quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Alvorada: Deficitária e embusteira

Em cada autocarro da Carris Metropolitana/Alvorada há um dístico com o número de telefone e o endereço electrónico, também, para reclamações. Muito bem mal! Porquê? Como cliente, com passe pago no início do mês (pagar adiantado é-se destratado), fui maltratado por motoristas. Fiz uma reclamação, via e-mail e veio devolvida(!). Telefonei e esperei para ser atendido 15 minutos(!). O funcionário perguntou se o endereço estava bem escrito, duas vezes...«tresleu» a questão e quis desviar o assunto.... Repeti: Porque foi devolvida a reclamação? Não soube (ou tem ordem para não saber) atender. Dei-lhe o meu e-mail e disse: Pode confirmar a minha reclamação. Respondeu: «não serve para o caso»[?]. Despedi-me: boa tarde, bom trabalho, com licença e não desliguei...ouvi um silêncio ensurdecedor e após quase um minuto desligou.... Fez sentido. A caixa do correio da Alvorada está cheia para os reclamantes desistirem. A formação dos trabalhadores é deficitária. A Alvorada é embusteira!

Ressuscitem a diplomacia



Assertivo como sempre, e acertado como quase sempre, o “Escrito na Pedra” do PÚBLICO de hoje, 19 de Novembro, consignado a Diderot (“Há muito tempo que o papel de sensato é perigoso entre os doidos”), fez-me lembrar o Papa Francisco. Entre os dirigentes do mundo actual, parece ser o único com a sageza e a sensatez suficientes para se aperceber de que os nossos valores não têm de ser coincidentes com os valores de todos os outros, nem, por outro lado, lhes são “superiores”. “Sacar” da arma, à maneira dos cow-boys, parece ser a única forma que esses dirigentes conseguem articular nas suas pequeninas mentes para liderar as comunidades.

Depois de tudo o que aprendemos com as tragédias mundiais que o século XX nos “ofereceu”, talvez já convenientemente esquecido por muitos dos que “mandam”, pasma-se que estes não consigam balbuciar mais do que ameaças e contra-ameaças, no (des)concerto planetário, sem qualquer recurso ao diálogo. Para gáudio dos belicistas, muitos deles sem suspeitarem de que o são, proliferam as guerras, todas “justas” à vista dos seus exclusivos interesses. É tempo de “sacar” do humanismo, sem medos de quaisquer acusações de colaboracionismo, traição ou mesmo cobardia, e bradar: Abaixo as armas, viva a diplomacia. 


Público - 20.11.2024

Das anedotas da Justiça

 

Diz a notícia do JN que uma senhora, avisada de que em cima do telhado de uma sua propriedade andava um homem desconhecido, foi ao local e retirou a escada usada pelo intruso até que chegasse a GNR, que entretanto chamara; o sujeito, que deu como justificação ter subido para limpar o telhado, sem que a proprietária ou quem quer que fosse lhe tivesse encomendado tal sermão, acusou a senhora de o ter sequestrado  e apresentou queixa, tendo o tribunal absolvido a acusada.

 

Todavia, demonstrando não ter limites para a sua falta de vergonha, e como também não há limites para o absurdo, o indivíduo recorreu daquela sentença e foi-lhe dada razão em segunda instância, para descrédito da Justiça; perante esta inacreditável sentença, a senhora também recorreu, tendo voltado a ser absolvida e reposta alguma dignidade no imbrógio, porque a notícia não diz se o intruso foi condenado por litigância de má-fe, que é o que me pareceria mais decente, ou se porventura ainda irá recorrer para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem...

 

Amândio G. Martins

O grau menos zero do desgoverno

Nos oito anos transactos de desgovernação de Costa, os casos, casões e corrupções abundaram e, no SNS, a prática política desta gente originou uma debandada para a mercantilização da saúde, com o ámen do PSD. A ministra da Saúde, PS, demitiu-se por uma grávida ter morrido... A actual, mais do que medíocre ministra da Saúde, já tem 12 mortes às costas! Diria como o brilhante BARTOON Luís Afonso, no Público que, a ministra se deve demitir 12 vezes(!). O primeiro-ministro, visitou em Julho o INEM. Resolvia a situação comatosa do SNS em 60 dias. Até agora nada aconteceu. Pior, disse que o governo não deve andar atrás de pré-avisos de greve(!). Pode, deve, sendo sua obrigação andar, porque se trata do INEM - serviço de vida ou morte! Faz sentido, é contra as greves. Não dizemos que ele e a ministra são criminosos mas, são relaxados pelas mortes, devendo ser judicializados por negligência? Para quem acreditava, com esperança e dava força, inicialmente ao executivo, PSD/CDS ou é tolo, ignorante, politicamente desonesto ou interesseiro... podem limpar as mãos à parede!

terça-feira, 19 de novembro de 2024

 

A GRANDE MANIFESTAÇÃO DA CGTP E A COMUNICAÇÃO SOCIAL


A CGTP-IN realizou no passado dia 9 em Lisboa (e no Porto), uma grande manifestação pelo aumento dos salários e pensões, pela defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado. Pela sua dimensão, supomos que surpreendeu muita gente. Mas surpreendeu quem lá esteve! Quem não esteve, não teve essa impressão. A comunicação social dominante, como habitualmente, não quis que tivesse.

Para se ter uma ideia, quando acabou de sair do Cais do Sodré, já os primeiros manifestantes chegavam ao Rossio.

Não sabemos bem como foi tratada pela generalidade dos media, mas sabemos por alguns: Antena1, Rádio Renascença e SIC-Notícias, que não deve ter sido muito diferente dos outros.

Disse a rádio pública: foram “milhares de pessoas”. Não sendo objetiva, mesmo assim, dos três, foi a mais fidedigna. A estação de televisão e a de rádio, avaliaram em “mais de mil pessoas”. Uma tristeza! Para não usar um merecido termo bem mais forte. Mais de mil, podiam ser mil e uma, ou 40, 50 ou mesmo 60 mil, que foi o que aconteceu.

Deveriam referir, pelo menos, dezenas de milhar.

É mais um exemplo de como os media, os donos deles, disto tudo, tratam a maior central sindical deste país e as forças mais consequentes da oposição. Para manipular e desanimar o povo, contribuindo assim, para esta democracia condicionada.

Do discurso do secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, que focou os principais problemas que afetam os trabalhadores e o país, apenas uns respigos. E teriam muito para dizer!

Por exemplo: “ A real situação é a continuação do empobrecimento de quem trabalha ou de quem trabalhou. Não é justo que tenhamos no nosso país 2,7 milhões de trabalhadores que ganham menos de 1000 euros brutos por mês(…) Não é justo que 850 mil trabalhadores recebam apenas o SMN. Como não é justo que na Administração Pública, dos 750 mil trabalhadores que a compõem, 160 mil ganhem o salário mínimo. Os argumentos são sempre os mesmos: a economia não aguenta, o país não aguenta. Logo, não pode haver aumentos salariais. Mas, enquanto dizem isto, 19 grupos económicos lucraram, no primeiro semestre de 2024, por dia, 33 milhões de euros.”

Sobre outro assunto fundamental, a produção nacional : “Não é aceitável que o país abdique de setores industriais fundamentais e se reduza a economia à dependência do turismo. (…) Tínhamos a Sorefame, fazíamos os nossos próprios comboios. Desapareceu. Tínhamos Estaleiros Navais. Deram um grande grande rombo na nossa industria naval. Temos a TAP, mas pelos vistos não serve para o Estado, mas serve para o setor privado do capital transnacional. Tínhamos a EFACEC, mas também foi passada para grupos multinacionais.”

Abordou outros problemas da responsabilidade de quem nos tem (des)governado há décadas. Como o descalabro no Serviço Nacional de Saúde ou o OE para 2025. E terminou: “Vamos intensificar a ação reivindicativa e a luta, nas empresas e nas ruas, na oposição à política que está no Orçamento e que virá para além dele.”

Francisco Ramalho


Publicado hoje também no jornal O SETUBALENSE







segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Troca-tintas

 

 ARTIFÍCIOS

 

Não tendo o dom da palavra inspirada

Garatujo sobre o que vejo e sinto

No desumanizado labirinto

Donde a decência se viu arredada.

 

Porque a tanta pobreza envergonhada

O que prometem tem sabor de absinto

Travo de fel na boca do faminto

Da gente que sempre é ludibriada.

 

Crendo que o povo tudo lhes consente

Para seguirem com a sua agenda

Atiram uns amendoins à gente;

 

Cabe-nos denunciar artifícios

E a aliciadora lengalenga

Que sempre termina em mais sacrifícios...

 

Amândio G. Martins

 

Carris Metropolitana/Alvorada deficitárias

A Carris/Alvorada, com chorudos e generosos milhões de euros pagos pelo (nosso) erário público aumentou as carreiras. Mal feito fora. Motoristas dizem-me, que o concurso foi feito à medida da Alvorada.... Perguntamos: Deram formação geral aos motoristas, ensinaram-lhes as regras de boa educação para com os clientes, nomeadamente com os mais antigos nos tempos de espera obrigatória para se sentarem, tendo visto gente antiga a aleijar-se com sangue!, e, a mim, se não fosse a minha agilidade seria entalado antes de sair! Protestei alto: 'Tem de esperar!' O condutor sem pedir desculpa ainda lançou impropérios... e, um outro, interpelado por mim, porque velocidade estava acima das normas, exasperou-se: «Tá calado(!), senta-te e aproveita a viagem». Este mesmo, nem parou, noutra ocasião, porque estava fora da paragem 3metros(!). Só não participei deles porque imigrantes, pelo respeito ao seu ganha-pão, maior do que o respeito por eles mesmos! Quem tem passe, da carreira 1245 neste caso, paga adiantado e, é muito mal servido. A supressão de horários continua! Os autocarros na maioria das vezes vêm antes do horário(!). E, se fizermos alguma pergunta, acerca, temos não-respostas, como: «só guio», «refilam, sempre, porque chegamos tarde ou cedo», «não tenho livro de reclamações» e por aí adiante... Dirigir um autocarro não pode estar entregue a um engenheiro ou vassoureiro, mas sim a motoristas de corpo, alma e a profissionais competentes e educados! A governança actual sabe disto ou é conivente?

domingo, 17 de novembro de 2024

O complexo da ministra


Um ministro tem que ser um agregador, que tanto sabe lidar com o mais humilde dos funcionários como os mais qualificados, e que por vezes os seus conhecimentos ultrapassam em muito os seus conhecimentos técnicos.
Mas parece que a Srª ministra da saude não quer no ministério ninguém que saiba mais do que ela.
Quem tem esse complexo, e é investido em funções de chefia,é só uma questão de tempo até tropeçar.

Quintino Silva

sábado, 16 de novembro de 2024

Bota Alta e a Fadista

 

                                                                            

No último mês de outubro de 2024, fui ao Restaurante e Casa de Fados Bota Alta, na cidade de Évora, Patrimônio da Humanidade, no Alentejo, em Portugal. Esse ambiente típico, com um acervo decorativo inestimável, está localizado no coração do circuito fortificado e é frequentado por portugueses e estrangeiros; por isso, representa um espaço primordial onde o fado e a gastronomia alentejana se fazem presentes na experiência das pessoas, turistas ou não, de diferentes lugares do mundo.

Ao longo desse percurso viajante, entre as muralhas de Évora, mobilizei minhas palavras com a voz da fadista Inês Villa-Lobos, a qual se fez no silêncio, nas palavras cantadas, nos sentimentos e na emoção do público presente. No caso dessa geografia e da minha percepção, não há como desassociar a casa Bota Alta da musicalidade e viola de fados de Inês, como inspiração e arte de um mesmo movimento.

Entre vários momentos marcantes dessa noite no outono alentejano, registro a interpretação da fadista com “Saudades do Brasil em Portugal”, tema de Vinicius de Moraes. Foi um encontro inesperado com a poesia conhecida por nós em um destino repleto de saudades que nos carrega por outros cantos. A ocupação do espaço pela marcante voz de Inês Villa-Lobos e a poesia brasileira incidiram positivamente na viagem, na música e em nossos sonhos.

Presente em uma noite fria de reencontro com o fado, a viola e a guitarra, pude perceber as potencialidades dessa música que atravessa grandes mares em pleno processo de mundialização. Em meio a um contexto de observação da experiência vivida, me torno incapaz de pensar em Évora apenas pelos seus monumentos, casas pintadas de branco, cafés ou todas as ruas que terminam na Praça do Giraldo.

De fato, esse tempo efêmero proporcionou a contemplação, o conhecimento, a envolvência e a certeza da descoberta de um lugar incomparável, capaz de proporcionar prazeres inigualáveis e experiências que terminam apenas quando deixamos essa estação chamada vida. Também tive a impressão de que a viagem interior é intangível, mas devemos continuar com a celebração das vozes e casas de fados.

Antes de acrescentar o ponto-final neste texto, destaco outro ápice da visita: o agasalho da lareira e a recepção da Senhora Esperança, também cantadeira e proprietária da casa, que nos acolheu com extrema gentileza e atenção. Foi uma noite memorável, saborosa e emocionante entre as muralhas de Évora. Recomendo o lugar e voltarei com certeza!

Texto publicado no Jornal Mundo Lusíada (São Paulo, Brasil): https://www.mundolusiada.com.br/bota-alta-e-a-fadista/


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

 

CHAMA-LHE FILHA, CHAMA-LHE…


Esta história das falhas do INEM que já provocaram mais de uma dezenas de mortes, dá pano para mangas. E é, evidentemente, pelas já graves consequências e não só, de uma tristeza completa.

O último episódio, Montenegro acusa o Governo anterior do alternante PS, de desvio de verbas do orçamento do INEM para outras funções. E Medina desmente. Faz lembrar aquele tão conhecido ditado popularucho e rasca; “Chama-lhe, filha, chama-lhe puta, antes que ela chame a ti!”

Diria que é difícil saber quem é que tem mais culpa no lamentável estado em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde onde o Instituto Nacional de Emergência Médica se insere. Mas não digo. Digo que tem ainda mais culpa por se reclamar de socialista e por ter mais tempo no Governo, o PS.

Mas a tristeza não se fica por aqui. O que já não era nada pouco! É a saúde e a vida dos portugueses que está em causa. Sobretudo, evidentemente, dos mais pobres. A esmagadora maioria, o povo. Ela torna-se ainda mais triste, a tristeza, passe o pleonasmo, porque é esse mesmo povo que sistematicamente coloca os alternantes no poder.

Como se não houvesse alternativa. Mas há! E se não houvesse, o povo que a criasse.

Sadismo? Não. Imbecilidade. Mas não sou eu que o diz! (Embora concorde) foi Guerra Junqueiro : “Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio”.

Não se manterá atual?

Francisco Ramalho




Assim nos tratam da saúde

 

Tendo entrado de tamancos no Ministério da Saúde, menorizando, ofendendo e desqualificando toda a gente que estava, atribuindo-lhe os seus próprios defeitos, a figura que Montenegro escolheu para tão sensível e delicada função vem demonstrando, em todas as suas decisões e declarações, que está longe de ser a pessoa que o Serviço Nacional de Saúde anseia; de facto, a pesporrente senhora não tem revelado a menor competência empática para proporcionar à diversidade de profissionais daquela específica área a paz de espírito necessária para se devotarem a tratar da saúde das pessoas que a eles acorrem.

 

Custa a crer que o líder do Governo não tenha podido encontrar, na gente da sua área política, alguém com mais capacidade para tão importante função, e chego a pensar que escolheu precisamente aquela pessoa por ela se ter desentendido com o então director de SNS; todavia, se foi esse o critério, podia ter optado pelo anterior Bastonário dos médicos, que foi sempre muito exigente com a anterior governação, e até aceitou ser deputado...

 

Amândio G. Martins

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Cansaço

 

  CANTIGAS DE EMBALAR

 

Prometem que um dia tudo vai estar bem

Mas entretanto a gente fenece

Farta da vida entre o choro e a prece

Esperando algo que nunca mais vem.

 

Dando o seu voto a quem a entretém

Com tanta propaganda que entorpece

Pergunta por que nada a favorece

E ouve que é do meio de onde provém.

 

Já não falta tudo para progredir

Garantem-lhe que o bem-estar há-de surgir

Mas será prudente esperar sentada;

 

Vale-lhe a sua idiossincrasia

Que a leva a encarar com bonomia

As patranhas que a mantêm sequestrada...

 

Amândio G. Martins

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

AUMENTAR SALÁRIOS E PENSÕES

 


Realizou-se no dia 09.11.2024 uma manifestação nacional promovida pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN), durante a manhã, no Porto e de tarde, em Lisboa.

Os objectivos da manifestação, em que participaram milhares de trabalhadores, foram a luta por aumento de salários e pensões, defesa dos serviços públicos e funções sociais do Estado, resolução dos problemas do País.




 

O IMPERIALISMO, OS VASSALOS E O PAPÃO RUSSO

Com a eleição de Trump que se deveu à manipulação mediática e à desilusão com as políticas do governo Biden/Kamala, o papão russo, corporizado em Putin, voltou a ser ainda mais agitado, devido ao pavor dos vassalos à propalada desproteção do guarda chuva de segurança norte-americano à Europa do lado de cá.

Ângela Merkel e Macron, já tinham publicamente confessado que a discussão dos Acordos de Minsk (que podiam ter evitado a continuação e intensificação da guerra na Ucrânia) serviram apenas para ganhar tempo e armar o regime de Zelensky. E em conjunto com as inúmeras sanções, fazer a maior mossa possível, à Rússia. Com a mesma intenção se deveu, ao contrário do que tinham prometido, a expansão da NATO para leste, como confessou também recente e publicamente, o seu anterior secretário-geral, Stoltenberg. Mas depois, os vassalos do império, colocaram e colocam a coisa ao contrário: “Se Putin não é detido, não se ficará só pela Ucrânia.” Virá por aí abaixo e só pára no Samouco. Para meter água. Portanto, há que abrir os cordões à bolsa e investir em força na “segurança coletiva da Europa”, e pedir a todos os santinhos para que Trump não concretize as ameaças de descurar o financiamento à NATO.

Pode custar-nos ainda muito mais caro esta subserviência ao imperialismo norte-americano que com democratas ou republicanos, visa a confrontação com a Rússia, com a China e com quem se lhe opor à velha pretensão de hegemonia global. Estando-se nas tintas para o Direito Internacional e Direitos Humanos, como prova o total apoio de ambos os partidos à guerra no Médio Oriente e a essa imensa vergonha que é o genocídio, o extermínio, em Gaza. Em relação à Ucrânia, apesar das fanfarronices de Trump, veremos.

Voltando às eleições nos EUA, ao contrário do que diz a imprensa de lá e a domesticada de cá, não existiam apenas os candidatos dos partidos democrata e republicano. Para além de outros, por exemplo, Jill Stein do Green Party of the United States ou Claudia de la Cruz do Party for Socialism and Liberation, também foram candidatos mas praticamente silenciados. Ambos se opõem ao genocídio em Gaza e ao apoio a Israel. Um dos lemas De la Cruz, é mesmo este: “Acabar com o capitalismo antes que ele acabe connosco”. Jill Stein, defende a dissolução da NATO, a educação pública e gratuita e a nacionalização da banca.

A vitória do boçal e prepotente candidato da extrema direita, deveu-se fundamentalmente às políticas antissociais e de proteção dos lobies do armamento, da banca, dos grandes grupos económicos e judaicos que financiam as campanhas dos candidatos destes dois partidos. Obviamente, ao contrário da tradicional demagogia e populismo do partido de Trump e seus congéneres, como o Chega, o seu futuro governo não vai resolver o grave problema de um dos países com maiores desigualdades do mundo. 40 milhões de pobres, 700 mil pessoas a viverem na rua e sem assistência universal de saúde e segurança social, onde o fosso entre estes, e os multimilionários, cresce incessantemente. Assim como permanece, a ameaça à paz mundial.

Francisco Ramalho



Embaucadores

 

 ATREVIMENTOS

 

Bem menos lúcidos que alucinados

Tudo lhes parece estar ao alcance

É só saber aproveitar a chance

Que surge aos que se apresentam ousados

 

Convencidos de estar bem preparados

Jogam decididamente o seu lance

Não tendo reparado na nuance

Que pode dar os cálculos errados.

 

Quando tudo lhes parece correr bem

Com caminho aberto para ir além

Por não se vislumbrar nada que impeça;

 

É quando por sentirem-se à vontade

Lhes vai surgir a contrariedade

O mais inesperado se atravessa...

 

Amândio G. Martins