terça-feira, 3 de outubro de 2023

Ganância criminosa

 

Vimos há dias a notícia de uma tragédia no Iraque, onde numa festa de casamento morreram mais de cem pessoas queimadas, incluindo os próprios noivos, porque os materias que decoravam o pavilhão da festa eram altamente inflamáveis; e ouvimos alguns sobreviventes e familiares das vítimas atribuír as responsabilidades ao dono da estrutura, mas ninguém se preocupou, “a priori”, de verificar se aquilo oferecia segurança para uma festa daquelas, em que normalmente se cometem excessos e se esquecem as precauções.

 

E pela frequência com que tais tragédias ocorrem - e não é só no dito “terceiro-mundo”, como seria fácil dizer no caso do Iraque – porque se verificam por todo o lado, como agora, mais uma vez, aconteceu em Espanha, na região de Múrcia, e sempre com a mesma causa: Materiais de acabamento e decorativos inapropriados para garantir a segurança das pessoas, das quais ontem já se contavam treze mortos; acresce que os responsáveis autárquicos, anteriores e actuais – sacudindo a água do capote, porque as indemnizações a exigir não hão-de ser pequenas e os seguros se recusarão a pagar - acusam o dono daquela casa de diversão de estar ilegal há mais de um ano, porque tendo subdividido o estabelecimento primitivo em três e subalugado a exploração, não lhes tinha sido dada autorização para aquelas alterações.

 

Mas o pano de fundo é sempre o mesmo, com materiais inadequados e facilitismos de toda a ordem, porque se a casa estava ilegal, a autarquia não poderia fechar os olhos a que continuasse a funcionar, porque tinha ao dispor meios para encerrá-la compulsivamente, a menos que algum responsável estivesse a ser subornado para travar o processo, e se os materiais usados não respeitavam os padrões de segurança, não poderia ser autorizada para aquele fim; e foram lembrados casos anteriores, de casas do mesmo tipo que arderam na capital nos anos 80 e 90, causando a morte de 80 e 40 pessoas respectivamente...

 

Amândio G. Martins

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