segunda-feira, 16 de setembro de 2024

domingo, 15 de setembro de 2024

A Lei da Eutanásia está encalhada - engavetada

Portugal, durante mais de uma década discutiu amplamente se devia ou não haver morte medicamente assistida. Porque será que, nós, no nosso ainda perfeito juízo, não podemos ser donos do nosso corpo? A Assembleia da República aprovou aquela Lei, por cinco vezes! Entrementes, o beato presidente da República, também, colado à posição da hierarquia da igreja católica contra a Lei, vetou-a duas vezes. Solicitaram o Tribunal Constitucional a pronunciar-se. Tudo isto não foi despiciendo... A Lei da Eutanásia foi rectificada, reescrita, 'depurada' e, ficando «mutilada e asséptica», mesmo assim não foi nem é, agora, regulamentada. Se os falsos socialistas têm culpa, esta gente que governa, afina pelo mesmo diapasão. Uma decisão do Parlamento, várias vezes reiterada, em votação favorável à Lei e continuar na gaveta é uma afronta aos Direitos Humanos, às pessoas em agónico e irreversível sofrimento e ao próprio regime dito democrático. Aqui, a retrógrada voz da igreja católica tem enorme influência. Portugal é um Estado laico, clamam as autoridades. Não nos façam de amorfos, ignorantes e estúpidos!

Da ridícula patrioteirice

 

Ter dado a Nuno Melo um lugar de ministro, qualquer que fosse a pasta, só podia dar asneira, mas como o acordo de coligação contemplava este prémio, quando chegava bem dar ao CDS a possibilidade de voltar ao Parlamento, aí o temos, sempre pronto para o disparate, agora com Olivença, como antes querendo substituír pelo serviço militar as dívidas que alguns jovens tivessem com a justiça.

 

Não consta que haja em Olivença sonantes manifestações contra o reino de Espanha, com a população a queixar-se de opressão e a exigir a soberania portuguesa, mas umas quantas alminhas já costumeiras insistem em querer criar com Espanha um diferendo que nem Salazar, que comungava com Franco da mesma ideologia fascista, alguma vez lhe passou pela cabeça levantar porque, ontem como hoje, há problemas mais importantes para resolver do que criar com os vizinhos um ambiente hostil.

 

Mas é típico do tipo de “estadistas” como este ministro que, incapazes de fazer algo que mereça atenção positiva, disfarçam com muita conversa e cortinas de fumo, tentando distraír as pessoas do que realmente interessa; de facto, há muito que o Direito internacional reconheceu a Portugal a soberania sobre Olivença, mas como Espanha não cumpriu, e os governantes portugueses, dos mais variados quadrantes e ao longo dos tempos, têm tido mais com que se preocupar, até porque às populações, dum lado e do outro, tanto lhes faz, deixem aos patrioteiros o seu ridículo e parem de criar problemas onde não existem...

 

Amândio G. Martins

sábado, 14 de setembro de 2024

Vão refinando no cinismo

 

 CLARO/ESCURO

 

A Direita protege os poderosos

Por ser por eles bem financiada

Que nada dando a troco de nada

Querem ter recompensa nos negócios...

 

Tão evidentes são os propósitos

Que espanta ver tanta gente enganada

Porque sendo sempre prejudicada

Definha sem saber o que são ócios.

 

Porque dos fracos pouco reza a história

Os poderosos olham como escória

Aqueles que ainda lhes fazem vénias;

 

Intermediados pelos maiorais

Os exploradores exigem sempre mais

Perpetuando o seu tempo de férias...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

 

NUMA MÃO A CRUZ, NA OUTRA A ESPADA


“Arzila, 21 de Agosto de 1471


O dia amanheceu ventoso, com vagas violentas de oeste que arrastavam as embarcações para os recifes. Esta situação frustrava o plano; no entanto, era necessário desembarcar quanto antes, pois de outra forma, Arzila receberia reforços.

(…) Arzila era uma praça rica, local de chegada do ouro do Mali, daí a perspetiva de uma conquista vantajosa. (…) Por entre recifes e vagas alteradas, conseguiram chegar a terra, saltando de forma ágil. De seguida, foram dadas ordens para levantar acampamento e colocar as primeiras bombardas, protegidas com trincheiras, bastilhas e outros artifícios de fortificação ligeira. Ainda nesse dia, o fogo das bombardas derrubou dois lanços de muralhas.

No dia seguinte, avaliando o poderio português, a alcaide de Arzila mandou içar o sinal de rendição nas muralhas. As tropas de Dom Afonso V, querendo derramar o sangue infiel e perpetrar o saque, anteciparam-se às negociações com os mouros, tratando de encostar as escadas às muralhas e aproveitando as brechas abertas na véspera. Desprevenidos e aterrados, os mouros abandonaram as muralhas, refugiando-se no castelo e na mesquita. A luta dava-se em cada rua, em cada travessa, em pequenas emboscadas ou quando os mouros ficavam encurralados; os mouros lutavam valorosamente. Houve pesadas baixas para os dois lados da contenda e, inevitavelmente, o massacre de bastantes inocentes.

(…) Os gritos lancinantes dos flagelados pelas espadas dos conquistadores encheram as ruas de Arzila; mulheres e crianças horrorizadas gemiam, encolhidas pelos cantos. Lopo Barriga corria num grupo de soldados e cavaleiros, chefiados pelo seu mestre, que do alto do alazão, de crinas esvoaçando ao vento, sangrava os destemidos sarracenos. De pendão em punho na esquerda e azagaia na direita, Lopo protegia, com valentia, a ilharga do cavalo. O grupo abria caminho no meio de uma chusma de infiéis, transformados, num ápice, num amontoado de corpos ensanguentados, implorando misericórdia. Os cristãos esqueciam as premissas da sua identidade religiosa, destruindo tudo à sua passagem.”

In EM NOME D`EL REY

Autor, Luís Barriga

Editora, Clube do Autor


Nota- Agora que a direita mais extrema trauliteira e demagógica, demonstra ainda mais aversão aos imigrantes para manipular incautos e colher dividendos, convém lembrar o que andámos a fazer durante tanto tempo nos países de tantos deles.

Francisco Ramalho







quinta-feira, 12 de setembro de 2024

nos 100 anos de AMÍLCAR CABRAL

 


Amílcar Cabral nasceu a 12 de Setembro de 1924, em Bafatá, na Guiné. Foi assassinado em 20 de Janeiro de 1973, em Conakry, uma década depois do início da luta armada, por agentes do colonialismo fascista português. Amílcar Cabral era filho de cabo-verdianos, tendo concluído os seus estudos liceais em Cabo Verde, iniciou a sua vida em Portugal em 1945 e formou-se como engenheiro agrónomo, no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. Desenvolve actividade cultural e política ligada à luta antifascista e anticolonialista com outros estudantes originários das colónias, como Agostinho Neto, Lúcio Lara, Marcelino dos Santos, Vasco Cabral, entre outros.

Amílcar Cabral foi um dirigente revolucionário da luta de libertação nacional dos povos guineense e cabo-verdiano, tendo sido fundador, em 1956, e principal dirigente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que em Setembro de 1973, já depois da morte de Amílcar Cabral, proclamou a independência da Guiné-Bissau.

Amílcar Cabral no que nos deixou escrito, além da denúncia do colonialismo e do fascismo português foca a sua inabalável vontade de lutar, como neste texto: «Eu jurei a mim mesmo que tenho que dar toda a minha vida, toda a minha energia, toda a minha coragem, toda a capacidade que posso ter como homem, até ao dia em que morrer, ao serviço do meu povo, na Guiné e Cabo Verde. Ao serviço da causa da humanidade, para dar a minha contribuição, na medida do possível, para a vida do homem se tornar melhor no mundo. Este é que é o meu trabalho».

Das fraquezas humanas

 

“FUROR SCRIBENDI”

 

Quem sabe se incentivado por querer

Deixar vaga lembrança neste mundo

Mais apaziguador que furibundo

Ocupa na escrita o tempo de lazer.

 

Nada relevante podendo dizer

Também nada ficará de profundo

Mesmo dispensando cada segundo

Pensando a melhor maneira de o fazer...

 

Como tudo começa do princípio

Use cada um do seu livre arbítrio

Assumindo o bom e mau do que fizer;

 

O que sente a responsabilidade

Atende às regras que a urbanidade

Recomenda para nunca se exceder...

 

Amândio G. Martins

terça-feira, 10 de setembro de 2024

 

A TAP E O RESTANTE ESSENCIAL


A TAP podia e devia ser o rosto de Portugal no mundo. E uma empresa pública de importância estratégica para a economia nacional. Mas não é. Não é, exatamente devido às suas potencialidades. Por isso, os grandes empórios da sua área, a Air France, a KLM ou a Lufthansa, lambem os beiços sempre que o governo PSD ou PS, anunciam a sua privatização. A última, feita à pressa pelo governo laranja com Passos Coelho ao leme, Miguel Pinto Luz (MPL) como secretário de Estado das Infraestruturas e Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, até foi feita, comprada, com o dinheiro da própria empresa. É o relatório da Inspeção Geral de Finanças que o diz.

Depois, o Governo/PS com António Costa a liderar e João Galamba com o mesmo cargo que MPL, voltaram a nacionalizá-la. Mas, nunca o esconderam, para a preparar melhor, para render mais, com vista à sua privatização. E é isso que Luís Montenegro e o seu Executivo preparam de novo. Aliás, como fizeram, os dois partidos alternantes no Governo, a outras importantes empresas. Como por exemplo, a EDP, a GALP, a Cimpor ou os CTT. Depois dizem que o Estado não tem dinheiro. Pudera!

Portanto, sem o que deveria ser a sua principal fonte de receitas, o seu património, as grandes empresas, resta-lhes esvaziar os já depauperados bolsos da grande maioria dos contribuintes, com impostos. E como os poupam às grandes empresas, aos grupos económicos, depois dizem que não há dinheiro para pagar decentemente aos funcionários públicos, aos professores ou ao pessoal da Saúde. médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar. Mais uma vez, quem perde é a maioria dos contribuintes. Ou seja, o povo. E o país não se desenvolve e mantém as imorais assimetrias sociais. E para beneficiarem os que já mais têm, o capital, castigam o povo até no mais importante: o seu bem estar, a saúde. Não é nesse sentido as medidas que foram agora anunciadas pela ministra da Saúde?

Três meses após aprovarem o Plano de Emergência e Transformação na Saúde, o que é que deu? Não sabemos todos? E, especialmente, todas? Quantas não passaram já pela angústia de terem de parir em ambulâncias, ou ver serviços de neonatologia fechados ou a funcionarem a meio gás.

Estes serviços, e tantos outros! E as filas para se conseguir uma consulta? Principalmente de especialidade. E os hospitais que não se constroem, como no Seixal, onde autarcas e populações andam há décadas a lutar e a reclamar. Com o aumento da população, com o hospital mais próximo, o Garcia de Orta em Almada, a rebentar pelas costuras e o povo a aguentar

Perante este quadro necessariamente bastante incompleto, que fez agora o Governo da AD? Resolver os problemas do Serviço Nacional de Saúde aumentando substancialmente o seu orçamento? Antes pelo contrário! As vinte unidades de Saúde Familiar Modelo C, entregues aos setores privado e social, são mais uma machadada no SNS. Este sim, como está provado à saciedade, é que é a melhor e mais justa solução para a saúde de todos os portugueses.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE


segunda-feira, 9 de setembro de 2024

YAYOI KUSAMA



Yayoi Kusama é uma artista plástica e também escritora japonesa, nascida a 22 de Março de 1929, em Matsumoto, considerada uma das mais originais e importantes do seu país. Seu trabalho é uma mistura de diversas artes, com modernismo, preocupações ambientais e tendo uma característica que é a utilização quase sempre de bolas e pontos. É uma visão vanguardista, a carreira de Kusama desde os seus primeiros desenhos feitos na adolescência e durante a segunda guerra mundial, e nos 70 anos seguintes.

YAYOI KUSAMA: 1945 – HOJE, é uma exposição concebida e organizada pelo M+, de Hong Kong com a colaboração da Fundação de Serralves e o Museu Guggenhein de Bilbau. São cerca de 160 obras. A exposição está patente em Serralves até ao próximo dia 29 de Setembro.



domingo, 8 de setembro de 2024

Está em marcha um SNS para indigentes!

Os grupos privados de saúde - do negócio da doença, estão em alta e de parabéns, pois o Plano de Emergência e Transformação da Saúde (título de verborreia palavrosa), continua a contemplar a mercantilização da saúde. A saúde não deve nem pode ser objecto de negócio, jamais! A medíocre ministra da Saúde, apresentou aquele plano sem referir o total caos em que o SNS está mergulhado, já com alguma quota parte de culpa. Até, pasme-se, responsabilizou gerências hospitalares, na valência de obstetrícia, pelas urgências fechadas(!). A senhora ministra está psicologicamente bem? O financiamento aos grupos económicos do negócio da saúde será fortalecido por cada ecografia obstétrica. Não se dá condições ao SNS de as fazerem mas sim, sangrar o orçamento do SNS, para favorecer mais ainda os privados. Isto é abominável. No entender da ministra da Saúde, está tudo a correr conforme foi planeado (o seu desmantelamento, dizemos nós), e adiantou: o programa SNS Grávida foi um «sucesso»(!). A mentira, a hipocrisia, o cinismo e o querer fazer de nós, sobretudo das senhoras grávidas e das mães, gente acrítica e lorpas - é inqualificável! Com esta gente no SNS, falta quase tudo excepto vontade de o afundar ainda mais. A ministra da Saúde (privada), implementa unidades de saúde familiar, que vai dar mais dinheiro ao sector privado e social, do que pagaria ao SNS. Haja dinheiro... Não nos engane, não tenha covardia e diga: O SNS será só para indigentes!

 

A FESTA DA OPOSIÇÃO


Termina logo à noite a Festa do Avante! Que é como quem diz, a Festa da Oposição. A oposição que deve ser o futuro. O futuro não é o capitalismo. Seja ele gerido pelo PS, pelo PSD, pelo CDS ou pelas novas ramificações da direita ou da extrema direita. O resultado disso, está à vista. Uns, poucos, de pança cheia, outros assim assim, e a maioria sempre a contar os tostões e fazer contas à vida.

Termina hoje a Festa feita de maneira que nem todos os partidos juntos conseguem fazer. De longe, a maior e mais diversificada festa do país. No plano artístico e no plano geográfico/cultural/gastronómico. Está ali presente Portugal inteiro. Do Minho aos Açores e à Madeira. Milhares de militantes do PCP, amigos e simpatizantes, erguem-na, asseguram o seu funcionamento e desmontam-na.

É esta forte determinação em conjunto com outros democratas que será o futuro.

E como dizia O nosso grande Camões (lá bem representado) sobre o futuro que só pode ser melhor que o passado: “ Todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades...”

Francisco Ramalho


Por água abaixo

 

POESIA

 

Tudo à volta nos dá poesia

Mas raros são bafejados por ela

De que deverão ser a sentinela

Porque ela os elegeu para a magia.

 

Nas prioridades do dia a dia

Para haver o que meter na panela

É importante haver uma parcela

Para se ganhar mais sabedoria.

 

É difícil o que parece fácil

E o que se julga ser muito hábil

Desilude-se a querê-lo demonstrar;

 

E há-de a desilusão ser imensa

Quando o que é muito pior do que pensa

Percebe que nada vai realizar...

 

Amândio G. Martins

 

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

"Carapaus de corrida"

 

BIPOLARIDADE

 

Propendo a dar-me bem com toda a gente

Mas não sei como entender a bipolar

Que umas vezes saúda alegremente

Logo depois deixa de cumprimentar...

 

E quando alguém assim me surpreende

Se é doença só me resta lamentar

Se mania de burro/inteligente

Que mude essa forma de se comportar.

 

A quem não respeita o seu semelhante

Abusando com grotesco desplante

Não se lhe deverá fazer o mesmo;

 

Porque quem tem educação que baste

Deve fazer valer esse contraste

Perante quem brinca a fingir-se enfermo...

 

Amândio G. Martins

Restrições, contradições e regressões



Não tenho os pergaminhos necessários, e ainda menos os suficientes, para argumentar, no seu campo predilecto, com o senhor professor doutor Aníbal Cavaco Silva, a propósito do texto que publicou no PÚBLICO da passada quinta-feira sobre a “restrição orçamental”. Mas ser-me-á permitida uma dúvida que me conduz às perguntas seguintes: se é legítimo afastar liminarmente o argumento de que “as portagens são um factor determinante do investimento no interior do país e que daí resultará mais crescimento económico no futuro”, é igualmente legítimo afastar a ideia de que a descida do IRC poderá ser um factor com efeitos semelhantes na economia? É que este parece ser o argumento fundamental dos defensores dessa medida, designadamente entre os habituais correligionários do senhor professor. Por que razões não havemos de concluir que, da mesma maneira que “a eliminação das portagens é uma medida regressiva”, a baixa da taxa de IRC não é também regressiva, uma vez que parece óbvio que os “grupos ganhadores directos” são as grandes empresas?

O “senhor Silva” (a designação não é minha, foi “inventada” há uns bons anos por Alberto João Jardim), definitivamente, não me convence.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Na grande cidade

 

 

 

 

 

 

 GRATA RECORDAÇÃO

 

Construíam então a grande ponte

Para ligar Lisboa ao outro lado

Que só soube depois de ter chegado

Como tudo o mais que foi importante.

 

Só depois de chegar vi o bastante

Para saber que crescia afastado

Daquele outro país mais avançado

Que comparado era exuberante.

 

Das melhores recordações desse tempo

Lembro o que foi o meu empenhamento

Para ser esclarecida pessoa;

 

Se nem tudo o que quis foi conseguido

Ainda assim muito agradecido

Por quanto pude crescer em Lisboa...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Predadores do interesse nacional

 

Sabia-se que a privatização da TAP, concretizada no estertor do governo de Coelho & Portas, tinha atropelado todas as regras, desde logo porque esse governo já não tinha legitimidade democrática para fazê-lo, por tê-la visto chumbada no Parlamento, não podendo tomar decisões daquela envergadura; todavia, fizeram-no com todo o descaramento que os caracteriza, descaramento agora reafirmado pelos principais protagonistas daquele rombo, para a companhia aérea e para o país, a ex-ministra a quem é oferecido um lugar dourado na Comissão Europeia, e o seu ex-Secretário de Estado, agora ministro, com poder para decidir novamente enterrar a nossa companhia de bandeira.

 

De facto, no relatório agora divulgado, diz-se que a TAP foi comprada com o seu próprio dinheiro, por uma parelha de empresários, um português e outro americano-brasileiro, que, sabia-se, naquele negócio tinham pouco ou nada que os recomendasse, para lá de serem muito bons no aproveitamento de negociatas como a que se lhes oferecia; e a dupla de génios que concretizou a falcatrua nem pode argumentar, como fizeram com os Correios, que tinha sido uma exigência da famigerada “troika”...

 

Amândio G. Martins

A anedota serve-se fria



Em 2015, de “pé na tábua”, que o tempo fugia, o Governo de Passos Coelho privatizou 51 por cento da TAP, em venda ao consórcio Atlantic Gateway, com grande protagonismo de Miguel Pinto Luz (M.P.L.), secretário de Estado das Infraestruturas, e de Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças. Quase oito anos depois, em Maio de 2023, pudemos todos ouvir da boca de M.P.L. elogios em boca própria (diz o povo que são vitupérios), reclamando para aquela privatização as honras de ter dado ao país a “maior TAP de sempre e, provavelmente, a melhor TAP de sempre”. É de admirar (?) que tivesse passado à frente sem qualquer referência a que o negócio pudesse ter, na base, pormenores porventura criminais. Ou talvez pensasse que os fins justificam os meios, sobretudo em matéria de privatizações, em que, à aproximação da oportunidade, há que ter “olho vivo e pé ligeiro”.


Público - 04.09.2024

terça-feira, 3 de setembro de 2024

O paradoxo algarvio


Passei uma semana de férias no Algarve, e parecia que estava numa das regiões mais ricas da Europa, quiçá do mundo.
Todavia dizem as estatísticas que é a região mais pobre de Portugal continental.
Passei parte da minha vida profissional a trabalhar no Algarve onde fiz alguns amigos e procurei junto de um deles se havia alguma explicação lógica para este paradoxo.
A  explicação é muito simples, disse ele.
 1 Os grandes negócios não são de portugueses, mas sim de estrangeiros, e o grosso do dinheiro nem sequer dá cá entrada fica logo do outro lado .
2 Mesmo aquele que é  gasto localmente, acaba nas mãos dos mesmos  exceptuando aquele que é gasto nos poucos estabelecimentos que ainda são propriedade de algarvios
3 Dados os preços ali praticados,os patrões em quatro meses ganham o ano inteiro, mas os empregados não; daí a pobreza, quatro meses de trabalho geralmente mal pago e oito meses por conta da segurança social.
Sr. ministro das finanças aquela região justifica uma task force que veja se as mais valias geradas lá justificam que seja a região mais pobre do continente.

Quintino Silva

 

É IMPERIOSO UM MUNDO MELHOR


Vivemos os dias mais imorais da nossa época. Tivemos duas guerras mundiais com cerca de 70 milhões de mortos. Episódios tão horríveis como a sobrevivência e morte nas trincheiras e por gaseamento, o holocausto, bombardeamentos aéreos de cidades e bombas atómicas contra Hiroxima e Nagasaki.

Tivemos ainda tantas outras mortíferas guerras como a da Coreia, do Vietname, onde foram despejadas mais bombas que em qualquer outra. Muitas de napalm que queimaram florestas inteiras e tanta gente inocente. Também as do Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Iémen e tantas outras, mas nunca nenhuma como a atual na Palestina. É que em todas as outras, foram efetivamente guerras. Exércitos contra exércitos. Ali não! Ali, é um genocídio. Um exército poderoso, contra um ou alguns grupos armados. Mas, essencialmente, contra um povo, obviamente, desarmado. Veja-se quem é a esmagadora maioria das vítimas. Atacadas até em hospitais, templos religiosos ou campos de refugiados. E imagine-se a falta de condições e de vontade para a vacinação contra o surto de poliomielite causada pelas condições degradantes onde se morre de fome e falta de tratamentos médicos. E com esta grande diferença; apesar de nem os jornalistas serem poupados e o mundo não ter acesso a todos os horrores impostos pelas Forças Armadas do país ocupante, Israel, mas sabe-se que se trata de um genocídio. O massacre de um povo. E sabe-se também, que o país agressor é apoiado pela ainda maior potência mundial, os EUA, e tolerado pela UE.

Claro que o holocausto nazi, foi ainda pior e de maior dimensão. Mas quase não se sabia e os responsáveis foram e são condenados quase unanimemente. Estes, são recebidos apoteoticamente em Washington e tolerados na Europa.

Portanto, a imoralidade está no poder. Mas, apesar da grande manipulação mediática (Hitler e Goebbels, também manipularam o povo alemão e fizeram o que fizeram), a humanidade não se revê nela.

É imperioso um mundo melhor. Um mundo de cooperação e de paz entre as nações. Sem pretensões hegemónicas como acontece com os EUA a liderar. A beneficiar a sua poderosa indústria bélica, a reforçar e expandir o seu braço armado, a NATO, até ao Oriente com a sua filial, a AUKUS, visando a China.

Mas, é da história, os impérios, depois da ascensão e do apogeu, têm a inevitável queda. Este, não será exceção. Apesar de contradições entre os seus membros, aí estão os BRICS a prová-lo.

As guerras de domínio, o apoio a golpes de Estado e a ditaduras que têm protagonizado um pouco por todo o mundo, por exemplo, Vietname, Chile, Jugoslávia, Iraque, Líbia, Síria e agora o apoio a este genocídio, que moral tem esta gente para impor as suas pretensões, seja onde for?

Por exemplo, é pelo povo ucraniano que mantêm a guerra contra a Rússia? Aliás, depois de terem sabotado todos os acordos como o que previa um referendo para a região russófona do Donbass e a expansão da NATO para junto das fronteiras daquele país. Qual o objetivo? Não será o mesmo de sempre?

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE



domingo, 1 de setembro de 2024

Esta política está embotada e embolorecida...

A política do poder instituído está a empobrecer as classes baixas, porque estas, também, estão desmobilizadas e alheadas, como convém. A economia de mercado, tão grata e tão defendida por quem manda, cada vez mais dominada pelas corporações, visa, não a distribuição equitativa da renda mas, a caça ao lucro! O amorfismo da maioria gera ausência de questionamento, desmobilização e falta de protesto na rua, sendo que as razões são de sobra: SNS a colapsar, salários exíguos, habitação em défice profundo, Justiça dual e por aí adiante... O capitalismo engana-nos há tempo demais. Os dividendos deste iníquo sistema são apropriados por uma minoria... (hoje quem usa o termo capitalismo fica - «conotado»). É preciso dizer bem alto a verdade, que não tem sido dita: os trabalhadores, a maioria, têm muito, muito poder, que não tem sido aproveitado, porque estão dormentes.... O alvo é a esperança e a luta, porque quem não luta perde sempre! A social-democracia é inimiga da mudança e, vem sendo, o baluarte do capitalismo! Os sociais-democratas traem sempre, no caso, o PSD e o PS. Estes, na prática são partidos neo-liberais. Ponto!


 

AS FESTAS DE CORROIOS


Após 10 dias e com mais de 1 milhão de visitantes, termina hoje a 47ª edição das Grandes Festas Populares da Vila de Corroios.

1 milhão e tal de visitantes, é obra! Um dos maiores eventos do género, a sul do Tejo e mesmo a nível nacional. O maior de todos, organizado por um Junta de Freguesia.

Que faz tanta gente acorrer ao Parque Urbano da Quinta da Marialva em Corroios?

A diversidade cultural, musical, gastronómica, a exposição dos produtos e da atividade de comerciantes e empresas.

Mas, por detrás de tudo isto, como é fácil compreender, está muito trabalho e dedicação.

Muito trabalho e dedicação, do Executivo CDU da Junta de Freguesia de Corroios, da Comissão de Festas, dos trabalhadores da JF de Corroios, de centenas de comerciantes e empresários, do apoio das Forças de Proteção e Segurança (Bombeiros e PSP) e, sobretudo, dos artistas. Dos artistas que arrastam multidões. Pelos palcos Carlos Paredes e Corroios, passam dos melhores. Dos melhores, a nível nacional, local e regional.

Mas o principal protagonista é o povo. E esse, como se constata todos os anos, para satisfação de todos os outros protagonistas, alegre e vibrante com as suas Festas, está em força.

Corroios é outra música!

Francisco Ramalho



Pimbalhadas

 

Como temos um primeiro-ministro “pimba” quanto baste, a sua esperteza saloia não espanta quem minimamente o conheça, e as explicações que dá para o disfarçar só acentuam aquela sua qualidade; de facto, o desplante com que nos diz que “é sua responsabilidade, em nome do povo português, estar ao lado daqueles que também arriscam a sua vida”, quando o que do seu oportunismo resultou não foi mais que estorvar quem trabalhava, atirando areia para os olhos da gente, num exibicionismo populista cujo objectivo não escapará nem aos mais papalvos.

 

Como não escapa a agressividade com que se dirige aos partidos de que precisa para poder aprovar o Orçamento, criando o ambiente propício para a sua queda, e depois tirar partido de ter sido desnecessariamente derrubado por políticos irresponsáveis, a quem só interessa o Poder, em prejuízo do bem-estar dos portugueses; e sendo claro  que Montenegro não tem perfil para governar em minoria, também não ficam dúvidas de que pretende mesmo eleições quanto mais cedo melhor, porque a única capacidade que até agora se viu ao seu governo é na substituição de pessoas que tinham sido nomeadas pela anterior governação, houvesse ou não razão para isso, no mais, quanto mais durar a situação actual, maior será o retrocesso, e isso não o ajudará a ganhar maiorias...

 

Amândio G. Martins