quarta-feira, 26 de julho de 2023

Querendo ressuscitar um morto

 

O partido espanhol “Unidas Podemos” corre o mesmo risco de desaparecer do mapa político do país como aconteceu ao “Ciudadanos”, cujo fundador, Albert Rivera, extrapolava tanto da sua força e importância política que acabou por saír com o “rabo entre as pernas”, deixando o que restava do partido entregue a Inés Arrimadas que, trocando para o efeito a Catalunha por Madrid, não fez mais que contribuír para aumentar as deserções de elementos que, fazendo parte de diversos governos autonómicos e autarquias, acabaram por integrar-se paulatinamente no PP.

 

Pablo Iglésias, que foi um dos vicepresidentes de Sánchez no Governo que agora cessa, tinha à esquerda os mesmos sonhos de grandeza de Rivera à direita; metendo-se-lhe na cabeça que poderia ganhar a Comunidade de Madrid, abandonou o lugar no Governo de Sánchez e foi concorrer contra Ayuso nas eleições antecipadas que esta convocou com o objectivo de se livrar de coligações, o que conseguiu plenamente, com Iglésias completamente humilhado com a votação que teve, ao ponto de cortar a “coleta”, que é como lá chamam ao que nós chamamos “rabo de cavalo”, abandonar até a direcção do partido e dedicar-se a mandar bitaites nos jornais e nas redes, sobretudo contra Yolanda Diaz, comummente considerada das melhores peças do Governo.

 

É que tendo tentado aliciá-la, sem sucesso, para a direcção do “Podemos”, e vendo como ela se “enfadava” com o ruído constante que as meninas deste partido provocavam, nem que só fosse para mostrar que existiam, não deixando de fornecer à Oposição argumentos contra a falta de autoridade de Sánchez para se impor como chefe, Iglésias passou a ver defeitos em Yolanda Diaz onde antes só via qualidades, o que levou esta, vendo a que tinha ficado reduzido Podemos nas eleiçoes de maio, a criar a plataforma Sumar, tentando captar para ela o que de útil houvesse naquele partido, mas “vetando” alguns nomes, como a mulher de Iglésias, Irene Montero, claramente um “activo tóxico” em termos eleitorais.

 

Agora, que ainda não se sabe como irá ficar a governabilidade, mas tendo o PSOE, à partida, melhores condições que o PP, Iglésias voltou “à carga” para fazer saber que os elementos do partido que fundou, que alinharam na plataforma de Yolanda, vão ter uma palavra importante, ameaçando já que poderá fazer ruir todo o projecto que Yoland Diaz e Pedro Sánchez terão em mente levar a cabo, parecendo mais interessado em que haja novas eleições do que na possível estabilidade que pressupõe a continuação no cargo do actual chefe do Governo...

 

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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