UM MUNDO EM CONVULSÃO E A DEGRADAR-SE
Nos últimos dias em
Portugal, Braga, tem sido das cidades mais quentes. Na quinta-feira,
por exemplo, a temperatura máxima foi de 30 graus. Mas logo no dia
seguinte, baixou para 21. Acham isto normal? Por outro lado, eu que
tenho um pequeno quintal e sou agricultor nas horas vagas, este ano
tenho o batatal todo “queimado”. Sabem porquê? Porque durante
dias a fio a chuva e o frio, deram cabo dele. O míldio estragou as
batateiras. Nem sequer tive tempo de lhe fazer algum tratamento
preventivo.
Dizia-me há dias,
meio a brincar meio a sério, um amigo: “ é pá, Ramalho, se chove
é porque chove, se não chove...” este meu amigo, assim como tanta
gente, diz isto por ignorância e porque não pensa no assunto. E
ainda acrescentou o velho provérbio; março marçagão, manhã de
inverno, tarde de verão. O pior é que este março, foi quase todo
de manhã e de tarde, só inverno.
Nos últimos anos,
tenho tido quase sempre boas batatas, mas não se deveu à
normalidade do tempo! Deveu-se ao facto de as regar.
Sou filho e neto de
agricultores alentejanos que quase sempre tiveram bons batatais e
nunca os regaram. Pura e simplesmente, não tinham água, nem
necessidade de o fazer.
Mas toda esta
introdução, para dizer o seguinte: é que o clima no nosso país,
ameno e certinho, com as estações bem demarcadas, como sabem, já
lá vai! E estes, são apenas pequenos exemplos, dos efeitos, alguns,
muitos, mais ou menos catastróficos que, segundos os especialistas,
têm tendência a agravar-se sobretudo se a nossa espécie não
alterar o seu comportamento.
E quanto a este
ponto do nosso comportamento em relação ao ambiente, à Natureza,
estamos conversados, não é verdade? Não basta observarmos as
longas e crescentes filas de trânsito, principalmente às horas de
ponta nas maiores zonas populacionais? E não vou agora aumentar o
rol dos nossos contributos para as famigeradas alterações
climáticas, que é isso, obviamente, de que estamos a falar. Referir
apenas mais um exemplo da nossa irracionalidade que põe em causa
aquela afirmação de que somos feitos à imagem e semelhança de
Deus. Só que, Ele deu-nos também o livre arbítrio e...estragou
tudo. Bem, mas crenças religiosas à parte, acrescentar mais esta
loucura que é a guerra. A guerra e com monstruosidades, os
genocídios, como o que continua em Gaza e na Cisjordânia, com toda
a conivência do que já ouvi classificar, também a propósito da
sua guerra comercial, de rei louco. Conivência que já vinha do seu
antecessor “democrata”. E com a indigna indiferença da UE. E as
outras guerras, claro! Mais uma vez, com destaque para a que também
continua, por procuração na Ucrânia contra a Rússia, capitaneada
pelo reino do louco que agora diz querer pôr-lhe fim porque já não
lhe dá dividendos. Ficando os que tutelam a Europa, fomentando-a.
Claro que todo este
cortejo de destruição, também contribui, e de que maneira, para a
degradação ambiental, para as alterações climáticas, para cada
vez menores condições de vida no planeta.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal, O SETUBALENSE