quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

As pobres declarações do dono do Pingo Doce

O concidadão Alexandre Soares, motor da cadeia de supermercados Pingo Doce, com o seu ‘dinheirinho’ bem guardado na estranja, tal como os nossos mais fervorosos ‘nacionalistas’ fazem, apesar de afirmarem que ‘muito amam’ o ‘seu’ Portugal, veio a terreiro no ‘seu quintal’ afirmar que a maralha deve deixar-se de ‘cantilenas’, tipo ‘grândolas, vilas morenas’.
Que deve, isso sim, ‘patrioteiramente’, apresentar propostas válidas, ou fundamentadas soluções, a fim de se ultrapassar a crise actual.
Esta sua lengalenga de fazer ‘chorar as pedras de uma qualquer calçada’ é mesmo de bradar aos céus, pois no inferno vive o povo que ele 'muito estima'.
Então, o exaurido e saqueado povo é que deve ou tem o dever de dar palpites de boas práticas governativas a todos os verdugos que o quer afogar no lodaçal de tanto despautério instituído?
 
José Amaral

SIC e TVI travam privatização da RTP

Interesses comerciais da SIC e TVi,  que seriam  beliscados com a privatização da RTP, também contribuiram para o governo adiar o seu plano de privatizar a televisão pública.Foi notória a oposição das TVs privadas, à privatização da pública, nomeadamente Pinto Balsemão, nada preocupado com o serviço público e o cumprimento da Constituição da República, mas sim com a diminuição de alguns milhões nos seus negócios. Ao governo do primeiro-ministro Passos Coelho, também não interessou desagradar aos patrões das TVs, para não desencadear uma onda de mais pluralismo e rigor, na cobertura da oposição social e política ao governo, afundando ainda mais a sua popularidade.
Esse mesmo objectivo governamental da baixa popularidade, visou igualmente a RTP, onde directores e responsáveis, quando acossados com a privatização e a ameaça que tal significa para os seus interesses, parecem cumprir melhor o serviço público na informação e comentários aos malefícios para Portugal e portugueses, que são o actual governo e a sua política.
 
Ernesto Silva
 

Manifestações e jornais de referência

É dos manuais do jornalismo que, na primeira página, são noticiados os acontecimentos mais importantes.
No passado dia 16 de Fevereiro, as manifs. da CGTP, em 24 cidades do nosso País, reclamando uma mudança de política e de governo, em que participaram largas dezenas de milhares de pessoas, foram sem dúvida o acontecimento mais marcante desse dia.
A generalidade da comunicação social noticiou essa jornada de protesto com um destaque natural. Existiram, no entanto, duas excepções.
Dois jornais, ditos de referência, um pela sua tiragem (Correio da Manhã) e outro pela sua qualidade jornalística (Público), ignoraram na  edição do dia 17, nas suas primeiras páginas, as manifs da CGTP da véspera.
Poder-se-á perguntar as razões para tal: para esconder os protestos populares na rua? Para proteger a política governamental? Por antipatia a quem convocou as manifs.? Por lapso editorial ou redactorial?
Talvez se justificasse um esclarecimento dos seus responsáveis.
 
Ernesto Silva

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A arte de destruir


Qualquer cidadão atento ao dia-a-dia deste país, que mais parece estar em permanente tempo nublado tendente a escurecer, está preocupado com o caminho que estamos a percorrer.



A economia portuguesa está assente num barril que, em sentido figurado, podemos denominar de pólvora, que, se eclodir, terá um enorme efeito destrutivo, porque é um perigoso composto de dívidas incontroláveis.
A situação em que estamos envolvidos, não saltou do nada para a eventual catástrofe, nem foram os extraterrestres que a depositaram no nosso solo. Avolumou-se com passos sucessivos sem sentido nem objectivo, estimulados por medidas descabeladas e oportunistas, que muitos aplaudiram, e nem perante a tragédia são incapazes de reconhecer os erros e emendá-los. São clínicos que erraram na medicação mas não alteram as receitas.
Certas obras e medidas, que consideraram de progressistas e modernas, e não falo só de estradas, estádios, pavilhões e piscinas, sem préstimo suficiente e algumas ao abandono, contribuíram para o estado de pré-falência em que a país se encontra, pois é esta a situação da maioria das autarquias e empresas públicas. Sobre a dita dívida soberana, como se o país neste momento tivesse alguma soberania, cresce minuto a minuto e é o que todos conhecemos.

A barca é de Deus, não do homem

Quero guardar o discurso de Bento XVI, hoje, dia da sua última audiência e aparição públicas:
 
"No dia 19 de abril de 2005, quando abracei o ministério petrino, disse ao Senhor: «É um peso grande que colocais aos meus ombros! Mas, se mo pedis, confiado na vossa palavra, lançarei as redes, seguro de que me guiareis». E, nestes quase oito anos, sempre senti que, na barca, está o Senhor; e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas do Senhor. Entretanto não é só a Deus que quero agradecer neste momento. Um Papa não está sozinho na condução da barca de Pedro, embora lhe caiba a primeira responsabilidade; e o Senhor colocou ao meu lado muitas pessoas que me ajudaram e sustentaram. Porém, sentindo que as minhas forças tinham diminuído, pedi a Deus com insistência que me iluminasse com a sua luz para tomar a decisão mais justa, não para o meu bem, mas para o bem da Igreja. Dei este passo com plena consciência da sua gravidade e inovação, mas com uma profunda serenidade de espírito.



Saltimbancos

Uma coisa tão pequenina como um «de» em vez de um «da» pode gerar polémicas, preencher páginas de jornal e pôr a nossa cabeça em molho!
O presidente «da» câmara é que é correto no artigo 1º da lei nº 46/2005, um erro que Jaime Gama, então presidente da Assembleia da República, deixou passar.
A lei dos mandatos tem que ser revista, sim, com de ou menos de. Não é correto ou correcto saltar de câmara em câmara: é uma vergonha.
O poder sobre à cabeça. No coração há um amor interesseiro, oportunista pela cidade de que se quer presidente da Câmara.
Ser presidente «de» Câmara não é profissão vitalícia - não devia sê-lo. Há que corrigir o de ou o da, mas, acima de tudo, não permitir saltimbancos de câmaras.
 
 
(carta publicada no DN, 26-2-2013 e no JN, 27-2-2013)

A lei de limitação dos mandatos


O artigo 1º da Lei 46/2005 dispõe que «o presidente de câmara municipal e o presidente de junta de freguesia só podem ser eleitos para três mandatos consecutivos». Esta lei, recorde-se, foi exibida na praça pública como uma das mais corajosas e promissoras reformas estruturais do nosso viciado e corrupto sistema político, na medida que iria permitir a renovação e arejamento da classe política. A lei, com praticamente um único artigo (o outro diz respeito apenas à entrada em vigor), foi aprovada em 2005 para produzir efeitos apenas em 2013.  Freitas do Amaral, Cavaco Silva, Jorge Sampaio, Marcelo Rebelo de Sousa e toda essa plêiade de juristas que se alimenta e gravita em torno do poder, dispuseram, assim, de oito longos anos para ler e reler este único artigo.

Foi preciso chegar-se à data da produção dos efeitos da lei, que irá inevitavelmente afectar os compagnons de route dos donos do nosso sistema político, para que as águas do pântano se começassem a agitar com vista a fazer desaparecer a única reforma verdadeiramente estrutural do nosso sistema político dos últimos trinta anos.

Recordo que, na altura, também se defendeu que a limitação de mandatos deveria ser extensível aos deputados pelo que o artigo 1º da referida Lei poderia bem ter a seguinte redacção: «Os deputados, o presidente de câmara municipal e o presidente de junta de freguesia só podem ser eleitos para três mandatos consecutivos». Acham que esta lei poderia ser interpretada no sentido de um deputado, após ter cumprido três mandatos sucessivos, se poder voltar a candidatar desde que o fizesse por outro círculo eleitoral?

Recordo aqui o que escrevi na altura da aprovação desta lei: «Apesar de defender a limitação de mandatos, não acredito que a lei que impede a reeleição sucessiva dos autarcas por mais de três mandatos venha alguma vez a ser aplicada. Só quem não conheça o país em que vivemos pode acreditar nisso. (...) Seria, de facto, exigir muito de uma classe política mais identificada com a exemplar democracia de sucesso angolana do que com as velhas democracias do norte da Europa…»

Quem não os conheça que os compre...
Santana-Maia Leonardo

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Eu amo o meu país

Abri à sorte. Saltou-me à vista as palavras "Eu amo". Depois, li a frase, toda a frase: "Eu amo o meu país."
Pequenina, simples, amorosa, escrita na primeira pessoa, iniciando um parágrafo. A primeira frase de um texto.
"Por isso" - continua -, "quando a ele me refiro, faço-o com respeito por mim e pelos meus concidadãos."
É assim que começa uma das muitas crónicas do professor Joaquim Carreira Tapadinhas, reunidas num volume que ele próprio me enviou pelo correio. São, como promete na capa, "palavras assertivas sobre um país alienado".

(DN, 2-3-2013)

Incumprimento da Lei

Os livros sagrados, religiosos ou constitucionais, são por antítese os que menos se cumprem, porque cada crente ou constitucionalista encontra neles fuga apropriada aos desvios preceituais que querem praticar ou defender, consoante na altura melhor lhes convenha.
Assim sendo, as querelas continuam e o ciclo vivencial raramente encontra consensos, contrariando a lógica e a dinâmica de um qualquer parafuso sem-fim que, girando, se desloca sem ser deslocado, mas que em casos práticos, uns quantos gulosos edis querem retirar dividendos da imprecisa Lei de Mandatos Autárquicos, passando a ser uns revolucionários parafusos sem-fim, dado que, girando, deslocam-se e são colocados in aeternum em todos os lugares das suas preferências.
E depois, numa sacanagem sem fim à vista, ainda se riem na nossa cara, afirmando com total despudor que ‘este mundo não é para lorpas’.
 
José Amaral

A Verdade

Quando um ser humano analisa determinado fenómeno, neste caso social, tem uma determinada explicação para a sua causa (a sua verdade), mas se for outro ser humano encontrará outra explicação (a sua verdade), no limite teremos tantas “verdades” quantos os seres humanos. Por isso as ciências sociais (economia, sociologia, politica) utilizam ferramentas das ciências exatas (matemática, estatística) para poderem chegar aos mesmos resultados e às mesmas explicações, puro engano. Basta ver os nossos atores políticos que com os mesmos indicadores estatísticos chegam a várias explicações e a diferentes previsões.

É claro que para se conseguir este desiderato é preciso muita prática política, muita manha, quer sejam do Governo quer sejam da oposição. Não é verdade, que os partidos que têm feito parte dos Governos (PS, PSD, CDS-PP) quando vêm que não atingem o valor previsto do deficit, tratam de fazer uma privatização há última hora para o atingirem, transpondo o problema para o ano seguinte, ou que este Governo a cinquenta dias do princípio do ano já faz correções às previsões para o final de 2013.
Carlos Vasconcelos
(JN, 28-2-2013)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Alegria

No início de mais uma semana, nada melhor do que começar com Alegria e contagiar com essa energia, todos aqueles que começam a semana como se estivessem a terminá-la...:)


http://www.youtube.com/embed/fU_-kbFjnrI

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Renovação ou rotação?


Os presidentes de câmara, tal como os deputados e governantes, são como os frutos: se ficarem muito tempo na árvore acabam por apodrecer. É, por isso, higiénico substituí-los, antes que apodreçam.

Quero com isto dizer que o poder corrompe até um homem íntegro? Ninguém tenha dúvidas disso. Como dizia Lord Acton, «todo o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente».

O poder é como um copo de água. Qualquer pessoa consegue levantá-lo e mantê-lo suspenso no ar durante algum tempo. Mas não há ninguém, por muito íntegro que seja, que não ceda ao peso do copo, se estiver com ele na mão durante muito tempo.

Vem isto a propósito da actual discussão sobre se a limitação de mandatos dos presidentes da câmara se deve restringir ao território do município ou não. A discussão parece-me absurda porque, como é óbvio, a permissão de um presidente da câmara concorrer a outro município, cumprido o terceiro mandato, subverte totalmente o espírito regenerador da lei, na medida em que não permite a descontaminação dos vícios adquiridos pelo titular do cargo.

Além disso, se a lei permitisse isso, em vez de servir para regenerar o sistema político só serviria para corrompê-lo ainda mais, na medida em que ela própria promoveria e avalizaria o não cumprimento dos mandatos pelos eleitos locais. Ora, o princípio que a lei deve defender é o dever dos eleitos cumprirem integralmente os mandatos para os quais foram eleitos. E se o mandato só termina no dia da eleição, o presidente da câmara só fica livre do compromisso para o qual foi eleito, no dia da tomada de posse do novo presidente da câmara. Só após esse dia, fica livre para se candidatar a outra câmara.

Desconheço quais foram as conversas de bastidores dos negociadores, agora o que sei é que a lei foi apresentada como uma reforma essencial do sistema político com vista a permitir a renovação (e não rotação) da classe política.

Mas se, no próximo ano, quando houver uma reunião da Associação Nacional de Municípios, lá virem as mesmas caras, não se admirem… Não se esqueçam que estamos em Portugal, onde as reformas estruturais apenas visam acentuar os vícios das estruturas já existentes e nunca corrigi-las. Mas um dia a casa vem abaixo!

Santana-Maia Leonardo

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Traços da menina mulher



Parece uma foto recente, enquadrada num cenário muito actual, este rosto de menina, com traços evidentes de uma menina forçada a ser mulher prematuramente.

 Um olhar penetrante expressivo, mas assustado, configuram a esta foto, a mais bela expressão da arte fotográfica.

Uma foto de 1985, de Sharbat Gula,  uma menina afegã refugiada, cuja idade não se sabe ao certo até hoje e que se tornou numa das capas mais famosas da Revista National Geographic.

Esta foto será sempre intemporal e contemporânea para ilustrar o mundo em que vivemos.

Talvez não hajam muitas meninas como Sharbat na Europa, talvez nem venha a haver, mas  ser menina mulher, concedeu a Sharbat a oportunidade de crescer interiormente, evoluir humanamente e poder ser hoje mulher menina.

Sim, porque ser mulher menina é ser dotada duma jovialidade e permanente rejuvenescimento interiores. É ser infantil dentro da maturidade desejada, é ser permeável a uma permanente e constante adaptação ás circunstâncias e ser moldável a novas ideologias e conceitos.

Também eu, já fui menina mulher, não em condições tão terrificas e adversas como Sharbat, mas desproporcionais à minha capacidade e estrutura, obviamente integrada numa cultura europeia.

Hoje sou mulher menina e não deixarei de o ser enquanto viver…

Enfrentar obstaculos





Mcnamara dá-nos o exemplo, de que, os riscos são o sal da vida, para vencermos os obstáculos, bastando para isso o arrojo e a coragem de acompanhar o ritmo que tomam quando nos enfrentam.

Por mais insuperável que nos possa parecer, sempre há uma forma de os contornarmos ou acompanhá-los com perseverança e determinação.

O mar, essa força invencível da natureza, talvez a mais poderosa de todas as forças, que nos invade, nos fascina, nos intimida, nos faz sentir pequeninos e frágeis, mas que nos deslumbra e nos faz sentir vivos…

Nascer para quê?

As notícias sucedem-se em catadupa, quase todas más. Duas, no entanto, merecem reflexão profunda: a cada vez mais elevada taxa de desemprego jovem e o aumento sustentado da pobreza infantil. Se nos lembrarmos da drástica diminuição de nascimentos e do que isso faz prever de socialmente trágico, há que dar os "parabéns" aos pais e às crianças "decidiram" não nascer pois devem ter feito a pergunta óbvia: nascer para quê?

Fernando Cardoso Rodrigues

Nota: enviada à VISÃO, não passou no filtro editorial. 

E que tal um filme para o fim de semana?


Abordar temas muito sérios de uma forma leve e com muito sentido de humor, é o que todos nós precisamos, por isso recomendo, para quem ainda não teve oportunidade de ver: "Guia para um Final Feliz"

A felicidade não se compra, nao se procura no exterior, esta dentro de nós e só nós poderemos fazer a diferença, ainda que nos considerem tontos...



Porque hoje é 6ª Feira

Porque hoje é 6ª feira
Porque a semana chega finalmente ao fim
Porque estamos cansados de ouvir as lamechices do colega do lado
Porque estamos irritados com o oportunismo do patrão
Porque estamos cansados do sensacionalismo mediático em torno da crise
Porque já cansa ouvir sempre a mesma música
Porque ainda há humor para além da angustia com a obrigatoriedade da factura electrónica
Porque a vida é curta e temos de viver um dia de cada vez
Porque mais vale gozar agora enquanto temos saúde do que amealhar para a doença
Vamos ser gratos por podermos partilhar momentos dificeis que nos engrandecem e nos tornam mais fortes
Vamos ter orgulho no que alcançamos até hoje
Vamos juntar as maos, arregaçar os braços e Viver

Vamos cumprir a nossa missão e ser Felizes!

O Estado está doente

 
Sendo sobejamente reconhecido e já mais que provado, por diversas situações e ocasiões, que o Estado, para além de não ser “pessoa de bem” em virtude de ser formado por “gente”, sem nenhum escrúpulo ou qualquer sensibilidade humana, este aproveita-se de tudo e de qualquer situação e sempre à espreita, está pronta, para sacar impostos, o mais que pode, ao comum dos cidadãos assim que lhe seja permitido faze-lo.
Vem ao acaso a situação, do que se verificou, em relação à corrida tauromaquia de homenagem que o Campo Pequeno de Lisboa, prestou ao forcado da Moita, Nuno Carvalho, (que ficou tetraplégico no verão passado), para angariação de fundos para o ajudar, se possível para ter uma vida melhor no seu dia-a-dia.
Nessa corrida a receita de bilhetes alcançada, teve uma doação de 115 mil euros, que provavelmente será muito curta face às despesas que esse cidadão terá que enfrentar, para o resto da sua vida. Entretanto á boa maneira, o Estado, logo se aproveitou, desta situação e da respectiva receita e não teve qualquer sentimento humano e solidário e aproveitou-se da situação para “abicar” em impostos cerca de 26 mil euros em proveito para os cofres da “máquina", chamada Estado.
Aonde está a afinal a solidariedade? Muito longe e distante.
A esta questão responda quem souber e queira ser honesto.
 
 
Mário da Silva Jesus

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A autofagia da civilização


Os pigmeus, olham para o gigante, impregnados de terror. Assustados, não reflectem. Não se interrogam, porque deixaram correr o tempo, e perderam a capacidade de analisar os fenómenos do mundo que os insere. Pior. Deixaram aos outros o esforço de pensar, de prever. Só que não havia outros. Todos éramos nós. Não havia nós e os outros. Perderam, ou, naturalmente, nunca houve em muitos, e em número suficiente, o espírito de aprofundar as causas e as coisas.
Tal como o sangue circula no corpo e é necessário à vida, assim se pensou que a moeda, o dinheiro, seria o alimento que daria substância à sociedade instituída, ou, mais profundamente à actual civilização.
Sem regras devidamente estruturadas, sem ética e sem moral, sem finalidades sociais, as repúblicas, copiando-se sucessivamente, deixaram que grupos de usurários comandassem a economia, e que retirassem dos empréstimos um proveito superior ao aumento real da produção de bens.
Assim, não há volta a dar, e as dívidas (que nos deixam muitas dúvidas da forma como foram constituídas) não podem ser liquidadas.
Sem perceber a teia, por enganosas facilidades, como quem compra a prestações no presente e empenha o futuro, a Grécia, a Irlanda, a Islândia e Portugal, parecendo que a Espanha, a Bélgica, a Itália, são os países que se seguem, todos entraram no sistema financeiro que alimenta os espertos financiadores e coloniza os povos devedores. Mas virão muitos mais, porque o circo ou o cerco estão montados. Estes agentes financeiros criaram um clima de terror, que domina a política de cada país, que deles se tornou dependente.


Bonecos Vodu


Hoje, foi notícia no telejornal da TVI, o sucesso de vendas dos bonecos vodu representando Passos Coelho e Miguel Relvas.


Há quem gaste o seu pouco dinheirinho nestes bonecos para poder dar umas espetadelas no Gaspar, no Passos Coelho, no Relvas e outros.
Há muitas formas de «descarregar»!
Há muito boa gente a ganhar dinheiro com estes bonecos.
Deixo aqui esta notícia curiosa para o leitor dar umas «espetadelas» e sem gastar nada!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Bárbara

Vi ontem. No estúdio do Teatro do Campo Alegre. Filme escorreito, sem "berloques" mas prenhe de história recente e, quase paradoxalmente, de beleza. Relembra-nos a opacidade que foi "ontem" (1989 e antes...) mas enche-a de amor e solidariedade humanas.
Se "forem por mim", a ver...

Fernando Cardoso Rodrigues

Um soneto com uma quadra


Nascer e morrer são duas realidades
Que temos como certas, pobres ou ricos.
Façamos o que fizermos, com verdades,
Mentiras ou patranhas de mafarricos!

No entanto, entre o nascer e o morrer
Há uma caminhada chamada intervalo.
Temos humanamente de o bem preencher
E com o semelhante tudo partilhá-lo.

Pois tudo que dermos é bom mister
Porque só levamos o bem que fizermos,
Dado que os bens terrenos acabam por ser

Um qualquer legado na Terra deixado
Aos filhos ou a quem nunca soubemos,
Que tal outorga houvéramos pensado.


Ao nascer estamos a morrer
Pois somos seres perecíveis.
Vivamos o intervalo por bem fazer;
Só levamos o bem feito, nunca os níqueis!

José Amaral

O Desconcerto do Mundo


Quer nos meus tempos de estudante, quer nos meus tempos de professor, nunca dei qualquer relevância a um pequeno poema de Camões que, para além de achar engraçado, considerava que não tinha qualquer expressão na realidade da época. Acontece que hoje, ao lê-lo por mero acaso, constatei, com surpresa, que reproduz fielmente a nossa realidade actual. Como o poema é o mesmo, só pode ter sucedido uma coisa: a sociedade portuguesa mudou muito e para pior. O poema denomina-se "Desconcerto do Mundo" e reza assim: «Os bons vi sempre passar/ no Mundo grandes tormentos;/ e pera mais me espantar,/ os maus vi sempre nadar/ em mar de contentamentos./ Cuidando alcançar assim/ o bem tão mal ordenado,/ fui mau, mas fui castigado:/ assim que, só pera mim,/ anda o Mundo concertado.»

Não tenho qualquer dúvida de que as leis são hoje criadas, interpretadas e aplicadas com o único objectivo de beneficiar uns (a clientela amiga) e prejudicar outros (os que não gostam de vir comer à mão). É como se vivêssemos numa cidade onde toda a gente é obrigada a circular de automóvel mas onde é proibido estacionar em todo o lado. Acontece que, enquanto uns estacionam onde querem e lhes apetece, sem que nada lhes suceda, outros são sistematicamente multados. E se o infractor alegar, em sua defesa, que fez apenas o que viu fazer, o meritíssimo juiz ou a autoridade pública encarregar-se-á de lhe lembrar que não aproveita ao infractor o facto de outros também terem infringido a lei. Concluindo: também em Portugal, o mundo só anda concertado para alguns.
 
Santana-Maia Leonardo

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Casas Vazias?

 
Hoje, pela rádio, no caminho habitual, rotineiro, sempre igual, vendo sempre «quase o mesmo», tomei conhecimento da exposição Casas Vazias de Filipe Condado (Lisboa, 1973). Estará em exibição na Sala do Veado no Museu Nacional de História Natural, em Lisboa, até 3 de Março.
O projecto tem por trás uma ideia muito interessante, que passo a transcrever:

Desde sempre me incomodou ver prédios vazios e abandonados, sobretudo no coração dos grandes centros urbanos.
Um dia, enquanto percorria as ruas de Lisboa, fui levado pela curiosidade a entrar num destes prédios.
A porta, mal acorrentada, chamou-me para dentro. Já nas escadas, percebi que havia uma casa que tinha a porta principal aberta. Entrei e dei por mim rodeado por uma série de objectos, alguns nos seus lugares, como se a casa ainda estivesse habitada. Mas, ao mesmo tempo, o profundo silêncio e o ar pesado não escondiam o abandono de anos.
Quem viveria naquela casa?…. Há quanto tempo estaria ela vazia?… Porque terá sido deixada assim?
Aquele ambiente enigmático despertou-me o interesse.
Saí e voltei noutro dia com a máquina fotográfica e com o propósito de registar em cada imagem, simultaneamente, o lado íntimo e o devassado (pelo abandono) daqueles objectos.

Deixo aqui algumas das suas fotos. Vale a pena conhecer (aqui)!



 
 
 
Serão, então, casas vazias? Ou mesmo elas estão cheias de histórias?
Parabéns, Filipe, pelo olhar que teve sobre este tema!



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A sequência...

Di-lo Philip Roth (em "Engano"): antes da narrativa da vida, vem a própria VIDA e só depois vem a ficção (por alguém) daquela...
Evidência? Talvez mas é bom ler aquilo que já intuimos ou sabemos.

Fernando Cardoso Rodrigues

Papa Bento XVI


Não sou crente mas, num tempo em que a civilização judaico-cristã está em risco de perecer na voragem hedonista de quem só quer desfrutar o momento presente, o papa Bento XVI soube ser a âncora que nos prende aos valores intemporais da nossa civilização e uma das vozes mais lúcidas do nosso tempo.

E a melhor prova disso é o quanto é odiado nos meios do politicamente correcto que dominam hoje o mundo moderno e que moveram contra ele uma das maiores campanhas a que alguma vez se assistiu de intoxicação e de envenenamento da opinião pública contra uma pessoa.

Muito dificilmente a Igreja Católica voltará a ter um Papa com a dimensão, o poder e a craveira intelectual deste, capaz de firmar e defender as suas convicções inabaláveis mesmo no terreno movediço da racionalidade e da pós-modernidade. Para mal dos nossos pecados e do mundo ocidental. 

Santana-Maia Leonardo
Público, 16-2-2013
DN, 19-2-2013

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Grândola vila morena

 
 A opinião pública em geral e, agora, toda a oposição na AR condenam o governo

por não resolver os problemas do país, concluindo que é hora de renunciar. Até o
público, que cantou nas tribunas a canção Grândola, não podia ser mais eloquente.
O governo disse mais tarde, pela voz do primeiro-ministro, que não abrandará a sua
política. Aliás, não seria de esperar qualquer contemplação pelo lado dos rígidos
banqueiros alemães. E também da parte do PR não é de contar com nenhuma atitude
corajosa.
Sendo assim, penso que só restará à oposição, em bloco, uma saída para a crítica
situação existente: Tal como fêz quando da criação da pseudo-comissão para a
"refundação" do Estado, deixar coerentemente a coligação isolada no Parlamento,
passando a faltar às respetivas sessões.
O impacto, interna e externamente, será enorme e só restará ao PR dissolver a AR.
Para grandes males, grandes remédios!
 
António Catita

A Insensibilidade reinante

O país está cheio de comentadores que pululam nos órgãos de comunicação, uns mais profissionais que outros, mas aos quais são atribuídos méritos e conhecimentos que o povo comum não possui. Suportados por títulos e diplomas que credenciam as suas opiniões, preenchem os tempos de antena ou os espaços da comunicação escrita, alguns já há bastantes anos, numa repetição de argumentos, que não trazem inovação em função da rápida alteração dos comportamentos sociais e mais propriamente da relação entre pessoas e instituições. Muitos vivem num mundo que está desfasado das realidades e, porque delas distantes, falta-lhe a sensibilidade necessária para os problemas das pessoas, porque defendem causas, números, ideologias onde as pessoas são assessórios e por isso não tratam das coisas mesquinhas.

Dou dois ou três exemplos de acontecimentos importantes que não despertaram a atenção dos formadores de opinião.

Duas mulheres foram barbaramente maltratadas num armazém de bebidas, em Angola, porque, segundo informação, tentaram roubar um sabonete e duas garrafas de vinho. A forma cruel como foram martirizadas é inconcebível de imaginar para qualquer ser humano normal. Para lá das referências feitas nas TVs e jornais, não encontrei quaisquer posições tomadas pelos tais educadores do povo.

Na Índia jovens mulheres foram violadas por grupos de marginais, sendo num dos casos dentro de um transporte público e tendo o motorista do autocarro feito parte do grupo dos agressores. Na outra situação, de barbaridade idêntica, a vítima ficou tão maltratada que não resistiu e acabou por falecer. As autoridades respectivas prenderam os agressores, que serão julgados, e a opinião pública indiana pede a pena de Talião. Mas isto nada diz aos nossos comentadores. Eu penso que há uma dose de insensibilidade que perpassa as mentalidades destes homens e mulheres inteligentes, que faz com que não estejam para aí virados, porque, na verdade, estas situações desumanas, por regra, sucedem sempre com as camadas mais pobres, a que felizmente não pertencem. Falo de casos concretos e, por favor, não apodam isto de demagogia, porque não pertenço a grupos aos quais esta, às vezes, serve os seus fins.

Como português, e é isso apenas que me resta da minha efémera passagem pela vida, não posso aceitar a forma como algumas notícias que referem o nosso país são redigidas, especialmente quando tratam de números e de finanças. Assim, vejamos:

Um jornal de grande tiragem, referindo-se a uma avaliação de uma agência de rating, dizia; “Portugal mantém nível de lixo”. Todo o mundo leu, ninguém comentou a ofensa, nem o jornalista que, de forma autoflagelante, redigiu a notícia, se incomodou. Portugal não é algo inexpressivo. Portugal são as pessoas. E as pessoas nunca são lixo, mesmo que não possam pagar as dívidas. E tudo isto é consequência da insensibilidade que reina no dia-a-dia, que foi crescendo aos poucos, e que hoje é dominante.

Joaquim Carreira Tapadinhas

O Governo está preocupado com os mais desfavorecidos?

No Orçamento de 2013 as pensões de reforma que foram aumentadas foram as reformas mínimas, ou seja, inferiores ou iguais a 254,00€, passando estas para 256,79€, ou seja, um aumento de 1,1% e não de 4,0%. O “limiar de pobreza” em Portugal é para Rendimentos inferiores a 421,00€. Não seria humano, equitativo, solidário, aumentar todas as pensões de reformas inferiores ao limiar de pobreza? Ou será que quem recebe 274,79€ escalão seguinte da pensão de reforma; 300,00€; 400,00€ são ricos?

Carlos Vasconcelos
 

(carta publicada na secção Cartas do Leitor do JN, 17-2-2013)

O feminismo ainda faz sentido?

Apraz-me registar que há sectores da sociedade, onde a desigualdade de géneros parece não existir. Mas os comportamentos ainda são pautados por preconceitos que fazem a diferença. Mesmo no meio artístico, onde a discriminação parece ser menos visível, a mulher, para ser aceite e valorizada, tem de ser “ bela e perigosa “.

Sinto-me incomodada com as diferentes formas de discriminação que se abatem sobre as mulheres, de ordem política, religiosa e socioeconómica. Há diferenças na assumpção de cargos tradicionalmente de homens… há diferenças salariais…há diferenças culturais… há diferenças na intimidade das relações e até há diferenças na língua e no significado das palavras: “um homem honesto” não é a mesma coisa que “uma mulher honesta” ou” um homem bom” não é o mesmo que” uma mulher boa”. E quando há crise, são elas as primeiras a perder o emprego e condenadas a serem as mais pobres no seio da pobreza.

A violência doméstica é a forma mais dramática da discriminação da mulher e atinge níveis preocupantes.

Por tudo isto faz todo o sentido militar no feminismo e ajudar a alterar comportamentos.
 

Maria José Boaventura

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013


Nem a nascente já a foz procura

 
Do barulho foi parido este silêncio!
Foi a guerra que matou o nosso amor!
Preenchemos o vazio com a ausência!
Mesmo o prazer está todo envolto em dor!

 
Toda a grandeza tornou-se decadência!
A sementeira gerou este temor!
Tudo é inerte, em estado de demência
E é urgente surgir um redentor!
 
Quem faz estancar o sangue em nossas veias?
Quem anatemiza os sonhos que criámos?
Quem faz de nós o pouco que nós somos?

E quem nos envolveu nestas cadeias,
No tédio amargo em que mergulhámos?
Não foram outros, não! Sim. Nós é que fomos!



Joaquim Carreira Tapadinhas

 

Desencanto


Voltei, mais uma vez, a não ser nada!
Nada sei, nada tenho, nada entendo!...
Vivo num mundo que não compreendo…
Zero… Resume a vida já passada!

 
Dentro de mim a alma está parada!
As ilusões foram emurchecendo;
Com elas, pouco a pouco, foi morrendo
O desejo de viver – coisa sagrada!


Num momento do meu inconformismo
Debruçando-me, apenas, um instante
Notei esta verdade amargurada:
 
O homem é um poço de egoísmo
Um ser defeituoso, um inconstante
Num percurso de grandeza ilimitada!...


Joaquim Carreira Tapadinhas
 

 

 

Eleições, dentríficos e sabões!

 
Devemos aos políticos profissionais o rebaixamento do nível dos debates eleitorais e a sua degeneração em propagandas grosseiras semelhantes às propaganda de sabonetes e dentifricos a que a sociedade de consumo nos habituou.
Em altura de eleições vem-me sempre à cabeça a célebre experiência de Pavlov que, mediante a exibição de um alimento a um cão e o toque simultâneo de uma campainha, o fazia salivar; após algumas repetições da experiência, para salivar, ao cão já bastava ouvir a campainha, mesmo na ausência da comida. Chamou-lhe reflexo condicionado.
Acontece uma coisa idêntica na nossa escolha, por reflexo condicionado, do partido em que votamos: - ou nos deixamos seduzir por ser o mesmo partido de uma figura pública com quem simpatizamos, por exemplo o Eusébio; - ou achamos que é melhor partido porque já uma vez governou e aumentou os salários do grupo profissional a que pertencemos: - ou fez uma campanha eleitoral com música pimba e o secretário geral até nos cumprimentou ou beijou; etc..
Tudo isto é futilidade, aldrabice e populismo; a política é um assunto demasiado sério para ser vandalizado desta maneira. E, por favor, não me venham com a história de que na América também é assim. De certeza que temos algo a aprender com os americanos mas, seguramente, nesta matéria não!
 
José Madureira

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Dia de S. Valentim


Descobri a beleza do Amor
Na doce ternura do teu olhar
Nas emoções desfrutadas com ardor
E nas palavras proferidas sem falar.

Amar é sonhar acordada
É sentir um aperto no coração
É encarar e ficar aflita e corada
Sem motivo para tanta exaltação.

Namorar é partilhar gostos e pensamentos
Desfrutar a felicidade em todos os momentos
Numa cumplicidade difícil de controlar.

O dia de S. Valentim é para quem está enamorado
Simbolizado num simples beijo roubado
Capaz de fazer o Amor nascer e triunfar.


Ana Santos
Vilar de Andorinho

Quem me explica?

 
Porque é que os políticos andam sempre a dizer “coisas”. Não há dia nenhum que não venham para a comunicação social falar. Falar, muitas vezes assustar as pessoas e depois não é nada daquilo que dizem. Às vezes é muito pior e quem paga é o Povo, Por exemplo, agora mais recentemente andaram a dizer:“amanhã vamos privatizar a RTP. Já temos muitos compradores, vamos encaixar um dinheirão que será para revitalizar a nossa economia.”Passadas 24 horas vem um senhor avisar que afinal não é para já; mas até ao fim do mês. E horas mais tarde um ministro muito aborrecido diz que afinal é lá para o fim do ano. Mas, entretanto, este nicho de mercado vai ser re…estruturado, dolorosamente, para ficar uma empresa apetecível para uns, calar a boca a outros, reduzir custos ao governo e não sei o quê tecnologicamente Este exemplo não é caso único. Também a TAP era, depois não era e agora está em poisio.
Já me esquecia de referir os cortes nos subsídios de férias e de Natal: corta, não corta, afinal dá às pinguinhas, depois fazem à pressa uma lei para que não haja abusos, mas afinal não se pode aplicar porque muita gente não a entende e estão a estudar outra redacção. Perceberam?
Temos também a Educação: as turmas cada vez são maiores, os professores sobrecarregados. Como há professores desempregados podia-se fazer turmas mais pequenas, dar emprego a mais pessoas e os nossos jovens estarem mais acompanhados. Não que isso custa dinheiro. Mas ainda não fizeram contas ao dinheiro que gastaram nas tais auto-estradas e estádios de futebol que pouca utilização têm.
Tanta coisa que não se entende e ninguém é chamado a prestar contas pelas palermices que anda a dizer e, mais grave, anda a fazer. Ou isto é mesmo assim: não é para ninguém perceber.
 
Maria Clotilde Moreira

Os sem abrigo ou os sem amor?

Os sem abrigo (sem amor) são no fundo algo mais do que isso, escreveu o Director Artístico do Teatro Nacional D.Maria II, João Mota, no programa da peça que encenou – Condomínio de Rua. Os caminhos da exclusão social, do submundo humano, dos dramas pessoais e do sentimento de perda: do emprego, do casamento (amor), da estabilidade e do equilíbrio emocional,... permite-nos olhar e ver para reparar que a fronteira que nos separa dos ditos vagabundos/miseráveis é uma linha ténue. A diferença entre um sem abrigo e o banqueiro Fernando ultrarico é do tamanho dum caixotão cheio com notas de 500 euros. É mais crível o oceano ficar sem água que o católico Fernando Ulrich cair num condomínio de rua! Os sozinhos sem amor, precisam de tudo menos de assistencialismo e caridadezinha religiosamente orientada. Antes, de recuperação e integração: Cana para pescar ou trigo para semear e fazer Pão.
Também só somos livres, quando a nossa atenção consciente se importar com os outros, como iguais. Sem paternalismos. O dinheiro gasta-se, as palavras e acções não! A pobreza e a miséria extrema está instalada. Portugal cavalga para uma imensa sopa dos pobres. No coração de Lisboa, ao lado de lojas finas onde se vendem gravatas pelo valor dum salário mínimo nacional, “co-habitam” esqueletos humanos, tísicos desdentados e consumidos, alcoólicos obnubilados, traumatizados da guerra colonial, desempregados de longa duração, velhos despossuídos com “camas” de cartão,... Não lhes apontem dedos, estendam-lhes braços em forma de resolutivos e Fraternos Abraços!
Vítor Colaço Santos

Volte Face na Igreja Catolica


A renúncia do Papa Bento XVI apanhou o mundo de surpresa, não obstante as razões invocadas pelo próprio, está na hora da mudança ou estaremos na iminência do fim do catolicismo.
Abalado pelos escândalos sucessivos de pedofilia na Igreja Católica, pelos manifestos perante a intransigência de filosofias que não se ajustam nem à contemporaneidade nem à própria vontade de Deus, o catolicismo  resvala no descrédito e na  indignação dos seus fiéis.
É chegada a hora de ajustar definitivamente os ideais católicos oportunos e convenientes à Igreja, à verdadeira palavra de Deus, interpretando-a de forma mais clara e transparente, sem interesses colaterais de subserviência, pois os fiéis alfabetizaram-se ao longo dos séculos e despertaram, exigindo mais e melhor dos seus guias e mentores, como contributo efectivo nas suas vidas reais.


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Bento XVI surpreende, políticos não














Ontem, 11 de fevereiro, os telejornais e programas de rádio não deixaram passar despercebida a renúncia de Bento XVI, em plena época carnavalesca e a dois dias do início da Quaresma.
Hoje, os jornais. A primeira pagina do PÚBLICO era, quase toda ela, uma foto de Gabriel Bouys (AFP) onde sobressai não o rosto completo de Bento XVI , mas antes uma pomba branca, símbolo da Paz. Em letras grandes, brancas, também elas, lemos "Já não tenho forças para exercer". Não é o homem que importa, mas a missão, o serviço, o ministério.
O mundo foi surpreendido.
É bom ser surpreendido e penso que esta foi uma boa surpresa. A Igreja Católica está a precisar de um novo fôlego para avançar. Das suas palavras ao consistório, sublinho: "já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério de Pedro (...) e peço perdão pelos meus defeitos".
Dizem alguns teólogos e sociólogos que a mensagem de renúncia do Papa Bento XVI pode ser o seu "mais significativo legado", que ficará marcado, portanto, pelo "efeito de dessacralização da figura do Papa", uma "viragem democrátrica".

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Lado a lado no PÚBLICO

Lado a lado no PÚBLICO de 11//Fevereiro, Layra Ferreira dos Santos e Fernando Belo. Um docente universitária e um filósofo. Uma com "Crise versus solidariedade social?" e o outro com "Economia, direito e moral". Com a primeira ora concordo ora nem tanto, com o segundo concordo sempre. Desta vez concordo com ambos. Um VIVA para os dois! Em dois artigos de opinião passa "quase tudo" o que estamos a viver nestes tempos do "hoje" de todos nós. Que me perdoe a Profª Laura mas... porque não aparece Fernando Belo mais vezes nos "media" para nos ENSINAR e... alegrar  alma? Fico tão contente que o meu nome seja o nome próprio de dois homens assim ( o outro é Fernando Savater...)!

Fernando Cardoso Rodrigues

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Caminhos para a Paz


Foi notícia no jornal inglês "The Guardian", dia 5 de Fevereiro de 2013. O Chanceler da Argentina, Héctor Timerman, de visita a Londres, afirmou que as Malvinas serão argentinas em 20 anos, pois a Grã-Bretanha está cada vez mais isolada, e toda a gente já percebeu que as ilhas são um triste resquício de colonialismo. Timerman descartou a hipótese de uma (nova) guerra, pois considera que oa meios pacíficos serão suficientes. Lamentou que o Governo de Londres nem sequer admitisse discutir o assunto, lamentando que, nos tempos dos governos ditatoriais em Buenos Aires (que assassinaram pelo menos 30 000 argentinos), a Grã~Bretanha, então talvez menos escrupulosa, tivesse aceitado algumas discussões sobre o tema.
Timerman prometeu que os interesses dos atuais habitantes seriam protegidos sob administração argentina, nomeadamente "o seu estilo de vida, língua, e o direito de permanecerem cidadãos britânicos".
Nesta declaração parece haver um dado importante: a conciliação entre os pressupostos do Direito Internacional e o princípio do respeito pelos direitos dos habitantes, independentemente de se considerar que lá se encontram legitimamente ou não. A aplicação deste princípio pode precipitar a resolução de outros casos semelhantes, ainda que não iguais, à disputa sobre as Malvinas. Penso em Gibraltar, Olivença, Ceuta, e Melilla, embora haja ainda outros. Pode estar aqui um vislumbre de soluções honrosas para todas as partes envolvidas... e para que se eliminem estes focos de tensão constante ou periódica, agitados em situações mais delicadas. Uma contribuição para a Paz, portanto!!!


Carlos Luna
(carta publicada no JN, 10-2-2013)

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Simpaticamente convidado por Maria do Céu Mota para esta tertúlia de escribas na "Voz da Girafa", eu que sou mais um leitor compulsivo do que um escriba de palavras soltas, gostaria de fazer a minha estreia de forma feliz. Vou tentar.

No ano passado foi escrito por António Guerreiro no "Expresso" um artigo sobre os trabalhadores e a sociedade sem trabalho em que vivem. Houve um escritor que recentemente (Lídia Jorge?) assim mesmo defeniu esta sociedade contemporânea, uma sociedade de trabalhadores sem trabalho. Somos milhões sem trabalho, e digo-o assim porque também sofro dessa "doença". O que contribui para isso são vários factores. É curioso no entanto de ver inúmeros artigos de jornalistas e artigos de opinião de  pessoas mais do que conceituadas a explicarem as razões para esta crise terrível que nos cerca e sufoca com as mais diversas teorias económicas. No entanto, salvo o artigo de António Guerreiro, muito poucos são os que referem aquilo que, para mim, é óbvio. Vivemos num planeta com um problema demográfico enorme, a população aumenta a cada ano e os recursos são limitados, nomeadamente o trabalho, entendido como fonte de rendimento. Em seguida o inevitável progresso vem cada vez mais substituir o homem pela máquina. Quando eram precisas 50 pessoas para produzir um determinado produto agora servem 10. O que se faz aos outros 40? São, básicamente, estes dois factores aliados ao capitalismo financeiro, que governa em muitos sítios, as razões para esta crise.
Por mim, tivesse eu arte e saber, fugia para o interior e tornava-me agricultor. Pelo menos sabia que fome de cão não iria passar. Privações e uma vida de sacrifícios, sim. Mas a mesa teria sempre alguma coisa para comer. Como viveram os nossos antepassados até à Revolução Industrial e mesmo algum tempo depois dela? De que se vivia então? Cada um semeava o que comia. Agora temos o "Pingo Doce" e o "Continente"...
Só conheço três formas de termos pão na mesa. Por caridade, pelo trabalho por conta de outrém que nos paga em dunheiro ou semeando o que se come. A primeira é penosa, a segunda começa a  ser difícil de satisfazer a segunda já foi a principal mas era uma vida dura. Voltar-mos para uma sociedade agrícola?
Eu digo que sim e já agora seria ideal se criássemos aldeias comunitárias tipo Vilarinho das Furnas ou Rio de Onor. Dir-me-ão que é um retrocesso civilizacional. E qual a outra solução para nos alimentarmos? E que dizer desta sociedade actual de famintos e deserdados sem-abrigo?

Atentamente
Pedro Carneiro

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Nem "rousseaunianos" nem algozes

A morte do "Sr, Correia" merece muita atenção e emotividade bem pensada. E a primeira coisa é não dizer  ânimo leve "mataram o Sr. Correia". Porquê?
Primeiro porque ninguém o matou. Tão somente morreu (enfarte cardíaco?)  dentro dum contexto lamentável  de "stress" físico e emocional mas sem acção premeditada de ninguém. Segundo porque o autor do violência na escola era... "uma criança". Era "jovem" em termos adjectivos, com eu sou um velho nos mesmos termos pois substantivamente sou "um adulto". Substantivamente "uma criança" pertence ao gruopo etário entre o nascimento e os 18 anos incompletos e ao subgrupo "adolescente" a partir dos 11 anos.Dos18 aos 25 anos é "adulto jovem" e é "adulto" até morrer!
Para quê todo este "arrazoado"? Só para lembrar que se o "Jean Jacques" não tem a razão toda, também não nos devemos esquecer das "circunstâncias" educacionais  e sociais daquela "criança" que também não foi algoz...

Fernando Cardoso Rodrigues

44 balas para calar Vítor Jara

 
Guardo, desde o dia 30 de dezembro passado, o recorte da notícia do PÚBLiCO referente à morte do cantor popular chileno Vítor Jara que morreu há cerca de 40 anos, no dia do meu aniversário. Evidentemente que não foi por isso que guardei a notícia. Mantenho-a comigo como um exemplo do que pode o homem fazer a outro ser humano, um ser humano que cometeu o único crime de cantar...contra o regime de Pinochet. Não foi há muito tempo. O que são 40 anos?
Jara foi torturado durante 4 dias e depois atirado para uma linha de caminho-de-ferro junto a um cemitério. A autópsia revelou múltiplas fracturas e escorições, e 44 orifícios de bala.
44 orifícios de bala.
Uma bala mata um homem.
Lembro-me do compatriota e amigo de Jara, o escritor Luis Sepúlveda, que conta em A Lâmpada de Aladino (2008), as atrocidades levadas a cabo por militares chilenos “a homens de talento” seus, durante a ditadura de Pinochet. Vale a pena reler: ” O Siete era um jornalista chileno, desenhador talentoso além de fotógrafo, a quem um militar chileno tentou decepar a mão direita. O militar, uma besta, odiava, como todos os militares, as mãos dos homens de talento. Por essa mesma razão, antes de assassinar Víctor Jara, outro lhe cortou as mãos, atirando-lhe depois uma guitarra para que tocasse."
Foram precisas 44 balas para calar de vez Vítor Jara.
 
 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A pé, sem dinheiro e sem telemóvel

Hoje conheci a história maluca (adoro gente louca como esta) de Ricardo Frade, um consultor financeiro que partiu esta manhã para a Suécia de avião mas quer regressar a pé, sem dinheiro, sem telemóvel e sem computador, tentando, porém, alimentar o blog Pé Descalço 2013 que criou como diário de bordo. No final da experiência escreverá um livro provando que é possível vencer a crise, "descomplicando e abdicando". A notícia saiu no JN. Desejo-lhe boa sorte.

Cães ou donos perigosos




Os animais não merecem menos respeito do que os humanos, sobretudo se pensarmos em actos vis e desumanos, de violência gratuita e regozijo próprio, que são perpetrados diariamente, um pouco por toda a parte.
Se um animal de estimação, nomeadamente um cão, for criado com o único propósito de engrandecer o ego dos donos, impor respeito ou medo, tornar-se-á numa arma ou objecto de ataque, principalmente quando é negligenciado e sujeito a condições adversas.
Se lhe forem dispensados os cuidados próprios requeridos, em conformidade com o porte e a raça, poderão ser a melhor e mais dócil companhia, amigos sinceros e leais que nada exigem  em troca.
Não serão os nossos animais reflexos da nossa própria personalidade?
Abatem-se animais por instintos de defesa e o que se fará a seres humanos que actuam por instinto puramente animal?


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Ulrich e os políticos - a sociedade actual

Depois de várias descargas temperamentais infelizes do Primeiro-ministro, de Gaspar, Borges e outros políticos, surge ultimamente um presidente de banco a marcar o seu desprezo implícito em relação às vítimas da crise, que ele ajudou a incrementar, atraíndo maciçamente clientes com grandes facilidades de crédito.
Em insistência televisiva, referiu-se agora aos sem-abrigo, esquecendo talvez
que eles não são simples clochards (por vontade própria) dos países ricos, mas
antes os excluídos de um país periférico atrasado e em grave crise. País onde as
cartilhas ultraliberais e hiperconsumistas são solidariamente seguidas pelos atuais governantes e banqueiros, em íntima simbiose, e ainda por especuladores, por corruptos e corruptores e pelos que põem o dinheiro a salvo e rendendo bem nos paraísos fiscais.
É preciso mais respeito e sentido de responsabilidade para com o país, os 900.000 desempregados e os que recebem um salário mínimo inferior a 500 euros, bloqueado há dois anos.

 
António Catita

Mataram o sr. Correia

No meu conforto de ler o PÚBLICO online, leio e fico indignada com a situação exposta por docentes e não docentes da EB 2,3 Óscar Lopes, Matosinhos. Estamos lembrados: um funcionário desta escola morreu há dias, em pleno serviço:" perante uma violência física e emocional tão demorada e brutal, o vigilante Correia colapsou". O Sr. Correia tentou controlar um aluno que maltratou um colega "fazendo perigar a sua vida, durante a aula".
Este grupo vem exigir à tutela, "com a maior urgência, que se debruce sobre este problema e o resolva eficazmente, criando acompanhamento adequado às crianças e jovens com comportamentos disruptivos, que põem em risco elementos da comunidade escolar em que se inserem. Este acompanhamento terá de implicar afastamento destes jovens das escolas regulares a sua integração em ambientes controlados, específicos e preparados para este tipo de perfil psicológico."
"Morreu o Sr. Correia, dizemos. Já tinha problemas de saúde, dirão. Nos olhos uns dos outros lemos : Mataram o Sr. Correia".
Exigimos todos! E não apenas a comunidade desta escola.
Não queremos mais casos destes.
Não queremos morte nem medo nas escolas. A Escola não é um campo de batalha.
Este problema de comportamentos "disruptivos" e desadequados carece de resolução urgente e é toda a comunidade que o exige.

(carta publicada no PÚBLICO, a 6-2-2013)