quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Belmiro de Azevedo – para memória futura


Nelson Monteiro e a sua dramática história foram aqui evocados, no passado dia 28, em post de Amândio G. Martins.

Numa altura em que os panegíricos fúnebres, que os portugueses tanto gostam de fazer, vão (já estão a) inundar tudo o que é comunicação social, salientando o mínimo detalhe como grande qualidade de Belmiro de Azevedo, não consigo deixar de associar-lhes a crónica de Rui Cardoso Martins, no JN, citada no referido post.

Tenho a certeza de que, pessoalmente, nem Belmiro nem os chefes máximos da Sonae têm culpas directas no assunto. Provavelmente, nem dele saberiam, pelo menos até à publicação daquela crónica. E não esqueço que, no caso, pode ter havido aproveitamentos abusivos da situação, óptima para branquear pecados de outros, mesmo que longe do cume da hierarquia.

Mas, a verdade é que tudo se passou numa instituição que a família Azevedo domina com mão de ferro, ao que dizem, e que, mesmo que assim não fosse, não retiraria qualquer responsabilidade aos seus máximos dirigentes pelo que se passa dentro de portas. 

Não pretendo denegrir a imagem de Belmiro, nem sequer passar uma esponja sobre muita coisa boa que fez. A começar pelo “Público”, a quem tanto deve a sociedade portuguesa. Reconhecendo-lhe altíssimas capacidades de trabalho, organização e liderança, venho lembrar que a economia portuguesa algo lhe deve, mas, em meu entender, nada que se possa comparar ao que o próprio Belmiro ficou a dever a essa mesma economia. Trabalhou muito e, quase do nada – ponho-me sempre de pé atrás quando vejo um rico que começou do zero! - , construiu um grande império. Que era seu, só seu, não do país. Os dividendos foram recolhidos pelo próprio e por mais ninguém. Mas ele não trabalhou para a economia, antes pô-la a trabalhar para si.

Para os portugueses (só?), os mortos nunca foram maus, só foram bons. Ninguém ousa duvidar das qualidades de quem “já foi”. Sempre me recusei a fazer parte dessa maioria e penso que justiça é lembrar tudo e não só o agradável.

Segundo dizem, o maior empregador do país contribuiu para criar muito emprego. Sem dúvida, mas há que reflectir sobre a qualidade do mesmo. Conheço alguns dos seus empregados (quem não conhece?) e basta perguntar-lhes pelas condições de trabalho que lhes são “oferecidas”. Em caso de dúvida, poderíamos perguntar a Nelson Monteiro se compreendeu o voto contra do PCP e as abstenções do Bloco e dos Verdes na apreciação do voto de pesar da Assembleia da República.



Nota: por razões óbvias, e ao contrário do habitual, não vou enviar este texto com proposta de publicação aos jornais que leio, o Público e o Expresso.

PCP, IGUAL A SI PRÓPRIO!



O facto de o PCP ter votado contra um simples voto de pesar pelo falecido empresário Belmiro de Azevedo, não espanta quem sabe que o PCP nunca escondeu o seu ódio à inciativa privada em geral, e aos empresários em particular. Tal como Fidel só aceitou (por pouco tempo) uma modesta inciativa privada de uns pequenos restaurantes em Havana ("Los Paladares"), também o PCP só aceitará empresários que ganhem pouco mais que o SMN. Acho até que Belmiro, lá onde está, ficou satisfeito com este "mimo" dos comunistas. Eu também sinceramente prefiro os comunistas assim, que não enganam ninguém, só os seus fiéis. Agora o que assume a natureza de um verdadeiro escândalo, é o desprezo do PCP pelos 60000 postos de trabalho que o Grupo de Belmiro criou e ainda mantém. Ao contrário de outros grandes empresários do Norte, que começaram na indústria e depois evoluíram para a especulação financeira, Belmiro permaneceu até ao seu passamento como um autêntico "capitão da indústria nacional", que conseguiu exportar e criar novas empresas nos 4 cantos do Mundo. Ouvi o ex-secretário-geral da CGTP (e também comunista) Carvalho da Silva, que não escondendo algumas diferenças de políticas de remuneração que sempre manteve com o falecido, não deixou de lhe prestar homenagem pelo seu exemplo e pelo emprego criado. Mas o que é ainda mais grave, é que esta gente que combate a inciativa privada e só pensa em expandir ainda mais o controlo do Estado na vida das empresas e dos cidadãos, seja aliada e condicionante do PM Costa. Assim, nunca conseguiremos sair da cepa torta...

OBS. Publicado (na íntegra) no semanário EXPRESSO, na sua edição de 8/12/17

O "simbalino"

Hoje estou muito "prolífico", bem sei. Três vezes num dia só é obra.... para a minha idade!... Ainda por cima as duas últimas com um intervalo  de menos de uma hora... o que, ainda por cima viola a regra que a Céu Mota há muito nos exigiu de respeitar ao menos aquele lapso de tempo para a... publicação de dois textos. "Peco" assim por excesso físico e quebra das regras...
Bom, mas vamos ao café de máquina... no Norte. Que o outro é "de saco". E que para os "alfacinhas" tem o "mariquento" nome de "bica" ( então esta não é um pão que tem dois "mamilos" nas pontas?...). Mas , como ia dizendo, vem isto a "propósito de David Dinis, director do PÚBLICO, num dos seus "Enquanto dormia" se ter referido ao "nosso" café como o "simbalino" (sem aspas) e eu me ter lembrado que é um erro já que o verdadeiro nome é "cimbalino", ou melhor, "cimbálino", com o "a" bem aberto como convém. Isto porque a sua etimologia vem da primeira máquina que apareceu, ter o nome comercial de "La Cimbali". E, palavra puxa palavra, recordo-me até que um querido colega e amigo ia arranjando um "problema" pois, regressado de África e sabendo desta história, pediu um "pavonini" pois a maquineta que tinha na sua frente mostrava bem visível no "frontespício" o nome de.... "La Pavoni", que era já uma concorrente da primeira.
Historietas que a vida tece. E prometo não voltar mais hoje, o que, valha a verdade, também já não podia... Durmam bem com um cimbalino, agora descafeinado!

Fernando Cardoso Rodrigues

E Francisco não disse...

E o Papa não disse "Rohynga". Foi uma escolha, por certo que bem pensada, em que a inteligência deve ter "lutado bravamente", Duma coisa tenho a certeza: se Francisco assim optou, foi porque entendeu que ajudava mais que prejudicava aquele povo muçulmano e maltratado.

Fernando Cardoso Rodrigues

P.S. Soube agora mesmo que morreu o Zé Pedro. Foi-se um pedaço dos "Xutos". Que pena!

DIA das LIVRARIAS

Relevando a justeza deste dia por ser um dos "mercados" que nenhum de nós desdenha, homenageio-as com as palavras de outro, bem mais capaz que eu.

     " Livre, livro: diante desta semelhança, logo em pequeno desconfiou que não seria por acaso"
             
             David Mourão Ferreira  em "Jogo de Espelhos" ( Editorial Presença)

Publicado por Fernando Cardoso Rodrigues


Grande Tony...


Aquele Tony cantador, praticante da “filosofia” que diz ser o “bem roubadinho mais valioso que o bem ganhadinho”, que há tempos se queixava de não ter o reconhecimento do Governo português para os seus feitos musicais – no que até foi aqui acompanhado por algumas boas almas – talvez por há muito vir a ser apontado como plagiador de músicas alheias, disponibilizou-se agora a dar uma migalhas do que terá ganho com o trabalho dos outros, para parar um processo em que poderia  vir a ser condenado a pagar grossa maquia...

Na altura da sua lamúria, a pretexto de ter sido medalhado por um governo estrangeiro, ironicamente do país onde fez “mão baixa”às músicas que o enriquecem, não achei mal que o nosso Governo se fizesse alheado, pois o sucesso daquele “artista”é, a meu ver, sinónimo de um tipo de pobreza que, embora não material, também deve ser combatida como a outra.



Amândio G. Martins

Alojamentos com spa e massagens

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Está muito em moda e na moda da apalpação anatómica as massagens a quatro mãos, o que pode deixar a imaginação ir para outras massagens quiçá mais aconselháveis, com complemento a quatro pés.
E já nem é bom falar-se daquele jovem que ia com alguma frequência ter massagens às suas doridas costas, pois um dia assim se interrogou: ‘se o massagista põe as mãos nos meus ombros, com que é que me massaja’?
E já agora, sabem o que significa spa? Aqui vai: vem da versão histórica e latina Sanitas Per Acqua = Saúde Pela Água.

José Amaral

Divagando e pagando

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Os presumíveis governos que têm frequentado as escadas do poder não se cansam de consumir e comer todo o produto final do esforço colectivo da nação, que mais não é do que um apetite refinado, que agora se diz gourmet.
E fá-lo de um modo despudorado no que concerne aos elevados preços dos combustíveis, que todos pagamos mais do que a ´peso de ouro’.
E, de facto, assim é, uma vez que as máquinas de abastecimento trabalham de modo a pagarmos até às milésimas do euro.
Se queres andar de c. tremido, paga e não bufes!


José Amaral
Estarão mesmo a salvo?


Numa curta notícia do JN dizia-se que os esquilos estão a salvo.
“Estiveram extintos, reapareceram em 1980 no Minho e, segundo biólogos da Universidade de Aveiro, estão fora de perigo. Esta semana soube-se que, desde 2013, houve 1800 avistamentos da espécie, que está a crescer em Portugal, alguns a sul do Tejo”.

Infelizmente, na parcela do Minho em que resido, área de Ponte de Lima, não tenho boas notícias para dar da preservação destes simpáticos bichinhos. De facto, se há cerca de vinte anos os esquilos me entravam pelo quintal e arrecadações com enorme à vontade, e no percurso de 8 Km que faço na E-307, até à sede do Concelho, os via em vários pontos do monte da Madalena, há já muito tempo que não avisto nenhum!

E em todas as conversas que a respeito tenho tido, é-me sempre dada a mesma razão para o seu desaparecimento: os caçadores não os podem ver; abatem-nos pura e simplesmente, com o argumento de que lhes dizimam a caça...

Desconheço por completo que estes animais se alimentem de qualquer tipo de caça; sempre os vi roer pinhas, nozes e castanhas, que procuravam até já guardadas nas arrecadações.

Em face do que observo, e como vejo os caçadores do nosso tempo como uma casta exibicionista e predadora da Natureza, ao contrário do que pretendem fazer crer – vide o caso da rola e do pombo bravos – parece-me importante que os vigilantes da natureza verifiquem, e informem quem devem, se é mesmo verdade que são responsáveis por mais este crime ecológico...



Amândio G. Martins

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Belmiro de Azevedo deixou esta dimensão vivencial

Nelson Garrido
Inesperadamente soube da morte de Belmiro de Azevedo, figura incontornável do empreendedorismo de topo, um dos maiores empresários pós 25/4, senão o maior.
Vi-o algumas vezes a caminho do Palácio da Bolsa, quando eu, da sede do Banco Português do Atlântico - na Praça D. João I/Porto – ia, na hora de almoço, ter com a minha mulher, que sempre trabalhou na agência de navegação A. J. Gonçalves de Moraes.
Quis Belmiro de Azevedo entrar na Banca, através do BPA, mas não o conseguiu, talvez pelas ‘artes e manhas’ de Jardim Gonçalves e acolitado pelas forças do poder de então.
Que Deus o acolha como for o seu merecimento, enquanto eu respeitosamente apresento sentidas condolências a sua Família.

José Amaral


É interessante o introito deste livro, não é?

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A Bandeira Nacional

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A Bandeira Nacional é o máximo símbolo visual pátrio, desde os primórdios até aos dias de hoje.
Então, nas batalhas medievais, a peleja era ganha por quem se apossasse da bandeira-estandarte de um dos combatentes em confronto.
Certamente se lembrarão da coragem levada ao extremo de heroicidade de O Decepado – o alferes-mor Duarte de Almeida -, que na Batalha de Toro ficou só com os cotos por não largar a Bandeira, chegando a agarrá-la somente com os dentes.
Ainda há bem pouco, qualquer cidadão que usasse chapéu, tirava-o cerimoniosamente se passasse em frente à Bandeira Nacional que estivesse hasteada em qualquer edifício público, havendo até quem nem sequer pisava a sua sombra.
Então o que dizer-se dos boçais administradores que mandaram fazer um tapete de grandes dimensões com a imagem da Bandeira Nacional e o colocaram no hall de entrada do seu hotel, a fim de ser pisado por quem por lá deambulasse?

José Amaral


"Rateres"

- Devido a alguns excessos no tratamento e no manuseamento da máquina que serve de transporte ao governo até à meta prometida, ajustada para levar consigo uns penduras, ouvem-se já os sintomas do desgaste e cansaço. Cada dia que passa, aumentam os rateres, que se repetem, se o pé aflito carrega no acelerador, ou não haja quem lhe ponha travão. Os passageiros que nela seguem, andam confusos, e sentem o destino encurtado e mais perto. Ora arrancam uns pares, concordando com uma medida, ora outros, os principais, fazem marcha atrás no momento-chave, de modo injustificado e sem aviso prévio, alterando desse modo o programa estabelecido e consensualizado. Se as amolgadelas criadas pelos incêndios estão vivas, e os paióis das armas e dos canhões, e dos cunhetes assinalados arrefeceram um pouco, mais o surto da legionella ao ataque a matar, dentro duma casa de saúde de referência, com o caso do Infarmed a clamar por tratamento claro e adulta estabilidade, temos agora ao vivo e em directo, o problema da falta do cumprimento por congelamento, da "palavra dada é palavra honrada", de que um dos penduras com assento no Parlamento, apoiante e viajante ao lado do dono da máquina, se morde de estupefacção, acotovela, e disso se queixa e denuncia a traição cometida e de que foi vítima. Afinal, a palavra, já não segue o itinerário traçado e o seu valor no mercado de valores dos políticos, reentrou na notação negativa, ou perdeu a boleia. O partido do poder, entalou um dos seus parceiros de viagem, e este com certeza vai querer ser ressarcido no day-after, com uma boa renda a fim de compensação para pagar a energia consumida na proposta a aprovar, e pelo apagamento ou desrespeito a que foi submetido na casa da Democracia. Local determinado para a reparação de veículos em mau estado, ou a precisarem de uma revisão séria, tipo chek-up, completo e honesto, sem sonegação de nenhum capítulo dos comportamentos, que deve ser dado a saber, à urbe e ao país. Na meta, os esperamos!*

-*(publicdºhoje 30/11.017- no DN.madª)

Começar por lado nenhum - JN de 29.11.2017

O Infarmed vai para o Porto, o Infarmed não pode ir para o Porto; a mudança do Infarmed para o Porto não estava decidida, a mudança do Infarmed para o Porto já estava decidida há muito; o Infarmed é para mudar todo para o Porto, só uma parte do Infarmed mudará para o Porto; os trabalhadores do Infarmed têm de habituar-se à ideia da mobilidade, ninguém vai obrigar os trabalhadores do Infarmed a fazer o contrário do que dita a lei e a sua consciência; a mudança do Infarmed para o Porto é um sinal para o país, a mudança do Infarmed para o Porto é, afinal, só uma vigorosa intenção que deve ser devidamente maturada.
Com a banda sonora apropriada, a cronologia rítmica deste caso podia dar um rap. Da euforia à confusão, passando por um estado de negação e esvaziamento político que redundará não se sabe exatamente em quê. Querer descentralizar (a palavra exata é deslocalizar) por impulso dá nisto. Como se as desigualdades territoriais se esgotassem na latitude de um excel que, muito honestamente, duvidamos até que exista. O que é uma pena, porque esta nação pequena está cada vez mais ensimesmada em torno de uma capital que suga todo o valor. E o princípio de disseminação do poder invocado pelo Governo até era meritório. Mas esta tentativa falhada de mostrar altruísmo regional (mais uma) veio apenas provar que, no atual modelo, o Estado é incapaz de promover reais mudanças.
O que leva um homem experiente como António Costa a embarcar nesta montanha-russa de contradições é um mistério. O que leva a classe política do Porto a saltar para as carruagens em andamento em vez de deixar esta trapalhada esvair-se naturalmente é revelador de quão centrifugadora tem sido a gestão dos equilíbrios territoriais nos últimos anos. E de como chegamos a um ponto em que, pior do que aceitar uma esmola, é virar-lhe a cara e desdenhá-la. O Porto não estava à espera da prebenda, já percebeu que ela vem forrada a veneno mas, ainda assim, não tem como enjeitá-la, sob pena de, no futuro, ser acusado de ingratidão. Não sendo trágico, é perverso.
Agora, o que vai ganhar a cidade e a região com esta compensação insalubre pela perda da Agência Europeia de Medicamentos? Ninguém sabe. Nem os ganhos, nem os custos. Mas isso não interessa. Com o Infarmed no Porto, dá-se um passo decisivo na direção de um país mais justo, menos centralista e mais homogéneo (tente não rir). Mesmo que, no fim da linha, só lá abra um departamento de fachada com meia dúzia de gatos-pingados.
É certo que tínhamos de começar por algum lado. Pena que tenha sido logo por lado nenhum.
 
Pedro Ivo Carvalho
SUBDIRETOR do JN
 

Por onde andarás...


Imagino ver-te passar por aqui
Naqueles leves passos ondulantes
Decerto já mais pesados que antes
Mas vejo-me a relembrar o que vivi...

Quando vi que não sentiste o que senti
Que não eram para ti relevantes
Sentimentos para mim importantes
Sublimei-os para os guardar de ti.

Coração tão cedo endurecido
Era o que não queria comigo
Vida só material e nada mais.

Porque descurarmos o espírito
É desprezar o ponto mais crítico
Que nos distingue dos outros animais!


Amândio G. Martins



Havia mesmo outro


Não falta quem desanque em António Costa e no seu governo. Surpreendidos com a resiliência do primeiro-ministro às intempéries anunciadas que, mais tarde ou mais cedo, o fariam cair, muitos dos que nunca lhe perdoaram a “habilidade” de formar um executivo que outros, mais ungidos, não conseguiram, só se esperavam os sinais de má fortuna para lhe caírem em cima. Desvalidos da “sorte” que seria as instituições europeias impedirem-no de gozar mais do que os sacramentais 100 dias de “graça”, acobertaram-se nas pregas do destino à espera das desgraças que, afinal, até se concretizaram. O governo desgovernou-se com os incêndios, Tancos, a legionella, o Panteão, o descongelamento das carreiras e até o Infarmed. À coca, os pregoeiros do infortúnio brotaram como cogumelos, alertando-nos para as insuficiências na saúde e no ensino, para a permanência da austeridade. E não é que é tudo verdade? Pois, melhor do que antes, mas tão verdade quanto as incontestadas melhorias no emprego e no desemprego, no crescimento do PIB e no rendimento dos portugueses, no investimento, na dívida pública e no défice. Mas o mais engraçado é que onde o governo teve êxito foi nos capítulos em que a oposição lhe destinava um inexorável fracasso, qual fatalidade matemática. No resto, onde averbou desaires, alguns deles perfeitamente evitáveis, o governo escorregou no fortuito e no imprevisível, por vezes com dolorosas perdas. Afinal, havia outro… diabo.

Público - 11.12.2017

BATEDORES DE PALMAS

Os homens dão sobretudo importância à sua própria conservação e à propagação da espécie. Só, em última instância, valorizam os artistas, os filósofos e os poetas. E, ainda mais nesta era tecnológica, nesta era de luta implacável pela sobrevivência, os valores do bem, do belo e da justiça são relegados para segundo plano. O amor de Jesus e Sócrates, a liberdade de Jim Morrison e Rimbaud, a revolução de Bakunine e Che Guevara, tudo isso é maldito para os controleiros do mercado e da finança, tudo isso é perigoso para os carneiros da TV, dos smartphones, do futebol e da família. Daí que nos queiram apartados uns dos outros, solitários, deprimidos, à distância do facebook, com conversas banais, repetitivas, com os pequenos e os grandes castradores dia após dia, com as cobras venenosas, com os abutres e os padrecas, com todos os inimigos da vida e o grande parque de diversões, o grande circo, a sociedade-espectáculo. Daí que nos queiram destruir, fazer a cabeça, com ilusões, com vedetas, com contos de fadas, escritores actuais inclusive, de modo a que fiquemos cada vez mais patetas, mais espectadores, mais batedores de palmas.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

O estado do Estado

O Estado está preocupado
O Estado está macro preocupado com as Finanças
O Estado está micro preocupado com a Cultura
O Estado sabe que o Povo culto é um perigo!
O Estado dá taxos aos seus militantes
O Estado, e de que maneira, taxa-nos
O Estado ajuda a criar 240 mil novos empregos
O Estado deixa precarizar o emprego
O Estado está atento aos combustíveis
O Estado alcavala os combustíveis
O Estado está desatento com o SNS
O Estado está atento à legionella
O Estado deixa morrer por legionella 
O Estado está a ficar mais securitário
O Estado pelos grandes interesses económicos está manietado
O Estado não pergunta ao Povo se tem dinheiro
O Estado não pergunta ao Povo se tem dinheiro para pagar bancos falidos
O Estado tem orelhas moucas
O Estado anda a pedir poucas
O Estado não privatiza, aleluia!
O Estado continua a dar muitíssimos milhões aos rentistas
O Estado é falhado com  - as PPPs
O Estado para o rentismo deve entrar em abstinência
O Estado para com o Fundo de Resolução dá charutos e enche a pança à banca privada
O Estado dá muitíssimos milhões aos mesmos poucos
O Estado dá cêntimos aos mesmos muitos
O Estado faz bem aos cavalheiros da burguesia alta
O Estado tem apagões
O Estado não paga todas as sociais prestações
O Estado faz muito desconto
O Estado põe o Povo tonto
O Estado é um estado d’alma
O Estado está desalmado
O Estado não é um estado sólido
O Estado é um estado gasoso
O Estado mete água
O Estado tantas, tantas vezes é uma interrogação
O Estado p’rós ‘’de baixo’’ tem de ter muitíssima acção
O Estado não é às Direitas
O Estado - felizmente - não é de extrema-Direita!

     Vítor Colaço Santos

Os Operários do Estado

Os Assistentes Operacionais são os Operários, perdão colaboradores do Estado  e têm sido poucos durante sucessivos executivos para serviços como: SNS, Escola Pública, Administração Local e por aí fora. 
Dizia um Operacional hospitalar na TV que trabalhava, por vezes, 16 horas seguidas, sendo obrigado a tal.
A escravatura acabou? A bucha é dura, mas é mais dura para quem a tem que roer!
As suas reivindicações e luta têm tido pouca visibilidade, porquê? Não têm tido, nem de longe, o destaque dos Médicos e Professores em termos sindicais, porquê? É uma classe em muito maior número, do que estas. Serão enteados?
Os Sindicatos andam distraídos?

Vítor Colaço Santos

STATUS

Uso a palavra no sentido mais abrangente que a sua polissemia permite. Espoletado pelo artigo de Rui Tavares - "60.000 polacos numa marcha de extrema direita. Porquê?" - no PÚBLICO de 17/Nov. e aproveitando ser esse artigo que contém boa parte da resposta à pergunta que me baila na cabeça há muito - "porque será que gente inteligente e, alguma dela, culta,se mantém em posições ultra conservadoras que imensas vezes resvalam para a extrema direita?" -, aqui venho.
Tavares , com a sua conhecida argúcia, "culpa" a direita e a esquerda democráticas por não "perceberem" que "ideias se combatem com ideias" (sic) e aos discursos e actos nacionalistas, xenófobos e racistas, aquelas devem contrapor cosmopolitismo, universalismo e anti-racismo. Com a mesma argúcia, explanou, no texto, o porquê racional de os polacos não terem razões aquela marcha e aqueles "slogans", usando vários parâmetros da estrutura da sociopolítica da Polónia. Eficaz? Não sei. E porquê a minha dúvida? Pois, porque acho que nem toda a argumentação do mundo conseguirá demover "enquistamentos" de pessoas, grupos, países, quando, acossados pelo medo de perder, mesmo que imaginariamente, "Status", não hesitando em brandir bandeiras protofascistas numa rua aonde nunca viriam se não se julgassem "ameaçados". Alguns sabem bem o que "defendem", outros são simplesmente estúpidos. E, habitualmente, os primeiros "vivem" usando os segundos.

Fernando Cardoso Rodrigues

Nota: este texto foi publicado no PÚBLICO de 19/11/2017

OLHE QUE O PAÍS NÃO ESTÁ EM FESTA!

O PM Costa, o PS e o seu governo devem viver noutro mundo, o da fantasia e do faz de conta. Temos uma das dívidas públicas mais elevadas do Mundo, considerada segundo a ratio do PIB anual. Foram ceifadas recentemente mais de 100 vidas pela incúria do Estado, designadamente dos seus governantes que as não souberam proteger. A CE e os credores estão fartos de nos avisar que o défice estrutural tem de descer, sob pena de termos de regressar a mais um resgate financeiro. A UTAO (Unidade Técnica Controlo Orçamental da AR) e o Conselho das Finanças Públicas não têm sido parcos sobre a indispensabilidade de controlar a despesa pública. Com todas estas pressões, o PM Costa entendeu gastar 84000 euros do erário público com uma sessão comemorativa dos dois anos do governo. Muito se falou sobre os figurantes dessa sessão terem sido pagos, por isso condicionar a sua isenção, mas o verdadeiro ponto é que não deveria ter sido gasto dinheiro nenhum, pois nada havia para comemorar. Ou se houvesse, que se tivesse seguido o critério do jantar do PS, na mesma data, presumindo eu, claro, que terá sido o PS a pagá-lo. Se o dr. António Costa acha que estamos em festa, que temos algo a comemorar, ele e o seu partido que façam as festas que entenderem, desde que as paguem do seu bolso. Estes sinais errados do PM para os cidadãos, são altamente contraproducentes, pois motivam e justificam o povo a gastar e a endividar-se, quando isso não é de todo aconselhável, pois até o ministro Centeno avisou  que o tempo das taxas baixas está no fim. Também é irritante,, para dizer o menos, o sorrisinho trocista e brincalhão que o PM Costa exibe sempre, conseguindo pensar em rir até em circunstâncias bem negras para os cidadãos, como na tragédia de Pedrogão. Não se ria, Senhor PM, que o tempo não está para festas nem para risos. Trabalhar e poupar, eis o que deveria fazer com o seu governo.

Espectáculo trapaceiro


A DECO lançou, e muito bem, a campanha "Domine a Black Friday e não caia numa Black Fraude". Ora perante o espectáculo trapaceiro engana-tolos "Focus group" levado à cena pelo Governo e comemorativo do seu 2º aniversário na Universidade de Aveiro para o qual contratou 50 figurantes ilegais a quem pagamos a cada 200 euros, transportes e alimentação, a IGAC - Inspeção-geral das Atividades Culturais não deveria também ter avisado os incautos ou até ter proibido tal entretenimento? Jorge Morais
 
          Publicada em 28.11.2017 no   DN-M   e  CM
 
                                                Ilustração do leitor Paulo Pereira
 

Meu artigo de opinião elaborado precisamente há dois anos (28/11/2015)


A minha sugestão

Após a tomada de posse do muito esperado XXI Governo Constitucional, depois de banidos do poleiro os XIX e XX de má memória, deixo aqui ao novo Executivo a seguinte sugestão, depois de ouvidos os representantes do Povo na AR, de molde a começar a reduzir algumas das mais clamorosas desigualdades sociais provindas do mundo laboral, onde se usam desproporções gritantes.
Assim, que de entre aqueles concidadãos com magros vencimentos ou baixas reformas para fazerem face às despesas prementes do quotidiano, e aqueloutros que, postados no topo da pirâmide de todas as empresas, ganham vencimentos, mordomias e astronómicas reformas muito para lá do admissível e verdadeiramente insuportáveis para colmatar o desafogo financeiro empresarial, tanto público como privado, que ainda se dão ao desfrute e à imunidade de colocarem os seus excedentes financeiros fora do país, como se fossem portadores de vida terrena eterna, tem de haver um novo tratamento nesta desumana dualidade remuneratória.
Portanto, um tecto máximo para vencimentos, mordomias e reformas, deve ser implementado de imediato, para que haja mais equidade entre todos.
E não me venham dizer que todos fomos fustigados pelos governos cessantes de igual modo. Um concidadão com uns 30 milhões de euros, mesmo que pagasse de impostos um milhão, ainda ficava com 29 milhões. E quantos e quantos concidadãos, sem emprego, tiveram de entregar a casa ao banco, ficando à mercê de nada?
As classes mais desfavorecidas são as que têm pago a crise que não provocaram. Logo, há que reverter tal situação.
Eu sei que muitos ‘poderosos’ da nação já estão a deitar as unhas de fora e tudo tentam fazer para inquinar as nossas vidas, tentando desacreditar e se possível derrubar o novo Governo.
Só espero que estejamos atentos e suficientemente interventores perante quem tentar evitar que tudo volte a ser como dantes: uma autêntica selva, onde os mais fortes devoram sempre os mais fracos.
José Amaral


Prepotência criminosa


Nelson Monteiro é um homem de 33 anos, de raça negra, que foi despedido pela SONAE, e processado em tribunal, pelo roubo de milhares de euros, que eram supostamente deixados num cofre sem segurança, ao qual podiam aceder dezenas de pessoas.

O escritor e jornalista Rui Cardoso Martins, que assistiu ao final do julgamento, descreve no JN o que aquela empresa de grande distribuição fez ao empregado:
“Passaram três anos desde que o despediram da loja Continente no Colombo de maneira caluniosa, incompetente, num acto vergonhoso do princípio o fim”.

“Quero que o leitor conclua por si, mas este caso passou das marcas e é também por isso que é importante escrever o nome completo do acusado: Nelson Emanuel Mendes Monteiro, que sujaram e vão ter que o limpar”.

Pergunta a Juíza: -Quantas pessoas podiam aceder ao cofre?
-Umas quarenta – responde Nelson.
-Quem ia entregar o dinheiro à caixa central?
-Supostamente é a chefia.

“À vez, os dois responsáveis da casa tentam explicar a suposta culpa do Nelson no roubo de 3000 euros; mas entre 2011 e 2014, durante o turno da noite, desapareceram cerca de 16000 euros das contas.
Quando o motorista chegava  com dinheiro vivo depois do fecho da caixa, esse dinheiro ficava num cofre, só que o cofre era uma anedota; além do sistema de código avariado, tinha a própria chave na fechadura, aberto noite e dia numa sala por onde passavam cerca de 40 pessoas!

Entretanto soube-se que os dois chefes do Nelson, um homem e uma mulher, brancos, admitiram os desvios; mas, na sequência do despedimento, acusado de roubo e metido em tribunal, a mulher de Nelson deixou-o e levou as duas filhas do casal.

Despedido sumariamente daquela forma indigna, depois de dez anos na empresa, agora absolvido mas com a família desfeita, a advogada oficiosa nomeada para o defender diz que terá de voltar a pedir apoio judiciário para mover uma acção crime por calúnia, difamação e pedir uma indemnização...

Comentário meu: Até quando, neste mundo doente, um negro, em meio dominado por brancos sem escrúpulos, lhes poderá continuar a dar jeito como “bode expiatório” para as suas sujeiras...


Amândio G. Martins

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

O Livro da Ignorância Geral

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Ando a ler um livro que nos diz ser indicado ‘para pessoas que não sabem muito’, o que é o meu caso.
De facto, existem questões que eu não sei explicar convenientemente, como, por exemplo, ‘o que é a vida?’ ou ‘o que é a luz?’
E, já agora, pergunto ‘como começou o universo?’
As pessoas mais entendidas dizem-nos que os nossos impulsos mais primários são ‘a alimentação, o sexo e a busca de abrigo’, tal como os demais animais. Mas há quem afirme que temos mais um quarto impulso, que nos torna unicamente humanos: a curiosidade.
E mais nos explicam dizendo que ‘aqueles que recorrem aos símios para explicar o nosso comportamento são demasiado palermas para distinguirem o seu próprio traseiro de um buraco no chão’.
Por tudo isto ando debruçado sobre o conteúdo do livro acima epigrafado.

José Amaral

O dilema de Francisco

O Papa Francisco, está em viagem apostólica (creio) por Mianmar, antiga Birmânia. E leva consigo um dilema: falar ou não falar sobre a perseguição violenta e expulsiva da minoria muçulmana Rohynga. Desta, já foram cerca de 600.000 pessoas para o Bangladesh, o que será, em termos de condições de vida, o mesmo que "saltar da frigideira para o lume".
Segundo o que vou lendo, Francisco tem sido aconselhado a não tocar no "assunto" para não ser "politicamente incorrecto" e assim poder agravar ainda mais a vida daquele povo massacrado. Não sei qual será a decisão deste papa desassombrado e,corajoso, mesmo depois do encontro de hoje com a "mandona" e Prémio Nobel da Paz (!) com nome impronunciável, mas não serei eu que o "condenarei por falar ou não falar na "via sacra" dos Rohynga, pois também a inteligência é muita em Francisco e duma coisa tenho a certeza: aquilo que ele fizer terá boa intenção de Homem justo, pela certa!

Fernando Cardoso Rodrigues
TROCAS, BALDROCAS e.... "SPIN"

Leio hoje que Maria do Céu Machado, presidente do Infarmed, aduz diversas razões para este não vir para o Porto. Já estava a estranhar que a pediatra ainda não tivesse vindo a terreiro. Ela que já desempenhou funções de topo em vários organismos da Saúde, todos na área de Lisboa, viria com "armas e bagagens" para o Porto?! Só se já previsse fim de mandato para breve, quero crer. Ou seja, mais uma "baldroca" nestas "trocas" do Infarmed e quejandos.
Mas este "nonsense" leva-me a perguntar: quem será este "spin doctor" que tão mal está a aconselhar gente que, nos últimos dois anos, bastante bem fez ao País e aos portugueses?

Fernando Cardoso Rodrigues

Poluição absurda!


Há um aspecto do abuso nefasto das queimadas da vegetação de sobrantes agrícolas que nunca vejo referido - sendo só dado ênfase ao perigo de incêndio -  que é a poluição escusada e absurda do ambiente.

O JN, num trabalho de Ana Peixoto Fernandes, ouviu o comandante operacional do CDOS (Centro Distrital de Operações de Socorro) de Viana do Castelo, distrito onde se abusa desta prática, e as palavras de Marco Domingos são elucidativas: em dois ou três dias foram comunicadas cerca de um milhar de ocorrências, mas como a comunicação de quem pretende queimar não é obrigatória fora do período crítico, devem ter sido muitas mais...

Claro que foram muitas mais, senhor comandante, podendo à vontade multiplicar por três o número que apontou; e é um hábito tão estúpido que 90% daquilo que queimam podia ser utilizado com vantagem como estrume para as terras, tão saturadas andam de fertilizantes químicos!

É evidente para qualquer pessoa minimamente informada, e informação a respeito é o que não falta, que esta prática causa imenso dano à saúde de todos quantos são obrigados a respirar por tanto tempo este ar saturado de fumo.

Aqui na minha aldeia começam a queimar mal entra o outono e só param a meio da primavera, se já for proibido, e mesmo assim arriscam nesse período; tem dias que a camada de fumo é tal que fica tudo encoberto, como uma espessa camada de nevoeiro, sobretudo se não houver vento; às vezes interrogo-me aonde irão buscar tanta coisa para queimar...

Do meu lado nunca vêem fumo, porque junto a folhagem das videiras, castanheiros e outras fruteiras a um canto dos terrenos, e quando chega a época de proceder a novas plantações e sementeiras, aproveito tudo para fertilizar, que a terra tudo come.

São toneladas de carvão inconscientemente lançadas na atmosfera, que não se “somem lá para cima”, como me dizia um octogenário, a quem lembrei que a fumarada que fazem nos mata a todos aos poucos; penso que as autoridades se deviam preocupar mais a sério com este tipo de poluidores, envolvendo as Juntas de Freguesia em sessões de esclarecimento.


Amândio G. Martins


domingo, 26 de novembro de 2017

Os amigos do polvo
Jean-Paul Marat (1753-1793), uma figura carismática da Revolução Francesa (1789) que se intitulava “o amigo do povo”, demonstrava essa amizade na defesa dos sans-culottes, por vezes de forma bastante visível e virulenta, contra as classes possidentes.  Redactor do jornal “L’Ami du peuple” e membro activo do Clube dos Franciscanos, médico de profissão e, por opção, advogado dos interesses populares. O período revolucionário obrigou-o ao exílio por duas vezes e acabou assassinado pela sua amante Charlotte Corday.
 No nosso país, de há uns anos a esta parte, uma plêiade de indivíduos, de forma muito sofisticada, vem tramando uma luta contrária à de Marat, que parafraseamos, para os designar por “Os amigos do polvo”. Como podemos constatar, este “amigo do povo”, talvez até pelo seu objectivo, só o deixaram viver 4 anos com a revolução. “Os amigos do polvo” subsistem por espaços temporais mais alargados, porque têm uma protecção mais eficiente.
Consumada a nossa revolução, passado o período de efervescência que terminou ou foi domado no 25 de Novembro de 1975, instalado o regime democrático através da Constituição de 1976, julgávamos nós, os bem-intencionados, que estávamos no caminho do direito, da justiça, da ética e do respeito pela igualdade de oportunidades entre os cidadãos.
Hoje verificamos que não foi exactamente assim. Enquanto uns contribuíam para construir uma pátria maior, outros, tal como as toupeiras, iam subterraneamente minando os alicerces da nação, paulatinamente organizando esquemas aparentemente legais, mas impregnados do veneno da ratice e da roubalheira, para remeter para seu benefício a maior parte possível da riqueza da nação. Depois de se aperceberem bem como funcionava a república, colocaram os seus aríetes nos lugares de decisão, dando a estes, também, umas alargadas migalhas, para que daí resultasse as maiores benesses para os seus membros, quer individual, quer em grupo. O polvo orientou-se para retirar, em seu proveito, o máximo das finanças e da economia da nação. Essa ganância famélica durou décadas, mas acabou por ser divulgada, quando alguns escândalos rebentaram, ainda que a conta-gotas, sempre travados por uma legislação pouco ágil e polvilhada de alçapões.
Ainda o novelo das diversas operações não foi totalmente desenrolado e mal se pegou nele, por difícil, porque tem uma abrangência muito alargada e, eventualmente, poderosa a diversos níveis, já estão em funcionamento novas formas de manipulação dos serviços públicos, passando, para empresas fornecedoras de serviços, as tarefas que, até há algum tempo, eram desempenhadas por funcionários pertencentes aos quadros da administração. Na educação, na saúde, na segurança e em muitas entidades que coordenam ou dirigem serviços estruturais da administração, para enganar não sei quem, retiram-se verbas na rubrica do pessoal e aumenta-se a da compra de serviços. Damos um exemplo que pode ser alargado, nas devidas especificidades, a outros serviços públicos; nalguns hospitais, médicos, enfermeiros e funcionários de apoio, segurança, e limpeza, têm por entidades patronais empresas contratadas, fazendo deste modo descer a rubrica de encargos com o pessoal. O polvo sabe adaptar-se para continuar na sua senda.

25.11.2013 - Joaquim Carreira Tapadinhas – Montijo 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Ontem foi o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Doméstica. Esta é muito abrangente mas os números são iniludíveis: a  maior parte  é exercida pelos homens sobre as mulheres. A palavra "Eliminação" é fortemente utópica e, como todas as utopias, é irrealizável, mas outra palavra -CIVILIZAÇÃO - não o é  e deve permanecer em nós como escopo. Os energúmenos e/ou retaliadores incivilizados que possam pensar (?) nisto. E que em vez de convenientemente "gostarem" de mulheres ( às hormonas não podemos fugir), tentem gostar da(s) MULHER(S) e vão ver que se dão bem... com elas e consigo mesmos.

Fernando Cardoso Rodrigues

NO LANÇAMENTO DO LIVRO " EU VOU SER COMO A SERPENTE"



BOA TARDE A TODOS E A TODAS!

Conheço o Jerónimo há muito tempo. Fomos colegas de trabalho, mas não tivemos uma relação muito próxima, porque nunca estivemos na mesma secção, agência ou dependência. Refiro-me a um banco. Ao que foi um dos grandes bancos deste país.
Só há uns 4/5 anos, é que tive conhecimento desta sua faceta de escritor.
Eu escrevinho umas coisas. Gosto de escrever. Tenho necessidade de escrever. E creio que isto se passa com toda a gente que escreve regularmente. Mas eu não passo de mero escrevinhador de crónicas. Escrevo no blogue " A Voz da Girafa",já colaborei com 2 jornais aqui da nossa região, e agora sou colaborador
de outro, “O Seixalense”. Também participei regularmente num programa interativo duma rádio local e sou co-autor de uma coletânea de crónicas e poemas intitulada “ Os Leitores Também Escrevem” , editada também pela “Edições Vieira da Silva”, mas nunca me abalancei a uma obra de grande fôlego como é esta, que nos fez reunir aqui todos/as hoje.
Justifico esta Introdução pelo seguinte: um dia deste, depois de ter lido este livro, fiz ao Jerónimo o elogio, o grande elogio, que ele merece. E ele, generoso, disse-me que vindo de quem vinha, o elogio, ainda tinha mais valor por se tratar de um companheiro de escritas. De um companheiro de Letras. Vejam bem! Eu, que, repito, não passo dum escrevinhador de crónicas.
Bem! Em relação a este livro, a esta excelente obra, começo por dizer o seguinte: li-o em 2 dias. 274 páginas. Que melhor elogio se pode fazer a um livro?
Trata-se de uma obra bem estruturada. Uma escrita extremamente fluente. Um português riquíssimo. Uma história sobre a moral dos extratos mais altos de uma sociedade onde o que conta são as aparências,o dinheiro e o poder. Uma história que denuncia os esquemas, a podridão moral, de quem se aproveita de um dos mais abomináveis crimes: a pedofilia.
Portanto,meu caro amigo Jerónimo, autor deste magnífico “ EU VOU SER COMO A SERPENTE”, foi com o todo o gosto e prazer que acedi ao teu convite para aqui estar no lançamento de mais um grande romance da autoria do inspirado, do arguto, do maduro escritor que é, Jerónimo Jarmelo.
Francisco Ramalho

Nota – Jerónimo Jarmelo ( pseudónimo de Jerónimo Pereira Santos) é membro efetivo da Associação Portuguesa de Escritores (APE), professor na Universidade Sénior do seixal e na Universidade Intergeracional do Concelho de Almada (UNICA) e autor das seguintes obras: “ As Ninfas do Índico” , romance (Chiado Editora), “Filho de Ninguém”, romance (Chiado Editora),”Inquietudes” poemas (Chiado Editora) e “Eu Vou ser Como a Serpente”, romance (Edições Vieira da Silva).
Prémios: Vencedor do Prémio Literário do Conto- Universidades Seniores 2017 -USALMA
2º Classificado no Prémio Literário Chiado Editora 2017 (Poesia)




O diabo que os carregue!


Não sei o que é “zona de conforto”
E nem “janela de oportunidade”
Não aceito que na minha idade
Me queiram tratar como peso morto!

E por maior que seja o alvoroço
Que sou um peso  na sociedade
Quanto maior for essa alarvidade
Muito menor vai ser o  meu remorso...

Não recebo nada que não seja meu
Nenhum deles merece mais do que eu
E lambuzam-se na casa dos milhões.

A “peste grisalha” nada lhes deve
Mande-se o diabo que os carregue
E parem de nos querer ver pobretões!


Amândio G. Martins