sábado, 30 de abril de 2022

JORNALISTAS CONTAM O QUE VIRAM



Os acontecimentos da madrugada sangrenta do 1.º de Maio de 1982, foram da responsabilidade política e prática do Governo AD (PSD, CDS, PPM), chefiado por Pinto Balsemão, tendo Ângelo Correia como ministro da Administração Interna e como governador civil do Porto, o coronel Rocha Pinto. 
 Do «Livro Branco – Maio 1982 Porto», transcreve-se relatos de jornalistas nos seus respectivos órgãos de informação:
 «Já na Avenida dos Aliados identifiquei-me como jornalista. Um dos graduados olhou-me com desdém: «Vamos limpar esta porcaria e esse cartão não lhe serve de nada. Depois, quando tiver a cabeça partida, não me diga que não o avisei. Os jornalistas comem como os outros». (Carlos Magno, RDP/Porto) 
 «”Desaparece”» - berrou-me o polícia, quando eu, colado à parede do Café Imperial tinha acabado de lhe exibir a carteira profissional que o deveria obrigar, por lei, a respeitar a minha missão de jornalista. «Temos ordem para varrer a Praça», atalhou. E varreram. Segundos depois, foi o início do verdadeiro pesadelo: os primeiros tiros foram disparados à saída da Praça da Liberdade e só terminariam na subida para a Sé, centenas de metros para além do perímetro de eventuais confrontos, com muito sangue derramado na Praça Almeida Garrett». (Afonso Camões – O Primeiro de Janeiro). 
«Aqui são todos iguais e os jornalistas ou se retiram ou comem como os ostros. Temos ordem para limpar a Praça e é isso que vamos fazer». A seu lado, um outro elemento da Polícia de Intervenção lisboeta, aparentemente um subordinado, acrescentou: «não olhamos a cartões e ou a Praça fica limpa ou ainda esta noite há mortos…» (José Alberto Magalhães, jornalista da ANOP) 
 «Aquilo a que assisti, nessa madrugada de 30 para 1 de Maio, ano de 1982, foi uma vasta exibição de violência repressiva e gratuita, em que os muitos actos de pura selvajaria contra gente indefesa e inadvertida marcaram o tom geral de uma operação policial realizada em condições tais de desprezo pelo direito de cada um à integridade física e à vida que ficaram a classificar um conceito – absurdo – de polícia». (José Queirós, Jornalista do Expresso) 
 «Em vez de um lápis dou-te mas é com o cassetete pelas costas abaixo, para então teres muito que escrever», disse-me ele, o polícia, ou pelo menos fardado e armado como tal , ao fim da noite do dia 30, quando em plena Praça da Liberdade recolhia o depoimento de um homem que chorava, por, também ele, ter sido agredido, barbaramente, quando vindo do trabalho se dirigia à paragem do autocarro». (Alfredo Mourão, jornalista de A Capital)
REFUGIADOS BONS, MAUS E IMPARCIALIDADE Diversas ONGs e jornalistas, acusam a FRONTEX (guarda costeira da UE que opera especialmente no Mediterrâneo), de deixar refugiados provenientes especialmente do norte de África à deriva nos seus botes de borracha ou noutras precárias embarcações. Ou, pior ainda, recambiá-los para os seus países de origem. Entretanto, como se sabe, aos refugiados ucranianos, só falta lavarem-lhes o cu com água das malvas. Passe o exagero, a ironia, pois todos os refugiados, independentemente da sua origem, devem ser tratados com humanidade, mas atente-se nestas imensa discriminação e hipocrisia. Explicação? Ora qual é que havia de ser! É que os que morrem afogados ou são recambiados por exemplo, para a Líbia, onde vigora um autêntico comércio de escravos, são refugiados das guerras do Império, da NATO, e de alguns países da obediente UE, como a França ou a Inglaterra. Portanto, das guerras boas (Líbia, Síria, Iémen, Afeganistão, Iraque, Palestina), e os ucranianos, são refugiados da guerra má, da que está a dar e convém continuar, da que tem todos os holofotes dos media ocidentais, a da Rússia. Outro exemplo da “imparcialidade” do Império, da obediente UE e não só, é o caso de um país “perdido” nos confins da Oceânia, com uma população que não chega a um milhão de habitantes (690.000) e com a área de 28.450 Km2, as Ilhas Salomão. Pois bem, o Governo das Ilhas Salomão, decidiu assinar um acordo em matéria de segurança com a China. Em Tóquio, Camberra e, claro, em Washington, tocaram logo as campainhas de alarme. Isto, na região onde já existe uma aliança militar, a AUKUS (uma segunda NATO), entre a Austrália, o Reino Unido e os EUA. E estes últimos, o Império, foi ao ponto de ameaçar de imediato: se a China estabelecer uma presença militar , de facto, naquelas ilhas, “isso levantará sérias preocupações aos EUA, que retaliarão em consequência”. Ou seja, os que dispõem de 80 bases militares por todo o mundo, que felicitam a Suécia e a Finlândia pela sua provável adesão à NATO, que a colocam junto das fronteiras da Rússia (um dos principais motivos da guerra na Ucrânia), arrogam-se no direito e ameaçam um minúsculo país a milhares de quilómetros, pelo facto exposto. Portanto, acordos de defesa, só com o Império ou com o seu braço aramado, a NATO. É nisto que os arvorados capatazes do mundo, o transformaram. Haja quem tenha a dignidade de os olhar olhos nos olhos, lhes chame aquilo que são, e lhes diga: NÃO! Francisco Ramalho

O medo é mau conselheiro

 

CALEM-LHE A EMPÁFIA

 

Bem guardado no seu valhacouto

O criminoso julga-se imune

Nessa imunidade que presume

Todo o mal feito lhe parece pouco.

 

Prepare-se-lhe já um calabouço

Juntando toda a força que nos une

Nem pensar deixá-lo ficar impune

Ou com castigo de que faça pouco.

 

Seria péssima coisa acontecer

Deixarem o psicopata perceber

O mundo à sua volta medroso;

 

Importante é que a besta perceba

Que ameaçar destruír a Terra

Não lhe pode garantir nenhum gozo...

 

Amândio G. Martins

sexta-feira, 29 de abril de 2022

E uma "porra", é, D. Catarina

 

Quem ouve perorar D. Catarina Martins, quem tem responsabilidades de governo, no Estado ou nas empresas, só por má vontade ou incompetência não resolve todos os problemas que lhe surgem pela frente; de facto, como se depreende das suas perlengas, é só uma questão de querer resolvê-los, só que os detentores do poder sentem prazer em massacrar a cidadania, obrigando-a a resolver ela as dificuldades que se lhe colocam no dia a dia.

 

Mas agora que os “ingressos” se lhe fazem curtos para pagar aos trabalhadores do partido, D. Catarina vê-se obrigada a proceder como qualquer empresa, quando os negócios não vão bem, mandando-os arranjar trabalho noutro lado; para as tarefas que desempenhavam parece que se propõe recorrer ao voluntariado, porque as tarefas não terão diminuído, antes pelo contrário, significando que o seu amor à classe trabalhadora, quando é preciso não deixar caír a empresa, não é muito diferente daquele de qualquer empresário...

 

Amândio G. Martins

Ética, pragmatismo e realpolitik


Sem recuarmos muitos séculos na História, até Sun Tzu ou mesmo Maquiavel, testemunhámos, há poucas décadas, os “ensinamentos” de Henry Kissinger ou Zbigniew Brzezinski, sublinhando a premência de, nas relações internacionais, se dar primazia ao pragmatismo, ao utilitarismo das medidas implementadas. O cinismo deste tipo de pensamento torna-se fundamental para adaptar a actividade humana à objectividade de que é feita a vida, que nunca é como deveria ser, mas como existe na realidade. 

Putin manipula como ninguém estes conceitos, bastando-lhe a capacidade inesgotável de cinismo e a total falta de escrúpulos de que dá mostras. Chega a  requintar-se com “pormenores” como aqueles bombardeamentos a Kiev, em plena visita do secretário-geral da ONU. 

A Federação Russa não é uma entidade política “normal”, e já todos percebemos que, ao nível convencional, tem um poderio militar muito mais débil do que aquele que, há pouco tempo, pensávamos indiscutível. O problema estará em que, pela mão de Putin, a Rússia salte para fora desse “convencional”. Aí sim, tudo será de temer, e talvez valha a pena começar-se já a pensar e agir em termos pragmáticos. Por muito que custe a tantos ofendidos e a longínquos “heróis” irresponsáveis.


Expresso - 06.05.2022

quinta-feira, 28 de abril de 2022

FALSOS ÂNGULOS DA CIVILIZAÇÃO E DA HISTÓRIA

No «Grande angular», «Civilização», Público de 23.04.2022 (pagina 3), António Barreto afirma que «As Nações Unidas… são o maior exemplo da tendência forte de consolidação de sistemas colectivos de segurança e de diálogo… sempre a cooperação e o diálogo, sempre a procura incessante da paz e sempre o estabelecimento de regras para o convívio internacional. Este complexo sistema está ferido de morte». Pretendendo no conjunto do seu texto criar falsos ângulos da civilização e da história, ao afirmar que a incapacidade e limitação de acção da ONU, aconteceu agora com a guerra na Ucrânia, escamoteando que foi o desaparecimento da União Soviética no início dos anos 90 do século XX, que foi o factor determinante para a machadada na paz, segurança e diálogo internacional, escondendo ao mesmo tempo as guerras que tiveram lugar desde então, como Jugoslávia, Iraque, Líbia, Afeganistão e outras, da grande responsabilidade dos E.U.A., envolvendo a NATO e a cumplicidade da U.E. O desaparecimento da União Soviética proporcionou igualmente o aparecimento e desenvolvimento duma Federação Russa super-capitalista, a exemplo da Rússia feudalista que existiu até 1917 e que foi derrubada pela revolução de Outubro.

Um rei "civil servant"

 

Felipe de Espanha tem vindo a mostrar um comportamento em que se percebe a preocupação de fazer esquecer a má imagem que o “velho” deu à monarquia nos últimos anos do seu reinado; desde logo fazendo saber, quando rebentaram os escândalos acerca do comportamento de Juan Carlos, que renunciava a todo e qualquer benefício que eventualmente lhe pudesse advir dos milhões que investigações diversas deram a conhecer, que teria um pouco por todo o lado, conseguidos muito antes de ter abdicado no filho, mas que a inviolabilidade da sua figura, consagrada na Constituição, não permitia à Justiça interferir, mesmo que das falcatruas tivesse conhecimento.

 

Agora que o pai já terá pago as quantias reivindicadas pela Fazenda Pública, e tem feito saber, através de velhos amigos, que gostaria de acabar os dias na sua pátria, embora ainda se sinta “forte como um urso”, palavras suas, esta eventualidade está a causar engulhos à Casa Real e ao Governo, que parece terem concertado uma forma de fazer saber que, se voltar a Espanha, não haverá na Zarzuela espaço nem orçamento para ele.

 

Entretanto, veio a público a declaração dos bens pessoais de Felipe VI, permitindo aos espanhóis ficar a saber que o seu rei é o mais pobre de todos os monarcas europeus, com apenas dois milhões e meio de euros, em economias, obras de arte e algumas joias, não constando na tal declaração um único bem imóvel; todavia, como os grupelhos ditos republicanos não perdem nenhuma chance de achincalhar a monarquia, ao deputado único do grupo “Compromis”, Joan Baldovi, da Comunidade Valenciana, não ocorreu melhor coisa para dizer que isto:  “El chaval, perdón, El rei, llevava 8 años diciendo que iba a ser transparente”...

 

Amândio G. Martins

 

quarta-feira, 27 de abril de 2022

COMEMORAÇÕES POPULARES DO 25 DE ABRIL NO PORTO

Comemorações Populares na cidade do Porto do 25 de Abril

Ambições que matam

 

ALMAS DOENTES

 

Se me calhasse a mim ser o “primeiro”

Não me veriam morder a “medalha”

Arrumá-la-ia na vulgar tralha

Sem a basófia do interesseiro.

 

Satisfeito por ter sido inteiro

Nada veria nela que me valha

Que o que a vida nos aconselha

É não se endeusar tal “mealheiro”.

 

Já não existe a corrida olímpica

Com aquela dignidade intrínseca

Com que nasceram as Olimpíadas;

 

Mas uma máquina de fazer milhões

Atletas drogados pelas ambições

Almas doentes e desesperadas.

 

Amândio G. Martins

A liberdade desceu a Avenida da Liberdade

 

 A liberdade de celebrar o 25 de Abril de 1974 foi entroncada por um mar de gente. Almas sequiosas, em virtude da pandemia, em dar vivas ao processo iniciado naquela data. Nunca vimos tanta gente a bordejar a grandiosa manifestação. Com regozijo, diziam-nos: «Estamos a chegar ao Rossio e ainda há organizações, na praça Marquês de Pombal à espera de desfilarem!». É errado não homenagear aqui o dia mais glorioso da nossa História, porque este regime assenta noutro 25, o de Novembro de 1975. O início do desfile teve 6 carros da polícia(!), duas chaimites e um largo intervalo até chegar ''a'' cabeça do evento. A JCP, de forma aguerrida e sonora, gritava: «O Povo unido jamais será vencido!». O PS, atrás repetia este mote com 48 anos. O Povo desunido continua vencido e este partido com tantos anos de presidências e governos deve pôr a mão na consciência política... O BE com a sua juventude exuberante agigantava-se no eco das palavras que lavram e lutam. Um enorme pano vermelho era o epicentro do Manifesto em Defesa da Cultura, que invariavelmente assumia com elevado som sincronizado: «1% para a Cultura!», «O Estado tem na Constituição o apoio para a Cultura como obrigação!», e «A luta continua no Teatro e na rua!». Esta palavra de ordem também serviu para intercalar a poesia, o cinema, as bibliotecas, a televisão [pública], a literatura.

Esta sim foi uma manifestação valente 
mobilizada e engajada de gente antiga, de novos e de muitas crianças com um cravo.
Muito do que foi prometido após o 25 de Abril está por realizar... mas tem futuro!

        Vítor Colaço Santos

terça-feira, 26 de abril de 2022

48 anos da Revolução de Abril

A censura editorial da comunicação social dominante e capitalista, prosseguindo a sua saga de sempre contra o 25 DE ABRIL e os seus valores, escondeu uma vez mais e o mais possível, as iniciativas e comemorações populares do 25 DE ABRIL, no Porto, Lisboa e em outras cidades e localidades espalhadas por Portugal, com milhares de participantes, que celebrando os 48 anos da Revolução de Abril, reivindicaram o cumprimento dos seus objectivos, consagrados da Constituição da República, o direito ao trabalho, o direito à educação, o direito ao Serviço Nacional de Saúde, o direito à habitação, o direito a melhores salários e pensões, acabar com desigualdades e por mais justiça social.

25 DE ABRIL, SEMPRE ! fascismo nunca mais!

KM 224, FABULOSO! Parabéns a António-Pedro Vasconcelos(realização), Parabéns a Paulo Branco(produção), Parabéns a José Fidalgo pela soberba interpretação, a Ana Varela e ao restante elenco, pelo filme, pela obra-prima, que produziram. KM 224, é um filme extraordinário aqui ou em qualquer parte do mundo. Trata da temática dos divórcios litigiosos com filhos menores. Os seus dramas, angústias e lições. No fundo, trata da condição humana, perante as desavenças e o amor pelos filhos em comum. Absolutamente a não perder. Francisco Ramalho PS- Maravilha, foi também o 25 de Abril ontem em Lisboa. A Avenida completamente cheia do Marquês ao Rossio. Uma excelente e agradável surpresa. E com uma componente interessantíssima: Muita juventude. Imensa mesmo. E uma das palavras de ordem bastante entoada foi: Paz Sim! Guerra Não! Imaginem assim também por essa Europa fora e não só! Quem não gostaria nada, era os “senhores” da guerra. A esses, o dinheiro e a sede de domínio, falam mais alto. Será excelente que os jovens ( e os cotas, evidentemente) falem ainda mais alto.

 COMEMORAR O 25 DE ABRIL


Ontem, comemorando o 25 de Abril, fui, com a minha gente, almoçar ao restaurante Casa Pancada, em Vieira do Minho, casa e lugar de que sou fã desde há muitos anos.

Ao chegar, reparei que havia uma mesa devidamente posta, a todo o comprimento da sala.
Pouco depois, chegam os comensais. Era o  tenente-general Franco Charais acompanhado dos anfitriões locais. 
Ao abraça-lo, disse-lhe da minha enorme honra de conhecer pessoalmente um dos mentores do programa do MFA e Comandante da Região Militar Centro.
Sinto-me reconfortado.


José Valdigem



Quando tudo se arrisca...

 

Os ultradireitistas de todo o mundo, para quem Trump foi por algum tempo a lanterna-guia, ficaram órfãos com a sua derrota, necessitando, como pão para a boca, da vitoriazinha de algum companheiro ideológico, fosse onde fosse, sendo a vitória do sujeito da Hungria uma injecção de ânimo, mas o que eles queriam mesmo era ver na presidência de França aquela “barrica de banha”, que acaba de somar agora a sua terceira derrota naquela corrida.

 

É que a maioria dos franceses votantes, por muito que Macron não tenha sido o presidente dos seus sonhos, perante tão sinistra alternativa, garantiram a eleição do“mal menor”, quem sabe se reservando para a outra mais um premiozinho de consolação, nas próximas legislativas, o que não deixará de criar entropias ao trabalho do agora eleito, mas é assim a “lotaria” democrática.

 

Mas tal como os comunistas portugueses, que sempre arranjavam maneira de dar às derrotas um ar de vitória, talvez com excepção da última, que foi mesmo demolidora, também os populistas da ultradireita festejaram por todo o lado o resultado da francesa, como tendo conseguido uma grande vitória, a começar por ela própria.

 

E vi coisas tão caricatas como Alfonso Fernández Mañueco -  que para formar governo em Castilla Y León, se viu obrigado a satisfazer todas as exigências de Vox -  dar os parabéns a Macron, enquanto os seus sócios de governo os davam a Le Pen. Mas este Mañueco, que se lê manhueco, que nem pôde contar, na tomada de posse, com a presença do líder nacional, que não quer aparecer na foto com Abascal, não tarda vai ver-se secundado em Andaluzia, porque na ânsia de governar em solitário, o líder desta comunidade também vai convocar eleições antecipadas, sem receio de vir a trocar um parceiro leal, como tem sido "Ciudadanos", pela extrema-direita, que são quem mais eleitorado lhes vem roubando...

 

Amândio G. Martins

segunda-feira, 25 de abril de 2022

 25 DE ABRIL SEMPRE


Grândola vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti ó cidade








José Valdigem

"Reserva de Índios"

 

Sendo Portugal um país que, a par de Espanha, constituía o que de mais atrasado havia na Europa, o passo de gigante que em abril de 74 se pretendeu dar na restauração da democracia, que o dito “Estado Novo” havia tanto tempo tinha amordaçado, foi tolhido por aventureirismos que por pouco não descambaram numa cruenta guerra civil.

 

Não fôra aquela atempada correcção, em novembro de 75, e o trabalhinho de sapa de mentores de ideologias que nada tinham a ver com o sentir da maioria dos portugueses tinha surtido efeito, porque muitos dos fautores do quanto pior melhor, para quem expulsar das empresas os seus criadores e legítimos gestores era “socialismo”, já tinham dado a coisa como quase amadurecida.

 

O 25 de novembro foi o que já demorava, a começar por grande parte daquelas populações a quem uma coisa chamada “5ª Divisão” tinha tentado inqualificáveis lavagens ao cérebro, sem o menor respeito pelos seus usos e costumes, que começaram por lhes correr bem a princípio, mas só enquanto pareceram novidade bem intencionada.

 

Só que as pessoas depressa caíram em si, entretanto prevenidas por quem tinha da democracia concepção bem diferente; e quando mais tarde uma nova incursão foi tentada, em jeito de “folow up”, aqueles "doutrinadores" sentiram o sabor amargo da rejeição.

 

Sendo improvável terem por cá sucesso tão estapafúrdias ideias, como se tem verificado em sucessivas eleições, estruturar com elas um Estado só seria possível por imposição da força, e de tal desgraça acabava de saír o país; mas se, por absurda hipótese, tal se pudesse ter verificado, seríamos hoje, na Europa, uma espécie de “reserva de índios”...

 

Amândio G. Martins

Todos atiram a primeira pedra, mas…


Nesta imensa tragédia que é a guerra da Ucrânia, não haverá ninguém completamente isento de erros. Países e organizações, através dos seus representantes, de um lado e do outro, talvez apenas o Papa Francisco possa ser eximido desse ferrete. Mesmo António Guterres (A.G.), secretário-geral da ONU, titubeou demasiado tempo sem anunciar iniciativas que notoriamente pudessem contribuir para uma mediação frutuosa entre os beligerantes. É claro que A.G., na sua tradição de sincero humanista, não tardou a lamentar as vítimas da violação, por parte da Rússia, da Carta das Nações Unidas. Talvez tivesse sido preferível que se apressasse, numa postura de maior dureza, a exigir da Rússia, membro do Conselho de Segurança, o escrupuloso cumprimento daqueles preceitos. Sucumbindo à compaixão perante a dor dos ucranianos, A.G. hipotecou, cedo de mais, a autoridade e o múnus com que poderia “forçar” Putin a resolver as suas diferenças com a Ucrânia, ou mesmo com a NATO, na mesa das conversações, e não no pavoroso teatro de guerra em que transformaram os caminhos ucranianos violados. 

Tenhamos alguma esperança nas diligências de A.G. agora anunciadas. Mas poucos acreditarão em “milagres”...     


Público - 26.04.2022



domingo, 24 de abril de 2022

PARCIALMENTE VERDADEIRO, EM VEZ DE PARCIALMENTE FALSO

Na prova dos factos, Público de 23.04.2022, (página 2), «O actual poder na Ucrânia ilegalizou o Partido Comunista?», o jornalista Miguel Dantas, considera «parcialmente falso», só porque o presidente ucraniano não esteve directamente ligado ao acto. Mas a líder parlamentar do PCP, também não afirmou tal, disse que «há um poder na Ucrânia que avançou no sentido da ilegalização do Partido Comunista e de um conjunto de outros partidos». Esse poder político, a que está ligado o presidente da Ucrânia, e que surgiu após o golpe de 2014, ilegalizou o Partido Comunista logo em 2015. O presidente Zelenski manteve a ilegalização e mais recentemente, já após o início da guerra, suspendeu a actividade de uma dezena de outros partidos. No mínimo, o jornalista devia ter considerado a frase como «parcialmente verdadeiro».

Taras e manias

 

DA SAÚDE MENTAL

 

Nunca quis ser o foco das atenções

Gosto de observar despercebido

Sentir-me um ser livre é do que preciso

Sem buscar artificiais promoções.

 

Quem se preocupa com tais pretensões

Vida vazia sem nenhum sentido

Quando algo tiver aprendido

Já sofreu escusadas humilhações.

 

Para quê a gente pavonear-se

Tantas vezes ridículo disfarce

Que todos vão acabar por perceber;

 

Se sobressaíres com boas acções

Sentirás o que são boas emoções

Para alimentar vontade de viver.

 

Amândio G. Martins

sábado, 23 de abril de 2022

Abril primaveril engolido por Novembro invernal

 

 É cada vez mais difícil descobrir alguém com carácter político genuíno que leve a sério as comemorações com aval governativo e   presidencial, dos 50 anos do 25 de Abril. A actual vigência política não advém desta data, mas sim!, do golpe militar concretizado em 25 de Novembro de 1975. Porquê então as comemorações oficiais daquela gloriosa data? Porque a liberdade oficial que nos impingem é a liberdade da burguesia enriquecer exponencialmente e o proletariado

vegetar a caminho de ficar paupérrimo. Todos os acontecimentos pós-25 de Abril, quase 50 anos depois, continuam a servir de aferidor: «desvio ameaçador, aberrante e anárquico» - para
democratas, socialistas democráticos, social-democratas, liberais ou fascistas-democratas.
A voz dos simples e dos pobres era ouvida e começava a ter peso! O silêncio a que estes foram submetidos faz com que os sem-cautela julguem que aquele está desaparecido. O brilhante escritor e filosofo, Miguel de Unamuno, escreveu:'' A ira dos mansos e dos pobres é terrível!''. 
O presidente, no âmbito das citadas comemorações, quer homenagear Spínola(!) que foi o chefe do MDLP bombista que destruiu património e também matou, além do democrata Padre Max e sua aluna, também quis matar o 25 de Abril! 
O que resta de Abril? Quase nada num sistema securitário. Onde páram as pessoas comuns que há 48 anos descobriram já não haver motivos para ter medo das forças armadas e dos patrões e se reuniam em assembleias para discutir e resolver as questões da sua vida colectiva? Foram expulsas sem deixar rasto, porque era essa a essência da democracia de Abril. Essa novidade electrizante, que alguns chamaram com condescendência utopia, foi a descoberta de que a democracia pode ser mais do que o espectáculo das instituições, pode e deve ser a via para questionar uma ordem social e abordar a grande questão que lateja sob a normalidade do dia a dia. É admissível a propriedade de meia dúzia de famílias contra o interesse de milhões de pobres? A democracia de Abril só por isso foi estrangulada!
Sejam sérios, festejem os 49 anos do 25 de Novembro(!). Isto sim é que faz sentido...

                          Vítor Colaço Santos

COMO VEJO A GUERRA


Recuemos a 2014. Chegados aqui, a Ucrânia já perdeu a Crimeia para a Rússia, graças a um Governo pró-Moscovo . A isto, penso que "ainda" se chama traição.
O povo ucraniano, em peso, lutou (pacificamente), para destituir os traidores. Ficaram bem conhecidas em todo o mundo livre, aquelas manifestações gigantescas na Praça Maidan, em Kiev, durante mais de 1 mês, em que nem a neve nem o frio intenso, fizeram com que a população desistisse. Conseguiram os objectivos.

Entretanto a Rússia, entusiasmada com a facilidade com que se apropriou da Crimeia, já exigia mais. Agora, era o Donbass, a faixa que serve de ligação entre os dois territórios
Apesar dos apelos de ajuda constantes dos novos governantes junto da Europa democrática, esta, sempre fez "orelhas moucas". Pior do que isso: continuou a negociar com o Kremlin como se este fosse um parceiro de confiança. Petróleo e gás de lá para cá. Armamento sofisticado de cá para lá. Mesmo depois de ter sido decretado pela U.E. o embargo de fornecimento de material de guerra à Rússia...
Há que apontar o dedo: Alemanha, França e Itália, foram os que mais lucraram.

Diante daquele festival de hipocrisia, Zelensky e seus apoiantes naturalmente radicalizaram-se.

No Kremlin, Putin, pela calada, vai urdindo a tramoia. E sabe que pode contar com um "submarino" dentro da U.E.: o "fascistóide" Viktor Órban, da Hungria.

Agora, é o que se vê: com meia Europa dependente da Rússia, o déspota arreganhou os dentes e mostrou as garras. É a barbárie total. Sanguinário, desumano, cruel, não poupa velhos nem crianças.
Penso que as entrevistas que Oliver Stone lhe fez há alguns anos, que de alguma forma serviram para lhe branquear a imagem, se fosse agora, não as faria.

É assim, que vejo a guerra Ucrânia x Rússia. 
Agradeço que comentem, porque cada vez tenho menos certezas absolutas. Ando a aprender. Andamos todos. Não?

Nota - Já que ninguém é responsável por pôrra nenhuma, vou sugerir ao nosso Governo que ofereça ao Exército da Ucrânia, o armamento armazenado nos paióis de Tancos, antes que sejam roubados por um qualquer bando de mafiosos. Teriam assim, alguma serventia.


José Valdigem


Perigosa frustração

 

No meu tempo de catraio, os putos juntos gostavam de exibir uns aos outros a sua “machesa”, ora demonstrando quem tinha a pila maior, ora quem conseguia “mijar” mais longe; “canalha”, diziam os adultos, quando surpreendiam essas cenas, pondo em debandada a “malandragem”.

 

Quando agora mostraram aquela “coisa” que o psicopata russo se viu na necessidade de exibir ao mundo, ameaçando que pode atingir, com a sua “mijadela”, qualquer ponto do globo, o arroto da insolente figura pareceu-me uma evidente demonstração da sua impotência pessoal, sentindo-se  imensamente frustrado por verificar a imensidão de gente que não nutre pela sua figura a menor consideração...

 

Amândio G. Martins

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Perguntamos: Porquê?

 

 Todo o desinteressado apoio ao Povo ucraniano contra a destruição e carnificina, perpetrada pelo «czar» Putin, é imperioso. Este revela o cúmulo do cinismo, quando chama ''operação especial'' à guerra de ocupação na Ucrânia.

Mas porquê a Assembleia da República, definida como a Casa da Democracia, receber V. Zelensky, presidente deste país, que tem uma prática de democracia autoritária e escangalhada? Corporiza um poder xenófobo e belicista, sendo apoiado por fascistas e nazis no seu governo. Nas últimas eleições na Ucrânia, aquele ilegalizou 11 partidos! Igualmente o PC da Ucrânia. É ou não real o respaldo que Zelenski dá à milícia nazi de Azov? É! Este, fez uma tirada infeliz para a AR, mantendo pontos de contacto com a Revolução do 25 de Abril, perdendo um ensejo de não manifestar a sua ignorância sobre os seus propósitos: Aquela gloriosa data teve como objectivo acabar com a Guerra Colonial e o fascismo!

Tudo o que é escrito sobre a guerra tem de ser no diapasão duma agenda política pré-determinada... tudo o que se ouve, vê e lê, que saia fora dos parâmetros da Nato, EUA e UE não tem importância... e, até há quem tenha a desonestidade intelectual de quem saia fora deste trilho ser conotado como russófilo(!). Quem pensa pela própria cabeça e saia fora da caixa, face à informação que tem... acaba no índex.
A solidariedade para com o presidente da Ucrânia, na AR, teve um elevado preço. A genuína do coração não tem preço!

                           Vítor Colaço Santos

"Matai-os a todos"!

 

É sobejamente batida a frase que, nas guerras, a verdade é sempre a primeira “baixa”, e faz todo o sentido que assim seja, em grande parte das situações, para não dar ao outro lado na contenda informações que lhe podem ser preciosas; todavia, se prestarmos atenção ao que diz aquela figura robótica que nos dá a “informação” filtrada pela ministério da Defesa russo, a Ucrânia seria, de uma ponta à outra, um enorme estaleiro militar.

 

É que todos os dias o ouvimos dizer que os seus mísseis de alta precisão destruíram instalações militares e fábricas de armamento, mas nem uma única vez se ouve aquela máquina de mentir referir aquilo que realmente destroem, que está à vista do mundo inteiro, à excepção do manipulado povo russo.

 

E faz sentido o que um dia destes ouvi numa televisão espanhola: Que o comando daquela brigada que em Bucha massacrou deliberadamente a população, teria perguntado para Moscovo o que fazer com aquela gente, recebendo como resposta que os matassem todos; faz todo o sentido porque, depois de o mundo ficar a saber o que fizeram, soube-se agora que o psicopata presidente acaba de os condecorar pelo bom trabalho realizado...

 

Amândio G. Martins

 

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Autosuficiência

 

LIVROS

 

Dois mil e muitos no mundo de Cristo

Muitos cristãos nada ligam aos livros

Triste forma de se mostrarem vivos

Que Cristo não aprovaria isto!...

 

Num tempo dia a dia mais sinistro

Bons livros podem ser bem decisivos

Mostrando como nascem os perigos

Para o que inventam requisito.

 

A leitura revela-se importante

Para nos desviarmos do rompante

Dos que nos atropelam sem respeito;

 

Louvemos quem lutar pela mudança

Não deixando perder a esperança

Num mundo onde só reine o direito.

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

Cuidado com Zelensky


Face ao estado a que a guerra levou o seu país, com a morte e a destruição em todas as esquinas, é compreensível que Zelensky, sob uma pesadíssima avalanche de pressões, exiba um tom de crescente irritabilidade para com o Ocidente, bem patente no irrealismo de algumas das exigências que lhe endereça. Espera-se, no entanto, que os países ocidentais, em especial os da UE, se concentrem no essencial, não se deixando levar por estados de alma que, embora justificáveis, podem ser maus conselheiros. Apesar de toda a comoção que a guerra e a sua imagem televisiva nos provoca, exige-se dos Estados uma racionalidade inabalável. A realpolitik, por muito que custe - e custa sempre! - existe, e tem regras que não podem deixar de ser observadas, para interesse de todos os povos. Cuidado, pois, com os lancinantes apelos de Zelensky, que podem estar a arrastar-nos a todos para um mal próximo do absoluto. 

Perguntar-se-á se não devemos ter atenção e cuidados para com Putin. Pois, mas com “esse” já estamos todos mais do que avisados. Excepto, talvez, os que, ainda assim, vão votar na senhora Le Pen.


Expresso - 22.04.2022

terça-feira, 19 de abril de 2022

A verdadeira essência da guerra...

 

    A invasão dum país soberano - a Ucrânia, pela Rússia, tem provocado imensa destruição e morte a mando do seu presidente, V. Putin. O que o comum cidadão sabe são as notícias veiculadas pelo Ocidente. Interessaria conhecer o que diz a Federação da Rússia e o pouco que se vai sabendo é o que esta nomenclatura quer que se saiba, com o aval do novo «czar», Putin. Registe-se que este proibiu toda a informação vinda do seu país, pelos jornalistas ocidentais. Que fez a Comissão Europeia? Retaliou e usou da mesma censura - de Oeste para Leste. Um erro infantil e grosseiro! 

Mas qual é a verdadeira essência, desta guerra que prenuncia a III Guerra Mundial, e que não vemos nem ouvimos nem lemos? É o enorme arsenal de armamento que é preciso vender... O jornalismo não tem sido desassombrado nesta matéria fulcral. As megas toneladas de material de guerra em armazém precisam de ser escoadas, usadas e vendidas. Arrasam património e matam civis inocentes, mas o que conta para a indústria do armamento é o mais e o maior florescente negócio, que rende triliões de dólares/euros multiplicados. Afinal, existe uma indústria da morte!, e os países que sancionam a Rússia são os maiores exportadores deste material bélico(!). Pobre soldadesca russa e ucraniana, que são carne para canhão porque não interessam para nada?! A guerra Rússia/Ucrânia não tem fim à vista. Estará para durar. Gostaríamos que não!

                                         Vítor Colaço Santos    

25 DE ABRIL SEMPRE! Após 48 anos, alguns dos mais nobres ideais do 25 de Abril, continuam por cumprir. Apesar de, ao contrário do que por vezes se apregoa, muitas delas, como desculpa e para benefício de quem o faz, não somos um país pobre. Portugal é diversificado e, para além de lindo, tem imensas potencialidades. Incluindo, evidentemente, a nossa zona económica exclusiva. O nosso imenso mar. Se ainda persistem grandes assimetrias sociais, baixos salários e pensões de reforma, assistência médica deficiente e outras injustiças,a principal culpa, é dos sucessivos governos que elegemos. Portanto, também é nossa. Temos,como soe dizer-se, o país que merecemos. Mas jamais a culpa é do 25 de Abril. Essa data maior da nossa história, libertou-nos do fascismo e aos povos das nossas ex-colónias. Abrimo-nos ao mundo, ganhámos mais o seu respeito, esse bem supremo que é a liberdade, e Portugal deixou de ser um país cinzento e triste. Se não há mais equidade e justiça social, foi porque não tivemos o engenho e arte de o conseguir. Mas, a comparação com o antigamente, é francamente positiva. Tal como tantos outros povos, devido à pandemia e agora à guerra no leste do continente, estamos a viver um mau período. Descontando alguns aproveitamentos, em relação ao combate e gestão da pandemia, não há grandes críticas. Quanto à guerra na Ucrânia, o que se está a passar é muito mau. Uma vergonha! E é preciso chamar-se os bois pelos nomes: a guerra é entre os EUA com a NATO que dominam, e a Rússia. A Ucrânia é o campo de batalha, o seu povo, carne para canhão, e o papel da UE, simplesmente lamentável. Na sua página do FB, diz a propósito, o moderado capitão de Abril, Sousa e Castro: “Infelizmente, acontecimentos internacionais recentes, de agora e de há pelo menos 8 anos levaram-me a consolidar a ideia de que, a UE tal como a entendi fracassou totalmente como polo de afirmação civilizacional e de liderança na procura da paz, da coexistência pacífica e do progresso económico. Subordinando totalmente a sua independência estratégica e, portanto, a sorte do seu futuro aos interesses políticos económicos e militares dos EUA e da sua declarada confrontação com o “Império do Meio...” Quando o homem eleito com o apoio dos fascistas locais (que integram até um batalhão), e dos EUA, O homem cujo Governo que lidera expulsa os partidos que não lhe agradam, é responsável pela guerra no Dombass que já custou 14 mil mortos e que fez letra morta dos acordos sobre a autodeterminação da região, que apela ao total isolamento da Rússia e ao avanço e intervenção da NATO, o homem de mão dos que com esta guerra o que pretendem é o isolamento e desgaste da Rússia na sua pretensão de hegemonia global, quando discursar no nosso Parlamento, na nossa Casa da Democracia, como português e patriota, sentirei uma imensa tristeza. Mas acredito que o nosso povo sairá desta letargia imposta pela comunicação social dos que o permitem. E, como há 48 anos, se levantará. Por isso, Vinte e Cinco de Abril Sempre! Francisco Ramalho Publicado hoje no jornal "O Setubalense"

Viver desperto

 

DO MAL vs BEM

 

Não sei quantos anos serão muitos

E eu sinto que tenho muitos anos

Mas percebo os capciosos enganos

Se me querem meter no rol dos tontos.

 

Para as promessas lindas sempre prontos

Sem reparar nos escondidos danos

Mas nem todos tão confusos andamos

Para crermos em coloridos contos.

 

O mal que nos surge pintado de bem

Insinuando-se como lhe convém

Vai poder fazer mal impunemente;

 

Os que se presumem iluminados

Certos de que não serão enganados

Ouçam melhor a precavida gente...

 

Amândio G. Martins

domingo, 17 de abril de 2022

"Liberdade de expressão"

 

É sabido que a plataforma Twitter traz debaixo de olho os aldrabões que propagam todo o tipo de falsidades, tendo já impedido alguns dos mais notórios deles de passarem pela sua rede o que bem entendam, o que a mim me parece a melhor forma de defender a liberdade de expressão de tudo que possa ser verdade verificável, mas tapando o caminho aos burlões.

 

Quando li que o argumento do excêntrico multimilionário Elon Musk, ao anunciar uma oferta pública de aquisição, na tentativa de deitar a endinheirada manápula ao Twitter, é a defesa da liberdade de expressão, a primeira coisa que me ocorreu é que estará a pensar naqueles a quem foi cortado o pio por mau comportamento, que serão todos malta da sua “corda”...

 

Amândio G. Martins

sábado, 16 de abril de 2022

Eunice Muñoz - a Rosa vermelha

  
 Eunice Muñoz, desapareceu-nos. Do palco e das nossas vidas. Completou 80 anos a multiplicar talento no cinema, na televisão e na arte mais sublime!, a fazer teatro. A sua capacidade inata, também, veio de sua mãe e seu pai, proprietários dum Teatro. 
Eunice Muñoz, no elenco era sinónimo duma bilheteira de sucesso. Estreou-se aos 13 anos no Teatro Nacional D. Maria II, na Companhia Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro. O Universo bafejou-me em dois momentos com esta rainha das artes cénicas. O primeiro: muito novos, eu e minha mulher, fomos assistir ao Teatro da Trindade, uma peça na qual Eunice era cabeça de cartaz. Dirigi-me à bilheteira e pedi: 'Quero dois bilhetes para vermos a melhor! - Eunice Muñoz'. «Aguarde», respondeu a funcionária. De repente, numa aparição, ei-la exclamando: ''Sou eu!''. Cabeleira farta, olhos de holofote e uma boca plantada com dentes cor marfim, num sorriso de orelha a orelha. Envergonhado e esfuziado, sorri. 
O segundo: vi no Teatro D. Maria II a peça, 'A Maçon', do livro da notável, Lídia Jorge. Eunice deu corpo à pioneira da maçonaria feminina em Portugal, Adelaide Cabete. Para descrever a sua luminosa representação - 100 palavras! No fim do evento, saltei para o palco, levava uma petaluda rosa vermelha e entreguei-lha. Para meu espanto\comoção, a diva abraçou-me! O meu rio lacrimoso contagiou-lhe o sentimento: 'Pronto, pronto filho!, sossega', disse. «Adorava tanto ter sido actor», respondi. '' Agora também és. Estás no palco da vida!'', replicou amável e generosa.
Guardo estas gratas palavras no meu relicário.
Quem, como Eunice Muñoz, deixou obra e amor viverá para sempre no coração dos amantes da arte cénica. 'Não' morreu, só fisicamente desapareceu. Que viva e Viva o Teatro!

                                    Vítor Colaço Santos     

sexta-feira, 15 de abril de 2022

O PSD tem saudades no corte dos salários...

 

 O desgoverno do PSD/Passos Coelho foi muito além das medidas impostas pelos usurários da troika. Deixou um rasto de miséria, fome e no limite, até suicídios houve... sei do que digo. Mas, ainda há figuras medíocres naquele partido, que queriam ainda mais darwinismo social... foi o que afirmou a sua deputada, Mónica Quintela, no debate do programa do governo no Parlamento: Passos devia deixar sem salário os funcionários públicos, durante um ou dois meses(!). Esta senhora, além de revelar uma enorme insensibilidade social, é uma espertalhona, pois podia incluir-se no grupo daqueles não remunerados, mas não, a austeridade foi, sobretudo, para os vulgares cidadãos. A deputada do PSD, Isabel Meireles presidir à Comissão Parlamentar do Trabalho, para os trabalhadores, é um mau augúrio...  Este partido não é social-democrata e este nefasto exemplo, entre muitos, comprova-o, arriscando-se assim a fazer - uma longa travessia no deserto. Tomara que assim seja!

                Vítor Colaço Santos