...Se até os países mais poderosos, aqueles que souberam aplicar e multiplicar nas respectivas metrópoles as riquezas roubadas – bem ao contrário dos portugueses, que delapidaram tudo em exóticos e escandalosos luxos - massacrando vidas humanas e aniquilando culturas, não fizeram mais, quando o tentaram, que disfarçar as culpas com ofertas de reparação menos que simbólicas, que não foram mais que um agravo das ofensas sofridas pelos povos brutalmente colonizados; é que tudo ainda hoje continua a ser vergonhosamente gravoso e ofensivamente ridículo na cultura dos outrora colonialistas opressores, com intoleráveis expressões como, no nosso caso, nos autoelogiarmos constantemente pela “força civilizadora como fomos capazes da dar novos mundos ao mundo”.
É verdade que já nada nos deve espantar na leveza palradora do nosso presidente da República que, vendo ali uma oportunidade de ouro de brilhar ao vivo e em directo para jornalistas estrangeiros, soltou-se-lhe a língua para aquela impensada verborreia, comprometendo o país em indemnizações que nunca poderia pagar, tão avassaladores foram os estragos causados pelos antepassados por esse mundo fora...
Amândio G. Martins