domingo, 30 de abril de 2023

NA SILVÃ DE CIMA ENTRADA DA QUINTA DA TABOADELA RECUPERA BELEZA

 


Em Novembro de 2022, a antiga e original entrada da Quinta da Taboadela, pela Silvã de Cima, com o seu arco de estilo gótico e as colunas, uma derrubada, estava lamentável e incompreensivelmente abandonada e degradada, cercada e escondida por giestas, constituindo uma contradição face ao investimento realizado no conjunto da quinta.

A Quinta da Taboadela é desde 2018 propriedade do grupo Amorim, no negócio do vinho e do turismo. Recentemente a sua Casa Villae 1255, com oito quartos, juntou-se à colecção da Relais & Châteaux, que é uma associação criadora de viagens com 580 hotéis e restaurantes em todo o mundo e que foi fundada em França em 1954.

Na altura chamou-se a atenção e fez-se reparo ao estado deplorável da entrada (https://limaosocial.wordpress.com/2022/11/18/incompreensivel-situacao-da-entrada-da-quinta-da-taboadela-na-silva-de-cima/), e agora regista-se que a situação foi alterada, com a limpeza do espaço envolvente, o que permite apreciar e verificar as características de alguma beleza dessa entrada para a Quinta da Taboadela, na Silvã de Cima.




Da chafurdice política

 

A estabilidade política, para os partidos da Oposição como para a Comunicação Social em geral, é sempre uma grande chatice, daí que tudo façam para criar instabilidade, usando de velhas mas sempre eficazes armas como são a mentira e a intriga, ampliando qualquer coisinha que lhes cheire a poder render a demissão de mais um ministro, querendo com isso demonstrar que o chefe do Governo não é capaz de formar uma equipa competente e já não tem mais por onde escolher, devendo deixar-lhes livre o lugar, e isto chegou a um tal ponto que até gente aparentemente decente entra nesse jogo sujo.

 

E o ridículo do argumentário já vai ao ponto de pedirem a demissão de um ministro pela  gravíssima falta de ter querido mentir ao Parlamento, já não de mentir, não tardando que nos quantificam o tamanho da vontade que o tal govermante teve de mentir; de facto, o rigor desta gente na tal “comissão de inquérito” é tão honesto e profissional que não hesitam em servir-se da vingança de um acessor despedido para sustentar uma acusação, não contando para nada que esse acessor, ele sim, possa estar a mentir.

 

E que segredos cabeludos guardará o computador que o tal colaborador levou abusivamente consigo, especulam eles, para que fossem usados indevidamente os serviços de informação e segurança do Estado para recuperá-lo, em vez da polícia normal; como diria Eça de Queirós, tudo isto é mesmo uma choldra. E comparto inteiramente o que escreveu Carvalho da Silva no JN de ontem:  “A maioria dos meios de Comunicação Social, ao desvirtuarem a informação e alimentarem a chafurdice política, como vêm fazendo, atentam contra o Estado de direito e a democracia e entram num jogo perigoso”...

 

Amândio G. Martins

sábado, 29 de abril de 2023

Desafiam abertamente a Democracia

 

Determinado a acabar de vez com as romagens de saudosistas do fascismo a Cuelgamuros, onde Franco mandou construír uma basílica e deu  ao local o nome de “Vale dos Caídos”, para glória da sua acção e local  da sua tumba, o actual governo de Espanha, depois de há tempos ter retirado dali os restos do ditador, fez há dias o mesmo com Primo de Rivera, que tinha sido fundador da Falange e fuzilado pelos republicanos no início da guerra civil; tendo a democracia espanhola quase a idade da nossa, foi preciso este tempo todo para haver quem tivesse a coragem daquela decisão, que era preciso tê-la, porque as forças contrárias a que se mexesse naquilo se opunham por todos os meios e tinham muitos apoios, com o argumento de que seria uma profanação.

 

Mas os ultradireitistas espanhóis estão a cada dia mais atrevidos, ao ponto de a Falange  propor agora para o Câmara de Bilbao, nas próximas eleiçoes de 28 de Maio, o facínora responsável material pelo que ficou conhecido por “massacre de Atocha”, ocorrido em 1977, tendo sido assassinados à queima-roupa cinco advogados no seu local de trabalho, por serem comunistas e se proporem trazer à luz do dia os crimes da ditadura; chama-se o matador Carlos Garcia Juliá, e era ao tempo “guardaespaldas” de Blas Piñar, outro notório fascista.

 

Por aqueles crimes o sujeito foi condenado a 193 anos de prisão, mas teve cumplicidades suficientes para logo se evadir da cadeia e refugiar-se pela América Latina, onde se manteve até 2018, quando terá facilitado e foi descoberto em S. Paulo, sendo recambiado para Espanha, mas pouco mais tempo esteve detido, para revolta da advogada Cristina Almeida, ao tempo do massacre estagiária no mesmo escritório, só tendo escapado porque tinha saído momentos antes numa diligência, mas as imagens do que viu quando chegou atormentam-na até hoje...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

sexta-feira, 28 de abril de 2023

1.º DE MAIO


 

Funcionários à moda antiga

 

Decorrido quase meio século duma revolução que tinha nos seus objectivos pôr fim a todo o tipo de abusos sobre a gente, ainda encontramos nos serviços públicos do Estado quem se sinta “importante” usando de prepotência, como me aconteceu agora na repartição de Finanças de Ponte de Lima, aonde me dirigi para pagar o imposto de circulação; de facto, como evito o mais possível trazer nos bolsos documentos sensíveis, como é o “cartão de cidadão”, por receio de perdê-lo ou que me seja subtraído, e porque nunca me tinha sido exigido naquela situação, apresentei apenas o recibo de pagamento do ano anterior, onde constam os elementos necessários e suficientes para o que pretendia.

 

Só que encontrei pela frente uma figurinha que, não só fez a primeira chamada muito tempo depois da hora de abertura, em 27.04.2003 – a minha senha era a número 1 – como não estava ali para atender com diligência os contribuintes, porque a pessoa importante ali era ela, e recusou atender-me sem o cartão; ainda disse à senhora que não pretendia receber nada, mas fazer um pagamento, e só não me atendia se não quisesse, porque em anos anteriores sempre tinha bastado o recibo velho, onde tinha todos os dados para poder fazer o seu trabalho, mas manteve-se inflexível...

 

Amândio G. Martins

 

 

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Equivalências falaciosas


A cada aniversário do 25 de Abril que passa, torna-se mais notório e enraizado o costume de acompanhar as saudações da data do fim do fascismo em Portugal com a evocação de outros totalitarismos que sempre vêm à baila. O fenómeno atinge todos os sectores à direita do PS, incluindo alguns dos militantes deste partido que, valha a verdade, são tudo menos socialistas. Bem sei que, para se pertencer a um partido político, não é absolutamente necessário que se comungue dos ideais que o próprio nome do partido sugere. Mas é um facto que isso pode enganar muita gente.

Fez-me bem ler a crónica de Carmo Afonso (C.A.), no PÚBLICO de 26 de Abril. Confirma em absoluto a tese que eu venho congeminando há anos para compreender o fenómeno de se misturar na mesma frase o anti-fascismo com o anti-comunismo. Celebrar o anti-fascismo em Portugal faz todo o sentido, sobretudo para quem cá viveu enquanto ele existiu, ou respeita as memórias dos seus pais ou avós. Já celebrar o anti-comunismo não pode ter o mesmo valor, pela simplicíssima razão de que nunca vivemos em comunismo. Haverá sempre quem apareça com os papões do Vasco Gonçalves, da URSS ou de Cuba, mas, de concreto, cá pelo “burgo”, nada. Por outro lado, C.A. tem o cuidado de lembrar a quem já esteja esquecido ou “emprenhe pelos ouvidos” que, aos milhares de comunistas que foram presos, torturados e até assassinados, “por serem a resistência ao regime”, devemos a liberdade democrática. Que me conste, nada devemos aos anti-comunistas que não só não foram presos e torturados, como não nos libertaram de jugo nenhum. 

Acima de tudo, agradeço a C.A. a escalpelização da ideia de “liberdade” que, só aparentemente, é do domínio comum. A liberdade alardeada pela IL e outros anti-comunistas nada tem a ver com a “liberdade colectiva e material” que o povo, em 1974, demonstrou querer ao confrontar as classes dominantes na altura, “pondo em causa o seu domínio, poder e propriedade”. A liberdade que não lhes sai da cabeça é apenas a “individual e económica”, pela qual anseiam para, em seu nome, exercerem sobre todos os outros o poderio da força económica e financeira, criando lobbies, monopólios e cartéis, num reforço da “santa propriedade”.

Em Portugal, é espúrio tentar fazer a equivalência do fascismo com o comunismo. Daquele, sabemos tudo, deste, sabemos apenas - e já não é pouco, convenhamos - aquilo que alguns, lá muito longe, fizeram em aplicações práticas que se afastaram dos princípios fundamentais e, na realidade, deram mau resultado.

Mas a confusão entre os conceitos dá muito jeito a alguns profetas do medo. São bons para defenderem a sua coutada privada… não vá o diabo tecê-las. 


Público - 29.04.2023 (para publicação no PÚBLICO, com as inerentes razões de economia de espaço, o autor amputou o texto em algumas frases, procurando, no entanto, que o sentido global não fosse beliscado).


25 DE ABRIL, no Porto


 

Sujeira anunciada

 

UM ACTO MISERÁVEL

 

As bestas já se movem e confundem

por entre a gente,

conspurcando os lugares mais sagrados;

não há para eles inconveniente,

sabendo que há quem fique contente,

com os seus vitupérios e agravos.

Dizem o que muita gente gosta de ouvir,

não importa se é possível conseguir

ou é descarada demagogia;

e vendo crescer o número de crentes,

entre os muitos milhares de descontentes,

já quem menos se esperava os copia.

E num evento de mera cortesia,

para receber um presidente amigo,

fez parte por omissão na aleivosia,

com medo de perder a simpatia

dos que ainda se vão mantendo consigo.

Foi mais que uma cena lamentável,

programada por gente miserável,

e anunciada com antecedência;

porque partidos que a gente crê democratas,

não se demarcaram dos psicopatas,

que são na democracia excrescência.

 

Amândio G. Martins

 

terça-feira, 25 de abril de 2023

Retrospectiva

 

QUEM TUDO QUER...

 

Fazia bem falta avisar a malta

Das patranhas de quem a aliciava

Que dúbia doutrina a manipulava

Servindo-se da fome de ribalta...

 

Confiou sem saber em gente falsa

Sem ver por onde a festa resvalava

Que assim nada de bom concretizava

Porque a ponderação fez muita falta.

 

Com muita verdade falsificada

Houve gente boa a ser maltratada

Por outra muito mal esclarecida;

 

Havendo que frear o equívoco

Levantou-se um movimento cívico

Que travou a aventura fratricida...

 

Amândio G. Martins

 

segunda-feira, 24 de abril de 2023

DEFENDER E CONCRETIZAR O PROJECTO DO 25 DE ABRIL


 Nos 49 anos do 25 DE ABRIL, os tempos não são fáceis.

Os inimigos do 25 DE ABRIL, sobretudo do seu projeto de desenvolvimento para uma sociedade mais justa, foram estimulados por décadas de política de direita do PS, PSD e CDS para saírem desses esconderijos partidários e assumirem até mais claramente, sobre a capa de alegado modernismo a defesa dum capitalismo selvagem de iniciativa liberal(izante) ou mesmo de conceitos chega(dos) ao regime fascista derrubado em 25 de Abril de 1974.

Muitos direitos conquistados com o 25 DE ABRIL, consagrados na Constituição da República aprovada em 1976, não se encontram concretizados e têm sido sucessivamente desrespeitados por poder político central (Governo, Deputados, Presidente da República) e local (Autarcas), ao seguirem o guião capitalista de lucros, exploração e desigualdades crescentes.

E pelo que se tem verificado o PS, a sua maioria absoluta e o seu governo dão indicações de que novamente vão prosseguir no caminho duma política que não respondeu e não responde às exigências de acabar com pobreza, miséria e outros flagelos sociais.

É de facto o projeto do 25 DE ABRIL que tem que ser defendido para ser concretizado, permitindo uma justa distribuição do rendimento nacional, garantindo os serviços públicos essenciais, o direito a habitação digna, melhores salários e pensões, conduzindo Portugal para uma sociedade de progresso e justiça social.

 UMA PERGUNTA DE RETÓRICA A QUINTINO SILVA


Acha então o senhor Quintino que as populações russófonas do Donbass deviam continuar a serem massacradas pelo governo da Ucrânia. E que os acordos podem impunemente serem rasgados.

PS- Respondo-lhe desta forma porque no espaço que utilizou, não há lá essa possibilidade.

domingo, 23 de abril de 2023

Uma pergunta de retórica a Lula da Silva


O que fará Vª Exª se um dos seus vizinhos invadir o Brasil e se instalar numa zona, e anexar essa zona?
Vai ou não pedir ajuda para correr com ele ?
Pela sua posição atual ninguém lhe deve fornecer ajuda a fim de haver paz!...
Há uma coisa que o Sr. tem razão, se não fornecermos ajuda à Ucrânia a paz será restabelecida rapidamente.
Acaba-se a Ucrânia acaba-se a guerra.

Quintino Silva


 BEM-VINDO SENHOR PRESIDENTE!


Não vou fazer aqui o historial do ilustre cidadão que temos entre nós. Mas, se o fizesse, teria de dizer que se trata de um lutador, de um homem que sempre se bateu pelo seu povo, pelo Brasil. E, assim sendo, por se tratar do país com a dimensão e a importância que tem, pelo mundo.

Além disso, e também por isso, desde sempre, tem sido alvo de injustiças e calúnias nunca provadas definitivamente pela Justiça.

Um homem que começou como operário, e chegou, democraticamente, até à mais alta instância de poder no gigante sul-americano e nosso país irmão. Um homem que tirou milhões de compatriotas seus do limiar da pobreza. Que sempre tentou e tenta, projetar o seu país na cena internacional com o papel a que tem direito, para bem do seu povo, da América Latina e do mundo.

Também não vou fazer aqui o historial do assunto, devido ao qual, tem sido alvo das últimas críticas; a guerra na Ucrânia. Mas terei de dizer que, mais uma vez, é atacado injustamente. Porquê?

Porque se limitou a apelar aos principais protagonistas desta guerra que se entendam e procurem acabar com ela. É este o “erro”, a “polémica”, de que é acusado.

Já disse que também não vou fazer aqui o seu historial, mas dizer duas coisas: primeiro, que, obviamente, todos a lamentamos e condenamos.

Depois, dizer que os que condenam Lula por ter feito o apelo à paz, manipulando a opinião pública, criando até animosidades entre amigos e familiares, omitem os antecedentes do seu alastramento, da invasão. E eles são graves. Muito graves. Desde logo, nos últimos anos, já tinham sido mortas 15 mil pessoas na região do Donbass. Os acordos (de Minsk) que previam e preveem que o povo daquela região tenha direito à sua língua, usos e costumes e à auscultação para a sua auto-determinação, não foram cumpridos.

Portanto, o que o Presidente do Brasil disse e diz qualquer pessoa de bem, é que se acabe com a guerra. Que se negoceie com base nos referidos acordos.

Portanto, quem é que não quer a paz? Quem é que aqui está errado? Que interesses se sobrepõem ao bem mais precioso que é a paz?

Finalmente, caro Presidente Lula, que se sinta, como já disse, em casa aqui na nossa casa. Que o bacalhau logo na Nazaré, lhe saiba muito bem e lhe faça bom proveito! Na Nazaré, também podia ser uma boa caldeirada. Mas o nosso amigo, prefere promover o nosso mais emblemático prato.

Que continue assim, corajoso e humanista.

Boa sorte, Presidente!

Francisco Ramalho






É o tudo ou tudo

 

Apesar das muitas incongruências do seu governo, o principal “problema” de António Costa, aquele que o torna, para a Direita, o inimigo que deve ser abatido a todo o custo, é ter reduzido a pó de traque todas as suas “vacas sagradas”, de tal forma que até o pretenso líder da Oposição já teve o desplante de o acusar de “forreta”, ele que, à falta de argumentos sérios, adora atribuir aos socialistas a responsabilidade por não sei quantas bancarrotas.

 

E fazem “procissões” a Belém, a Direita democrática e a extrema, para moer o juízo ao presidente para que derrube o Governo o antes possível, porque esperar pelo fim da legislatura é, para eles, uma eternidade. Escreve Carvalho da Silva, no JN: “Aos desesperados da Direita não importa se o PSD basta como suporte de uma alternativa, ou se tem de levar consigo o lixo político que nega o regime democrático e renega a Constituição da República.Sobre esta matéria as declarações de Montenegro são meros exercícios de retórica para esconder aquela certeza. Entretanto, o chefe do chiqueiro político assegura, à saída de Belém, que o presidente da República não será obstáculo a qualquer tipo de participação do seu partido no Governo; e as máquinas de lavagem do personagem vão trabalhando a todo o vapor, com o objectivo de o tornar pessoa respeitável e acomodável numa hipotética maioria de Direita”...

 

Amândio G. Martins

sábado, 22 de abril de 2023

Ameaça que se concretiza

 

Por aqui vai caindo uma chuva gelada, o que é péssimo para os batatais e todas as árvores de fruto em flor, mas ainda vai chovendo alguma coisa, sabendo-se que nos espera um futuro nada risonho, não só na nossa península mas em todos os países do Sul da Europa; de facto, comparados com Espanha, ainda não estamos a sofrer muito, descontando a parte do país mais a Sul, que já é bastante castigada, mas nem aqui há razão para optimismos.

 

Como os nossos principais rios vêm de Espanha, não haverá regulação que resista à necessidade que eles têm de ir reduzindo os caudais que ainda cá chegam, sendo frequentes os protestos das populações espanholas mais afectadas acerca disso, que mal sairam da estação dita de inverno e já há várias localidades cujo único meio de abastecimento são camiões, com a restauração e hotelaria preocupadas pelo que pode provocar o desvio de turistas.

 

Mais ainda que aqui, o turismo é uma enorme fonte de receita para Espanha, mas a racionar a água para que não falte de todo para o básico, com as autoridades de vários locais a vigiar as piscinas, cujos donos estão proibidos de as encher, não há como atraír turistas em tais condições, se até para os residentes elas são mínimas, com enormes restrições até para se lavarem, como um dia destes ouvi um miudo lamentar-se à professora, que perguntava como faziam a higiene: “Me gusta ducharme entero, pero solo me lavo el culo”...

 

Amândio G. Martins

Tenha calma, J.M.T.!


No “libelo anti-pensionistas” de 20/4, João Miguel Tavares (J.M.T.), com o brilho habitual, rebela-se contra o aumento intercalar anunciado pelo governo para Julho. Segundo ele, “o aumento actual não faz sentido nenhum”, porque se fará “num sistema que toda a gente sabe estar à beira da falência”. Se J.M.T. estiver interessado em documentar-se um pouco mais, poderá aceder com facilidade a um estudo do dr. Eugénio Rosa, especialista na matéria, em que, a partir de dados oficiais, se conclui que a Segurança Social (SS) tem tido elevados excedentes, prevendo-se mais um de 4 mil milhões para o ano corrente. Dizer-se que está à beira da falência é bastante arriscado para a verdade dos factos. Se J.M.T. tem, legitimamente, medo do futuro, por força do envelhecimento da população e da redução do número de activos por pensionista, poderá, no mesmo estudo, encontrar um “lenitivo” na perspectiva (difícil…) de o governo aumentar os meios que permitam à SS combater a fraude e cobrar as dívidas existentes. Poderá também recordar que, desde 2016 até hoje, o governo já “esticou” de 2020 para 2040 o primeiro ano em que se prevê saldo negativo, e isto sem qualquer mudança no sistema de cálculo das contribuições, criado há 70 anos, em condições profundamente distintas das actuais, e que urge repensar.


Nota: a crónica de João Miguel Tavares referida veio publicada no "Público" sob o título "Mais mil milhões de despesa. E todos os partidos aplaudiram".


sexta-feira, 21 de abril de 2023

POLÍTICA DE DIREITA ENGOLE SENSIBILIDADE FEMININA

 


As diferenças biológicas não terão influência numa eventual maior sensibilidade existente em mulheres face aos homens, serão questões culturais e sociais que podem aumentar e diferenciar o cariz emocional e dar lugar à tal sensibilidade feminina.

Poderia supor-se que o exercício de cargos governamentais ou de outras responsabilidades políticas por mulheres resultaria em opções mais humanizadas. Mas a realidade demonstra o contrário, assistindo-se a que a política de direita, a opção de classe e partidária engolem a existência duma eventual sensibilidade feminina.

O actual governo/PS, que quando empossado, tinha 9 mulheres em 17 ministros, é mais uma constatação que a política de direita, responsável pelas dificuldades de trabalhadores e povo, elimina qualquer sensibilidade feminina ou masculina de sentido contrário.

Alguns exemplos: a Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (Ana Mendes Godinho), não alterou a política de baixos salários e pensões de reforma, manteve a precariedade, a caducidade da contratação colectiva, penalizando trabalhadores e agradando ao patronato. A ministra da Defesa (Helena Carreiras) envolve-se na apologia da guerra e pouco preocupada com a paz, em linha com E.U.A. e U.E. Com a Ministra da Justiça (Catarina Sarmento e Castro) não melhorou o acesso à justiça, a morosidade e funcionamento da mesma, nem a resolução dos problemas de quem exerce a sua actividade profissional nos tribunais.

Anteriormente, no PSD, Manuela Ferreira Leite administrou as finanças em benefício do grande capital; e Leonor Beleza tratou mal a saúde dos portugueses; Assunção Cristas (CDS), esteve ao lado dos senhorios nas rendas e sem preocupação com o direito a habitação digna.

A nível internacional, entre outras, são exemplos da não existência de qualquer sensibilidade: Margaret Thatcher, primeira-ministra inglesa, com a guerra das Malvinas e uma violenta ofensiva contra os sindicatos e os trabalhadores Ingleses; Madeleine Albright, primeira mulher a ser Secretária de Estado dos Estados Unidos, respondendo numa entrevista à pergunta se valiam a pena 500 mil crianças mortas no Iraque na sequência das sanções que haviam sido impostas, disse que sim; Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, pouca ou nenhuma preocupação com a paz e as condições de vida da esmagadora maioria dos europeus; Christine Lagarde, actual presidente do Banco Central Europeu, em 2018, afirmou: «os idosos vivem muito tempo e isso representa um perigo e risco para a economia global. Temos que fazer algo com urgência». Depois apareceu o covid-19.

"Erithacus Rubecula"

 


PISCO DE PEITO RUIVO

 

Todo ele é modesto passarinho

Que à vista ninguém dá por ele nada

Mas se quer deixa a gente delumbrada

Porque o seu canto é mesmo divino.

 

Vê-se muito nesta parte do Minho

Chega-se à gente na terra cavada

Sem mostrar muito medo da enxada

Querendo encontrar algum bichinho.

 

“Erithacus Rubecula” lhe chamam

Os que estudam as aves e as amam

Pouco lhe servindo o nome pomposo;

 

Penso mesmo que é por ser ignorado

Que ele se vai mantendo renovado

Por cá até bastante numeroso...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

quarta-feira, 19 de abril de 2023

It’s the economy…


Que dizer das recentes tomadas de posição de Polónia, Eslováquia e Hungria relativamente à quebra do acordo que aboliu as tarifas de importação de certos bens alimentares da Ucrânia, com Bulgária e Roménia a anunciarem-se como os “senhores a seguir” na mesma linha?

Fica bem patente a falta de coordenação e de liderança da Comissão Europeia que, aquando do estabelecimento destas regras, deveria ter acautelado mecanismos de coacção, e previsto que a unidade europeia sempre tem os seus limites. Infelizmente, mais uma vez se verifica que, enquanto se tratar “apenas” da morte de cidadãos, somos todos solidários e tudo irá bem… se se não mexer muito nos bolsos dos contribuintes que, ao fim e ao cabo, serão os protagonistas nas próximas eleições. Registe-se ainda que não fica nada bem aos governantes de Kiev virem dizer à UE “o que deve ser feito incondicionalmente”, como fez o ministro da Agricultura ucraniano, Mykola Solsky. É que podem passar por pobres e mal agradecidos.


Expresso - 21.04.2023

terça-feira, 18 de abril de 2023

o IVA zero...


 

 ALTO DO MOINHO E CRUZ DE PAU CELEBRARAM A MULTICULTURALIDADE E A PAZ


Tal como O Setubalense anunciou em detalhe na sua edição do passado dia 4, teve lugar no Pavilhão Municipal do Alto do Moino de 12 a 16 deste mês, o 14º Encontro Intercultural Saberes e Sabores, realizado pela Câmara Municipal do Seixal, Junta de Freguesia de Corroios e Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho (CCRAM).

A Comunidade Imigrante do Concelho do Seixal e o Movimento Associativo, celebraram a convivência e a festa, através da gastronomia, música, dança, teatro, desporto, artesanato, poesia e debates.

O evento foi co-financiado pelo Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração e contou com o apoio de vários patrocinadores: Maxmat, Eleclerc, Quinta da Valenciana e Padaria Central de Pinhal de Frades.

Alem dos países de língua oficial portuguesa (PALOP), participaram também Cuba, Venezuela e o Paraguai.

No sábado, o Moto Clube de Corroios, percorreu a freguesia com as bandeiras desses países.

Foi um bom exemplo de tolerância e sã convívio que nos engrandece.

Também no sábado, os núcleos do Seixal e Almada do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), organizaram um almoço no Clube Desportivo e Recreativo da Cruz de Pau.

Vitor Paulo interpretou, com agrado geral, canções de Zeca Afonso. Depois, usou da palavra o Vice-Presidente do CPPC, Rui Garcia, que alertou para o momento muito perigoso que vivemos, cujo principal protagonista são os EUA. Com as suas 800 bases militares por todo mundo, algumas delas, mesmo na Europa, equipadas com armas nucleares, e a sua liderança da NATO que se expande para leste visando a Rússia e a China, colocam em perigo a paz mundial.

A par de outras guerras, como a da Palestina imposta por Israel, Saara Ocidental e as ainda não resolvidas do Iémen, Iraque, Síria, Líbia, temos na Ucrânia, como o orador disse, e não da Ucrânia. Porquê? Porque os principais protagonistas são a Rússia e os EUA. A UE, numa triste vassalagem a estes, é arrastada. Uma guerra que foi fomentada, dura há 9 anos com elevados custos, e a manter-se, pode ter outros, ainda bem piores.

Tudo isto, mais as sanções que os EUA impõem aos países que não se lhe subordinam, é o que Rui Garcia, considera imperialismo.

Mas, uma nova ordem mundial está a emergir. E nem é por motivos ideológicos. Os chamados Brics: China, Rússia, índia, África do Sul e Brasil com outros possíveis membros, é a resposta ao imperialismo norte-americano.

Sobre o 25 de Abril,Interviu também o Presidente da Direção da Associação Conquistas da Revolução e da Assembleia Geral do CPPC, coronel Batista Alves, que o enalteceu e considerou “um acto de paz”.

Chamou a atenção para o muito que já se perdeu, exortou os que comungam os seus ideais, a continuar batendo-se por eles. A Constituição, apesar das sucessivas revisões, considerou, ainda salvaguarda muito dos seus princípios.

Portanto, no concelho do Seixal, celebrou-se a interculturalidade, a democracia e a paz.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"








Lição de coragem e resistência

 

A valentia revelada por essa moça que passou tantas horas perdida no alto mar, agarrando-se à vida com todas as forças, enfrentando a algidez e o medo, é algo que não pode deixar de causar emoção, admiração e respeito; todavia, não deve deixar de ser também um sério aviso a outros aventureiros das pranchas aquáticas, que com o voluntarismo inerente à jovem idade tendem a minimizar os perigos, que são potencialmente maiores se a época balnear ainda não abriu e não podem contar com a prontidão dos meios de salvamento.

 

De qualquer forma, não deixa de me espantar que esta jovem tenha sido salva por acaso, nos limites da resistência física, por um fortuito navio mercante, que podia muito bem tê-la abalroado, passando sem reparar nela; e confunde-me que não tenha sido possível fazer descolar um meio aéreo de busca e salvamento logo que a moça deixou de ser vista, que do ar não seria difícil encontrá-la antes de se afastar muito da costa...

 

Amândio G. Martins

Numa guerra todos perdem

O presidente do Brasil, Lula da Silva, pensa pela sua cabeça e não está enfeudado a quaisquer imperialismos. Seja russo ou americano. Para a invadida Ucrânia pede, e bem, diplomacia, cessar-fogo e Paz! Alguém duvida que os EUA/Nato e a vassalagem da UE estão a estimular a guerra na Ucrânia? Perguntamos: caso o extinto Pacto de Varsóvia, (cuja extinção pressupôs que a Nato não se expandisse à Europa de Leste), tivesse alargado a sua esfera de influência até ao México e ao Canadá, como reagiria a administração norte-americana?... A extrema-direita encapotada, IL, defendeu a não presença de Lula na AR, por «ser um aliado de Putin»(!). Macron, também busca a paz para a Ucrânia e sendo liberal por que razão esta agressiva extrema-direita não se insurgiu? Dois pesos e duas medidas é demagogia barata e ridícula. Facilmente desmascarada. Os interesses multimilionários subjacentes à guerra e seus defensores miseravelmente censuram! Quem preconiza uma solução negociada para pôr fim a uma guerra que pode desaguar num conflito nuclear de proporções catastróficas - jamais imaginadas....É pelo menos... e defensor do Planeta Terra!

segunda-feira, 17 de abril de 2023

 JÁ PENSARAM NISSO, OU AINDA NÃO?


Então divertiram-se muito na praia? E as meninas já começaram a ficar, como diz a Ana Bacalhau, com uma corzinha de verão? Tenham cuidado! Pelo menos as mais branquinhas, se não ficam mas é com uma corzinha de lagosta. E hoje, as que tiverem possibilidade, podem ir outra vez! Não sei se já sabem, hoje ainda vai estar ainda mais calor que ontem. E ele vai continuar. Portanto, podem estar tranquilas que o verão já aí está. Em meados de abril…

Não sei se sabem também, não devem saber… que há quase três meses que não chove. Têm, de vez em quando, caído uns pingos que não chegaram nem para apagar o pó. E sabem que a água faz falta? Bem, pelo menos para beber e para tomarem banho, sabem. Mas ela também faz falta para as alfaces, as couves, as batatas, a fruta, toda a fruta, crescer. Já tinha pensado nisso? Se calhar não. E para as vaquinhas, as ovelhas e as cabrinhas, terem erva para comer e darem leitinho. Também sabiam?

Como acordo cedo, ponho-me a ouvir rádio. De maneira que já ouvi hoje um motorista a dizer que ia de Beringel para Almeria com uma carrada de tangerinas. São três meses, o tempo que dura a campanha, a acartar nelas para lá. Do Alentejo para  Almeria. São milhares de toneladas. Depois, seguem, segundo ele, para a Alemanha e Inglaterra

Sabem como é que elas se criam? Com água do Alqueva. E sabem quem é o dono? Um empresário espanhol.

Portanto, os olivais e amendoais intensivos e a perder de vista, também quase todos dos espanhóis, já eu sabia. Tangerinas, é que não. E o maior problema, não é de quem são. É a quantidade e a forma como são cultivados, com os problemas ambientais que daí advêm, e que agora não vou repetir.

Mas alguém se importa com isso?

O que importa, é o calorzinho, não é verdade?

Até que essas coisinhas que referi, para as quais a água é indispensável, se acabem. Não é verdade?

Depois logo se pensa nisso, não é?

Então, bons mergulhos! E não se cansem a pensar!

Francisco Ramalho


PS- Claro que isto se aplica, sobretudo, a sul do Tejo

"Água do cu lavado"

 

Desde sempre se verificou que, nas relações entre países, os interesses se sobrepõem muitas vezes aos princípios, mas os disparates proferidos por Lula da Silva acerca da guerra que o facínora Putin iniciou e prossegue selvaticamente em território ucraniano, não contribuem para a paz nem abonam nada o seu prestígio; de facto, o voluntarismo com que Lula pede “paciência” para um tal bandido, mesmo que a ideia seja “atapetar” o caminho da próxima viagem a Moscovo,  só pode desconcertar a maioria daqueles que têm da sua figura uma imagem inspiradora.

 

Para o presidente do Brasil aparecer na China com um tal desplante, pretendendo que se passe uma esponja pelos hediondos crimes cometidos pela bandidagem russa na Ucrânia, apelando aos invadidos que se rendam e a quem os ajuda que deixe de ajudar, a única coisa plausível que me ocorre é que os chineses lhe terão dado a beber “água do cu lavado”, que foi um feitiço muito popular nas aldeias do nosso país e terá chegado também à China, pelas seculares relações connosco.

 

Dizia-se noutros tempos – não sei se ainda funciona – quando uma rapariga tinha conseguido um noivo muito invejado por outras, estas acusavam-na de lhe ter dado “água do cu lavado”, percebendo-se ser aquela água com que se lavava por baixo, sobretudo se o rapaz pertencia a uma escalão superior ao da felizarda; ou quando percebiam que uma rapariga andava apaixonada por um rapaz que lhe não correspondia, aconselhavam-na, meio a brincar, meio a sério, que lhe desse a tal água...

 

Amândio G. Martins

 

Algarvia do Mundo - Matéria Publicada no Jornal Mundo Lusíada, São Paulo, Brasil (https://www.mundolusiada.com.br/artigos/algarvia-do-mundo/)

 

Algarvia do Mundo

 

 

“Sou algarvia do mundo

Trago nas veias o sul / Meu sangue tem a cor mourisca

As mãos molhadas de azul / Do mar onde o homem se arrisca

Canto um fado corrido / E bailo com passo mandado

Arade na serra nascido / Meu peito por ele é banhado

Na Ria que chamam Formosa / Os homens cultivam seu pão

Amêndoa de flor tão airosa / Medronhos que caem ao chão

Quadra de Aleixo cantada / Escola de bem marear

Histórias de moura encantada / Na Ponta virada p’ró mar

Terra de gente com brio / Que meu coração faz bater

Fez pesca ao candeio no rio / De fome não sabe morrer

Sou algarvia do mundo / Eu canto com alma e com garra

Pois digo o que vai no fundo / De um povo que à vida se amarra”.

A música “Sou Algarvia do Mundo”, de Rui Eduardo Rocha e Luís Miguel Rebelo, interpretada pela voz autêntica da fadista Raquel Peters, merece um lugar de destaque não apenas pelo poder de evocar memórias, como também pela oportunidade de viver uma experiência por meio do cântico e da composição algarvia. Isso nos permite fechar os olhos, viajar pelo sul lusitano e, assim, vivenciar com a alma uma terra de criação, a sonância que nos conecta com as histórias e geografias de um povo que se amarra à vida.

“Trago nas veias o sul” mostra a forte interação do tema com o lugar, bem como enfatiza a importância da cultura local nas relações afetivas, o que contribui para os não algarvios compreenderem os espaços transformados em destinos turísticos sem, no entanto, mostrarmos que sua gente não perde o amor pela terra, o brilho do olhar pela mourama encantada e pelos medronhos que caem ao chão. De certa maneira, o viver se mantém atrelado às tradições da paisagem, do viver voltado para o mar.

Por sua vez, “Eu canto com alma e com garra” narra o sentimento e o orgulho de pertencer ao lugar, ao salientar que a identificação é essencial para constituir e manter o território. Com os versos da música apresentada, conquistamos maior entendimento da relação do homem com o espaço vivido, isto é, os lugares onde a identidade se manifesta a partir do “mar onde o homem se arrisca” e da observação do Guadiana que corre suave. Dessa maneira, a música transmite as essências do viver sem desperdiçar detalhes de um sul internacional e, ao mesmo tempo, pertencente à literatura de Antônio Aleixo.

Escrever sobre essa composição nos fez caminhar lentamente no tempo e rememorar fatos importantes experienciados em terras algarvias. Entre os sabores que poderiam ser exaltados estão os pescados do mercado de Olhão, o pão da aldeia do Rogil e o pudim de molotof – esse último, inclusive, é facilmente encontrado na Feira de Santa Iria, no Largo de São Francisco em Faro. Sendo assim, na bagagem da memória ficam os momentos festivos, gastronômicos, viajantes e as passagens ilustres marcadas como carimbos no passaporte, as quais são facilmente reativadas.

            Nesse contexto, entendemos que o tema de Rui Rocha e Luís Rebelo se expressa como elo entre as paisagens do sul e sua gente, entre barlaventinos e sotaventinos. Essa linguagem musical coopera com a toponímia regional que é sua marca maior e que comparece como expressão de turismo e bem-viver.

Por fim, esperamos que os leitores deste texto – algarvios, músicos ou turistas (ou não) – se sintam motivados a conhecer e sentir a obra “Sou Algarvia do Mundo”. Com isso, poderão experienciar o Algarve em sua profunda especificidade que enriquece a alma viajante, cujo destino tem sua imagem contemporânea associada aos caminhos de cidades, aldeias, serras e praias carregadas de histórias e culturas.

Referência

FADOSDOFADO.BLOGSPOT. Sou Algarvia do Mundo. Letras de Fados. 2023. Disponível em: https://fadosdofado.blogspot.com/2010/10/sou-algarvia-do-mundo.html. Consulta realizada em 07 de Mar. de 2023.

Fonte da Matéria: https://www.mundolusiada.com.br/artigos/algarvia-do-mundo/

sábado, 15 de abril de 2023

 LULA DÁ VOZ AO BRASIL


Depois da desgraça que foi Bolsonaro, Lula da Silva dá voz ao Brasil. No términus da sua viagem à China, o atual inquilino do palácio do Planalto, envia recados a Biden e à Europa. Ao primeiro, diz que deve deixar de incentivar a guerra. À senhora Von der Leyen, a mulher que adora o cheiro da pólvora e que se comenta ter aspirações a substituir o falcão Stoltenberg, secretário-geral da NATO, que comece a falar de paz. Paz, tão necessária não só à Ucrânia e à Rússia, mas, sobretudo, também à Europa e ao mundo.

Portanto, o Brasil, com Lula ao seu leme, será crucial para o seu povo, para a América Latina e para o mundo, que, com as suas imensas potencialidades, libertando-se das amarras da corrupção e das gritantes assimetrias sociais, emerja na cena internacional com a sua voz progressista e respeitada.

Dilma Rousseff, à frente do criado banco dos BRICS (China, Rússia, Índia, África do Sul e Brasil), será mais um passo nesse sentido.

O que o mundo precisa é de cooperação, preservação e de paz. Não de guerra. Que o Brasil empunhe essas bandeiras.

Francisco Ramalho


Orgulhosamente estúpidos

 

Apesar de só há pouco ter entrado a primavera, toda a parte Sul de Espanha e a orla mediterrânica se mantiveram em seca severa desde o ano passado, como de resto o  Sul de Portugal também, não tendo o inverno acrescentado nada que se visse às suas escassas reservas de água, e a Andaluzia é uma dessas regiões castigadas; todavia, para a Direita PP que governa esta marcante região espanhola, a calamidade não a impediu de fazer, com o apoio de Vox, uma lei autonómica que permite aos proprietários agrícolas que operam ao redor do Parque Natural Doñana legalizar as crescentes captações furtivas de água, pondo em perigo aquela importante Reserva Natural.

 

Como estão em campanha eleitoral, vale tudo para agradar a ganadeiros e exploradores de estufas, cuja carne e produção de hortícolas é maioritariamente exportada pela Europa fora; aos alertas do Governo central, avisando que não podem ser legalizados mais regadios, sob pena de sofrerem penalizações nos fundos vindos da União Europeia, além de boicote às exportações daquela região, os da Direita, como habituais negacionistas das alterações climáticas, que garantem não serem de agora, sempre terem existido desde que se formou a Terra, tomaram a iniciativa de ir a Bruxelas procurar apoio às suas decisões e acusar o Governo central de Espanha de mentiras...

 

Amândio G. Martins

 

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Que povinho...

 

A “pandemia” de mortes nas nossas estradas teve um agravamento, nos dias de  Páscoa, cinco vezes superior ao ano passado, demonstrando níveis de indisciplina no cumprimento das regras de trânsito que nos colocam num lugar pouco invejável; de facto, o relatório dos que foram fiscalizados pela GNR enumera centenas de condutores que viajavam sem o cinto de segurança, centenas bebidos -  ia dizer bêbados – e detidos, centenas detidos por excesso de velocidade, centenas sem carta de condução, centenas sem seguro, centenas a telefonar enquanto conduziam e mais de mil sem a inspecção obrigatória.

 

A mim não me surpreenderam nada estes números porque, mesmo já só conduzindo  cerca de quinze quilómetros por dia, não há dia nenhum que não veja gente a telefonar ao volante e incumprindo largamente os limites de velocidade estabelecidos nas mais diversas vias; e como no período de tempo reportado, as autoridades rodoviárias “só” interceptaram cerca de cinquenta e nove mil condutores, imagine-se, por esta amostra,  qual seria o panorama se fosse possível fiscalizar de surpresa todos os que, pouco ou muito, conduzem automóveis pelas nossas estradas...

 

Amândio G. Martins

quarta-feira, 12 de abril de 2023

CHUPA-ME A LÍNGUA


O que a imagem me sugere, passa-se numa enfermaria.
Todos os acompanhantes estão com máscara, excepto os dois protagonistas.
O Dalai Lama substitui-se à vacina da Moderna. Ou da Pfeizer , sei lá... basta uma chupadela na língua de Sua Santidade, e já está! Não há vírus "caguente"...
Este putanheiro nunca me enganou...

Nota: peço desculpa pelo incómodo que o palavreado possa causar a algum colega.



José Valdigem

Perpectuar desigualdade

 

DO MITO DE PROCUSTES

 

Parte da violência nas escolas

É gerada no sistema de ensino

Que exige o mesmo a todo o menino

Quer seja rico ou viva de esmolas.

 

Daí que potencie os mariolas

A quem espera o mais negro destino

Pelo mau mas acessível caminho

Sempre avessos a todas as bitolas.

 

Quase como no leito de Procustes

Que para corrigir os desajustes

Cortava ou esticava o necessário;

 

Perante a desigual inteligência

Não querer entender a grande diferença

Só mesmo um sistema deficitário...

 

Amândio G. Martins

terça-feira, 11 de abril de 2023

 A LISBOA EXÓTICA E DAS MAIS DESVAIRADAS GENTES


Por solidariedade, mas também, obviamente, porque me interessa estar o mais bem informado possível, fui à manifestação pelo Direito à Habitação de dia 1, em Lisboa.

Tratou-se de uma grade manifestação que saiu da Alameda D Afonso Henriques e percorreu a Av. Almirante Reis, até ao Martim Moniz. Não presenciei os desacatos que noticiaram. O que constatei, foi muita revolta, muita gente indignada, entoando palavras de ordem como esta: “Tanta gente sem casa, tanta casa sem gente”. Mas, ordeiramente.

Ao passar junto do Intendente, como há muito, ali não ia, saí e fui observar. Quase nada tem a ver como nos meus tempos de marujo, em que com os meus camaradas de vida airada, fazia parte do roteiro; Cais do Sodré, Bairro Alto, Intendente. Já lá vai o tempo do Intendente dos bares, das pensões esconsas, das rixas e das prostitutas. Hoje, quem ali mora e faz a sua vida, é gente vinda da Índia, do Bangladesh, do Paquistão, do Nepal, do Sri Lanka (antiga Ceilão do tempo em que por lá andaram os nossos antepassados, demandando as sete partidas do mundo).

Os estabelecimentos comerciais de quase toda a zona do Martim Moniz, nomeadamente da Rua do Benformoso, são dessa gente. E o português, quase não se fala ali. Também não é necessário, porque a clientela lusa, é quase inexistente. Apercebi-me mesmo, que até muitos daqueles comerciantes, quase não o falam. Até mais abaixo, na rua Barros Queirós, é quase a mesma coisa.

Chegados ao Largo de S. Domingos, esse local tão histórico e típico de Lisboa, com a célebre ginjinha em cuja taberna se pode ler esta saborosa quadra: “ É mais fácil com uma mão/Dez estrelas agarrar/ Fazer o sol esfriar/Reduzir o mundo a grude/ Mas ginja com tal virtude/É difícil de encontrar. Foi ali, na igreja com o mesmo nome do largo, que no dia 19 de abril de 1506, se iniciou uma das páginas mais negras da história da cidade. Por intolerância e fanatismo religioso, foram perseguidos e mortos milhares de judeus. Atualmente, o ambiente é pacífico e local de grande convivência. Também ali se pode constatar uma herança da nossa história colonial. De povo que deu novos mundos ao mundo. Todas as tardes e fins-de-semana, ali se reúnem em convívio, não asiáticos como no intendente, mas africanos. Sobretudo da Guiné. Mas também alguns cabo-verdianos e senegaleses e se comercializa, para matarem saudades, iguarias dos seus países.

Portanto, tudo isto, é fruto da nossa história. Restos do nosso império que tornam a nossa capital ainda uma cidade tão diversificada, exótica e desde há muito, também tolerante.

Em plena rua do Benformoso, encontrei um casal de irlandeses de máquina fotográfica a tiracolo e completamente extasiados. Para tentarem entender o que viam, e talvez por me acharem mais parecido com eles, meteram conversa comigo. E com o meu inglês sofrível e ainda mais com o português deles, foi isso que, confesso, com algum orgulho, lhes expliquei. Depois, levei-os à ginjinha, agradeceram-me muito, e adoraram.

Francisco Ramalho

Publicado hoje no jornal "O Setubalense"


De cortar à faca

 

A violência nas escolas, dos alunos contra professores, contra auxiliares e contra os colegas tem aumentado assustadoramente; de facto, segundo se pode ler no JN, só na área da GNR registou-se um aumento de 243%  no último ano, e isto parece-me algo completamente intolerável, seja qual for o ângulo de análise, porque não há como ser compreensivo com miudos armados no meio escolar criando, literalmente, um ambiente de “cortar à faca”.

 

Nunca fui de bater nos filhos, como era normal na educação doutros tempos, mas o excesso de mimos com que hoje a miudagem é tratada, dando-lhes tudo que pedem - que digo eu, que “exigem”, que já nem pedem, e se não for logo satisfeita a sua vontadinha desatam num berreiro de fazer tremer a casa - não está a mostrar-se boa coisa .

 

Tenho um neto com três anos que faz dos pais o que quer, e quando eu lhes digo que, por esse caminho, não tardará muito para lhes bater, eles riem-se; o rapaz está desenvolvido, expressa-se muito bem, sabendo dizer à mãe quando tem cocó na fralda, mas não é instruído a dizer-lhes quando tem vontade, para o levarem ao local próprio para se aliviar, que já não devia andar de fraldas; mas os pais dizem que, segundo o pediatra, há-de ser ele a dizer que já não quer aquilo, que se forem os pais a tomar essa iniciativa pode ficar traumatizado.

 

Um dia destes, zapeando pelas televisões à procura dalguma coisa de interesse, diverti-me um bocado no canal espanhol NEOX, cuja programação é toda ela virada para a diversão, com aqueles famosos desenhos animados da série “SIMPSONS”. Reproduzia-se uma ruidosa manifestação de grande número de crianças, para a qual alguém chamou a polícia; chegaram espalhafatosamente duas viaturas, saíram vários agentes mal encarados, de mão no “chanfalho”, e o chefe recomendou-lhes: “No vos olvideis que son niños, sacade porras pequeñas”. Portanto, não era por serem pequenos que não “comiam”, só que à medida deles, claro...

 

Amândio G. Martins

 

 

TAPam-nos os olhos

A TAP tem provocado cenas degradantes. O comportamento político do executivo, como detentor de todo o capital da empresa, deixa sérias incorrecções: a trapalhada da viagem do PR; a reunião da CEO com deputados do PS para preparar a sua audição no Parlamento; a indemnização milionária a Alexandra Reis; a própria presidente da TAP ajustando com escritórios de advogados pagos a peso de ouro! E por aí adiante... A TAP foi drenada de recursos na gestão privada, tendo, entre outras situações, assinado um contrato para prestação de serviços, no valor de 4,6 milhões de euros - não se sabendo quais...! Há um problema muito sério na gestão da companhia, sendo preciso mudar de agulha, para que fique na esfera pública, com competência. A Comissão de Inquérito deve esmiuçar o negócio ruinoso, que, Sérgio Monteiro, o secretário dos Transportes, de Passos Coelho fez na altura. Há uma enorme contradição, que este executivo vai concretizar na reprivatização da TAP, depois de nos sangrar (erário público), em 3.200 milhões de euros, para desTAPar a coisa pública limpando-a para a vender a preço de saldo... A CEO exige um prémio de milhões de euros, à custa, sobretudo, de ter reduzido salários e despedido 2500 trabalhadores! Curiosamente, ela ganhando um ordenado chorudo nunca o reduziu, mas cortou nos vencimentos em quem punha e põe os aviões no ar.

domingo, 9 de abril de 2023

A greve é uma festa


Quando Manuel Carvalho (M.C.), no seu editorial, publicado na Sexta-Feira Santa, pergunta “por que razão temos estas greves intermináveis?”, imaginei, na minha proverbial ingenuidade, que indicasse, de forma algo salomónica, a teimosia dos grevistas, mas também a dos poderes contra quem são instauradas, uma vez que ambas as partes, por norma, têm exibido grande irredutibilidade nas posições assumidas. Cedo verifiquei que estava enganado, porque, para M.C., tudo se resume à “chico-espertice” dos sindicatos que, pasme-se!, procuram facilitar a vida dos seus membros. É tudo uma questão de preço, e as greves multiplicam-se porque são demasiadamente baratas para quem as faz. Houvesse (mais) prejuízos associados, e o “mal” seria cortado pela raiz, o que só não acontece porque “o poder político [continua a] encolher os ombros”. Não quero crer, mas parece que M.C. confere completa irrelevância à degradação da vida dos trabalhadores portugueses. Talvez fosse bom, dentro da sua lógica “contabilística”, fazer umas contas, e confirmar, no seu “balanço”, se os grevistas têm “margem de lucro” suficiente nos rendimentos para, em cima do agravamento quotidiano do custo de vida, suportarem mais “alcavalas” no exercício de direitos básicos. 


Público - 09.04.203 (truncado da parte sublinhada).


sábado, 8 de abril de 2023

 REBALDARIA Q. B.


A crónica de hoje, do diretor Pedro Ivo Carvalho, na segunda página do JN, com o título "Pouco céu e pouca terra", é de leitura obrigatória.

Por favor, não percam. Está lá tudo. Apenas, e só: NOTÁVEL...


José Valdigem

As duas facções do inquérito à TAP


Agora tanto da parte dos inquiridores como dos inquiridos temos uma facção a atacar o governo e outra a defendê-lo.
Aliás, nas comissões de inquérito os objectivos são sempre esses e verdade pouco interessa.
Até na simples administração dum condomínio os actos relevantes não são pelo administrador de serviço, mas sim pelos condóminos e ficam registados em acta,acta essa que até pode servir de prova em tribunal se o administrador mijar fora do penico.
A meu ver por  aquilo que estamos a assistir o que aquelas senhoras disserem só tem alguma credibilidade se for sustentada por documento escrito ou gravado.
Ora sendo a TAP uma companhia um pouco maior ! ... que um condomínio certamente haverá registos até da famosa compra de aviões que Pires de Lima desconhece.
Por isso Srs. deputados se realmente querem saber a verdade mandem o ministério público aos escritórios da TAP e que mergulhem pelo menos até 1974 ENTENDIDO ?
Quintino Silva

Gregarismo

 

REBELDIA

 

Queremos tanto a independência

Mas nunca ninguém é independente

Todos dependemos de toda a gente

Saibamos ter disso a consciência.

 

E por grande que seja a persistência

Na procura de não ser dependente

Bem depressa o rebelde se arrepende

Consigo próprio já sem paciência.

 

Podendo desfrutar momentos assim

Quando já não se suporta o frenesim

Não podemos deixar de ser gregários

 

E quando nos invade a nostalgia

Do tempo sem nenhuma companhia

São só momentos extraordinários...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

terça-feira, 4 de abril de 2023

EXIGE-SE A FIXAÇÃO DE PREÇOS


Sem o controlo e fixação de preços o anunciado IVA zero pode passar a ser mais um fiasco do governo/PS.

A fixação de preços máximos para serem praticados em todo o comércio, com base em custos reais e sem especulação, pelo menos para os 44 produtos alimentares que foram indicados para aplicar o IVA zero, era a forma mais clara e transparente para consumidores e comerciantes lidarem com o badalado ataque à inflação e ao aumento brutal do custo de vida que está a provocar.

Dá a ideia que o acordo de cavalheiros do governo/PS é só com a grande distribuição, quando o universo comercial de venda de alimentos é imenso e diverso.

Com preços máximos fixados o consumidor saberia que não era obrigado a pagar mais, o comércio não estava impedido de concorrência com preços mais baixos e, eventualmente, perante situação em que o preço máximo não permitisse a margem de ganho razoável, o comerciante contactaria as entidades fiscalizadoras, justificando porque tinha que praticar preço superior.

O governo/PS irá entregar a fiscalização do preço dos alimentos a empresas, pagando 230 mil euros. Talvez se justificasse o reforço da ASAE em número de profissionais e meios, que permitisse mais eficácia na sua acção.

 FALEMOS DO TEMPO


Quando o tempo era certinho, quando as estações do ano eram bem demarcadas, pouco havia a falar dele. Era assunto para quem não tinha mesmo outro. Ou seja, falava-se do tempo para não se ficar calado. Agora não é assim. Embora muita gente continue a não lhe ligar importância, só se preocupando mesmo quando chove, ou quando os preços dos alimentos, sobretudo dos produtos hortícolas, disparam. Mas, com as alterações climáticas, para quem é minimamente consciente e responsável, tornou-se um problema bastante sério. A par dessa loucura que é a guerra e que o agrava, o mais sério e preocupante da atualidade e do futuro.

Já repararam que depois das fortes chuvadas de fins de dezembro e janeiro, que até provocaram inundações, nunca mais choveu coisa que se visse? Pelo menos aqui na Margem Sul e, creio, mais ou menos, em todo o Alentejo e Algarve. Têm caído apenas, como se diz na minha terra, uns borrifos. Portanto, em pleno inverno, quase dois meses sem chover a sério e a seca continua agora já primavera adentro com temperaturas a rondar os 30 graus e a previsão de chuva, é zero.

Tenho um pequeno quintal, semeei três quilos de batatas, estão muito bonitas porque as tenho regado. Se não, nem sequer tinham nascido. Sou filho e neto de agricultores alentejanos, nunca o meu pai e os meus avôs regaram batatas e raramente não tiveram bons batatais.

A grande maioria das barragens a sul do Tejo, estão abaixo de 50% do seu nível máximo. Portanto, se abril não for de águas mil e se em maio não vierem as antigas tradicionais trovoadas como nos últimos anos não têm vindo, imaginem a gravidade da situação.

Finalmente, o Governo anunciou agora no Dia Mundial da Água, que vai ser construida uma central de dessalinização na costa algarvia. Porque não, também já outras na costa alentejana?

Face à cada vez menor pluviosidade, sobretudo no sul do país, é imperioso que se tomem medidas. Que se reduzam progressivamente as plantações intensivas e superintensivas e nem mais um único hectare delas. Além de consumirem imensa água, esgotam e alteram os solos as doses industriais de pesticidas e fertilizantes que lhe são aplicadas para produzirem ao máximo. Destroem ecossistemas e respetivas flora e fauna autóctones.

E o problema é muito mais geral; todo o Mediterrâneo. Na Tunísia, já há fortes restrições ao consumo de água. Em África, como no Quénia, dito por quem de lá veio há dias e ouvi na Antena1, populações e a sua tão rica fauna, estão a ser fustigados com a seca.

Mas os senhores da guerra, estão-se borrifando para a tão necessária proteção ambiental. Depois de destruírem o Iraque (fez agora vinte anos que foi invadido com base numa mentira causando centenas de milhar de vítimas;mortos, feridos, torturados e desalojados), a Líbia, a Síria, o Afeganistão e de retalharem a Jugoslávia, viraram-se para a Europa, e em vez de finalmente procurarem a paz, são armas e mais armas. Os interesses económicos e estratégicos, falam mais alto que a vida dos povos e do planeta.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"