UM CONTEXTO DIFÍCIL E MUITO PERIGOSO
Embora os resultados
eleitorais, a reação dos principais protagonistas e as potenciais
consequências desestabilizadoras do disparo do partido da extrema
direita, estejam ainda na ordem do dia, não me pronunciarei ainda
pormenorizadamente sobre o assunto.
Vou tentar resumir o
contexto em que se realizaram e as perspetivas que, Como se sabe, não
são nada animadoras.
No plano nacional,
direi apenas, creio ser consensual, a incerteza e a preocupação são
patentes. Mas também a certeza de que os democratas, as forças
progressistas, saberão entender-se e rechaçar os efeitos da
demagogia, do populismo, da regressão civilizacional que representa
o referido partido.
Internacionalmente,
a situação é ainda mais preocupante. Com destaque para as guerras
da Palestina e da Ucrânia.
A primeira,cuja
origem tem mais de 50 anos, transformou-se numa horrorosa catástrofe.
Num massacre impensável depois do holocausto nazi. Aliás, como a
comparou, e bem, Lula da Silva. Um exemplo entre os seus pares
social-democratas. Catástrofe, diga-se, que atingiu a barbaridade e
dimensão que atingiu, devido ao apoio que tem tido dos EUA e da
benevolência da UE.
Em relação à da
Ucrânia, a preocupação não é menor. Antes pelo contrário. A
Ucrânia é o campo de batalha, e o seu povo, principalmente as
forças armadas, carne para canhão. E para a comunicação social
dominante do Ocidente, manipulando a opinião pública e justificando
a guerra e a sua previsível intensificação e persistência, Putin
e a Rússia, são os únicos culpados.
Omite as promessas
feitas depois da queda da União Soviética e da dissolução do
Pacto de Varsóvia, que a NATO não avançaria para junto das suas
fronteiras, omite o comportamento do Governo da Ucrânia na
dissolução de todos os partidos da oposição (11) e de sindicatos,
omitiu e omite, os ataques contra eles, como o incêndio à casa dos
Sindicatos de Odessa em que morreram queimados ou em fuga, cerca de
50 de sindicalistas, omite os ataques do exército ucraniano à
população do Bonbass por reclamar o direito à sua língua (russo),
cultura, e ao desejo de autodeterminação, omite o não cumprimento
dos Acordos de Minsk que solucionavam o que restava resolver.
Recorde-se que Ângela Merkel, confessou mesmo que o seu protelamento
servia para que a Ucrânia se armasse. A armassem.
Ou seja, não lhes
bastou a dissolução da União Soviética e o regresso do
capitalismo. O que lhes convinha e convém mesmo, seria, será,
retalhá-la, como fizeram com a Jugoslávia, ou colocar lá um
governo “colaborador”. Colaboracionista. Como o da Ucrânia. Daí,
a corrida aos armamentos e a continuação da guerra.
Imperioso é a paz.
E relações normais entre todos os países da Europa e não só,
incluindo, evidentemente, a Rússia. Só isso interessa aos povos. A
guerra interessa aos que visam a hegemonia mundial, e ao complexo
militar-industrial do armamento. Esta, entre potências nucleares,
pode ter um fim trágico não só para a Europa, também para grande
parte da humanidade.
Francisco Ramalho
Publicado, quarta, 13, no jornal O Setubalense