segunda-feira, 17 de julho de 2023

A prova dos crimes

 

Apesar dos seus actores terem ficado na história dos respectivos países como gente valente e destemida, e muitos dos actuais descendentes dos exploradorres europeus ainda considerem gloriosos os seus feitos, a síntese do que no nosso tempo se conhece do que foi a exploração colonial, aos olhos do que é hoje o humanismo, revela-se cada vez mais negativa, porque mesmo que alguma coisa boa possam ter feito, o lado tenebroso desse passado anulou o que possa ter sido positivo, na perspectiva não só dos povos que sofreram essa afronta como de todo o mundo civilizado.

 

Durante séculos ocuparam territórios para se apoderarem das suas riquezas, submeteram os seus povos à escravidão, à fome e à morte, tratados como seres destituídos de intelecto, espezinhando a sua cultura identitária e utilizando-os como animais de carga; e a perversidade  da prepotência dos ocupantes foi ao extremo de lhes roubarem até a sua arte, ainda hoje espalhada pelos mais famosos museus do mundo, perversidade tanto maior quanto desmente tudo quanto fizeram e disseram para os minimizar.

 

Há muito que as mais esclarecidas elites desses povos, ainda hoje não completamente livres, tão avassalador foi o mal feito, vêm denunciando os países em cujos museus ocupa lugar de relevo a sua arte roubada, querendo que ela volte aos locais de onde nunca deveria ter saído, muito menos da forma como foi, e não se compreende a resistência em devolvê-la imediatamente, sem mais subterfúgios e penitenciando-se da vergonha do que os seus antepassados piratas foram capazes de fazer...

 

Amândio G. Martins

 

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