MIKHAIL GORBACHEV
Impossível deixar passar o acontecimento mais noticiado hoje, em todo o mundo.
Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
EXIGÊNCIA
Se queremos algo inacessível
O caminho é tentar merecê-lo
E não ficarmos só por querê-lo
Que desse modo nada é possível.
Não peças o que não é exequível
Grande que seja a vontade de tê-lo
Mas se te aprimorares com zelo
Pouca coisa na vida é impossível.
Mas não sejas igual à poeira
Para a qual não existe barreira
Quando o vento levanta da terra;
Procura merecer o lugar certo
Mantendo-te o mais possível desperto
Percebendo o que a vida te nega...
Amândio G. Martins
EXCEÇÕES EXEMPLARES
Fruto da incúria dos sucessivos governos, que é como quem diz, dos governos PS, PSD com ou sem CDS, do crime quase impune e, também , claro, dos rigores atmosféricos, este verão do nosso descontentamento, vimos grande parte da nossa joia da coroa, a Serra da Estrela, ser transformada em paisagem lunar. Assim como tantas outras joias deste jardim à beira mar plantado, num total já superior a meio milhão de hectares.
Neste verão do nosso descontentamento, com tantas dificuldades em maternidades e outros serviços de urgência hospitalares, fecho de agências do único banco público, a CGD, outras desgraças cá pelo burgo e o prosseguimento da guerra na Ucrânia consumindo vidas humanas e bens dos dois beligerantes em conflito direto, com repercussões graves um pouco por todo o mundo, especialmente na Europa, e até com ameaças nucleares, mas com dividendos chorudos dos empórios do armamento, sobretudo os localizados no outro lado do Atlântico, ambições estratégicas de hegemonia global também aí localizadas, e com a União Europeia e não só, subordinada a essa estratégia imperialista. Tudo isto, provocando um sentimento quase generalizado de grande apreensão e apatia. Mas, felizmente, há quem não se resigne. Há exceções exemplares que consideramos de toda a justiça e utilidade divulgar. Algumas, decorrendo em simultâneo aqui na nossa região.
A mais conhecida, é a Festa do Avante. Essa cidade efémera de 3 dias, o maior evento cultural, gastronómico, desportivo e político deste país, erguido, mantido a funcionar e desmontado por milhares de pessoas. Comunistas, mas também muitos amigos e simpatizantes do PCP, cuja paga é apenas a afirmação dos seus ideais por um país e um mundo melhores. Sobretudo, mais justos. Outro exemplo, são as Festas de Corroios que decorreram de 19 a 28 deste mês no amplo e aprazível Parque Urbano da Quinta da Marialva. Mais aprazível e útil ficará ainda quando, brevemente, estiverem em funcionamento o Parque Canino e o Jardim Botânico. Festas, por onde já passaram muitos dos maiores músicos e cantores/as deste país. Por exemplo, o anfiteatro onde se situa o palco principal, Carlos Paredes, chama-se Xutos & Pontapés. Banda que já cá atuou mais de uma dezena de vezes. E nos outros dois palcos, priveligia-se os artistas locais e o vasto Movimento Associativo e Popular. Embora com o apoio da Câmara Municipal do Seixal, é o maior evento do género, a nível nacional, organizado por uma junta de freguesia.
Outro exemplo menos conhecido; a par do espaço de informação e propaganda, o pavilhão com petiscos e bebidas que o PCP (tal como outros partidos com representação na Assembleia de Freguesia, também lá têm o seu espaço) habitualmente tem nas Festas. Desde a desmontagem nas Festas da Amora de onde vem, a montagem em Corroios, a preparação para o funcionamento diário durante os 10 dias das festas e, finalmente, a sua desmontagem, são 16 dias de trabalho dedicado de muitos militantes e também de amigos e simpatizantes do PCP.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal "O SETUBALENSE"
Tenho-me deliciado com o pouco que me tem sido permitido ver dos “encierros” que, em Espanha, se realizam em diversos locais; o mais recente, na Comunidade Valenciana, onde a coisa, no dialecto local, se chama “bous al carrer”, cifrou-se em sete mortos e trezentos feridos, alguns deles turistas estrangeiros já habituados a ir ali para isso, que acham “beautiful”.
Eu também acho, mas é quando os animais lhes pegam com os cornos pelos fundilhos e os atiram para as estrelas, nalguns casos com fogo no traseiro, porque os organizadores vão ao requinte de colocar tochas faiscantes na ponta dos cornos dos animais para os tornar mais bravos; e quando os viajantes ao espaço aterram ainda são espezinhados e novamente atirados ao ar, ou contra a vedação, pelos que vêm atrás, em corrida louca. Lindo, lindo...
Amândio G. Martins
Se a corrupção é uma violação dos Direitos Humanos, a prolongada precariedade também é uma violação do direito ao trabalho digno consagrado na nossa Constituição. Ninguém pode ser livre com a canga da precariedade às costas durante anos... muitos empresários, neste caso, do turismo gritam que não têm trabalhadores. Homessa!, continua a haver basta emigração que procura fora melhor salário que não tem em Portugal. A falta de trabalhadores é directamente proporcional à manifesta escassez remuneratória. A precariedade, além de ser autêntica sobre expoloração é uma enquistada doença social, económica e cultural. As famílias são duramente atingidas pela imprevisibilidade desta continuada chaga laboral. Esta malquista situação, sei do que falo, já que fui precário, num posto de trabalho permanente onde passaram, anteriormente, vários companheiros de trabalho uns atrás dos outros, anos a fio. Foi uma dor de alma sentir que os meus filhos poderiam não ter pão na mesa...
O militar só tem 21 anos, fez a escola da GNR, está ao serviço há cinco meses e, segundo se lê no JN, já apareceu bêbado no posto de trabalho; feito o teste determinado pelo comandante do posto, comprovou que estava alcoolizado e tentou fazer desaparecer a prova.
E não pode deixar de inquietar a cidadania que um elemento duma tal força policial, cuja função é defender as populações da criminalidade, acabado de saír duma formação específica, onde supostamente se submeteu aos mais diversos testes, psicológicos e psicotécnicos, tão cedo se esteja “borrifando” para as suas obrigações, sendo que uma das mais importantes deverá ser andar sóbrio no seu exercício...
Amândio G. Martins
A avaliar pelos últimos tempos, dentro de seis meses, estaremos a “comemorar” um ano de resistência do heróico povo ucraniano. Entretanto, a Rússia há-de ter avançado 23,5 centímetros no território ocupado, e a Ucrânia há-de ter recuperado 4 aldeias e meia, tudo isto no leste, porque, a oeste, na Europa, talvez se lobrigue apenas um finalizar de Inverno farto de restrições, inflação e frio. Os mortos, feridos e estropiados terão aumentado sem conta nem medida. É a guerra!
Urge acabar com ela. Caso Putin e Zelensky o queiram decididamente, ela acabará mesmo. O problema está em encontrar-se um modo aceitável para ambos. Porque não acordarem num torneio entre caval(h)eiros, à moda medieval? Terão eles a galhardia suficiente para se defrontarem num tabuleiro qualquer? Desde uma partida de xadrez a uma bisca lambida, passando por um duelo, ao murro ou à espada, qualquer coisa nos satisfaria, desde que fossem capazes de perceber que está a morrer muita gente, o mundo se está a deteriorar, e que, embora haja quem muito lucre com isso tudo, a dor espalhada é absolutamente inaceitável.
Público - 28.08.2022. Com o título modificado para "Guerra na Ucrânia", e com uma severa amputação, assinalada a sublinhado. Provavelmente por falta de espaço, ou então... por qualquer outra razão!
Que bom é saber que a bandidagem dirigente da cleptocracia russa já não se pode sentir tão segura no seu valhacouto; de facto, mesmo permanentemente rodeados de matilhas adestradas para, de forma completamente acéfala, darem por eles a vida, sempre haverá uma possibilidade de os fazer provar do seu veneno.
E o actual “Rasputine”, sanguinário ideólogo do “czar”, a quem incentiva a não ter com os ucranianos a menor piedade, devendo mandar matá-los a todos, escapou agora por pouco de não ter ido pelos ares em fanicos; pena que tenha sido a filha a pagar as “favas” porque, sendo ainda muito jovem, não teve tempo de fazer muito mal à humanidade, podendo até, quem saberá, vir a tornar-se gente válida para a paz...
Amândio G. Martins
TÁS COM O PERIÚDO, PÁ.
A RTP é paga por todos nós. A mim, ninguém me perguntou se queria contribuir... fui, fomos forçados compulsivamente a dar dinheiro. É o Estado através do seu Orçamento, que tem obrigação de o fazer. Ponto. O noticiário musical/cultural tem sido tratado nos telejornais da RTP2, como um rebuçado dado aos telespectadores. Rebuçado mal embrulhado, diga-se porque nem sempre são mais de 2/3 minutos de antena, no final do noticiário. Ser no fim é positivo, já que sendo a última noticia e é a que fica na retina. No entanto, aqui a Cultura é maltratada com um espaço tão curto, superficial e incompleto. Isto é inaceitável. No que à música diz respeito, é uma dor ver o sábio musical, Álvaro Costa às sextas-feiras, ter pouco mais de 1 minuto para explanar o seu saber enciclopédico. É confrangedor perceber que Costa quer alongar-se um pouco mais e cortarem-lhe o espaço/tempo - a voz. Dá Deus nozes a quem não tem dentes... a RTP pública está aquém de servir este mesmo público que diz até à exaustão ser a ele que se destina e lhe enche os cofres... Sentimo-nos defraudados - assim não!
Diz-se no JN que o estranho comportamento do “nosso” ainda mais famoso futebolista, apesar de lhe beliscar a imagem desportiva, não lhe afecta minimamente os negócios, que continuam a prosperar em todas as suas facetas; todavia, tendo sido o profissionalismo a mais relevante marca da sua imagem universal, não compreendo nem um bocadinho o que o leva a tal procedimento com um clube onde cresceu e ainda é desejado, com o qual tem um contrato que assinou livremente.
Menos ainda entendo que papel estará a desempenhar o seu não menos famoso empresário em tudo isto; o argumento que o jogador vem passando, de que prefere um clube que dispute a liga dos campeões, não me parece justificar tão feia atitude porque, se for verdade, ter-se-ia aplicado mais a sério na época passada, para ajudar a actual equipa a poder disputá-la agora...
Amândio G. Martins
VANITAS VANITATUM
Cantando por aí mal afinado
Procuro rir-me na cara dos medos
Não sou pessoa de grandes segredos
Pouco vale a pena ser guardado.
É muito mau andar pressionado
Consumir-se em patéticos enredos
Solta o ar comprimido em “torpedos”
Soa mal mas ficas aliviado...
São conhecidos senhores pequenos
Que presumindo de modos serenos
Querem imitar os tiques dos “grandes”;
Mas no esforço de manter a pose
A falsa fatiota se descose
Passando por humilhações constantes...
Amândio G. Martins
Em 2021 existiam em Portugal cerca de nove mil pessoas sem-abrigo, segundo elementos da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo.
Segundo este grupo governamental, desde a sua
criação, em 2017, terão sido retiradas das ruas 1800 pessoas (pouco mais de uma
por dia), mesmo «num contexto muito adverso em termos sociais e económicos».
No entanto, em 2022, para a maioria da
população os tempos que se estão viver não são fáceis, com o aumento da
inflação, a subida em flecha dos preços, a degradação das condições de vida, o
agravamento da situação económica e social.
Se o governo/PS não tomar e avançar com medidas
de emergência, como combater a especulação, controlar os preços, repor o poder
de compra perdido de salários e pensões de reforma, reforçar a protecção social
para situações de mais fragilidade, não só vai ser difícil diminuir o número de
pessoas sem-abrigo, como existe o risco do seu aumento. É urgente impedir o
aumento da pobreza e insistir no combate à mesma.
ENGANADOS
Dizem-te seres livre para voar
Mas não te deixam desenvolver asas
E por maiores esforços que faças
Dificilmente vais poder levantar.
Respondem-te que precisas de lutar
Mas as armas que te dão são tão fracas
Que se pela coragem te destacas
A competição leva-te a soçobrar.
Os que manipulam os instrumentos
Adoram coarctar-te os movimentos
Recordar-te qual é o "teu" lugar;
Reduzirem-te a uns voos rasantes
Pouco melhor do que já era antes
Por não te quererem evidenciar...
Amândio G. Martins
Tudo correu pelo melhor para todos, excepto, talvez, para ele próprio. Sérgio Figueiredo (S.F.) desistiu da vontade de ocupar um cargo que quase todos pressentimos ser uma troca de favores. Esta reciprocidade, louvável na vida individual, deixa de o ser quando envolve dinheiros públicos. Por isso, saúda-se a “barulheira” que despertou o anúncio do convite a S.F. para ser consultor estratégico do Ministério das Finanças. A todos os títulos, ela foi eficaz, e mostrou, para futuro, que os actos desabridos, tomados pela força, nem que seja de uma legítima maioria absoluta, podem ser travados. Mas não tenhamos grandes ilusões, porque hão-de aparecer muitas oportunidades em que não bastará uma ensurdecedora e abrangente campanha de repúdio para opor a vontade popular a um conjunto maioritário de deputados na Assembleia da República. Será preciso, pelo menos, um desistente sem a força necessária para enfrentar os protestos, quando o que abunda são os que, quando a tença é boa, se submetem a qualquer opróbrio. Desta vez, vá lá, tivemos mesmo sorte.
Público - 19.08.2022
A malquista pandemia não foi entrave no acesso à imprensa.
FÁBULA ANTIGA
No princípio do mundo o Amor não era cego;
Via mesmo através da escuridão cerrada
Com pupilas de lince e olhos de morcego.
Mas um dia, brincando, a Demência, irritada,
Num ímpeto de fúria os seus olhos vazou;
Foi a Demência logo às feras condenada,
Mas Júpiter, sorrindo, a pena comutou.
A Demência ficou apenas obrigada
A acompanhar o Amor, visto que ela o cegou.
Como um pobre que leva um cego pela estrada.
Unidos desde então por invisíveis laços,
Quando o Amor empreende a mais simples jornada,
Vai a Demência adiante a conduzir-lhe os paços.
CANÇÃO TZIGANA
Das minhas trinta e três amantes
Apenas três me não traíram;
Mas dessas três, sempre constantes,
Duas por fim também partiram.
De amor eterno, alto, modelo,
Foi uma só, das trinta e três...
Mas essa, em paga do seu zelo,
Sou eu que a engano muita vez...
António Joaquim de Castro Feijó – Ponte de Lima, 1859 – Estocolmo, 1917.
Poeta e diplomata, exerceu funções no Brasil, onde foi honrado pela Academia Brasileira de Letras; daí passou para a Suécia, onde faleceu ainda novo, após a morte da mulher, cuja perda não teve forças para suportar.
Transcrito por Amândio G. Martins.
Mandar matar é exercer um acto de primarismo obtuso, próprio de quem, pessoalmente, não é capaz de o fazer, ou não quer “sujar as mãos” e as lava como Pilatos. Uma fatwa islâmica é uma ordem decretada por um cobarde que delega noutros, a troco de dinheiro ou por qualquer obediência, uma tarefa que, envolta em alguma insanidade, é um profundo desejo individual.
A sociedade islâmica, outrora na frente da sabedoria, deixou-se ultrapassar, enredada em teias de obscurantismo religioso que, por sinal, já apoquentaram as sociedades ocidentais. Azar dos muçulmanos, que se deixaram ficar para trás naquilo que convencionamos chamar desenvolvimento.
Mas nem tudo é assim tão simples. Em teoria (e na prática), continuamos, no nosso hemisfério, a tomar decisões que, justamente por nos considerarmos mais evoluídos, deveríamos ser mais criteriosos em aceitar. Poucas coisas diferenciam a tentativa de cumprimento da fatwa que perseguia Salman Rushdie há 33 anos do ataque à distância que redundou na morte de Al-Zawahiri. Afinal, ambos eram temidos pela sua perigosidade.
Intrinsecamente, o Homem contém em si os mais básicos sentimentos, que não mudam com o decorrer dos tempos, nem, pelos vistos, com as distâncias geográficas ou ideológicas.
Público - 14.08.2022
Dezenas de anos depois da prepotente "sentença" de um alucinado, um celerado que na altura ainda nem era nascido esfaqueou brutalmente um homem esclarecido, só porque as revelações deixadas nos seus livros não agradaram àqueles que vegetam num mundo de trevas, que mostram tal respeito pelo seu Deus, que sacrílegamente se lhe sobrepõem, atrevendo-se a fazer o que só a Ele cabe.
Os milhões de pacíficos crentes que, espalhados por toda a Terra, conhecem e apreciam as vantagens que um convívio respeitador de todos os credos propicia, também devem sentir-se envergonhados dos inconcebíveis actos que em nome da sua confissão religiosa alguns tarados decretam que se pratiquem e justificam...
Amândio G. Martins
“AD VERBUM”
Perguntas em que me inspiro
Quando quero escrever
Respondo ser decisivo
Na minha forma de viver...
Não te mostras satisfeita
“Interesseira a resposta”
Pretendes ser tão perfeita
Que chamas de mente estreita
Quem com tal pouco se importa.
Das “luzes” do Rio Lima
Sei não poder fazer parte
Tão pobre esta minha rima
Que lhe falta essa arte.
Quem sente só muito tarde
Maravilha tão sublime
Não pode fazer alarde
Mas se não quer ser cobarde
Exorcisa o que deprime.
Amândio G. Martins
Revoltante o que escreve no JN o doutor Fernando Araújo, presidente do Hospital de S. João, acerca da forma como lá foi despejado um idoso, sem acompanhamento da família nem qualquer referência de quem pudesse ser; feitas as necessárias diligências, do hospital lá conseguiram contactar com uma mulher, que disse ser nora e terem chamado o INEM, porque o sogro não estava bem e queriam ir de férias para o Algarve, que precisavam descansar.
Aparentando ter mais de cem anos, desidratado, desorientado, a pele colada aos ossos – diz Fernando Araújo – o que indicia, digo eu, abandono de toda a ordem. Que espécie de gente é esta, que tipo de homem será o filho, que não só não o preocupa a forma como a mulher lhe “cuida” o pai, como seguramente será cúmplice dessa desumanidade!
Terão todo o direito a ir de férias, para o Algarve ou para onde mais lhes apeteça, mas antes não deveriam salvaguardar o bem-estar do familiar incapacitado, que têm à sua responsabilidade? Já todos estamos mais ou menos “habituados” a ver abandonados cães e gatos, sobretudo em época de férias, porque se revelam um estorvo para os seus “cuidadores”; parece que a barbárie se estende agora também às pessoas dependentes...
Amândio G. Martins
A privatização dos CTT promovida pelo governo de Passos Coelho foi nefasta e continua a ser... Os velhos pensionistas/reformados são os mais penalizados e sofridos com o encerramento das
REGABOFE
Copo bem cheio e logo vazio
Como se fosse um alcatruz de nora
É bota-adentro nesse bota-fora
Tão glutona demonstração de brio.
Este pessoal é dum tal feitio
Que comem e bebem a toda a hora
Quem não aprecia pode ir-se embora
Se não sentir fixe esse “passadio”...
Se precisamos comer para viver
Não devemos inverter o proceder
Viver para comer é desconcerto;
Dito que pantagruélicas ceias
Concorrem para sepulturas cheias
O dito não será tão incorrecto...
Amândio G. Martins
Joe Biden deu a ordem (ou apenas autorização?) para que os seus serviços eliminassem Al-Zawahiri. Sendo esta personalidade quem era, um facínora com tendências para genocida, não posso deixar de assinalar que, embora em grande parte dos países civilizados do Ocidente a pena de morte já tenha sido extinta, ela continua a ser defensável no mundo político-institucional. Mais, é motivo para regozijo, e até permite que, neste caso, o mandante arpoe mais um penacho no chapéu, vindo gabar-se do feito nas televisões, embora sem conseguir esconder que o verdadeiro desígnio seria recuperar o prestígio e a visibilidade perdidos nos tempos pós-Afeganistão, com as “sombras chinesas” desencadeadas por Nancy Pelosi a obscurecer-lhe o sol. Ainda que amplamente “justificado”, o acto não deixa de ser uma execução, e a “ordem para matar” deixou de ser (alguma vez foi?) exclusivo do “007”. Embora com antecedentes como Obama, aplicar a pena de morte continua a parecer-me digno de Trumps e Dutertes, e até Putin, quando a exercita, esconde-a bem escondidinha, mas o católico Biden, ao mandar fazê-lo, julga-se acima da responsabilidade individual pela ordem. Coisas não da geopolítica, que tudo justificam, mas da política interna norte-americana.
FAZ 77 ANOS E PODE REPETIR-SE MUITÍSSIMO PIOR
Foi a 6 e 9 de Agosto de 1945, com Hitler morto e a Alemanha nazi rendida, que o presidente dos EUA, Harry Truman, ordenou o bombardeamento atómico das cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui.
Até ao fim desse ano, morreram em consequência, 210 mil pessoas. A esmagadora maioria das quais, de imediato após a explosão das bombas. Milhares de outras ficaram a sofrer e foram morrendo também, mais ou menos lentamente, conforme o grau de radiação a que foram sujeitas.
Os então responsáveis do país que persiste na hegemonia global, cometeram, a par do holocausto, o maior crime da história da humanidade.
A justificação foi: ”pôr termo à Segunda Guerra Mundial”. Assim aconteceu. Mas, com as forças armadas do Japão exangues, era necessário assim? A resposta é mais que óbvia: uma demonstração de força, e aviso à então URSS.
À época, apenas os EUA possuíam aquela arma. A pior que o homem já inventou. Hoje existem 13 mil e ainda muitíssimo mais potentes e facilmente projetadas. 12 mil das quais, pertencentes aos EUA e à Rússia. As restantes, à China, Reino Unido, França, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte. Portanto, armas suficientes para destruir umas poucas de vezes toda a humanidade.
Com o conflito no leste da Europa, com as interferências dos EUA em relação também à China e quando, por exemplo, a doutrina militar dos EUA prevê que tal arma pode ser utilizada num primeiro ataque dito preventivo, e que as tem espalhadas um pouco por todo o mundo nas suas bases militares e integrando também o arsenal da NATO, acordos que deixaram de ser cumpridos, e outros perigos, claro, relacionados com tão explosiva e dantesca matéria.
Portanto, não seria mais que útil, a comunicação social dar o merecido relevo a tal matéria, para que o horror, potencialmente muitíssimo pior, não volte a acontecer?
Conclusão: uma opinião pública bem informada será fundamental para obrigar os estados e dar força à ONU, para a redução, controlo, ou mesmo eliminação ,deste que é o maior perigo para grande parte, ou mesmo para toda a humanidade.
Sem qualquer pretensão, evidentemente, aqui fica esta modestíssima contribuição.
Francisco Ramalho
Aqueles “zeros” que pretendiam transformar as forças de segurança – PSP e GNR – em ameaças de insegurança para os cidadãos, fazendo delas o contrário daquilo para que foram criadas, gerando medo e desconfiança, acabam de se declarar vencidos pela indiferença dos que não acreditaram na bondade das suas acções, quase todos, ou a grande maioria.
Felicito todos quantos nas referidas polícias contribuíram para esvaziar o perigoso “balão” de ensaio, para desgosto também do grotesco grupelho de xenófobos e racistas a que as mais recentes eleiçoes abriram as portas do Parlamento, e cujo líder, ainda deputado único, aproveitou a manifestação que os tais “zeros” levaram a cabo junto à casa da democracia, para se meter no meio e guinchar perlenga...
Amândio G. Martins
CLARO E EVIDENTE
Lê-se no Público de hoje, na crónica habitual de António Barreto, na parte final:
"Na verdade, as acções americanas ou ocidentais no Chile, no Iraque ou no Vietname não têm desculpa e são condenáveis, tanto quanto as de qualquer outro país em qualquer outra latitude. A grande diferença consiste na capacidade, ao alcance dos povos e dos partidos das democracias e do Ocidente, de debater, de criticar, corrigir, melhorar e derrotar aquelas iniciativas e seus autores. A liberdade e o Estado de direito fazem a diferença. Mas há quem não perceba".
Quem não perceba nem quer perceber. Dominados pelo fanatismo.
José Valdigem
O “HERÓI” E OS SEUS PATROCINADORES
Só mesmo a avassaladora campanha mediática tão prolongada, pode convencer tanta gente moralmente bem formada, mas mal informada, manipulada, de que Volodymyr Zelensky, é um herói.
Um herói, tem de ser também uma pessoa moralmente bem formada. Não um indivíduo sem escrúpulos que escorraça quem consigo não concorda (todos os partidos da oposição. 11), que se rodeia, que acolhe, nazis. Que tentou resolver a ferro e fogo, regiões que aspiravam à sua autodeterminação, que proibiu a língua que falavam (e falam) essas populações.
Que escancarou as portas da Ucrânia à ingerência externa, transformando-a em plataforma dos EUA e da NATO, contra a Rússia. Com tudo isto e não só, dando assim, pretextos à invasão e recusando sistematicamente conversações para qualquer entendimento e fim do conflito.
Só mesmo o imensíssimo poder da gigantesca máquina mediática, o poderiam projetar aos olhos de milhões bem intencionados, quase um menino de coro, ou até galã, herói romântico, a que a Vogue, deu cunho.
Mas, parte dessa gente, já está um pouco de pé atrás, ao vê-lo demitir tantos/as até então, da sua confiança.
Agora a Amnistia Internacional, puxou-lhe a máscara. Acusa as suas tropas (que ele já se apressou em defender) de violarem o Direito Internacional e as Leis da Guerra, utilizando civis inocentes como escudos humanos. Ou seja, utilizando deliberadamente, escolas, hospitais, prédios e zonas fortemente habitadas, como bases militares ofensivas.
Acrescentar que os seus patrocinadores, os que mais golpes de estado e guerras promoveram, que têm as mãos encharcadas de sangue até só para exibirem a força, como foi o caso, faz agora 77 anos, das bombas atómicas utilizadas depois da Alemanha nazi se ter rendido e com o Japão de rastos, como se tivessem um pingo de moral, intensificam as provocações, agora contra a China, agravando assim, a já ameaçada paz mundial.
Com o arsenal, sobretudo nuclear, existente, é bom que estejamos atentos, antes que a realidade supere qualquer aterrador pesadelo.
Francisco Ramalho
É UMA REBALDARIA
FÉRIAS BEM MERECIDAS
Esta é a minha última participação antes das férias. Depois, só dia 30. O SETUBALENSE vai estar ausente das bancas de 5 a 29 deste mês. Todos os que o fazem, desde o diretor, jornalistas, até aos colaboradores regulares como é o caso deste vosso escriba, vão gozar, creio que os estimados leitores concordarão, as suas merecidas férias.
Após mais um ano, e já lá vão tantos, este jornal (o mais antigo de Portugal continental), a informar sobre a vida da região, das suas autarquias, a dar voz aos eleitos pelo distrito à Assembleia da República e a um conjunto de colaboradores cujas opiniões abrangem todo o espectro político-ideológico, como deve ser um jornal que se preze ,isento e pluralista, contribuindo assim, para a formação democrática dos seus leitores, merece bem estes dias de descanso.
Vai de férias num período bem conturbado. A nível nacional, para além do fecho de serviços hospitalares e agora até de esquadras da polícia e, mais uma vez, principalmente por causa dessa calamidade que deveria prevenir-se bem melhor; os fogos florestais.
Este ano, e ainda só estamos em princípios de Agosto, já ardeu o dobro da área do ano passado. É verdade que esta onda de calor contribuiu para isso. Mas explica tudo? Aprendeu-se alguma coisa com a tragédia de 2017? A desertificação do interior, outra das causas, tem sido considerada pelo novo/velho governo PS? Por exemplo, o apoio à pequena e média agricultura, ou outros incentivos para a fixação de pessoas, casais jovens, fez-se alguma coisa?
Felizmente, tem havido menos mortes. Não conheço bem essa sinistra contabilidade, mas mesmo assim, há a lamentar a do jovem piloto, um casal de idosos que fugia do fogo, e não serão os únicos. E os milhares de animais, sobretudo selvagens, mas também domésticos, sacrificados? E os bens materiais, as matas, a angústia e o sofrimento de quem lá vive?
No plano internacional, evidentemente, o que marca, é a guerra na Ucrânia. Guerra preparada pelos que prepararam tantas outras, como, por exemplo, a do Iraque baseada numa monumental mentira. ou a da Líbia. Então, com o melhor nível de vida região e que a deixou destroçada. Em ambos os casos, para abocanharem as suas grandes reservas energéticas e pelo facto dos respetivos líderes, não lhes permitirem. Por isso, para além de tanta morte e destruição, foram também miseravelmente assassinados.
Agora, com uma campanha mediática como nunca visto, voltam a diabolizar um líder e apontam-no como único culpado. Mas não convém-se toda a gente! Por exemplo, alguns bem conhecidos e empenhados intervenientes: Carlos Matos Gomes, Pedro Tadeu, José Goulão, Viriato Soromenho Marques, Alfredo Barroso, Miguel Sousa Tavares, Carlos Branco, Frei Bento Domingues.
O papel de vassalagem da UE, vai-nos ficar bem caro.
Mas nem tudo é mau. Temos aí diversos eventos organizados principalmente por autarquias, como é o caso de Corroios, cujas grandes festas se realizam de 19 a 28 deste mês, com muita música e animação.
Divirtam-se! Boas férias!
Francisco Ramalho
Publicado terça, 2, no jornal "O Setubalense"
Sou um fâ incondicional do artista enquanto tal. Não pelas habilidades canoras, mas porque é um atento observador da realidade. É, ainda, um “assembleur” de eleição que, conjugando ingredientes a preceito, como um autêntico “chef”, obtém resultados de paladar sublime. Desde os tempos dos Bandemónio se adivinhava que a sua carreira, cerebralmente delineada, só podia redundar em êxito. Aquele genial "Talvez F****” foi um (re-)arranque imparável.
Não acredito que, para ganhar a vida, Abrunhosa necessite de grandes manhas publicitárias, como não acredito que delas dependa para vender mais discos ou concertos. Considero que a sua “intromissão” na guerra da Ucrânia foi sincera. Só que, parece-me, não lhe ficou muito bem pedir o apoio do Governo português. Entretanto, nas rádios, nunca se ouviu tanto Abrunhosa como agora.
INDIGNIDADE
Saco de trampa em forma de mulher
Educação estupidificante
Insultou pessoas num restaurante
Até que a fizeram retroceder.
Levou resposta para não esquecer
Mas revela-se muito importante
Um “chega” para lá perseverante
Para tal indignidade não crescer.
É um comportamento recorrente
Que esta subespécie de gente
Mostra como superioridade;
Mas uma tão reles gentalha à solta
Causando sempre uma grande revolta
É um subproduto da liberdade...
Amândio G. Martins
Que saudades tenho dos tempos da “guerra” (fria, e ainda bem!), em que os “mandões” do mundo nos faziam crer, quantas vezes carregados de hipocrisia, que estávamos prestes a atingir a concórdia universal. A palavra de ordem era a cooperação, mesmo quando, na realidade, se esmordicavam, de faca nos dentes. Pelos jornais, assisti a infindáveis encontros bi, tri, quadri e multilaterais q.b. em que as partes, sorridentes, juravam a pés juntos que tinham chegado a acordo em tudo e mais alguma coisa, e o futuro só podia ser radioso.
Hoje, lamentavelmente, só me recordo de duas personalidades que, com genuinidade, desejam pactos de não-agressão: Francisco e Guterres. Todos os outros se pavoneiam nos écrans de dedo no gatilho, com ar de que só chegarão ao êxtase quando o premirem. Toma lá sanções, dá-me cá sanções, que assim é que nos entendemos. Diplomacia? Sim, se virulenta. Reciprocidade? Pois claro, mas agressiva.
Não sei em que sítio é que os diplomatas de antigamente escondiam os pruridos de se apresentarem cordatos, educados e cosmopolitas. Mas sei aonde é que os de agora deviam meter as suas recorrentes bravatas.
Ignoram o significado de fair-play, abundam em prosápia, e têm muita falta de juízo, não é?
Público - 04.08.2022 (com supressão das frases sublinhadas, certamente por pruridos púdicos).
Portugal, enquanto País, este ano já esgotou os recursos naturais do Planeta Terra em 7 de Maio. Até ao final do ano viveremos a crédito... A generosidade da Mãe Terra não é ilimitada! Estamos a explorar o que ela dá muito para além do possível, extenuando-a. Viveremos com um cartão de crédito ambiental, já que só o podíamos usar a partir de 2023.