quinta-feira, 31 de maio de 2018

Segurança nos Aeroportos

A propósito de uma notícia de hoje, onde se lia que no aeroporto de Lisboa, que está a começar a rebentar pelas costuras, até na saída já existem filas, lembrei-me de escrever uma memória de aeroporto, que já era para fazer há muito tempo, e que tem a ver com a segurança. Nos finais de 2015, numa viagem à India, onde várias deslocações internas foram por via aérea, ocorreu um pormenor muito interessante,e que tem a ver que a segurança, que tem as suas falhas. Como se sabe, naquelas paragens, existe uma fila para homens e outra para mulheres, tanto nas saídas como nas entradas. A determinada altura, a minha mulher e outra senhora do grupo, que já tinham saído, olhavam para mim e para o marido da outra senhora, com grande apreensão, mas não transmitiam qualquer mensagem, e nós, intrigados, só pensávamos: mas que se estará a passar? Quando saímos, pediram ao meu acompanhante de saída para lhes mostrar o passaporte, e qual não foi o espanto dele, quando tinha acabado de passar no controle com o passaporte da mulher. Depois de tudo isto passado, e da incredulidade desta cena, apareceu-nos uma gargalhada de grupo, porque, mais intrigante do que o marido ter passado no controle com o passaporte da esposa, foi o facto de a esposa ter passado com o passaporte do marido, que - imagine-se - usava barbas. Acho uma memória interessante, e por isso, aqui fica partilhada.

Mas, claro, nunca me ligou de volta...

Tomo de empréstimo uma frase que é do próprio director do PÚBLICO, fazendo ironia com o Ministério Público , quando lhe ofereceu "umas sessões de formação" a que "claro, nunca recebeu resposta" (sic). Sr. Director: posso pedir para usar das mesmas, oferta e ironia, para lhe lembrar que também eu não recebi resposta sua (claro?) quando, em 22/5, lhe enviei um email chamando a atenção para um erro já comum no PÚBLICO, que é repetir cartas no espaço "Cartas ao Director"?
E, aproveitando a "embalagem", dizer~lhe que a notícia da primeira página de hoje (31/5) - Só 28 em 2000 juízes foram castigados no ano passado - é demasiado "justiceira" e julgadora para quem somente informa sobre o facto. A opinião viria (veio) no editorial. Mais uma vez lhe digo: se tivesse um Provedor do Leitor, como vai prometendo e nunca cumprindo, escusava de receber emails destes a que... "claro, nunca responderá"...

Fernando Cardoso Rodrigues 

Ganhou a estratégia do medo!

Igrejas, partidos e movimentos «puristas» usaram a estratégia do medo para negarem o legitimo direito do doente terminal determinar o seu fim, medicamente assistido. A Assembleia da República (AR) chumbou a Lei da Eutanásia e o seu livre arbítrio, direito adquirido plasmado - na Declaração Universal dos Direitos do Homem. PCP, CDS e PSD foram os autores da negação. Rejubilaram…
   A proposta de Lei não antecipava a morte, obrigatoriamente. Também estava em causa despenalizar as acções médicas e estas podiam ser negadas por objeção de consciência. Os estrategos do medo declararam que havia o risco de eutanasiar crianças e doentes mentais. Falso, todos os projectos consideraram essas hipóteses como crime.  
  A AR tem toda a plenitude dos poderes conferidos, para tomarem iniciativas de levar a plenário qualquer assunto. Não é este o entendimento do líder par(a)lamentar do PSD, ao dizer que quem não inscreveu este tema no seu programa eleitoral fica deslegitimado. Fernando Negrão sonegou deliberadamente que a eutanásia foi levada ao Parlamento, através duma Petição Pública, amplamente subscrita. Desde 2015 que o debate está lançado. Dizer que o Povo ainda não está preparado, lembra o ditador Salazar, que nos infantilizava assiduamente.
   O CDS não esteve à altura do debate, em não reconhecer sequer que a Medicina não pode tudo. Pior, Assunção Cristas em debate anterior na AR, com António Costa, teve a desfaçatez em lhe dizer, que se a eutanásia fosse lei, era uma forma de diminuir os custos do SNS(!). Há coisas que não se dizem. Foi repugnante!
   Este chumbo defende o Estado opressor que nega o direito ao fim das pessoas em estado vegetativo e em morte lenta. Inqualificável.
   Quem é rico vai à Suíça para ser eutanasiado. Quem é pobre sofre a humilhação  do prolongamento da sua agonia atroz e irreversível. A eutanásia virá e vencerá!

                                                                                           Vítor Colaço Santos

AINDA ESTAMOS NO INÍCIO DA CAMINHADA

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Não foi lá muito conseguido em muitos aspectos este primeiro ensaio da selecção de Portugal diante da Tunísia, em especial, no que diz respeito à segunda parte e, em especial, àquela defesa. O seleccionador nacional, Fernando Santos, decerto que já tirou alguns apontamentos, importantes quanto ao futuro. Portanto, um mau ensaio neste primeiro jogo de preparação que a nossa selecção de futebol teve pela frente, no seu antecipado e já há muito programados três jogos com vista à sua preparação - englobando um já no dia 2 de Junho com o XVII Bélgica-Portugal, e no dia 7 de Junho, em Lisboa, no I Portugal-Argélia. Jogos integrados na preparação da equipa das "quinas", que pela 7.ª vez irá estar presente numa fase final, neste caso concreto no 21.º Campeonato do Mundo a realizar na Rússia, entre os dias 14 de Junho e 15 de Julho.
Neste II Portugal-Tunísia, jogo realizado entre o 4.º do ranking FIFA e o 14.ª do ranking FIFA, registou-se uma igualdade de 2-2, depois de ter estado em vantagem por 2-0, jogo este efectuado no Estádio Municipal de Braga. Entretanto, já tudo foi escrito e analisado, acerca deste Portugal-Tunísia.
Nos confrontos já efectuados entre estas duas selecções, o primeiro realizado em Lisboa, em 12 de Outubro de 2002, cujo resultado foi igualmente de um empate por 1-1.
Tunísia irá estar presente pela 5.ª vez numa fase final de um campeonato do mundo e está englobada no Grupo G, onde tem como parceiros, a Bélgica, Inglaterra e o Panamá. Tendo estado presente nas fases finais dos campeonatos do mundo em 1978-Argentina; 1998-França; 2002-Coreia do Sul e Japão; 2006-Alemanha e nesta edição de 2018-Rússia.
Quanto a Portugal, irá estar englobado no Grupo B, em conjunto, com a Espanha, Irão e Marrocos, e será esta a sua 7.ª vez presença em fases finais do campeonato do Mundo: 1966-Inglaterra; 1986-México; 2002-Coreia do Sul e Japão; 2006-Alemanha, 2010-África do Sul ; 2014-Brasil, e agora nesta edição, a 21ª, na Rússia.
É verdade que só agora os convocados se concentraram, depois de uma época desgastante e para alguns jogadores algo atribulada. O seleccionador nacional, o Engº. Fernando Santos, e o seu staff" técnico, têm muito que "limar" e para afinar naqueles que foram os seus jogadores eleitos.
Será que vamos ter uma selecção com a "mãozinha" milagrosa do Engº. Fernando Santos e seus obreiros e talentosos jogadores? Fazendo lembrar a sua brilhante odisseia no Campeonato da Europa realizado em 2016 em França, em que não foi por acaso que brilhantemente ganhámos um título de futebol a nível de selecção A, que já há muito faltava ao futebol português?
Que tenham uma boa prestação em terras da Rússia.
(Texto-opinião, publicado na edição online, secção "Escrevem os   Leitores"   do Jornal RECORD de 31 de Maio de 2018)

MÁRIO DA SILVA JESUS


Proteccionismo VS Globalização


A globalização tem sido acusada das piores coisas, em nome do que vem sendo argumento para alguns demagogos usarem o descontentamento das populações em favor de medidas proteccionistas, que eles apresentam como sendo  panaceia para todos os  males; mas, como escreve Dambisa Moyo, na Time, podem enganar alguns menos informados a curto prazo, só que nenhum país pode progredir isolado e o preteccio nismo não tem futuro.

Segundo a OIT, há no mundo 66 milhões de desempregados com idades entre os 18 e 24 anos, e o proteccionismo só prejudica esta imensa multidão; só uma política global, diz, pode estabelecer regras básicas para a circulação de mão-de-obra e cérebros para que todos prosperem, oferecendo contrapartidas nos investimentos e no incremento das trocas comerciais.


Amândio G. Martins

DIA 31 DE MAIO - DIA MUNDIAL SEM TABACO


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A 31 de Maio de cada ano, a Organização Mundial de Saúde celebra o Dia Mundial sem Tabaco, cujo objectivo consiste em assinalar os riscos que advêm do consumo de tabaco para a saúde e fomentar políticas eficazes de redução do dito consumo que é responsável, a nível mundial, pela morte de um em cada dez adultos.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Quem votou contra, quem foi?

Foi aprovado hoje, na Assembleia da República, o uso medicinal do "cannabis". Com os votos contra de quem? Do CDS e... do PCP. Começa a ser um hábito... ou será uma "crise civilizacional" imprevista?...

Fernando Cardoso Rodrigues

Um artigo

Um artigo fora de tempo e "jargonizado". Fora de tempo porque, como o próprio título o diz - Sobre a eutanásia - sai um dia depois (30/5) da votação que a "chumbou" na Assembleia da República e o uso do jargão jurídico é usado e abusado por parte do seu autor Jorge Miranda (JM). Se a primeira razão não terá sido da responsabilidade do autor, a escolha do léxico responsabiliza fortemente JM. Será dele, ou melhor, da que ele sempre como constitucionalista que é, mas o problema, sendo jurídico na licitude do que regula, não o é de todo na filosofia de pensamento que o enforma. E o artigo é, quase todo ele, um "bombardeamento" de artigos e alíneas que o autor pretende que sejam pontos de partida para tomar posições sobre a morte assistida (eutanásia e suicídio assistido), mas são somente, e na realidade, pontos de chegada da Constituição. Que não impedem o tal pensamento de funcionar e ser posto num debate sobre se a lei penal pode ser modificada, sempre em nome desse(s) pensamento(s). Senhores especialistas, parem se usar jargão como sinónimo de verdade imutável e nunca, mas nunca mesmo, falem como se a ética e a "filosofia"estivessem antecipadamente interditas. Por favor!

Fernando Cardoso Rodrigues

Nota: enviado ao PÚBLICO há momentos.

Disco Riscado


Gostava de fazer menos asneiras
Ou vão dizer que perdi o juízo
Mas não posso é ficar indeciso
Perante aliciantes brincadeiras.

Os felizes nas suas piroseiras
Nem precisam de mais nenhum motivo
Já pouco do que dizem faz sentido
Mas recusam saltar novas barreiras...

Nunca poderei  chamar de poema
Crismando toda a gente de palerma
Uns versinhos sem o mínimo brilho;

Pode até ser enorme a paciência
Que não há como ter condescendência
Ao tropeçar no mesmo “estribilho”.


########


Eu vou ali e já venho
O que lá vou fazer não sei;
Também não sei que mal tenho
E assim nunca o saberei...


“O poema deve ser como a estrela que é um mundo e parece um diamante”

Juan Ramón Jiménez – poeta espanhol, Nobel de literatura em 1956.


Amândio G. Martins

terça-feira, 29 de maio de 2018

PCP: nem umas palminhas...

Reprovada a despenalização da morte assistida (eutanásia e suicídio assistido). Nenhum dos quatro projectos passou.O que não admira, dado o teor do assunto, mas, por isso mesmo... as votações merecem uma leitura atenta. Agora o que saltou à vista foi a ausência de palmas festivas do PCP, no fim daquelas. "Recatados" estes comunistas, pois os seus parceiros de votação festejaram efusivamente a "vitória"...

Fernando Cardoso Rodrigues

As Ajudas

Ouvi a notícia no Telejornal de hoje, na RTP1: a Federação Portuguesa de Futebol recolheu €750.000,00, com os quais procedeu à reconstrução de 12 casas de vítimas dos Incêndios de 2017. O gesto é bonito e de elogiar. Mas fazendo as contas, cada reconstrução ficou em €62.500,00. As casas não parecem ter esse valor. Ou estarei errado?

Teófilo Braga é eleito, pelo Congresso, Presidente da República Portuguesa


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A 29 de Maio de 1915, na sequência da demissão de Manuel de Arriaga, Joaquim Teófilo Fernandes Braga, que foi um poeta, sociólogo, político e ensaísta literário português. Estreia-se na literatura em 1859 com Folhas Verdes. Nasceu a 24 de Fevereiro  de 1843, em Ponta Delgada. É eleito, pelo Congresso, Presidente da República Portuguesa. Mandatos presidenciais: 5 de Outubro de 1910 a 24 de Agosto de 1911 e de 29 de Maio de 1915 a 5 de Agosto de 1915. Pertenceu ao Partido Republicano Português.
Faleceu a 26 de Janeiro de 1924, em Lisboa.




O discurso de António Costa

Ouvi-o todo mas não o vou analisar na totalidade. Formalmente bem construído, algumas verdadeira promessas lá existiram, com alguma demagogia à `mistura, o que não é de estranhar pois a perfeição é impossível. Relevo, no entanto dois pontos. O primeiro, logo no início, a saudação elogiosa e enfática à "querida Zita", socialista e deputada no parlamento húngaro, onde luta bravamente contra as políticas de  Viktor Orban que, como se sabe, são de extrema direita, anti-europeias ( excepto no dinheiro que recebe...) e perigosas. Bati palmas (literalmente) frente ao televisor! O segundo foi a prioridade que estabeleceu para o regresso dos jovens portugueses emigrados. Em abstracto é bonito, mas na prática é utópico. E, além disso, "estranho", pois, num mundo tecnológico (que também é seu objectivo promover) e globalizado, esse retorno em massa é mesmo desejável? Estou à vontade de fazer a pergunta pois tenho um filho, uma nora e dois netos emigrados e... não serei propriamente um "desalmado".

Fernando Cardoso Rodrigues
A conquista é tudo e a posse é quase nada

Artigo publicado no jornal Diário da Manhã de Goiânia, Brasil no dia 29/05/2018, caderno Opinião Pública, pag. 2. Um dos poucos jornais no mundo que aceita artigos dos leitores.  Site do jornal: dm.com.br

 O título acima repete literalmente a sábia afirmação do ilustre médico, escritor e diplomata português Júlio Dantas, de saudosa memória, em seu livro "A Ceia dos Cardeais".
Realmente, após a plenitude da euforia da conquista tão cheia de planos, lutas e sacrifícios, sucede o esvaziamento das emoções diante da posse, cujo gozo rotineiro, se isso pode ser chamado de gozo, reclama tantos cuidados geradores dos mais variados aborrecimentos.
A conquista, mesmo com algum sofrimento, é marcada pelo prazeroso entusiasmo do desejo realizado - é tudo o que mais se queria na vida -, enquanto a posse, mesmo proporcionando um certo conforto, não satisfaz a criatura humana tão envolvida pela insaciável ambição, daí tudo acabar em nada, e num nada causador de muitas preocupações. Segundo o poeta francês Chateaubriand, " o coração do homem é uma lira incompleta, onde sempre falta uma corda".
    Conforme expressa o conhecido ditado popular: "Perdemos, às vezes, noites de sono para adquirir algo que depois não nos deixa dormir”. É o caso da pessoa, iludida no consumismo estimulado pela própria administração do País, resolve adquirir um carro em "suaves prestações mensais"; depois não tem condições para honrar seu compromisso, porque, além das parcelas, tem que pagar anualmente caro imposto para licenciamento, isto sem se levar em conta as eventuais multas de trânsito transformadas em fator de arrecadação; o seguro obrigatório; seguro facultativo; contra furto e roubo; gasto com combustível. E o pior: se resolver devolver o carro ao vendedor, seu valor não cobre a dívida. Qualquer coisa que se compra resulta em grandes gastos para sua manutenção.
 E o pensamento do ínclito escriba lusitano não abrange apenas o setor econômico, envolve também a área sentimental. A convivência afetuosa ou namoro tão cheio de sonhos, romantismo e ilusões, em cujo enlevo ele e ela se conquistam, é algo maravilhoso que nem sempre tem continuidade após consumar-se a simples posse sexual, seguida ou não da união estável ou do casamento, quando então surge a realidade da vida a dois, a ser encarada com grande tolerância recíproca e muita compreensão, para que os sonhos não virem pesadelos, transformando o tudo da conquista no nada da posse.
Há muitos e muitas que se comprazem nas meras conquistas irresponsáveis e praticam lesões sentimentais geradoras de graves consequências na pessoa lesada, como bem analisa André Luiz no livro "Vida e Sexo" citado pelo renomado pensador espiritualista Francisco Cândido Xavier, segundo o qual, na comunhão sexual, há um circuito de forças que alimenta psiquicamente o homem e a mulher, sendo que o rompimento de um deles, sem justa causa, pode provocar no outro uma lesão no equilíbrio emotivo, com graves consequências.
Podem existir, como decorrência disso, pessoas nascidas com inibições expiatórias congênitas que as impedem da plena realização da prática de relação sexual.
Independentemente de qualquer inibição, há quem somente aprecie os beijos, abraços e bolinas do namoro, sem relações sexuais, tudo assim de modo espontâneo e consensual, principalmente nos tempos de outrora, em que a mulher era muito tolhida em sua liberdade, pois tinha de resguardar a incolumidade do hímen, o selo da virgindade, sem o qual seria difícil conseguir um casamento, além de sofrer o repúdio da sociedade e da própria  família, que a considerava desonrada, como se honra fosse localizada no órgão genital.  
Certo ou errado, não vou entrar no mérito da coisa, um jovem desse tipo, então estudante de medicina na cidade do Rio de Janeiro, era muito querido por grande número de garotas, e, no seu relacionamento com elas, só ficava no prelúdio da conquista. Nada de final com a posse, ainda que alguma delas de boa situação econômico-social lhe insinuasse a possibilidade de casamento, ou quando uma ou outra de costume liberal — o que era muito raro na época —, se mostrasse disposta a uma total entrega. Ele sabia cativar, com muita paixão e carinho, mas permanecia no meio do caminho. Gostava mesmo é da chamada farra do bode — aquela bem demorada preliminar, mas sem o desfecho do rápido finalmente.
Grande era sua habilidade no trato com o sexo oposto. Segundo Balzac, quem consegue governar uma mulher, consegue governar o mundo. Não é fácil. Facilidade nessa área é praticamente utópica, mas pode acontecer excepcionalmente, quando tudo se concretiza quase graciosamente, como se pode ver na melodiosa composição musical "Folhetim", de Chico Buarque, na suave vozinha de Gal Costa, cujos versos da letra assim expressam: " Sou dessas mulheres que só dizem sim, por uma coisa à toa, uma noitada boa, um cinema, um botequim. Eu te farei as vontades e te farei vaidoso supor que me possuis. Mas, na manhã seguinte, não conta até vinte, te afastes de mim, pois já não vales nada, és página virada, descartada do meu folhetim."
 Vez ou outra, alguma namorada se mostrava disposta a uma entrega total sem objetivo nobre, caso em que a mulher costuma arrepender-se, tal como aconteceu na simbólica história bíblica dos primórdios da humanidade, quando Eva, após a conquista de Adão para a conjunção carnal, por mera sensualidade, alegou ter sido enganada pela serpente da paixão que lhe prometera maravilhas irrealizáveis.  
Tudo não passa de ilusão, e por falar nisso, há quem diga que de ilusão também se vive, ou melhor: Vive-se de ilusão, conforme assim entende o renomado psiquiatra, conferencista e pensador espiritualista Delfino da Costa Machado. O que se leva desta vida é a vida que se leva, porque há uma continuidade boa ou ruim, dependendo de nossos atos no bem ou no mal. Segundo a lei universal de causa e efeito, atribui-se a cada um conforme as suas obras.
Feliz de quem não se julga dono de coisa alguma, sobretudo de pessoas, porque, segundo o grande pensador francês do século XVII, Blaise Pascal,a verdadeira propriedade é apenas aquilo que se pode levar deste mundo, e ninguém leva, após a existência, senão os conhecimentos adquiridos, as experiências vividas, os sentimentos bons ou maus que resultam na realização ou frustação na continuidade da vida nos páramos do mundo extra-físico, porque a morte não é um ponto final, mas apenas uma vírgula.
Tudo aquilo que julgamos nosso, bens ou pessoas, não nos pertence. Somos apenas usufrutuários do que nos foi dado como empréstimo, daí o tudo da conquista e o nada da posse, embora, em termos jurídicos, esta seja muito importante, mesmo sem a boa-fé do posseiro, na hipótese de coisa abandonada por muito tempo que resulta na usucapião (prefiro o tradicional e costumeiro masculino ao invés do pedante feminino — a usucapião).
No âmbito do direito, — um arranjo dos homens nem sempre de acordo com a justiça, que é de Deus—, há muita coisa errada, sobretudo na área das sociedades com grande número de acionistas, que muitas vezes são prejudicados por uma minoria esperta, que sempre comanda a eleição de uma diretoria e acaba se tornando dona de uma propriedade coletiva. Meu saudoso pai sempre dizia: “É preferível ser dono de um bezerro que ser sócio de uma boiada”.
Uma coisa, porém, é certa: os espertalhões têm conta a ajustar com a justiça divina. A injusta posse deles, em detrimento da conquista de muitos, pode ser confiscada por castigo de Deus.