domingo, 9 de abril de 2023

A greve é uma festa


Quando Manuel Carvalho (M.C.), no seu editorial, publicado na Sexta-Feira Santa, pergunta “por que razão temos estas greves intermináveis?”, imaginei, na minha proverbial ingenuidade, que indicasse, de forma algo salomónica, a teimosia dos grevistas, mas também a dos poderes contra quem são instauradas, uma vez que ambas as partes, por norma, têm exibido grande irredutibilidade nas posições assumidas. Cedo verifiquei que estava enganado, porque, para M.C., tudo se resume à “chico-espertice” dos sindicatos que, pasme-se!, procuram facilitar a vida dos seus membros. É tudo uma questão de preço, e as greves multiplicam-se porque são demasiadamente baratas para quem as faz. Houvesse (mais) prejuízos associados, e o “mal” seria cortado pela raiz, o que só não acontece porque “o poder político [continua a] encolher os ombros”. Não quero crer, mas parece que M.C. confere completa irrelevância à degradação da vida dos trabalhadores portugueses. Talvez fosse bom, dentro da sua lógica “contabilística”, fazer umas contas, e confirmar, no seu “balanço”, se os grevistas têm “margem de lucro” suficiente nos rendimentos para, em cima do agravamento quotidiano do custo de vida, suportarem mais “alcavalas” no exercício de direitos básicos. 


Público - 09.04.203 (truncado da parte sublinhada).


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