A Voz da Girafa
Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
sexta-feira, 18 de outubro de 2024
Mentirosos
quarta-feira, 16 de outubro de 2024
Figuras marcantes
Os programas dos estudiosos da Natureza nunca são aborrecidos, como as pessoas que realmente apreciam, conhecem e respeitam os animais e a Natureza, cuja paixão se nota nos mínimos gestos; lembro-me de ver na nossa televisão, há muitos anos, os documentários do naturalista espanhol Rodriguez de La Fuente, estudioso da fauna ibérica, de quem há muito tempo, até ontem, não ouvia falar, até que vi no canal três da televisão espanhola Atresmedia um programa que lhe foi dedicado, onde a bióloga Odile de La Fuente, sua filha, discorria sobre pormenores da vida do pai não conhecidos do grande público.
Tendo morrido muito novo, num acidente de avião no Alasca, em 1980, Félix Rodriguez de La Fuente deixou a mulher sem grandes recursos para criar as três filhas do casal, muito pequenas ainda, mas passado o momento de dor, e a confusão em que ficou transformada a casa, com gente de todo o lado a entrar e saír, segundo o que do momento guarda a filha, a mãe foi buscar forças não sabe bem aonde e depressa levantaram a cabeça, tocando a vida para a frente.
E foram crescendo com a figura do pai sempre presente, porque enquanto foi vivo dedicava à familia todo o tempo que podia, e que para todo o lado que depois fossem sempre lhe viam prestada uma homenagem; sabendo que o pai, natural da província de Burgos, só passou a frequentar a escola a partir dos 11 anos, crescendo até aí entre animais e Natureza, Odile lembrou que a maior parte das brincadeiras com ele envolviam esse tema, e que de cada vez que uma filha acertava o nome do animal cuja imagem lhe fosse apresentada, ganhava uma peseta...
Amândio G. Martins
terça-feira, 15 de outubro de 2024
MAUS EXEMPLOS
Perante o estado a que chegou o nosso planeta, a nossa casa comum, devido a tantos danos que lhe temos provocado, diretamente, ou através das alterações climáticas de que também somos responsáveis, se quisermos cá continuar, sobretudo os mais novos e os vindouros, deveríamos era andar com ele nas palminhas. No entanto, apesar de repetidos e terríveis avisos; secas, furacões, chuvas torrenciais, aumento da temperatura, degelo e outras alterações cujas consequências, dramáticas, mesmo algumas, o que é que vemos? Que estupidamente não temos emenda. Que tantas espécies já se finaram, e se continuarmos assim, seremos mais uma. Mas, devagar! Porque se fosse rapidamente, aí, parávamos.
Hoje não vou referir os grandes ataques, ou crimes, como a continuada e até aumentada utilização de combustíveis que geram gases com efeito de estufa, as grandes desmatações, as extensas monoculturas e plantações intensivas e super-intensivas que visam sobretudo o lucro e que empobrecem e esgotam os solos.
Hoje vou falar de outros mais pequenos maus exemplos, fruto da ignorância, da irresponsabilidade, da insensibilidade e da falta de civismo. A nível individual, mas também coletivo. Incluindo entidades oficiais e o próprio Estado.
Alguns exemplos aqui na região: nas bermas do troço ferroviário entre as estações de Roma/Areeiro e Campolide, sobretudo no sentido norte sul, há imenso lixo acumulado há muito tempo. Sobretudo garrafas e outros recipientes de plástico. Nas barreiras da auto-estrada do sul, mais junto e do lado da estação da Fertagus em Corroios onde existe uma zona de estacionamento explorada por esta empresa, idem. Supomos que a concessionária Brisa, de tempos a tempos, procede à desmatação. Os arbustos e erva crescida é cortada, mas o lixo, mais uma vez, muitas garrafas de água de plástico e não só, fica lá.
Aqui ficam, mais uma vez, os reparos à Infraestruturas de Portugal e à Brisa. O mesmo acontece com a lixeira junto à via rápida da Costa da Caparica. Fui lá de propósito na passada quarta-feira. Parte do lixo foi removido, mas muito ainda lá ficou. Sobretudo nas bermas da estrada de terra batida e junto das casas demolidas. Onde, mesmo assim, há gente que lá mora. O entulho ficou, assim como muito lixo.
Outro mau exemplo, mesmo no coração de Lisboa, é na Praça do Martim Moniz. Sobretudo nos espaços “ajardinados” laterais . É lixo por todo o lado e as águas dos lagos artificiais que poderiam até ter peixes, têm é também lixo e estão escuras e pútridas.
Claro que a nível nacional, casos destes, são mais que muitos. Por exemplo, nas bermas de estradas e caminhos secundários. A causa é sempre a mesma: a nossa triste falta de civismo. Nossa, que será uma minoria! Mas a maioria não se incomoda muito. Assim como as entidades referidas e tantas outras incluindo a principal representante do Estado: o Governo. Podia e devia fazer bem mais no campo da sensibilização, prevenção e penalização. Tem meios para isso. Quem perde é o ambiente, o planeta, todos nós.
Francisco Ramalho
Publicado hoje também no jornal O SETUBALENSE
Arrastar na lama um nome prestigiado
ABUSO DE CONFIANÇA
“O leão deixa a pele quando morre
O homem deixa a sua reputação”
Disse isto quem disfarçou ser aldrabão
Crente que desdizê-lo ninguém pode.
Do que na finança havia mais nobre
Viu-se despojado na Revolução
Soube manobrar para a devolução
Com um poder de influência enorme.
O que ficou bem claro no caso BES
É que os seus herdeiros eram fraca rês
Tratando os depositantes com desdém;
E o então do país presidente
Mais uma vez ludibriou a gente
Dizendo que no BES tudo ia bem...
Amândio G. Martins
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
O GRANDE CAPITAL APOIA ISRAEL E O SEU 1.º MINISTRO
A Inglaterra (através
do seu 1.º ministro, Chamberlain) e a França (através do seu presidente do
conselho, Daladie), reuniram-se no final de Setembro de 1938, em Munique, com
Hitler e Mussolini, assinando um acordo intitulado de paz, e que deu luz verde
para a Alemanha nazi iniciar a ocupação da Checoslováquia. O branqueamento de
Hitler efectuado pelo 1.º ministro britânico foi ao ponto de afirmar que Hitler
«é um homem em quem se pode confiar». Em França, Daladie, criou um ambiente
idêntico com o ilusório acordo de paz. Seis meses após a reunião de Munique, a
Alemanha nazi desencadeia a segunda guerra mundial.
O grande capital para
defender o que considera ser os seus interesses não hesita em branquear e apoiar
regimes e políticos de duvidosas ou falsas intenções democráticas e
humanitárias, de fomentar a corrida aos armamentos, ao militarismo, à
confrontação e guerra. Foi assim sempre
e tal é bem visível na actualidade, embora procurando iludir os povos com
declarações contraditórias de políticos responsáveis das principais potências
capitalistas, mas não pondo em causa os objectivos e estratégias definidos e
apoiados, nomeadamente, pelos norte-americanos, em que não existe qualquer
preocupação em dar resposta aos problemas e anseios da humanidade.
É neste contexto que
se insere a protecção e apoio que Israel e o seu 1.º ministro Netanyahu têm
usufruído dos E.U.A., U.E., Nato, G7, etc., para a guerra, o genocídio, os
massacres na Palestina com a matança de mais de 40 mil pessoas, incluindo
crianças e mulheres, os mais recentes ataques ao Líbano, o aumento da crescente
tensão no Médio Oriente, o confronto com a ONU e o desrespeito pelas suas
deliberações, fazendo parte duma política de guerra e confrontação nas relações
internacionais.
É assim cada vez mais
importante a mobilização e luta na defesa da paz, da soberania e direitos dos
povos.
UM JUSTO E OPORTUNO PRÉMIO NOBEL DA PAZ
O Comité Nobel da Paz, decidiu este ano atribuir O Prémio Nobel da Paz, à organização popular dos sobreviventes das bombas atómicas de Hiroxima e Nagasaki, Nihon Hidankyo.
Portanto, uma decisão muito justa e oportuna. Esta organização fundada em 1956, tem como principal objetivo, sensibilizar os Governos de todo o mundo e a própria humanidade, para a erradicação destas armas, cuja existência e quantidade, podem exterminar toda a vida no planeta. Imediatamente após aquelas explosões, morreram mais de cem mil pessoas. E muitas mais nos dias, semanas, meses e anos seguintes devido à maior ou menor exposição à radioatividade.
Aproveito para apresentar aqui aos amigos e amigas uma breve e rudimentar noção dos efeitos da deflagração de uma bomba atómica. Conforme matéria do Curso de Limitação de Avarias da Armada, que frequentei.
Os três principais efeitos são:
1º- Efeito destrutivo. Como qualquer bomba convencional.
2º- Efeito térmico. A deflagração/explosão, gera uma temperatura de milhares de graus centígrados que provoca a redução a pó de todos os seres vivos e outros materiais como a terra e a evaporação da água num raio, conforme a potência da bomba.
3º - Efeito radioativo. Como é lei da física, o ar quente torna-se mais leve e sobe. Ao subir, é substituído pelo mais frio/natural, que se encontra à volta, o que provoca um enorme remoinho. Depois, toda essa massa de ar radioativa, forma, como já devem saber, o denominado cogumelo atómico que irá espalhar-se levando a morte (ou doenças) a todos os seres vivos que morrerão tão rapidamente conforme o nível de radioatividade a que forem sujeitos e contaminando todos os materiais. Dizer ainda, que até praticamente aos dias de hoje, houve e há gente a sofrer de doenças cuja origem foi o contacto com alguma dessa radiação.
O “clube atómico” é formado pelos EUA, Rússia, França, Reino Unido, Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.
Acabar com ele, é imperioso. É tirar-se a espada de cima da cabeça da humanidade. É para isso que a Nihon Hidankyo trabalha e agora foi reconhecida mundialmente.
Francisco Ramalho
Muitos, muitos ainda não receberam o suplemento extraordinário(!). Porquê?
domingo, 13 de outubro de 2024
Quando o gesto desmente a palavra
CONTRADIÇÕES
Se as palavras vão numa direcção
E na oposta vai o pensamento
Qualquer observador que seja atento
Notará que não é boa a intenção.
Sem nenhuma lealdade na acção
Ilude incautos a todo momento
Porque o disfarçado procedimento
Tapa o modo de vida do aldrabão.
Quem procure entender o ser humano
Escapa mais facilmente ao engano
Prestando boa atenção aos seus gestos;
Quando contradizem o que o outro diz
Se há valores em causa torça-se o nariz
Antes que nada valham os protestos...
Amândio G. Martins
sexta-feira, 11 de outubro de 2024
BARACK Obama é um providencial norte-americano que cedo sentiu a necessidade de demonstrar isso mesmo, a todo o momento, já que não é branco e, ainda por cima, nasceu em Honolulu, no Havai.
Caso contrário, nem candidato poderia ser e, se o fosse, estava sujeito a um fim semelhante ao de Luther King. E, se por qualquer confusão dentro do eleitorado, fosse para a Casa Branca, o que o podia esperar era um fim semelhante ao dos irmãos Kennedy. Daí que uma das suas mais significativas cautelas, enquanto presidente, fosse uma arenga hipernacionalista que fez na Academia de West Point, em 2014, enaltecendo o ”excecionalismo americano” segundo o qual “os EUA têm direito de governar o mundo”, direito adquirido com a Guerra Fria.
Na sua versão, explicitada aos futuros oficiais das forças armadas do Tio Sam, “os EUA são e continuarão a ser a única nação indispensável”, o que levou, anos depois, um coronel português notável enquanto escritor e historiador, Carlos Matos Gomes, a considerar (in Medium.com) que, na Palestina ocupada, essa política é uma continuada guerra de extermínio”, um “lento genocídio” que alimenta o projeto de Israel num estado judaico , um estado racialmente puro, só para os judeus, dado serem únicos arianos da região.
Como eu não podia estar mais de acordo, também não vejo diferenças na política norte-americana praticada no Médio Oriente e noutras partes de mundo, com ou sem a NATO a servi-la.
A verdade, porém, é que o moreninho Barack, cristão protestante como tantos caçadores de índios de origem europeia, nem sempre se comportou como o mais nacionalista dos norte-americanos e até se dotou de um vice-presidente católico romano, Joe Biden, bem conhecido pela teia de interesses em que se meteu, sobretudo na Ucrânia, tal como Hunter, seu filho, encarregando-os de coordenar a política da Casa Branca para essas partes do planeta mergulhadas em guerras longas.
Confortado com esta realidade, o primeiro ministro Netanyahu, com a justiça à perna por vigarices várias e exibindo o seu desprezo pela ONU, a pontos de agora até declarar o seu secretário-geral, António Guterres, “persona non grata”, proibindo-o de entrar em Israel, e marimbando-se para o Direito Internacional, afirmou na cerimónia de posse do seu novo governo que “o povo de Israel tem o direito exclusivo e incondicional a todas partes das terras de Israel” - incluindo os Montes Golã (da Síria), bem como a Judeia e a Samaria (territórios da Cisjordânia palestiniana) – e garantiu que continuaria a instalar colonatos em terra palestiniana.
Também ao apresentar publicamente o último relatório submetido ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU, reunido em Genebra, a relatora especial da ONU Francesca Albanese acusou Israel de haver “transformado os territórios palestinianos ocupados numa prisão a céu aberto, na qual os seus habitantes são permanentemente confinados, vigiados e punidos (…), considerados culpados de crimes não provados”, num processo de “encarceramento em massa”, além de submetidos a “bloqueios, muros, infraestruturas segregadas, postos de controlo e colonatos que cercam as suas cidades e vilas, centenas de autorizações burocráticas e uma teia de vigilância digital que empurram cada vez mais os palestinianos para uma continuidade carcerária, através de enclaves controlados”.
O que eles aprenderam com Hitler… E como gostam de o imitar!
Talvez seja de recordar que os EUA de Obama estão na Europa, na América Latina, no Médio Oriente e na Ásia com bases militares que servem para impor as suas “regras”, sendo que os dois partidos alternantes no poder dependem dos fundos provenientes da indústria bélica para financiarem as suas campanhas eleitorais. E são pressionados pelos fabricantes de armamento, sabendo Obama, tal como os seus antecessores e sucessores, que desafiar o a economia de guerra permanente significa ser-se rotulado de antipatriota.
Manda o tal “complexo militar industrial” e o resto são cantigas.
Contou o monstruoso e insigne Brzezinski, um governante americano ex-polaco, que os EUA investiram cinco a seis milhões de dólares a empurrar a URSS para o Afeganistão, revelando que o grande democrata James Carter assinou a primeira diretiva para ajuda secreta aos oponentes do governo de esquerda do Afeganistão, organizando, armando, doutrinando e financiado os talibãs e outros grupos terroristas formados em diversos países.
O resultado foi mais de um milhão de mortos e o hediondo retrocesso civilizacional a que estamos a assistir.
Neste momento as mulheres até já são proibidas de aprender a ler e escrever.
O prof. Daniel Bessener (Universidade da Washington) estudou os feitos mais marcantes do “século americano” e apurou que os EUA, durante a Guerra Fria, impuseram “modificações de regime no Irão, Guatemala, República Democrática do Congo, Guiana Britânica, Vietname do Sul, Bolívia, Brasil, Panamá, Indonésia, Síria e Chile, matando Lumumba e Allende.
Gabriel Rockhill, por sua vez, afirma que os EUA são o único país que, nos tempos recentes, “se esforçou para derrubar mais de 50 governos estrangeiros; estabeleceu uma agência de inteligência que matou pelo menos 6 milhões de pessoas nos primeiros 40 anos da sua existência; desenvolveu uma draconiana rede policial-vigilante para destruir quaisquer movimentos políticos domésticos que desafiassem o deu domínio; construiu um sistema de encarceramento em massa que tem detida uma percentagem da população maior do que qualquer outro país do mundo e que está inserido numa rede global de prisões secretas e regime de tortura.”
O historiador Paul Thomas Chamberlain calcula que pelo menos 20 milhões de indivíduos morreram em conflitos da Guerra Fria, o equivalente a 1 200 de mortes por dia, durante 45 anos”, cita o prof. António Avelãs Nunes em “Este É o Tempo dos Monstros”.
Acho que chega de estatísticas e de notícias de necrotério.
Fiquemos por aqui.
“O Massacre dos Inocentes”, segundo Rubens. Ordenado por quem? Por Herodes, um rei judeu ao serviço do Império Romano. Hoje, o que era mais certo era que ele se chamasse Netanyahu, visto que é o Sacro Império Romano-Americano que o atual mostrengo judeu está a servir. Embora nem sempre pareça…
Carlos Coutinho
quinta-feira, 10 de outubro de 2024
a HABITAÇÃO não é uma mercadoria
A antiga seca do bacalhau, em Canidelo, Vila Nova de Gaia, junto ao Cabedelo, transformou-se num grande conjunto habitacional.
JUSTIÇA DE CÁCA
Três miseráveis, com armadilhas de arame de aço, mataram seis lobos, no Parque Nacional da Peneda Gerês. Os animais morriam por asfixia, e um deles, dizem, foi morto à paulada.
Como se sabe, esta espécie se não está em vias de extinção, para lá caminha. Não sei mais pormenores, parece até que era a única alcateia na região.
Pois bem, estes energúmenos foram condenados com penas de prisão. Mas, vejam só, suspensa!
Mesmo assim, dizem que já foi uma condenação exemplar. Até aqui, a impunidade era quase total.
Que rica justiça para quem dizima espécies em vias de extinção! Alterando assim ecossistemas e a própria Natureza.
Francisco Ramalho
Da imparável maldade
FACÍNORAS
São incontáveis os crimes de guerra
Espezinhando leis reconhecidas
Passam por cima das Nações Unidas
Quem se bate pela paz desespera.
Os que sonharam uma nova era
Lembrando as desgraças ocorridas
Não vêem nenhumas regras cumpridas
O que podia ser bom degenera.
Ingoram que ao degradar se degradam
Sendo disso lembrados não abrandam
O que é uma programada ocupação;
Tudo tem de ser como eles querem
Não ouvem quem pede que se moderem
Nada lhes sensibiliza o coração...
Amândio G. Martins
No princípio era o Hamas
Agora já não é, passámos definitivamente de nível neste jogo hediondo em que Netanyahu nunca devia ter sido admitido. Não sabemos quem virá a seguir ao Hezbollah, actual inimigo mortal de Israel, se os Houthis, no Iémen, ou outra milícia qualquer, da Síria ou do Iraque, não falando do Irão, que é de outro calibre. Para Netanyahu, pouco importa, porque, ao que parece, ele descobriu a fórmula mágica para os exterminar: destrói toda a população e, com a maior naturalidade, dirigentes e militantes desses movimentos, mais mulheres, crianças, médicos, jornalistas e tutti quanti, irão na enxurrada, todos em direcção ao Inferno. Esta simplicidade de processos tem um custo evidente: semeia o ódio que adubará, no futuro, a repulsa dos vizinhos para com Israel, que, é bom lembrar, deveria ter direito a viver na região, mas com serenidade. Poderemos discutir sempre o “pecado original” com que o estado de Israel foi concebido, mas, passadas oito décadas, já deveria ser impossível cair nestas práticas próprias de um Hitler. Arafat ainda o quis, mas Israel nunca ajudou. E bem que o podia ter feito.
quarta-feira, 9 de outubro de 2024
Quando a mais do que mediocridade descredibiliza os jornalistas
Não temos melhor(es)?
O Expresso de 4/10 desvenda-nos o indisfarçável desalento da provedora de Justiça Europeia, Emily O’Reilly, em final de mandato, no que respeita à falta de transparência da Comissão Europeia, ao perigo das portas giratórias tão tentadoras para diversos comissários, e até de má administração do executivo. Quer isto dizer que, não obstante as chorudas remunerações que auferem, os dirigentes da União Europeia, estarão a ser pouco zelosos no cumprimento das suas funções, em manifesto prejuízo dos interesses do comum dos europeus?
Está agora a Comissão Europeia a preparar o próximo quadro financeiro plurianual, e já se vai sabendo que este dissimula um relaxamento na Política de Coesão, cujo futuro poderá estar em risco, pelo menos na opinião que Vasco Cordeiro, presidente do Comité das Regiões, confiou ao “Público”. A Comissão Europeia, naturalmente, é composta de pessoas, e, como tal, falível e imperfeita. Mas será que não é possível encontrar melhores para o desempenho de cargos com tantos poderes? Ir a correr/voar, ao som da primeira sirene em Kiev ou Telavive, não chega. Os cidadãos europeus exigem mais e melhor.
Expresso - 11.10.2024