quinta-feira, 23 de março de 2023

"Velhos são os trapos"

 

A colaboração de Ramón Tamames na moção de censura de Vox, se não beneficiou nada este partido não foi por sua culpa; de facto, se a sua debilidade física lhe não permitia subir à tribuna, obrigando-o a manter-se permanentemente sentado no lugar que Santiago Abascal lhe cedeu para aquela tarefa, revelou uma agilidade mental que, pouco ou nada aproveitando ao partido da extrema-direita, divertiu muitos espanhóis, até pela oportunidade aproveitada por alguns artistas cómicos para imitarem a sua figura em programas televisivos.

 

Começando por uma intervenção de 75 minutos, em que enumerou as razões que justificavam a moção, teve de Sánchez uma réplica de uma hora e 45 minutos, no fim da qual Tamames pôs toda a gente a rir, Sánchez incluido, dizendo que com aquele tempo se podia escrever a história do Império Romano de uma ponta à outra; respondendo aos que o criticaram pelo despropósito que foi aceitar aquela tarefa, por um partido que nem os direitos das mulheres reconhece, defendendo a prepotência dos homens, não reconhecendo às mulheres capacidade de decisão e autodeterminação, negando-lhes empoderamento, Tamames continuou desconversando, respondendo que, quanto ao poder que é permitido às mulheres em Espanha, tinham aí o exemplo de Isabel a católica, que já no século XVI tinha mais poder que o próprio rei.

 

Pelos pedaços que durante dois dias foram passando nas televisões, embora normalmente escolham o mais sonante, o tom de Tamames foi sempre divertido, o que, para mim, não é pouca coisa em política, desde que não sirva para secundarizar o que é sério. O grande parlamentar da Esquerda Republicana catalã, Gabriel Rufián, lembrou a Tamames que aqueles que ali se propôs defender eram filhos e netos dos que o tinham encarcerado pelo seu activismo comunista, mas como isso já foi há muito tempo, o velho comunista não se mostrou perturbado, dizendo a Rufián que não percebia de que se queixavam os catalães contra a nação espanhola...

 

Amândio G. Martins

quarta-feira, 22 de março de 2023

CELIBATO E SEXUALIDADE

 


A Igreja Católica reconhece que o desejo pelo prazer sexual faz parte da natureza humana, mas através do celibato e alguns conceitos de castidade, contraria essa natureza, o que estará na origem de muitos dos abusos sexuais.

 A sexualidade faz parte da natureza e deve ser no mínimo respeitada, ao ser reprimida abre mais possibilidades de se verificarem desmandos e comportamentos psicopáticos.

Ultimamente, o que tem estado na ordem do dia, são os abusos sexuais considerados crimes pelo Código Civil, mas a violação às leis eclesiásticas foi sempre muito para além disso durante muitos séculos, nomeadamente com amantes e filhos ilegítimos, embora hoje mais atenuados ou menos badalados esses desrespeitos das regras do celibato.

O celibato foi introduzido no século IV, embora com avanços e recuos na sua aplicação, o que permitiu até a existência de papas que foram casados, e foi imposto definitivamente no século XVI pelo concílio de Trento, embora nas práticas comportamentais não existisse grande alteração, sobretudo no clero com influência e poder material e social.

O choque entre o celibato e uma relação sexual e mesmo sentimental, é retratado em obas literárias como o «O Crime do Padre Amaro», do nosso Eça de Queirós e o «O Crime do Padre Mouret», do escritor francês Émile Zola.

Com o desenvolvimento social e de mentalidades, o celibato acaba por se transformar também num obstáculo ao recrutamento de sacerdotes, sobretudo a partir de meados do século XX, obrigando a Igreja Católica a medidas de recurso como uma maior actividade dos diáconos. É previsível que exista uma evolução do celibato para a sua abolição.

terça-feira, 21 de março de 2023

Farsantes

 

Quando a União Soviética caíu de podre, porque mais iníqua e corrupta que o capitalismo a sua ideologia, os países vizinhos que a prepotência tinha amordaçado manifestaram vontade de liberdade, tendo recomeçado a caminhar pelo seu pé, embora alguns nunca  conseguissem libertar-se completamente da cepa podre;  no que concerne à Ucrânia, ficou estabelecido que este país devolveria à nova entidade russa todo o arsenal nuclear aí instalado e a Federação Russa comprometia-se a respeitar a soberania e integridade territorial da Ucrânia.

 

Só que tudo mudou rapidamente na estrutura dirigente russa; de facto, educados/viciados na falsidade e prepotência comunista, só respeitam qualquer tratado assinado enquanto lhes parecer favorável, e quando perceberam cada vez mais problemático manter fantoches na governação ucraniana, vai de inventar ameaças à sua soberania a partir da Ucrânia e invadir este país da forma mais selvática.

 

O ditador chinês, agora disfarçado de “pomba da paz”, atirando areia para os olhos do mundo democrático, onde a confiança na China anda pelas ruas da amargura, diz pretender uma “nova ordem” baseada no respeito pela lei e soberania dos povos, como se a selvática agressão russa, que nunca reconheceu como tal, porque lhe tem sido altamente favorável, estivesse escudada no respeito por seja que lei for, mas percebe-se bem que a tal “nova ordem” seria uma em que ele e o amigo russo ditassem as regras...

 

Amândio G. Martins

segunda-feira, 20 de março de 2023

Rui Nabeiro, um patrão de excepção

Os empresários devem e deverão ver no exemplo de Rui Nabeiro, o fundador do Grupo Nabeiro - Delta Cafés, um homem consensual, que foi capaz de ter responsabilidade social, criando transportes e alojamento para os seus trabalhadores, sentido de equidade ao defender sempre o bem-estar dos funcionários, em suma dotado duma prática comprometida para quem representava a força de trabalho da sua empresa. Afigura-se-nos que a sua origem de classe - humilde terá sido o motor da sua preocupação ao longo de décadas na ajuda a várias famílias. Foi altruísta. Teve a particular ideia feliz, em chamar o iluminado escritor, José Luís Peixoto, para lhe narrar as suas memórias - originando uma obra biográfica: ''Almoço de Domingo'', da Quetzal Editores. A ler. Rui Nabeiro, priorizou a importância da formação e o ensino superior, daí o seu doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora. Caso a maioria do empresariado em Portugal fosse da estirpe de Rui Nabeiro, incomparavelmente viveríamos mais felizes! Máximas e sentidas condolências à sua família. O Senhor Rui Nabeiro, só fisicamente nos desapareceu, «não» morreu. Quem deixa tanto lastro, tanta solidariedade e genuíno amor - Viverá Eternamente!

O "meu" empresário modelo

No exercício da minha actividade profissional tive oportunidade de contactar pessoalmente com os mais diversos tipos de empresários, mas não lembro um só cuja forma de proceder e ética empresarial se aproximasse da de Rui Nabeiro -  de quem nunca sequer estive próximo mas fui conhecendo pelo que dele se dizia na Comunicação Social- realmente o “meu” empresário modelo, moldado na escola de que mais se orgulhava, a universidade da vida e a origem modesta de onde procedia.

 

Da maioria daqueles que conheci por contacto directo, impressionava-me a forma como lidavam com o pessoal que empregavam, não mostrando a menor consideração  pela pessoa, com aquela sobranceria que lhes dava o desplante de não responder à saudação que lhes era dirigida pelos trabalhadores, mas estavam sempre prontos a interpelá-los de forma grosseira, na presença fosse de quem fosse, para os repreender por algo que lhes desagradasse.

 

De uma maneira geral, aqueles que já possuíam alguma graduação académica para as funções que desempenhavam, faziam questão de afirmar, porque era moda, que os trabalhadores eram o mais importante activo da empresa; todavia, mesmo possuindo “MBA” de prestigiadas escolas de negócios, nenhum deles me parecia sentir a necessidade de dispensar ao pessoal que os fazia ricos o tratamento correspondente à importância que diziam ter e realmente tinham, muito menos com as qualidades humanas de Manuel Rui Azinhais Nabeiro; pudesse o seu exemplo frutificar na classe empresarial e o capitalismo seria outra coisa bem mais decente...

 

Amândio G. Martins 

A “ditadura” europeia


Bem audível, aí está a contestação generalizada perante a degradação das condições de vida da maioria dos portugueses. Para explicar os motivos dessa degradação, não faltam aos responsáveis os mais credíveis argumentos, como a pandemia, a inflação ou a guerra.

Numa entrevista que concedeu ao PÚBLICO (ver edição do passado sábado), Teresa Violante (T.V.), notável investigadora e constitucionalista, aprofundou a questão, desfiando acertadamente uma série de factos que ajudaram a que chegássemos a este inóspito “porto”. Antes de mais, o distanciamento, ou mesmo contradição, entre os desígnios constitucionais da UE e os de diversos Estados-membros. Por norma, as constituições dos países privilegiam os interesses sociais dos seus habitantes, enquanto as exigências europeias se subordinam à liberdade dos mercados, o que conduz “à dominação de quem tem mais poder”. É a valorização do consumidor sobre o cidadão, conceder o poder máximo à “santidade” dos mercados. Vale a pena reflectir sobre as razões que levam T.V. a considerar que o Pacto de Estabilidade e Crescimento nos impõe um “colete-de-forças” ou a associar tenebrosos adjectivos como “condicionada” ou “agrilhoada” à democracia que nos servem em baixela de lata. A UE está contra a verdadeira democracia e contra o Estado social?

domingo, 19 de março de 2023

"Dia da Pessoa Especial"

 

Pouco ou nada me dizem os “dias de...”, que todos para mim são iguais, embora não haja um só em que não se pretenda destacar qualquer coisa, algumas vezes de grande importância, como o “Dia da Sanita”, apetrecho doméstico que muitos milhões de criaturas humanas, para lá de não disporem dele, por falta de habitação condigna, sequer sabem o que seja; todavia, como tudo vai mudando constantemente, sobretudo no mundo consumista, é natural que o que se vai comemorando tome também“ “novas qualidades”.

 

 Pelo menos nesta parte do mundo dá-se hoje relevância ao “Dia do Pai”, mas parece que a forma como este dia é designado se apressa a ter também os dias contados, tão irrelevante se vem tornando a velha figura para alguns movimentos, pela diversidade com que se assumem “paternidades e maternidades”; de facto, como quis demonstrar uma professora do ensino básico de um colégio espanhol, em Jerez de la Frontera, não faz nenhum sentido, e é mesmo prejudicial para a saúde mental de muitos meninos, comemorar uma figura que desconhecem, estabelecendo que, dali em diante, o antigo “Dia do Pai” passaria a chamar-se “Dia da Pessoa Especial”.

 

Por estranho que possa parecer até foi um artista, o cantor Bertín Osborne, o primeiro a manifestar-se contra, não achando graça nenhuma a esta inovação, tentando “incendiar” as redes com o grito de “cessem já com esta louca, quem julgará ela que é...”; todavia, pelo que me fui apercebendo, nos comentários televisivos, não serão muitos os que com ele concordam, para além dos petrificados de sempre...

 

Amândio G. Martins

 

 

sábado, 18 de março de 2023

Tragédia permanente

 

A “Sãonzinha do Quim da Burra”, como era conhecida na zona onde residia, na Maia, segundo o JN, não gostava de ver aproximar-se o ex-companheiro, por ser conflituoso e só aparecer para lhe criar problemas; já tinha sido referenciado por violência machista, mas a queixa acabou arquivada e continuou à vontade, até à hora em que a matou a tiro, proeza que tinha anunciado horas antes e ninguém levou a sério.

 

Noutro caso, passado em Arganil, um que tentou matar à catanada foi a julgamento, mas a douta juíza decidiu pela absolvição, com o argumento de que, para além de não ter chegado a matar a mulher, a catana é uma ferramenta agrícola, não uma arma, e os vizinhos da mulher, que na sua defesa ficaram feridos, provocaram eles as feridas ao tirarem ao agressor a catana.

 

Na minha agricultura “desportiva”, eu uso várias ferramentas que podem matar, entre elas as enxadas, e uma sacholada na cabeça já mandou para o “outro mundo” muita gente ao longo dos tempos; se “por desgracia” viesse a ser acusado duma coisa dessas, também podia alegar em minha defesa que aquilo não é uma arma, e que não bati com ela na cabeça da vítima, mas que tinha sido a sua cabeça que foi ao encontro da enxada...

 

Amândio G. Martins

 

 

sexta-feira, 17 de março de 2023

 O ALMIRANTE, OS MARINHEIROS, EU E O SARGENTO


Disse o almirante Gouveia e Melo, chefe do Estado-Maior da Armada, que não é a guarnição do navio, quem sabe do estado de prontidão do mesmo. Disse ainda que a disciplina, é a cola das Forças Armadas. Disseram os membros da guarnição do patrulha que se recusaram ir para o mar, porque, entre outras deficiências, um dos dois motores principais do navio, estava inoperacional. Digo eu que, embora não tenha grande experiência do mar da Madeira e dos Açores, passei por lá quatro vezes, duas na Sagres e outras duas na fragata “Comandante João Belo”. Mas, é consenso geral de quem conhece aquele mar que, com frequência, não é para brincadeiras. Portanto, supúnhamos que debaixo de forte malagueiro (expressão muito usada na Briosa), se avariava o outro motor? Tendo o “Mondego” pouco calado e superstruturas bastante altas , ficando à deriva, que consequências haveria para o navio e respetiva guarnição? Provavelmente, seriam os marinheiros russos, a salvar os seus camaradas portugueses.

Diz o sargento Lima Coelho da Associação Nacional de Sargentos, que o senhor Almirante assim como os seus homólogos do Exército e da Força Aérea, se deveriam preocupar, primeiro que tudo, com o estado operacional dos equipamentos em que operam os seus camaradas, para que as missões que lhe são conferidas, ocorram em segurança e com eficácia.

E qual o papel do comandante do navio no meio disto tudo? Não devia ser determinante? Pelos vistos, não foi.

E volto eu a dizer, se não seria preferível e para bem de todos nós, que o dinheiro que o país gasta com a sua participação na guerra imperialista da Ucrânia, não fosse antes investido nos referidos equipamentos das FA? Nomeadamente , nos da Marinha que tem à sua responsabilidade a vigilância da nossa tão extensa Zona Económica Exclusiva Marítima.

Francisco Ramalho, ex marinheiro CM



De joelhos querem ver-te

 

CALMA, AMIGO

 

Que nem tudo é mal feito no país

Se reclamas da vida de servidão

Vão castigar-te com toda a perfeição

Não vás tu pensar que podes ser feliz.

 

Terás de fazer como o mandão te diz

Ou verás que te endurece a punição

Reduzindo mais à migalha de pão

Se não dobrares ainda mais a cerviz...

 

Não gostam de te ver descontraído

Temendo que fiques mais atrevido

E te lembres de fazer exigências;

 

Adoram ver a tua humildade

Que não penses noutra realidade

Que acabe a submissão a prepotências.

 

Amândio G. Martins

terça-feira, 14 de março de 2023

Como evoluímos...

 

OLHO POR OLHO...

 

Conta o velho “código de Hamurabi”

Penas que chamamos “barbaridade”

Mas para tantos mil anos de idade

Mais sensatas do que aqui já assisti.

 

Pior Babilónia encontra-se aqui

Com imensa falta de urbanidade

Quer o vadio o que dá na vontade

E se recusares quer dar cabo de ti.

 

Chamas “bárbara” à pena de talião

Mas medita nalguma comparação

Com o que hoje vemos constantemente;

 

Pessoa que até parece bondosa

Pronta a partir a dentadura toda

A quem por lapso lhe parta um dente...

 

Amândio G. Martins

segunda-feira, 13 de março de 2023

 PARABÉNS PAPA FRANCISCO!


Cumprem-se hoje 10 anos com o Papa Francisco ao leme dessa velha barca que é a Igreja Católica Apostólica Romana (não vou agora discorrer sobre ela, porque o farei amanhã, a propósito da pedofilia no seu seio, no jornal “O Setubalense”).

O Papa Francisco, é um cristão. Coisa rara entre os seus pares. Refiro, especialmente, a alta hierarquia. Um homem que, ao contrário da maior parte dela, não deturpou a Mensagem de Cristo.

O Papa Francisco, critica a fome e a guerra.

Fala da “economia que mata”. Ou seja, do capitalismo predador. E na “NATO a ladrar às portas da Rússia”. Que é como quem diz, disse-o ele, a NATO junto das suas fronteiras. A cercá-la. O que é uma das causas da guerra. A outra, que os hipócritas que estão a ganhar com ela e que por isso a defendem, foi o massacre das populações russófonas do Donbass, que os mesmos, sistematicamente, omitem.

Portanto, o Papa Francisco é um pacifista e um humanista. Ou seja, um verdadeiro cristão. Por isso, o nosso aplauso.

Francisco Ramalho

Rabo escondido com o gato de fora

 

A desfaçatez dos senhores dos grandes potentados da distribuição quer agora fazer crer que os artigos de primeira necessidade em que foram descobertas margens de lucro de 50%, como assegura a fiscalização económica, custam caro aos consumidores porque o Governo não lhes quer baixar o IVA, como se fosse aquela pequena  margem para o Estado a responsável por aumentos tão escabrosos para o bolso deles; este é um argumento que cai pela base quando, por força da lei, são compelidos a publicar os resultados do exercício, ficando toda a gente a perceber como conseguem o mesmo milagre dos banqueiros, com muitos dos restantes negócios enfrentando todo o tipo de entropias.

 

Além dos exemplos que há de que a redução do IVA pouco favorece os mais necessitados, para lá dos que não precisam beneficiarem por igual, os exploradores das situações que mais prejudicam a gente em período inflacionário até as eventuais baixas de IVA aproveitam para ganhar mais aquele, aumentando os produtos na mesma percentagem, ficando claro que a situação só poderá entrar nos eixos com um acompanhamento atento de toda a engrenagem porque, como sempre, os que produzem os bens são tão explorados como quem os consome...

 

Amândio G. Martins

domingo, 12 de março de 2023

 MULHERES EM FORÇA NA LUTA


Respondendo ao apelo do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), estiveram ontem em Lisboa, dos Restauradores ao Cais do Sodré, dezenas de milhar de mulheres, entoando palavras de ordem como esta: “PELA PAZ E PELO PÃO AS MULHERES CÁ ESTÃO!”. E estiveram. Vibrantes, determinadas, mas também animadas e contagiantes como só elas sabem ser. Não sei é se as televisões, as rádios e os jornais lá estiveram. É que já no passado dia 4, elas estiveram também na rua, no Porto, e não vi nem ouvi nada nos “pluralistas” media.

Foram, felizmente, muitos milhares delas que não calam esta vergonha que é meia dúzia de oportunistas, à pála da guerra, arrecadarem, aumentarem, brutalmente os lucros, enquanto milhões já passam por tão grandes dificuldades com os preços da alimentação e não só, a subirem todos os dias. E este governo “socialista” que não só não trava essa injustiça, como, em prol do privado, deixa degradar o SNS, o Ensino, e outros serviços essenciais. Este governo “socialista”, que apoia a guerra imperialista já de nove anos e não de 1, como dizem e que nos impingem a toda a hora a unica (dos seus donos) razão da sua causa, que está a pôr a Europa de joelhos, em vez de contribuir para que ela acabe.

Por isso, as mulheres estiveram na rua e estarão muitas mais, assim como os homens, para com elas dizerem, exigirem: PELA PAZ E PELO PÃO AS MULHERES E OS HOMENS CÁ ESTÃO!

Francisco Ramalho

Corroios, 12 de Março de 2023


As causas da guerra


Discorrendo sobre as problemáticas em torno das duas guerras mundiais do século XX, creio não existir nenhum historiador que ouse apontar como únicas causas, respectivamente, o assassinato do arquiduque Francisco Fernando e a invasão da Polónia por Hitler. Nas análises que serão feitas dentro de algumas décadas sobre a actual guerra da Ucrânia, nenhuma se ficará também por indicar isoladamente a criminosa invasão perpetrada por Putin, antes lhe acrescentando uma panóplia de circunstâncias que, indubitavelmente, se encontram na sua génese. Ao contrário, hoje, os analistas que nos entram em casa diariamente, pela informação em geral, mas em especial pela via televisiva, “abafam-nos”, monocórdica e monoliticamente, com a “única” causa da guerra, numa demonstração de alinhamento ideológico que não me parece nada enriquecedora, tanto mais que, com dispensável frequência, pontuada por sinalizações belicistas nada dissimuladas.

É de lamentar que sejamos encurralados nessa visão tão redutora. De lamentar ainda mais que quem se atreve a tentar conferir maior abrangência ao assunto raramente escapa a ser apodado de pró-Putin.


Expresso - 17.03.2023