventuras egoistas, que levam a cabo para se destacarem dos demais, não lhes passando pela cabeça que o veículo usado para elas não tenha sido preparado para os levar e trazer em segurança.

 

Da última vez que ontem ouvir falar deles, ter-lhes-ia acabado a reserva de oxigénio, e os meios enviados para tentar encontrá-los reportavam destroços de algo que tentavam identificar; coitadinhos, infelizes a quem o excesso de dinheiro deprime de tal forma que, tendo já visto tudo que lhes foi possível ver, inventam estas inanes aventuras para o gastar, porque dedicá-lo a causas humanitárias, como um ou outro endinheirado até vai fazendo, nunca lhes ocorre voluntariamente.

 

Li que um dos nossos excêntricos, que já terá feito uma viagem similar, mas para a fronteira do espaço sideral, para poder ver a Terra em tamanho reduzido, tinha programado ir também na coisa que agora anda a ser procurada, mas uma premonição qualquer tê-lo-á desmotivado, devendo estar agora a regozijar-se da sua “perspicácia”, ou talvez tivesse notícia atempada dos rumores que davam aquilo como não tendo sido submetido aos testes que o dariam ou não apto para ir com segurança às profundezas do oceano, porque o seu fabricante os achava um desperdício. Estou muuuiiito abalado por eles...

 

Amândio G. Martins

Será racismo?


Qualquer guerra é fonte inesgotável de sofrimento e de vítimas. De forma natural, os países não atingidos directamente organizam meritórios esforços com vista ao acolhimento e ajuda aos refugiados que, no caso da Ucrânia, são aos milhões. É o que acontece com a UE, que, ao primeiro sinal de alarme, de forma solidária, abriu as portas e as bolsas a todos os ucranianos que tentaram fugir ao inferno da guerra que lhes foi trazida, em primeira análise, pela invasão russa.

À profunda satisfação de constatar a prontidão e solidariedade com que a UE tratou os refugiados ucranianos, não se pode deixar de juntar a frustração por não se ter visto idêntico tratamento proporcionado a sírios, afegãos e tantos outros espoliados da paz. 

Pior de tudo é constatar a diferença de tratamentos que a mesmíssima UE atribui, ainda hoje, aos refugiados que a buscam em socorro. Enquanto africanos e asiáticos dormem ao relento nas capitais europeias, durante meses ou mesmo anos, ouvindo sempre as mesmas promessas e mentiras, os ucranianos atingidos vêem braços e corredores abertos para os receberem. Porquê?     


Público - 25.06.2023

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Um oásis no deserto

 

Os socialistas espanhóis perderam, nas últimas eleições regionais e locais, muitos lugares para a Direita, não porque o seu candidato não tenha obtido, em cada caso, mais votos que o do PP, mas porque este partido, para chegar aos lugares de mando, não hesita em ceder a todas as exigências de Vox, sem o que este lhes não “regalará” um só voto, mesmo que a experiência de coligações anteriores com a direita extrema lhes esteja a fazer engolir muitos sapos, como é o caso de Castilla y León, onde Vox exigiu a vicepresidência, como resultado das eleiçoes antecipadas de há um ano, cometendo enormidades como prometer aos ganadeiros reduzir as inspecções sanitárias aos animais, como eles querem, sem pensarem que tal disparate contraria as regras europeias e põe em perigo as exportações de carne de todo o país, que correriam sério risco de boicote.

 

Todavia, nesta doentia submissão aos extremistas, está a ser notícia, pela positiva, a candidata do PP à presidência da Extremadura, Maria Guardiola, que tendo ficado em segundo lugar, a seguir ao candidato socialista que já governava, propôs a Vox a presidência da Assembleia, para que a votassem para a presidência da região, e como eles fazem finca-pé que só a apoiarão entrando no executivo, aquela senhora recusou vigorosamente “dejar entrar en el gobierno a quienes niegan la violência machista, mismo que tengamos que repetir elecciones”. Força, Maria!...

 

Amândio G. Martins

 

 

terça-feira, 20 de junho de 2023

Partir a pedra cantando

 

PEDRA A PEDRA

 

Partir a pedra cantando

Faz amolecer a pedra

Do que vou imaginando

Naquilo que não entendo

Procuro como o entenda.

 

Nos anos que já carrego

Não aprendi muita coisa

Mas aquilo em que sou cego

Torna mais humilde o ego

Quando tenha quem me oiça.

 

Se alguém com um teorema

Não atinge o axioma

Terá de rever o esquema

Não estando certo não tema

Não encontrar outra forma.

 

Quem gosta de filosofar

Mas não está bem preparado

Não tem como não aceitar

O que disser quem demonstrar

Errado o seu postulado...

 

Amândio G. Martins

 

 

segunda-feira, 19 de junho de 2023

A imagem do futebol está abalada...

O futebol profissional comporta-se como um «Estado», no nosso Estado. Pisam linhas vermelhas em roda livre e a conivência política é um dado adquirido. A postura criminosa numa academia de jovens jogadores de futebol, a Bsports, revela falta de civismo, ausência de cultura desportiva, discriminação violenta, para com jogadores novos, que acalentavam o sonho de poderem singrar. Registe-se, que o dirigente máximo daquela instituição era o presidente da assembleia geral da Liga de Clubes de Futebol, agora demissionário. Esta e a Federação de Futebol demoraram muito tempo a reagir a esta situação, que nos vexa por esse Mundo fora... o silêncio foi ensurdecedor, por falta de interesse, omissão e falta de coragem em abordar este imperdoável caso. O Estado peca por insuficiência e mando assertivo. Não pode nem deve valer tudo! Estamos a falar de jovens, de direitos humanos, do direito à infância e à sua formação global, que foram desrespeitados e cilindrados. O presidente da Bsports foi constituído arguido por tráfico de seres humanos... arguidos há muitos e condenados? Nem ouvimos nem vemos nem os lemos! Salva-se nesta nódoa indelével, com benevolência do adjectivo, o Sindicato dos Jogadores Profissionais e o seu Presidente, Joaquim Evangelista. Bem-haja com gratidão.

Barbaridade que nada resolve

 

Desde miudo habituado a todo o tipo de animais do nosso ambiente, domésticos e selvagens, nunca me habituei a matá-los, mesmo quando era preciso fazê-lo para comer, e ainda hoje prefiro comprá-los já mortos por quem a isso se dedica do que matar em casa galinhas ou coelhos, que por isso mesmo nem temos cá em casa, que deve ser caso único na aldeia; lembro-me duma cena meio traumática quando, estando cá em férias, a minha mãe me pediu para lhe matar um coelho para o almoço e eu perguntei-lhe como, tendo-me dito que bastava dar-lhe uma pancada por detrás da cabeça e morria logo, mas a minha perícia foi tal que o bicho ficou ali a espirrar sangue e foi preciso ela acabar com ele.

 

Todavia, neste meio a que regressei, matam-se até animais selvagens que a lei protege, porque as pessoas ficam desesperadas com os prejuízos que causam, dado ser impossível defender deles as culturas em campo aberto, como no caso dos javalis e garranos, que quando entram numa propriedade cultivada não deixam coisa bonita de se ver, o que “autoriza” os prejudicados a dar cabo deles, seja de que forma for, porque a burocracia desmotiva o mais paciente, se quiser ser ressarcido dos danos.

 

Contou-me um dia destes um conterrâneo que uma raposa lhe rompeu a rede do galinheiro e matou as poedeiras todas, e quando de manhã encontrou aquela carnificina, a revolta foi tanto maior quanto, tendo-as contado, verificou que a “assassina” não comeu nem levou nenhuma; depois de pensar um pouco, ligou a um que sabia ser perito em armadilhas e, ao fim do dia, o rapaz apareceu-lhe para instalarem uma; e a coisa foi tão bem feita que logo na manhã seguinte encontrou a predadora debatendo-se para saír daquilo, tendo despejado sobre a cabeça do animal toda a raiva que tinha acumulada, uma atitude bárbara, disse-lhe eu, porque raposas há por aqui imensas e ele nem sabia se tinha sido aquela, sendo mais acertado reforçar o galinheiro, mas respondeu-me que, pelo menos aquela, já não lhe mata mais galinha nenhuma...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 18 de junho de 2023

Haja estômago

 

O que mais me surpreende, nessa paródia a que chamam “Comissão de Inquérito  à TAP”, é não haver pelo menos um, um só que seja que se aperceba do descrédito e da inutilidade daquilo tudo; é que vão meses seguidos a chamar repetidamente a mesma gente, para lhe repetir as mesmas perguntas, “difíceis”, presumem eles, dias e horas seguidos, com o canal de notícias da televisão pública a dedicar-lhes imenso tempo em directos, como se não bastasse o canal Parlamento.

 

”Isto é muito grave”, dizia um dia destes um dos anedóticos inquiridores, como se fosse para levar a sério, virado para um ministro que ali mais uma vez foi chamado; e mostram-se muito ofendidos, apelando à intervenção do presidente, se um inquirido tem a frontalidade de demonstrar a inanidade das questões que pela enésima vez lhe são colocadas.

 

E parece que há quem queira outra comissão, "adjacente" a esta, para desacreditar o que terá sido feito pela polícia dos segredos de Estado, no caso do computador que um funcionário despedido levou indevidamente para casa. Ocorre-me o desabafo dum velho pároco de aldeia, a quem uma paroquiana terá pedido que, na missa, avisasse os demais para vigiarem o gado porque, ao passarem junto do seu campo de centeio, lhe comiam as bordas; e perante a gargalhada que lhe fez tremer a igreja, esclareceu: “não vos riais, que não são as bordas que vós pensais”...

 

Amândio G. Martins

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Um ser superior é o que ri de si próprio, não dos outros

 

No prefácio ao livro “Contos Completos”, de Fernando Pessoa, Zetho  Cunha  Gonçalves realça a capacidade que Pessoa tinha de rir de si próprio, qualidade só possível nas grandes figuras, que as incipientes nem o riso dos outros acerca delas suportam, podendo reagir violentamente só de desconfiarem que alguém as estará a “gozar”.

 

Diz Zetho Gonçalves, que seleccionou os contos para o livro:

“Se outra razão não houvesse para a inclusão de “O Marinheiro” neste livro, bastaria a razão de o mesmo se apresentar como um texto completo, revisto e publicado pelo próprio Fernando Pessoa; para além, naturalmente, da sua inquestionável beleza estética, não obstante o cáustico poema que mereceu ao heterónimo Álvaro de Campos”:

 

A FERNANDO PESSOA

Depois de ler o seu drama estático “O Marinheiro

 

Depois de doze minutos

Do seu drama O Marinheiro,

Em que os mais ágeis e astutos

Se sentem com sono e brutos,

E de sentido nem cheiro,

Diz uma das veladoras

Com langorosa magia:

 

De eterno e belo há apenas o sonho. Porque estamos nós falando ainda?

 

Ora isso mesmo é que eu ia perguntar a essas senhoras...

 

 

Transcrito por Amândio G. Martins

quinta-feira, 15 de junho de 2023

OLHAI-DE E PASMAI-DE


O ex-Secretário de Estado Hugo Mendes, foi ontem à Assembleia da República para ser inquirido sobre o Caso TAP. Do grupo de deputados encarregado de averiguar os factos, faz parte (eu vi no Telejornal) nem mais nem menos, Pinto Moreira, que há dias foi constituído arguido como autor de crimes de corrupção enquanto Presidente da Câmara Municipal de Espinho.

Arguido é suspeito. Ou não; ou não; ou não (como diz o Augusto).

Ou, como dizia o saudoso Jô Soares: "não pricisa explicá, eu só quiria entendê"...


José Valdigem

Só falta canonizar a alimária

 

Quando os povos perdem o respeito por si próprios, até um vulgar traficante de tudo quanto é mau para eles pode merecer funerais de Estado e luto nacional, e o que acontece em Itália, perante a morte dum tratante, parece-me muito triste. Diz dele o presidente da República, Sergio Mattarela, que “foi um grande líder político que marcou a República, influenciando costumes, paradigmas e linguagens”, só que não foi para melhor, e se vai fazer escola, nada de bom se pode esperar dali, vendo endeusar uma figura que sempre fez o que quis, usando o poder político para lhe facilitar a prática de todas as patifarias pessoais e empresarias.

 

Usou a fortuna de origem obscura para poder entrar na política e bloquear ou contornar os processos que o poderiam levar à prisão, não hesitando em dizer, acerca dos juízes, querendo obter imunidade para as suas tropelias, que na medida em que tinha sido eleito pelo povo, não podia ser julgado por alguém que tinha obtido a sua posição de poder num concurso. “Nos casos que assolam o nosso desventurado país” – escreveu ao tempo Umberto Eco – “todos os dias se ouvem reacções enérgicas da opinião pública de outros países europeus, mais do que entre nós, contra as  tentativas de golpe de Estado rasteiro de Berlusconi”...

 

Amândio G. Martins

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Sozinhos na multidão

 

Como chovia a potes quando cheguei à vila, fiquei no carro à espera que abrandasse um pouco, revendo umas notas que levava para entregar na gráfica que está a tratar do meu próximo livreco; às tantas percebo uma sombra aproximar-se do lado do carro em que estava e vi um homem fazer-me sinal para correr o vidro. Fiz-lhe a vontade e deu-me bom-dia, a que correspondi.

 

Depois disse-me que estava o chover, ao que lhe respondi que também já tinha dado por isso e perguntei-lhe se pretendia alguma coisa de mim, para me “livrar” dele e fechar o vidro, porque o vento atirava a chuva para dentro; disse-me que não, que era só para me cumprimentar e conversar um pouco, enquanto esperava o autocarro. Agradeci-lhe e disse-lhe que então era melhor ir para o abrigo da paragem, do outro lado da avenida, não fosse o autocarro chegar e deixá-lo em terra. “Pois é o que vou fazer, saudinha e desculpe, sim”? De nada, vá com Deus e boa viagem.

 

Era um homem ainda jovem, com aspecto saudável, bem arranjado, sem sinais de “drogadicto”;  não pedia nada, apenas quem lhe desse uns momentos de atenção, e como na paragem não havia ninguém, veio ter comigo, sem me conhecer e sem nada de especial para me dizer. É terrível, mas sabe-se que há montes de gente assim, que pode não ter grandes necessidades materias, mas falta-lhes algo muito importante para o equilíbrio da sua saúde mental...

 

Amândio G. Martins

terça-feira, 13 de junho de 2023

 É IMPERIOSO E POSSÍVEL PARAR A GUERRA


Os dois grandes problemas que a humanidade enfrenta, são os efeitos das alterações climáticas e a guerra.

Ambos são consequência da sede de lucro e de domínio de uma minoria.

Como o lucro dos grandes empórios do petróleo, gás e carvão, os maiores poluidores atmosféricos, estava assegurado, não cuidaram de desenvolver e utilizar outras energias não poluentes e renováveis. Além disso, destruíram florestas, recorreram em massa, a monoculturas intensivas com utilização massiva de pesticidas e fertilizantes, para conseguirem o máximo de produção e de lucro, com prejuízo de ecossistemas, de contaminação e esgotamento dos solos, contribuindo assim, para a desertificação e a alteração do clima. Tudo em nome do sacrossanto lucro.

Em relação à guerra, a maior perversidade da nossa espécie, também sempre foi da responsabilidade da tal minoria, e também sempre teve como causa a procura do lucro e de domínio. E com o desenvolvimento e aperfeiçoamento das armas, tornou-se cada vez mais mortífera e perigosa. Para economia de espaço, vejamos apenas as duas mundiais onde pereceram cerca de 80 milhões de pessoas e onde esteve bem patente a mais repugnante bestialidade humana, como, por exemplo, o holocausto nazi e o bombardeamento atómico de Hiroxima e Nagasáqui.

Perante tais horrores, não seria de se evitar outros de tão grande ou ainda maior dimensão? Mas a ambição desmedida ultrapassa os mais básicos sentimentos, pondo em causa mortandades e destruições, quiçá, ainda muitos maiores do que as referidas.

Não é o que se teme com a escalada da que grassa na Ucrânia? Depois da destruição do importantíssimo gasoduto e agora da barragem, quem é que nos garante, que não poderão ser usadas, o que mais se teme, armas nucleares?

Portanto, não será imperioso, que se tente seriamente acabar com a guerra, em vez de se alimentar esta escalada com potenciais consequências apocalípticas?

A minoria do lado de cá, diz que a invasão violou o Direito Internacional, e é verdade. Mas, para manipular as massas através da sua omnipresente comunicação social, omite o que a originou: sobretudo, o não cumprimento dos Acordos de Minsk, as prepotências e os 15 mil mortos da população russófona do Donbass, e o avanço da NATO para junto das fronteiras da Rússia. Minoria que, recorde-se, não cumpriu o DI no Iraque, na Líbia, na Síria, na Jugoslávia.

Portanto, não nos digam que a guerra só acabará com a vitória militar, quando de um lado e do outro, para além das convencionais, existem armas nucleares mais que suficientes para eliminar toda a humanidade.

Sob o lema, Parar a guerra! Dar uma oportunidade à paz! O Conselho Português para a Paz e Cooperação, que já organizou manifestações e outras iniciativas, a ultima das quais, o sexto Concerto pela Paz no passado dia 3 no Fórum Municipal Luísa Todi em Setúbal e que contou com o apoio da autarquia, vai promover novas manifestações a 15, 16 e 17 deste mês, no Porto, Coimbra, Funchal e (dia 17 às 15 horas) em Lisboa.


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"

Artista, diz ele

Embora na principal empresa onde trabalhei nunca tenha havido greves dignas desse nome, sei que a greve pode ser importante como único recurso para muita gente que se vê prejudicada e explorada; mas as greves devem mostrar à cidadania a dignidade e a razão daquela luta, para poderem ser entendidas pelos utentes dos serviços afectados e pelos restantes cidadãos, e não se comportarem os seus aderentes como um bando de incontroláveis arruaceiros cujo motivo primeiro não é o que foi anunciado no início.

 

De facto, não são fáceis de entender greves de polícias que causam distúrbios e destroem bens alheios, nem greves de professores que nos mostram gente grosseira, sem as qualidades básicas para a importante função que lhes é confiada, e na interminável greve actual dos professores, percebe-se ali muita gente incapaz de o ser minimamente.

 

Têm aparecido nessas manifestações cartazes afirmando que “A lutar também estamos a ensinar”, e podia ser, se isso tivesse correspondência no que vemos, mas já não tem muita; e depois de ouvir que os sindicatos se demarcavam do cartaz-mostrengo com que há dias confrontaram o chefe do Governo, ouvi na TV o sujeito autor da coisa, que deve ser o mesmo da outra carantonha do ministro da Educação, com um lápis espetado num olho, dizer de si próprio que é um artista; ora, se é mesmo o que afirma ser, sugiro-lhe que estabeleça o seu próprio estúdio de arte, onde poderá ganhar muito mais, e deixe a escola pública, que não lhe paga o que acha que merece ...

 

Amândio G. Martins 

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Contas certas também à custa da pobreza

O desgoverno vangloria-se até à exaustão pelas suas «contas certas», com a ajuda das imensas cativações feitas pelo ministro das Finanças. Aquelas existem, porque há um SNS comatoso, por professores inqualificavelmente espoliados em mais de 6 anos de trabalho!, por uma Cultura desprezada e por aí adiante. No 10 de Junho, cartazes agitados por professores supostamente com a cara do 1º ministro, espoletaram horas de emissão e rios de tinta. Sabe bem à governança este desviar a atenção do primordial, para assuntos pífios... Como resolver, de facto, as reivindicações justas dos professores - os garantes da Instrução em Portugal, parece não interessar. «Contas certas», com mais indigência social e pobreza crescente é troçar da miséria instalada! Só falta o responsável pela pasta das Finanças, parafrasear o ex-líder par(a)lamentar, Luís Montenegro, PSD, quando disse que as pessoas não estão melhor, mas o País está(!). Ter os cofres do Estado com um excedente de mais de mil milhões de euros, quando a maioria dos concidadãos tira à barriga para pagar na farmácia, ou vice-versa, o que é isto? Será crime?!

a insatisfação dos PORTUGUESES

 


domingo, 11 de junho de 2023

"Monicreques"

 

Se perguntassem àquele grupo de fantoches que insultou o ministro das Infraestruturas à chegada a Peso da Régua em 10 de junho, numa missão oficial, que mal lhes teria feito Galamba, não saberiam o que responder, mas sentiram-se no pleno direito de receber daquela forma um membro do Governo, que ali ia em serviço, num dia normal de descanso para muita daquela subespécie de gente que o recebeu de forma tão gratuitamente indigna.

 

De facto, não saberiam apontar nenhum aspecto do seu trabalho em que esteja a revelar incompetência para a complexa função que desempenha; agem apenas por aquilo que ouvem e vêem nalguns meios de Comunicação, na sórdida campanha a que vêm dando cobertura e cujo objectivo primeiro é a queda do Governo porque, para esses meios, a estabilidade e as boas notícias são sempre uma chatice, o que lhes dá “pica” é agitação.

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

sábado, 10 de junho de 2023

 PORTUGAL ETERNO


Expulsámos mouros e castelhanos, fizemo-nos ao mar em cascas de nozes, fomos por aí fora e revelámos novos mundos ao mundo. Em 1640, voltámos a correr com os espanhóis, depois com os franceses, no 25 de Abril escancarámos as portas à Liberdade, depois fizemos outra coisa lindíssima: levantámo-nos por outro povo; o de Timor. E havemos de continuar aqui no nosso canto da Europa mais a nossa Pérola do Atlântico e as nossas Ilhas de Bruma, com a língua de Camões, a nossa língua, com as nossas tradições, usos e costumes, respeitando os outros, e sempre de cabeça erguida. Nunca nos submeteremos.

Um povo só é vencido quando se rende. E nós jamais nos renderemos.

Portugal é eterno.

Francisco Ramalho




sexta-feira, 9 de junho de 2023

A (bela) UE adormecida


Os pressupostos básicos que levaram ao desenho e implementação da actual organização mundial, forjada no pós-guerra 1939-45, estão hoje longe da validação. A começar pela composição e poderes do Conselho de Segurança da ONU, mas sem esquecer que o equilíbrio de forças políticas e nacionais em presença se encontra profundamente alterado, como se pode avaliar facilmente pelos efeitos que as diversas descolonizações vieram provocar em partes substanciais do globo. As mudanças no mundo continuam a ser para o Ocidente, mas em especial para a UE, uma verdade de difícil captação, pelo menos para alguns dos seus actuais dirigentes, “capitaneados” por Von der Leyen. Esta incapacidade da UE é-nos “revelada” por Maria João Rodrigues no seu notável artigo de opinião “Ocidente em minoria ou reforma da governação global?”, no PÚBLICO de 8 de Junho, em que lembra que o G7 já não beneficia da “hegemonia económica de outrora”, como aquando do estabelecimento do Consenso de Washington e das suas políticas neolberais, em 1989, para além de que os protagonistas não se resumem ao FMI e ao Banco Mundial, havendo que contar também com a presença do Novo Banco de Desenvolvimento, com sede na China. Definitivamente, a UE tem de acordar.


Público - 12.06.2022


O que eu gostava que fosse discutido pelos deputados


Aí 99% dos portugueses comigo incluído não querem saber da novela do SIS nem quem telefonou a quem.
 .1 O que nos preocupa mesmo é porque é que eu fui de Paredes de Coura a Lisboa e gastei mais em portagens do que em combustível.
Ora vejo toda a gente a reclamar que a gasolina está cara, porém considerando que é preciso extrair o petróleo, transportá-lo até à refinaria,  transportá-lo outra vez até às bombas, e é lógico que quem está ali disponível para nos abastecer também tem que receber algum.
Quer isto dizer que a Brisa sózinha factura mais que as gasolineiras, logo (conclusão minha) as portagens são mais caras do que a gasolina.
. 2 Está inscrito na constituição o direito à habitação, mas a generalidade dos portugueses incluindo aqueles cuja vida é dedicada à construção da mesma não têm direito a ela mesmo que dessem todo o ordenado que recebem.
.3 A TAP 
Mais há a discutir, mas os deputados estão focados no Galamba, e nem sequer põem a hipótese dos outros mentirem. 
É esta oposição que nos quer governar?!...
P'ra pior Já basta assim
Quintino Silva 

quarta-feira, 7 de junho de 2023

Política espanhola ao rubro

 

Num gesto que faz lembrar o “perdido por cem, perdido por mil”, o presidente do Governo espanhol, tendo o PSOE perdido as recentes eleições locais, anunciou logo no dia seguinte, bem cedo, a dissolução das cortes, marcando eleições gerais para 23 de julho próximo, decisão que, em Espanha, é uma prerrogativa do chefe do Governo; a Direita, que deverá ter passado a noite, a par com os festejos da vitória, a preparar-se para exigir de Sánchez a demissão, vendo-se assim surpreendida pela antecipação, disfarçou mal a frustração e passou a criticar a data escolhida, com o argumento de que nessa altura a maioria dos espanhóis está em férias, mas o que teriam preferido era poder massacrá-lo mais seis meses, até ao fim do actual mandato.

 

Para lá das características próprias de cada país, o actual governo espanhol enfrentou as mesmas dificuldades que o nosso já teve, quando teve de governar coligado para poder ultrapassar a Direita nas votações no Parlamento; e se por cá o Costa, entretanto, pôde prescindir daqueles apoios, Sánches nunca se livrou de engolir os sapos mais indigestos, estando agora a pagar caro os disparates das meninas do “Unidas Podemos”: Irene Montero, Ione Belarra e Ângela Rodriguez, gente que, sempre que abria a boca, fornecia à Direita um prato cheio de motivos de gozo.

 

Aquela última, Secretária de Estado da primeira no ministério da Igualdade, sempre que se fazia ouvir abalava o Governo, tais as inanidades com que alimentava os detractores  de Sánchez, como aquela de lamentar, num vídeo com um grupo de raparigas, que a mãe de Abascal não tivesse podido abortá-lo, porque não havia uma lei que o permitisse; ou mostrar-se frustrada porque um estudo recente revelava que 75% das adolescentes espanholas preferiam ser penetradas por um homem do que recorrer à autosatisfação, questionando ela como seria possível, com aquele “feminismo”, combater o machismo com sucesso...

 

 

Amândio G. Martins

terça-feira, 6 de junho de 2023

 OS CRIADORES DO POPULISMO


Anda aí muito na berra, a preocupação com o populismo. Mas, quem o gera, parece desconhecer a razão do seu medrar. Parece! Porque quem se preocupa sinceramente com ele, quem o denuncia e o combate, sabe perfeitamente a razão do seu crescimento. E quem o cria, também sabe! Mas outros valores se levantam. Os “valores” da subordinação ao capitalismo.

O populismo, é gerado pelas injustiças e pela desilusão que as mesmas provocam.

Ele grassa um pouco por todo o mundo e os seus principais causadores são os governos de partidos considerados social-democratas ou mesmo socialistas, como é o caso em Portugal. Ou, como acabamos de ver, aqui ao lado, em Espanha.

Vejamos o nosso exemplo; depois do 25 de Abril e das consequentes medidas revolucionárias, a reforma agrária, as comissões de trabalhadores, o controlo operário, a criação de cooperativas, as associações de moradores e de consumidores, as nacionalizações, o Serviço Nacional de Saúde, etc., quem é que depois do 25 de Novembro de 1975, começou a desmantelar tudo isso? Não foi o PS, o PSD e o CDS na Assembleia da República e no Governo? E quem beneficiou? Não foi uma minoria? Não voltaram os latifúndios ao Alentejo e ao Ribatejo? Os bancos, as seguradoras e quase todas as grandes empresas, não foram privatizadas? Muitas delas, tal como os bancos, não passaram até para mãos estrangeiras? Restam apenas umas poucas e o SNS. E este, não está em agonia por falta de investimento com a consequente expansão da medicina privada?

Não vemos mesmo agora com a pandemia e a guerra, essa tal minoria nacional e internacional, de novo dona disto tudo, com lucros colossais enquanto o povo aperta o cinto? Enquanto um número crescente de pobres, já quase três milhões, recorre ao Banco Alimentar Contra a Fome e a outras formas de caridade? E a “geração mais bem preparada”, os jovens, não emigram por falta de condições de vida?

Portanto, a desilusão leva as pessoas a desinteressar-se da política, a abster-se, ou a irem no canto de sereia do populismo que no fundamental nada se diferencia dos partidos que o geram. Aliás, acrescenta-lhe xenofobia e racismo.

A alternativa são os partidos efetivamente da oposição. Nomeadamente, o mais consequente. O que mais propostas fundamentadas apresenta para uma sociedade não baseada na exploração e na opressão, o PCP. Por isso, as suas propostas são tão omitidas ou deturpadas. Assim como as lutas que propõe e promove para que os trabalhadores, o povo, consigam concretizar tais propostas.

Outra condição essencial para o desenvolvimento e a justiça social, é a paz. A guerra, apenas interessa aos que beneficiam com o negócio das armas e pretendem o domínio dos povos. E estes, têm direito à sua autodeterminação. Quando isso não se verifica, como acontece, por exemplo, em relação ao povo curdo, ao do Saara Ocidental ou do Donbass, é a guerra. E não é o populismo nem os partidos que o geram, quem se lhes opõe. Subordinam-se também ao seu principal fautor; o imperialismo norte-americano.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"

segunda-feira, 5 de junho de 2023

A maioria absoluta é para quê?

Nos últimos tempos a vida das pessoas, o comum cidadão, sentiu na pele e na carteira, uma degradação em crescendo. Afinal, a maioria absoluta do quero, posso e mando é a principal responsável da desigualdade social. A esmagadora maioria dos cidadãos não pode estar condenada ao fatalismo de viver mal... não se vislumbra, uma só valência da nossa sociedade, desde o SNS até aos funcionários judiciais, passando pela Escola Pública e pela Cultura, que não proteste contra as suas condições laborais e remuneratórias. As ausências de respostas reais para a urgência dos diversos problemas é uma infeliz constatação. O poder e a Assembleia da República gasta energias em novelas já estafadas, obliterando o âmago, que prefigura o desviar as pessoas daquilo que verdadeiramente interessa - o foco de questões candentes por solucionar. Quem luta intransigentemente com razão por dignas condições de vida alcançará justas recompensas. Este governo finge que anda, mas está parado. Alguém sentiu alguma melhoria, sobretudo as classes baixas, nesta maioria absoluta? Não e não! O PS/governo, parece que estão num estado de 'catalepsia'(!).

S A R D I N H A S . . .

 


domingo, 4 de junho de 2023

Deseducar a gente

 

 INCONGRUÊNCIAS

 

Pelo pecado de Eva sofre a cobra

No que parece uma grande injustiça

Àquele que a pensar não tem preguiça

Querendo entender o que incomoda...

 

Por lhe proporem mistérios de sobra

Há muita gente que nem vai à missa

Porque vê incongruente a premissa

Que lhe distingue a boa da má obra.

 

E ver as cobras serem perseguidas

Por almas que são mal esclarecidas

Mostra deseducação nos mistérios;

 

Tendo cada bicho a sua função

Não exageremos na destruição

Como induzem tão estranhos critérios...

 

Amândio G. Martins

sábado, 3 de junho de 2023

Este barato sai caro


Sou parte daquele grupo de portugueses que, congratulando-se com os sucessos financeiros de que o nosso governo faz colecção, não sentem na pele os efeitos benéficos de tanta perícia contabilística. O Estado enriquece a olhos vistos, com louvores para todos quantos conseguiram baixar o rácio da dívida, domar o défice, disciplinar o desemprego, refrear a inflação, esquecendo-se, contudo, de cuidar das centenas de portugueses, em especial velhos, que se mantêm “hospedados” nos hospitais, depois de curados, porque são lá abandonados pelos familiares, não porque estes sejam “desnaturados”, mas porque, simplesmente, não possuem as condições necessárias a tratá-los em casa.

Não quero viver num país rico com uma “plêiade” de esfaimados, onde as desigualdades não páram de crescer, até nos mínimos vitais. O Estado não deve ser um negócio especulativo, transformando-se a boa governança numa “coisa” em que os proveitos, dê por onde der, sempre superam os custos. Sem falar no atavismo que revela a opção de nada se fazer na questão dos “internamentos sociais”, dizem especialistas (Prof. Pitta Barros) que qualquer solução alternativa a manter ocupadas camas de hospital, caríssimas a todos os níveis, sairia muito mais barato. Quem tem medo do futuro? 

Público - 05.06.2023 (com corte substancial).