( E agora chamem comunista ou putinista a Viriato Soromenho-Marques. Um grande intelectual que desmascara os medíocres/as, Von, Kallas, Costa e Macron , Starmer e outros que estão empurrando a Europa para o abismo)
NA
GRANDE SALA DE PÂNICO EUROPEIA
por
Viriato Soromenho-Marques
O
único país que neste momento ameaça a soberania dos Estados da UE
chama-se EUA. É doloroso ver o silêncio das instituições
europeias perante a visita abrupta, não convidada, de governantes
americanos à Gronelândia, como se fossem proprietários a visitar
uma futura aquisição. As tropas que Macron, Merz e Starmer,
insensatamente, querem colocar na Ucrânia, deveriam ser posicionadas
ao serviço da Dinamarca para defesa da sua integridade territorial.
Os EUA são também a maior ameaça à economia europeia, com a sua
política de tarifas, que afundará ainda mais, por exemplo, o que
sobra da indústria automóvel, particularmente na Alemanha.
Em
fevereiro de 2008, no regresso de uma reunião em Bruxelas na
Comissão Europeia, comprei numa livraria do aeroporto um livro da
notável jornalista e escritora Naomi Klein, intitulado A Doutrina de
Choque. A Ascensão do Capitalismo de Desastre (The Shock Doctrine
The Rise of Disaster Capitalism). Durante a viagem fiquei com os
olhos colados às páginas do livro.
Análises
de trinta anos de expansão mundial do capitalismo turbinado pela
pulsão de morte, aquilo a que chamamos, com excessiva elegância
académica, “neoliberalismo”.
Do
quintal do Tio Sam à Grã-Bretanha de Thatcher, passando pelo
Iraque, África do Sul, Polónia e a Rússia dos anos 90, entre
outros estudos de caso, Klein guia-nos numa viagem de horror à
destruição da coesão social de sociedades inteiras pela violência
pura, mas também pela desigualdade e pobreza, desenhadas por
políticas públicas destinadas a enfraquecer o Estado e a privatizar
a economia em favor de um sistema financeiro sem pátria nem rosto.
Para
vencer a resistência dos cidadãos, o capitalismo de desastre
cria
narrativas de estado de emergência, coartando as liberdades básicas
em nome das exigências de uma situação excecional, seja o combate
a forças subversivas, ao terrorismo internacional, a calamidades
naturais, a crises financeiras, a ameaças bélicas, a inimigos
ocultos…
Nessa
altura, ingenuidade minha, pensei: “pelo menos na União Europeia
nada de semelhante poderá acontecer. Aqui as instituições
representativas e o estado de direito ainda funcionam
razoavelmente…”.
O
Inverno da austeridade europeia (2008-2016), no auge da crise do
sistema financeiro internacional, revelando o modo como a zona euro
foi construída em benefício de uma elite predadora e irresponsável,
mostrou que o capitalismo de desastre estava também instalado na
União Europeia. O mais horrível foi a grande mentira que encobriu a
raiz da austeridade na Europa.
Em
vez de acusar como responsável pela crise, a ausência de regulação
do sistema financeiro, instalado nos centros de poder em Washington e
Bruxelas, o ónus caiu sobre o excesso de dívida pública dos
Estados mais frágeis.
Foram
os milhões de assalariados e as camadas mais pobres da população
que salvaram os bancos e os fundos de investimento, arruinados pela
ganância e sofreguidão, sem limites legais de contenção, dos seus
dirigentes.
Há
três anos que a UE se arruína com o seu envolvimento incompetente e
imoral na guerra da Ucrânia. Agora que os EUA, os grandes
responsáveis por esta tragédia, lavam as mãos e fogem, com razão,
de um confronto suicida com a Rússia, na UE, líderes detestados
pelo seu povo, como Macron, ou a Comissão Europeia de Ursula von der
Leyen (com o seu auxiliar no Conselho Europeu, António Costa) querem
continuar a alimentar a guerra com a Rússia.
Já
não para salvar Kiev, mas para que o corpo dos soldados ucranianos
sirva de muralha ao ataque russo contra a UE, propagandeado como
inevitável até 2030, segundo alegadas informações dos serviços
secretos alemães e dinamarqueses (uma data conveniente para condizer
com o plano de rearmar a Europa, apresentado pela CE, extorquindo 800
mil milhões aos contribuintes europeus).
Tudo
isto poderia ser considerado delírio ou sinistra fantasia, contudo
tal interpretação seria não só ingénua, mas completamente
errada. O único país que neste momento ameaça a soberania dos
Estados da UE chama-se EUA. É doloroso ver o silêncio das
instituições europeias perante a visita abrupta, não convidada, de
governantes americanos à Gronelândia, como se fossem proprietários
a visitar uma futura aquisição.
As
tropas que Macron, Merz e Starmer, insensatamente, querem colocar na
Ucrânia, deveriam ser posicionadas ao serviço da Dinamarca para
defesa da sua integridade territorial. Os EUA são também a maior
ameaça à economia europeia, com a sua política de tarifas, que
afundará ainda mais, por exemplo, o que sobra da indústria
automóvel, particularmente na Alemanha.
Mas
para que serve este auge da Doutrina de Choque que hoje é a política
europeia oficial? Qual o motivo de provocar o pânico generalizado na
população da UE, com o apelo da comissária europeia para a gestão
de crises, Hadja Lahbib, que no dia 26 de março assustou os europeus
com a urgência de um kit de sobrevivência para 72h., em virtude do
profetizado perigo iminente de guerra (1)?
Estou
convencido de que se trata, fundamentalmente, duma corrida para a
frente de gente incapaz de reconhecer a sua incompetência, a sua
derrota, os imensos danos que causaram ao projeto da unidade
europeia, colocando o atropelo da exceção no lugar da paz e da
ordem de um estado de direito e justiça social.
Quem
hoje dirige os destinos europeus, rasgou os mínimos éticos, ao
ponto de preferir lançar-nos a todos no abismo de uma guerra de
destruição total, do que assumir perante os cidadãos europeus a
sua responsabilidade pela tragédia para onde nos empurraram.