terça-feira, 6 de junho de 2023

 OS CRIADORES DO POPULISMO


Anda aí muito na berra, a preocupação com o populismo. Mas, quem o gera, parece desconhecer a razão do seu medrar. Parece! Porque quem se preocupa sinceramente com ele, quem o denuncia e o combate, sabe perfeitamente a razão do seu crescimento. E quem o cria, também sabe! Mas outros valores se levantam. Os “valores” da subordinação ao capitalismo.

O populismo, é gerado pelas injustiças e pela desilusão que as mesmas provocam.

Ele grassa um pouco por todo o mundo e os seus principais causadores são os governos de partidos considerados social-democratas ou mesmo socialistas, como é o caso em Portugal. Ou, como acabamos de ver, aqui ao lado, em Espanha.

Vejamos o nosso exemplo; depois do 25 de Abril e das consequentes medidas revolucionárias, a reforma agrária, as comissões de trabalhadores, o controlo operário, a criação de cooperativas, as associações de moradores e de consumidores, as nacionalizações, o Serviço Nacional de Saúde, etc., quem é que depois do 25 de Novembro de 1975, começou a desmantelar tudo isso? Não foi o PS, o PSD e o CDS na Assembleia da República e no Governo? E quem beneficiou? Não foi uma minoria? Não voltaram os latifúndios ao Alentejo e ao Ribatejo? Os bancos, as seguradoras e quase todas as grandes empresas, não foram privatizadas? Muitas delas, tal como os bancos, não passaram até para mãos estrangeiras? Restam apenas umas poucas e o SNS. E este, não está em agonia por falta de investimento com a consequente expansão da medicina privada?

Não vemos mesmo agora com a pandemia e a guerra, essa tal minoria nacional e internacional, de novo dona disto tudo, com lucros colossais enquanto o povo aperta o cinto? Enquanto um número crescente de pobres, já quase três milhões, recorre ao Banco Alimentar Contra a Fome e a outras formas de caridade? E a “geração mais bem preparada”, os jovens, não emigram por falta de condições de vida?

Portanto, a desilusão leva as pessoas a desinteressar-se da política, a abster-se, ou a irem no canto de sereia do populismo que no fundamental nada se diferencia dos partidos que o geram. Aliás, acrescenta-lhe xenofobia e racismo.

A alternativa são os partidos efetivamente da oposição. Nomeadamente, o mais consequente. O que mais propostas fundamentadas apresenta para uma sociedade não baseada na exploração e na opressão, o PCP. Por isso, as suas propostas são tão omitidas ou deturpadas. Assim como as lutas que propõe e promove para que os trabalhadores, o povo, consigam concretizar tais propostas.

Outra condição essencial para o desenvolvimento e a justiça social, é a paz. A guerra, apenas interessa aos que beneficiam com o negócio das armas e pretendem o domínio dos povos. E estes, têm direito à sua autodeterminação. Quando isso não se verifica, como acontece, por exemplo, em relação ao povo curdo, ao do Saara Ocidental ou do Donbass, é a guerra. E não é o populismo nem os partidos que o geram, quem se lhes opõe. Subordinam-se também ao seu principal fautor; o imperialismo norte-americano.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"

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