Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
sexta-feira, 26 de julho de 2024
Estupidez orçamental
Quando as perguntas ofendem
Marco Aurélio, que foi imperador de Roma na segunda metade do segundo século do primeiro milénio da nossa era, deixou dito que o homem recto e virtuoso se assemelha àquele que tresanda dos sovacos, de tal forma que quem dele se aproxima o sente logo, quer queira quer não; todavia, se fosse hoje, com a capacidade de dissimulação que algumas pessoas desenvolvem, aquele pensador não estaria tão seguro.
Pedro Olavo Simões, jornalista do JN, escreveu na página dois deste jornal um texto sobre jornalismo que muito me gradou ler: “Sempre me fez comichões – escreve Pedro Olavo – ouvir outros jornalistas, perante interlocutores incomodados, dizer que o seu mester é fazer perguntas. Isso é quase como dizer que pode perguntar tudo – e pode, mesmo que faça má figura, lembrando aqueles tipos que param o camião no meio da rua, e, quando alguém protesta, gritam do alto da burra: “Que é que queres? Estou a trabalhar”! (...) “Acredito que o papel do jornalista não é fazer perguntas, mas obter respostas. São coisas substancialmente diferentes”.
E eu, que nunca fui jornalista, irrito-me bastante mais que o senhor que venho a citar, quando vejo alguns perguntadores/as em acção, encavalitando-se uns nos outros, disparando perguntas sobre perguntas, não dando ao perguntado tempo de responder a nenhuma, parecendo mais que procuram provocar uma resposta desabrida, interpretando-a depois como a confirmação do que pretendiam, porque o inquirido, irritando-se, acusou o toque...
Amândio G. Martins
Amigos prováveis, mas incorrigíveis
Em 16 de Agosto de 2021, tive o gosto de ver publicada no PÚBLICO uma carta que intitulei “Tanto mar”, em que me declarei eternamente grato a Biden por nos ter livrado de Trump, mas sem esquecer o que os norte-americanos, sob o seu comando, tinham acabado de fazer a milhares de afegãos a quem tinham jurado protecção, depois de os aliciarem para a sua causa. A ter de repetir o agradecimento, será a outra pessoa, e oxalá venha a ser Kamala Harris, a provável candidata democrata à presidência dos EUA, que desejo ver a humilhar retumbantemente Trump, “esmagando-o” no campo da misoginia, do racismo e da decência.
Tratando-se dos EUA, já estamos habituados a ver frustradas as nossas ilusões, pelo que não ficarei admirado por Kamala, se eleita, continuar a dar apoio “incondicional” a Netanayhau. Este “magarefe” conseguiu a proeza de, mais uma vez, ser ouvido nas mais altas instâncias norte-americanas, com honras de Estado, não se coibindo de agradecer todo o apoio (em armas e não só) a Biden, mas também a Trump. A ausência de Kamala na sessão é de aplaudir, mas nada de bom garante aos palestinianos.
Público - 26.07.2024
quinta-feira, 25 de julho de 2024
Caminho espinhoso
DECADÊNCIA
Produzem-se coisas desnecessárias
Criando a sua necessidade
A uma parte da sociedade
Na outra agrava as condições precárias.
Que leva a situações incendiárias
Que os instalados dizem ser maldade
Duma populaça que nada sabe
Aumentando as complicações diárias.
É que os que têm dinheiro para tudo
Abusam do seu conforto seguro
Desprezando os servidores que protestam;
Mas estes que têm vindo sempre perder
Só lhes resta fazer tremer o poder
Usando os poderes que ainda lhes restam.
Amândio G. Martins
quarta-feira, 24 de julho de 2024
Estafada rotina
BANHA DE COBRA
Ceca e Meca e Olivais de Santarém
Batem tudo a enganar a gente
A desqualificar o oponente
Dizendo mal feito o que pode estar bem.
Mas o que a gente mais precisa é de alguém
Que faça uma política diferente
Para execução eficiente
E de que possa fazer parte também.
Mas acontece que uma vez eleitos
A imensa parte destes sujeitos
Não pensa mais em quem lhe deu o voto;
E só os do clubismo partidário
Votam num seu correlegionário
Vendo sempre direito o que está torto...
Amândio G. Martins
terça-feira, 23 de julho de 2024
A LUTA PELO HOSPITAL DO SEIXAL CONTINUA
A Caminhada e Corrida pela construção do Novo Hospital no Seixal realizada pela Câmara Municipal, Comissão de Utentes da Saúde e população no passado dia 13 que juntou, segundo os organizadores, 7 mil pessoas, foi mais um dos inúmeros protestos já com décadas.
A velha e mais que justificada aspiração, deve-se ao facto do Hospital Garcia de Orta em Almada que foi construido para servir uma população de 150 mil habitantes dos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra, ter hoje já 450 mil. São conhecidas as insuficiências de diversos serviços com os imensos transtornos daí decorrentes causados às populações. Assim como a exiguidade e a falta de médicos e enfermeiros nos centros de saúde da região. Daí que, pela evidência dos factos e, sobretudo, pela persistente luta, já tenha havido promessas no sentido da construção do mesmo. Nomeadamente, uma resolução aprovada na Assembleia da República com votos favoráveis do PS, BE, PCP, PEV, PAN e abstenção do PSD e do CDS-PP pela construção do hospital, na sequência de uma petição pública entregue pela Plataforma Juntos pelo Hospital no Concelho do Seixal.
Ainda mais relevante e incompreensível, é a promessa feita pelo Sr ex Ministro Manuel Pizarro do Governo/PS aquando da sua visita ao Centro de Saúde de Corroios no âmbito de um projeto que denominavam “Governo mais Próximo”.
“Tivemos finalmente uma sentença do Supremo Tribunal Administrativo que nos permitiu contratar o projeto. O projetista está a trabalhar no projeto que nos será entregue no segundo semestre desta ano. Diria que entre o último trimestre de 2023 e o primeiro de 2024 vamos finalmente pôr a concurso a obra do novo Hospital do Seixal, que desta vez vai passar do papel para a realidade e que bem necessário é.”
Agora, no passado dia 15, veio a sua sucessora, a Srª Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, ao mesmo local inaugurar formalmente a nova Unidade de Saúde Familiar, INOVAR, que já se encontra em funcionamento desde 2 de maio e que informou o seguinte: “Da pasta do Governo do Partido Socialista nada encontramos sobre as promessas feitas pelo anterior ministro Manuel Pizarro. Nem projeto, nem rubrica, nem candidatura a fundos do PRR.” E disse mais; “ o anterior Governo não deixou preparada a abertura de concurso para a construção do Hospital do Seixal.”
Aqui fica à consideração dos nossos leitores.
A nova ministra deixou a promessa de aprofundar com a CM do Seixal, em reunião urgente a acordar, a análise e revisão do projeto.
São conhecidos os problemas no setor da Saúde, fruto do desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde. Por exemplo, o número de utentes sem médico de família continua a aumentar. Sendo já de 1 milhão e seiscentos mil. 41 mil só no concelho do Seixal.
Não há dinheiro para este e outros setores fundamentais, mas há centenas de milhões para a guerra? Guerra que podia e devia ter sido evitada, mas que EUA, NATO e UE nada fizeram para isso, antes pelo contrário, e nada fazem para acabar com ela.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE
Despudorados pudores
PERSEGUIDA
Courbet chamou-lhe “A origem do mundo”
À parte da mulher mais escondida
A que algumas chamam “a perseguida”
Que não podem descuidar um segundo.
A Natureza dotou-as no fundo
Do sinal que mais as identifica
Tão igual na pobre como na rica
Onde guardam o sublime e profundo.
E Gustave Courbet pô-lo na arte
Pintando aquela tão íntima parte
Que uma foto não mostrava mais real;
Se ao tempo escandalizou a gente
Ainda hoje não é diferente
Para os que no que está bem só vêem mal...
Amândio G. Martins
segunda-feira, 22 de julho de 2024
Há falta de creches
Do ofício de viver
OBEDIÊNCIA
Nunca me foi difícil ser mandado
Por quem tivesse legitimidade
Não abusasse da autoridade
E soubesse fazer-se respeitado.
Que se revelasse bem preparado
Tratando os mandados com equidade
E respeitando-lhes a dignidade
Não impondo o que não foi contratado.
Todos obedecemos e mandamos
Conforme a situação em que estamos
Aqui mandar e além obedecer;
Quem tem dificuldade em ser mandado
Sujeita-se a ser mais discriminado
Sem alternativa para bem viver.
Amândio G. Martins
domingo, 21 de julho de 2024
PARA AMANHÃ, MAIS 11 GRAUS…
Segundo o IPMA, que não costuma falhar, a temperatura na faixa litoral centro, vai aumentar substancialmente. Mais 11 graus, concretamente na região da grande Lisboa. Mantém-se até quinta feira.
Dirão os indiferentes, para não dizer os ignorantes, e então!? Não estamos no verão? No tempo do calor?
Pois estamos! Mas esta intensa subida brusca era habitual? E é normal?
Portanto, é apenas mais um sinal das alterações climáticas.
Alterações essas, como se sabe, provocadas pelas emissões de gases com efeito de estufa que originam o aquecimento da atmosfera. E também devido à poluição.
Assunto vital para a vida, mas vou ser breve.
Dois exemplos: os organismos oficias que tutelam a matéria, dizem que a circulação automóvel tem aumentado exponencialmente. Basta sairmos à rua principalmente em hora de ponta e ver as filas cada vez maiores.
Ou seja, mais dióxido de carbono para a saturada atmosfera.
Outro exemplo: já repararam nas bermas das estradas e caminhos? Raparem! O lixo, principalmente garrafas e outros embalagens de plástico, aumentaram muito. E são zonas onde as autarquias, até porque a mão-de-obra e as verbas são limitadas, menos visadas.
Ou seja, a javardice, a falta de civismo e de respeito pela Natureza e por todos nós, mesmo perante catastróficos resultados, aumenta.
E depois para agravar tudo isto, temos as guerras. Cujas perspetivas, são maravilhosas! Mas, sobre isto, agora não digo mesmo mais nada…
Termino apenas com isto: a ganância, a ignorância e a indiferença , são os principais causadores das AC. AC que já provocaram milhões de mortes. E que, em conjunto com a guerra (potencialmente nuclear) imaginem o que podem provocar?
Francisco Ramalho
Traficâncias de sempre
PARAISO PRIVADO
Produzem-se remédios eficazes
Para os mais raros tipos de doença
Mas os magnatas donos da licença
Negam vender a preços razoáveis.
Os investigadores já são capazes
De responder a muita emergência
Mas o que é do traficante pertença
Ele só solta com lucros alarves.
Usam de razoáveis argumentos
Acerca dos grandes investimentos
Que foram precisos para ali chegar;
Mas muito tempo após recuperado
Esse investimento realizado
A ganância continua a especular...
Amândio G. Martins
sábado, 20 de julho de 2024
Combater a "lei do funil"
EQUIDADE
Nada de mais não fazer mal a ninguém
Como nunca de ninguém dizer mal
Porque isso é o que deve ser normal
O que desejamos para nós também.
Não olharmos só ao que mais nos convém
Por mais que isso até pareça natural
Nem querermos tratamento especial
Daqueles a quem olhamos com desdém.
Ninguém precisa ser santo para ver
Que a melhor premissa para bem viver
É tratar toda a gente com respeito;
Esses pretensamente superiores
Querendo impor os seus próprios valores
Separa-os da gente um grande defeito.
Amândio G. Martins
quinta-feira, 18 de julho de 2024
Provar do próprio veneno
Curvo-me perante a memória daquele moço americano que foi abatido por tentar livrar o mundo de uma aberração, ao mesmo tempo que lamento que os figurões do “national rifle”, de que o indivíduo alvejado tem sido um dos grandes apoiantes, não tenham podido experimentar o próprio veneno, seguro de que não será mais esta cena que os demoverá de defender e promover a venda de armas como se fossem bens inofensivos e de primeira necessidade.
Ouvi alguns colegas de escola do rapaz, e todos falaram bem dele, que era um moço pacato, respeitador, inteligente e estudioso, que se isolava um pouco porque era acossado pelos broncos que não gostam de gente como ele; e deixou-me a ideia de ser alguém corajoso, que pensava, que não fazia as coisas à toa, ou teria feito como tantos outros que, para se vingarem do ambiente hostil a que os sujeitavam, entraram na escola a disparar a eito. Que em paz descanse...
Amândio G. Martins
quarta-feira, 17 de julho de 2024
Empedernidos
SEM EMENDA
Querem ver os pobres no chão arrastar
Mantendo humildes as suas sementes
Querendo impedir tempos diferentes
Desses que sempre puderam dominar.
Nos milénios que levam a enganar
Tiveram doutrinas convenientes
Criadas para dominar as gentes
E a prepotência se perpectuar.
São contra ver a gente esclarecida
Mas sempre eternamente agradecida
Das sobras que ao rico caiam da mesa;
Mesmo com algumas leis do seu lado
O fraco continua dominado
A pobre gente mantém-se indefesa.
Amândio G. Martins
terça-feira, 16 de julho de 2024
UMA BONITA CERIMÓNIA E UM DRAMÁTICO AVISO
Qualquer dos assuntos aqui abordados, merecia todo este artigo de opinião. Mas, por uma questão de importância e atualidade, resumo os dois. Começo pelo agradável. Agradável, e importante! O outro, como diz Viriato Soromenho-Marques, é um pesadelo.
No passado dia 29 (feriado municipal), organizada pela Câmara Municipal do Seixal,realizou-se na zona ribeirinha de Amora, frente à majestosa baía do seixal, a cerimónia do Dia Municipal do Bombeiro.
Perante muitos convidados e público em geral, garbosos, desfilaram os bombeiros das duas corporações do concelho; a Associação Humanitária dos Bombeiros Mistos de Amora e a Associação Humanitária de Bombeiros Mistos do Concelho do Seixal.
Em parada, ouviram as intervenções dos seus comandantes, de representantes da Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal, da Liga dos Bombeiros Portugueses, da Proteção Civil, do Presidente da Junta de Freguesia de Amora, do Presidente da Assembleia Municipal do Seixal e do Presidente da Câmara Municipal do Seixal.
Os primeiros, referiram o apoio fundamental da autarquia. E Nelson Ramos e Paulo Silva, respetivamente presidentes da JF de Amora e da CM do Seixal, reiteraram a continuação desse apoio.
A propósito, afirmou Paulo Silva: “Apesar de toda a importância do trabalho dos bombeiros, estes continuam a ser negligenciados pelo governo em matéria de financiamentos, substituindo-se a autarquia ao poder central no apoio aos mesmos.”
E depois de uma visita às viaturas que prestam socorro às populações em exposição, seguiu-se um animado convívio e almoço na Sociedade Filarmónica Operária Amorense.
O outro assunto, é sobre o dramático aviso que faz o nosso ilustre conterrâneo, Viriato Soromenho-Marques; “ O Que Pensa a Rússia”, DN 29/06/24, cuja leitura na íntegra (Internet) sugiro vivamente.
“Estamos cada vez mais próximos de uma guerra frontal entre a NATO e a Rússia. E que fazem os nossos governos? Exercícios de pensamento mágico e de reescrita da história! Em vez de falarem com a Rússia para evitar a hecatombe, encenam uma sinistra “celebração” do dia D, transformando a Rússia, que foi o país chave da derrota do nazismo, num ausente saco de boxe. Depois simulam uma “cimeira da paz”, em que a intervenção decisiva, foi a do presidente polaco, Andrzej Duda, ao revelar o verdadeiro objetivo do conclave: “descolonizar” a Rússia, parti-la em pequenos Estados independentes, como ocorreu na URSS...”
Refere a promessa feita a Gorbachev de que a NATO não avançaria para leste e o patrocínio da UE ao golpe de 2014. “O Ocidente violou uma regra básica das relações internacionais: não se humilha um potencial inimigo, se não o queremos enfrentar(…) Na verdade, a mesma liderança medíocre que vai arruinar a zona euro, talvez acabe por deixar mergulhar a Europa num mar de ferro e fogo”.
E termina: “Quanto mais próxima a NATO estiver da vitória, mais certa será a destruição mútua assegurada num inferno nuclear. O tempo escasseia para evitar este pesadelo.”
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE
Talvez uma "bola de Berlim"...
Terminou o Europeu de futebol, e da participação portuguesa não rezará a história, tão sofrível me pareceu, a recordar que aquela festa no França 2016 tinha sido um daqueles bambúrrios que dificilmente se repetem; é que os actuais “meninos prodígio” são pouco mais que um flop, e os antigos estão velhos de mais para tais competições, não lhes podendo ser exigido que repitam façanhas da juventude.
Os espanhóis já vão no quarto troféu, e a imagem que deixaram é que aquilo foi para eles uma festa permanente, porque os seus “meninos prodígio” são mesmo verdadeiros, não inventados por magos como por cá abundam; só foi triste ver os fascistas de Vox desvalorizar o desempenho do menino Lamine Yamal, nascido num bairro de Barcelona chamado Mataró, que eles chamam “estercorero”, por ser onde se abriga uma imensa população de gente pobre e migrantes de várias nacionalidades.
Mas quando um jornalista perguntou ao jovem pai de Lamine, imigrante marroquino, que tinha dito ao miúdo, após a vitória contra a França, este respondeu-lhe, emocionado, que lhe disse apenas “te amo, viva Espanha”, o que para os fascistas é como dar pérolas a porcos, porque ainda agora romperam acordos de governação que tinham com o PP, por este partido se mostrar disponível para apoiar a nova lei de estrangeiros que o PSOE quer ver aprovada, para que todas as Comunidades Autónomas sejam implicadas a receber e apoiar em tudo a que tenham direito os migrantes menores não acompanhados, que para os de Vox, já que não foram deixados morrer no mar, deviam ser todos recambiados para os países de origem...
Amândio G. Martins
segunda-feira, 15 de julho de 2024
FREUD, A CRENÇA DIVINA E A NATUREZA HUMANA
O filme, “A ÚLTIMA SESSÃO DE FREUD”, aí em exibição, é um tratado sobre a crença divina, a duvida sobre ela, a não crença ou ateísmo, e a vulnerabilidade humana sobre tudo isto.
Sigmund Freud, o pai da psicanálise, uma das mentes mais brilhantes do século passado e da humanidade, era de ascendência judaica e ateu. Nasceu na atual Rep. Checa ou Chéquia como dizem agora, pertencente ao então Império Austro- Húngaro, tendo aos 3 anos de idade, com a família, vindo para a Áustria e no final da vida, já bastante doente, mas mesmo assim, foi perseguido pela Gestapo e fugiu com a filha Ana, para Londres.
O filme é o relato (excelente), de uma longa conversa/debate entre Freud e outro brilhante colega seu, professor na universidade de Oxford, C.S. Lewis que, ao contrário dele, como já disse, era crente.
Freud morre (suicida-se com a ajuda do seu médico) em grande sofrimento com um cancro no palato, a 23 de setembro de 1939. Uma época muita parecida com a atual. Soavam sobre a Europa, tal como agora, os tambores da guerra. Os tambores e já, também como agora, os canhões.
Hitler e o seu braço direito para a propaganda, Goebbels, manipularam o povo alemão e o resultado foi o que se sabe; 50 milhões de mortos.
O resultado dos atuais manipuladores, com meios incomparavelmente bem maiores, comparado com o da 2ª Guerra Mundial, o desta, poderá considerar-se com o de uma mera escaramuça.
Como se constata, a evolução moral do ser humano, é zero! Mas capaz do pior e do melhor. Então, evidentemente, abramos os olhos e exijamos aos atuais manipuladores, se a tiverem, a sua melhor parte.
Francisco Ramalho
A NATO arrisca(-nos) muito
Somos todos frequentemente lembrados do teor do artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, ao contrário do que nos acontece quanto ao artigo seguinte, o 6º. É bom parar para pensar, e a leitura do trabalho de José Pedro Teixeira Fernandes, publicado na edição do PÚBLICO do passado domingo, convida-nos a um salutar exercício de reflexão. A NATO, organização defensiva por definição, “faz” a guerra sem que algum dos seus membros a declare constitucionalmente. Como cidadão de um país integrante daquela Aliança, interrogo-me da racionalidade/legalidade destas actuações que, obviamente, põem em perigo todos os membros. Fazer a guerra a esmo, só porque, estrategicamente, isso convém aos EUA, que entendem que o “inimigo principal” é a Rússia, não me parece prudente, já não falando do paulatino e supremo menosprezo que se confere ao potencial bélico do oponente, que não é despiciendo. Putin será (e é…) um patife declarado que merece punição, e não só por ter invadido a Ucrânia. É razão suficiente para nos arvorarmos, sobretudo os europeus, em justiceiros globais, arriscando a nossa sobrevivência só porque a correlação de forças no mundo se alterou e os actuais (ainda) “patrões” pretendem manter o usufruto dos benefícios de que gozam? Nem na antiguidade um chefe militar eficaz se lançava na guerra sem avaliar as forças do inimigo, mas, neste nosso mundo, parece que o poder tolda as mentes. Um pouco de racionalidade calhava bem.
Público - 16.07.2024 (truncado da parte sublinhada).
Despedir 140 trabalhadores sem justa causa é mais do que inqualificável - é crime!
domingo, 14 de julho de 2024
Preparemos as passwords
quinta-feira, 11 de julho de 2024
DECLARAÇÃO DE GUERRA
A NATO, ao reforçar o apoio económico e, sobretudo, militar, à Ucrânia, ao aumentar exponencialmente o esforço de guerra contra a Rússia criando mesmo um comando específico na Alemanha, e declarando que a entrada desse país como seu membro, será uma questão de tempo, está, digamos, a oficializar uma declaração de guerra. E faz tábua rasa de todos os pretextos que estão na origem desta: o não cumprimento da promessa de que a organização belicista não avançaria “um milímetro” para leste, e o não cumprimento dos Acordos de Minsk que previam a autodeterminação do povo russófono do Donbass, através de referendo. Onde, recorde-se, já havia 15 mil mortos antes da intensificação e da participação direta da Rússia na guerra.
Alguém acredita que a NATO, os que mandam nela, os mesmos que apoiam e os que toleram o cobarde e cruel genocídio de um povo, posicionam-se nesta guerra “pelos lindos olhos” da Ucrânia?
E a NATO, que é como quem diz, o imperialismo, seus aliados e/ou subordinados, não se ficaram por aqui, nesta cimeira! Ameaçam também a China. O seu braço armado, estende-se muito para além do Atlântico-Norte. Estende-se a todo o planeta.
Será preciso ser-se especialista seja lá do que for, para se imaginar que russos, chineses ou qualquer outro povo, se submeta docilmente aos ditames da NATO? Ás aspirações de hegemonia global dos que mandam nela?
A solução destes conflitos, concretamente deste que está mais causa, poderá resolver-se apenas pela guerra convencional? O que já seria terrível.
Será preciso ser-se especialista para se temer um inferno nuclear?
Deveriam vir para a rua, milhões, dizer NÃO a este cada vez mais possível Apocalipse.
Como sabem, Montenegro, até ao arrepio da nossa Constituição que é contra as organizações político-militares, anunciou uma comparticipação para o conflito, só para este ano, de 231 milhões.
Francisco Ramalho
Paciência
SEM FIM
Quanto mais me esforço por querer saber
Mais me certifico que não sei nada
Que nunca posso dar por terminada
A tarefa de procurar aprender.
Que ao menos a gente possa perceber
Para o que possa ser solicitada
O valor da conversa elevada
Não impondo aos outros o seu parecer.
O asno que se crê inteligente
Enfastia até o mais paciente
Com as suas certezas aleijadas;
E se lhe mostram que está incorrecta
A formulação que tem como certa
Insiste em ideias disparatadas...
Amândio G. Martins
quarta-feira, 10 de julho de 2024
A pergunta que faltou
Voltar ao princípio
SEM ALTERNATIVA
Com qualquer coisa de comer no bolso
Dumas calças já muito remendadas
Subia para o monte com as cabras
Onde andava em permanente alvoroço.
Até chegar a idade de moço
Com muitas horas à escola furtadas
Porque a família as fazia ocupadas
Com o que lhes era mais valioso.
Mas interpôs-se-lhe o tempo da tropa
Com que não podia fazer batota
Ficando igual a todos no retrato;
Combateu numa guerra sem solução
Saíu deprimido e sem profissão
Voltando ao trabalho de ganapo...
Amândio G. Martins
terça-feira, 9 de julho de 2024
Cresceram com base em falsidades
O que acabamos de ver em França demonstra quanto é importante esclarecer a gente e unir forças para desmontar as patranhas dos fascistas, que têm crescido um pouco por todo o lado, com base em mentiras que não resistem à mais superficial análise; de facto, como foram crescendo a enganar as pessoas, quanto mais estas forem verificando a esparrela em que caíram, com a mesma facilidade com que deram força aos aldrabões também a vão retirar.
Xenófobos que são, propagam eles que os imigrantes vêm para cá ocupar os empregos, que depois faltam aos naturais daqui, mas os números que nos mostram as entidades oficiais e os empresários, muito mais confiáveis, demonstram essa falsidade: Que os imigrantes fazem o trabalho que os nossos não querem, e que se as ideias dessa gente extremista fossem levadas à prática, muitas actividades fundamentais para o país parariam por falta de mão-de-obra.
Que vieram para cá para viver de subsídios, à custa dos nossos impostos, mas os números da Segurança Social também desmentem essa atoarda: Que de um crédito a seu favor de perto de dois mil milhões de euros, apenas cobraram cerca de trezentos milhões.
Que são responsáveis pelo aumento dos índices de criminalidade, mas também aqui são desmentidos pelas autoridades de segurança, que confirmam ser residual a participação dos imigrantes nos crimes que por cá se cometem, sendo mais fácil encontrá-los como alvos e vítimas desses crimes.
Resumindo, é esclarecendo as pessoas que por uma razão ou outra possam estar descrentes do regime em que vivemos, revoltadas com a sua situação, que nunca das falsidades daquela gente racista e xenófoba poderá vir a solução para os seus problemas...
Amândio G. Martins
sábado, 6 de julho de 2024
A FÉ TAMBÉM NOS TRAMA
E pronto! Lá se foi o sonho lindo. Desta vez o Diogo não defendeu tudo, o Félix falhou o penálti e o Cristiano (como estrela) não dura sempre.
Mas os rapazes não cumpriram? Claro que cumpriram! E não estiveram à altura dos franceses? Claro que sim! Mas o futebol também é isto. Também é sorte.
Mas tínhamos fé. Muita fé! Mas a fé muitas vezes trama-nos.
Somos um povo de fé. Temos fé na seleção, na raspadinha (o povo da Europa e um dos do mundo, que mais joga), na Nossa Senhora de Fátima. Durante a Guerra colonial, o padre dizia à mãe portuguesa no caso em que o filho regressava são e salvo, vês minha filha, Deus ouviu as tuas preces. No caso dos 10 mil que lá tombaram: então minha filha, são insondáveis os desígnios do Senhor.
Portanto, a fé, muitas vezes, trama-nos. E se confiamos tanto nela, depois vem a desilusão e a frustração.“ Fia-te na Virgem e não corras!...”
Conclusão: a fé pode confortar-nos, mas há que correr!
Francisco Ramalho
quarta-feira, 3 de julho de 2024
A GAGUEZ DA JUSTIÇA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Em 2018 a justiça e o ministério público já gaguejavam. Durante os últimos seis anos a gaguez manteve-se. Com o mesmo Presidente da República que fala muito e nada resolve. Com o mesmo governo (PS) que com a política de direita nada alterou. E agora a política de direita da AD (PSD/CDS) nada deve alterar igualmente.
terça-feira, 2 de julho de 2024
O QUE PENSA A RÚSSIA
Estamos cada vez mais próximos de uma guerra frontal entre a NATO e a Rússia. E que fazem os nossos governos? Exercícios de pensamento mágico e de reescrita da história! Em vez de falarem com a Rússia para evitar a hecatombe, encenam uma sinistra “celebração” do dia D, transformando a Rússia, que foi o país chave na derrota do nazismo, num ausente saco de boxe. Depois simulam uma “cimeira da paz”, em que a intervenção decisiva foi a presidente polaco, Andrzej Duda, ao revelar o verdadeiro objetivo do conclave: “descolonizar” a Rússia, parti-la em pequenos Estados independentes, como ocorreu na URSS…
Há 10 anos antecipei no DN o que está a acontecer: “Em 1985 publiquei um livro sobre o risco de guerra nuclear limitada na Europa (Europa: o Risco do Futuro). (….) Todos os especialistas que consultei me confessavam, em privado, ser inevitável, mais tarde ou mais cedo, uma guerra central com armas nucleares (...) Duas semanas depois da saída do livro, Gorbachev assumiu o comando da URSS. Então, aconteceu um milagre: Gorbachev preferiu salvar a paz, mesmo arriscando sacrificar o império soviético. Não só a Alemanha se reunificou, como a Rússia deixou, pacificamente, partir os seus aliados e fragmentar a sua federação. Gorbachev esteve em Berlim, para comemorar os 25 anos da queda do Muro [em 2014]. Mas ninguém o escutou quando este acusou o Ocidente de ter traído a Rússia, cercando-a com a NATO. A UE, ao patrocinar a insurreição de rua contra o governo legítimo de Ianukovich [Kiev, fev. 2014], violou uma regra básica das relações internacionais: não se humilha um potencial inimigo, se não o queremos enfrentar. As vozes ensandecidas no Ocidente que querem combater Moscovo, até ao último soldado ucraniano, não percebem que é a atual fragilidade da Rússia que faz aumentar a probabilidade de uma escalada bélica poder conduzir, no limite, a uma guerra nuclear na Europa.
Na verdade, a mesma liderança medíocre que vai arruinar a zona euro, talvez acabe por deixar mergulhar a Europa num mar de ferro e fogo. O milagre soviético não terá uma segunda edição russa” (“A Rússia não faz Milagres”, DN, 21 02 2015).
Os EUA viram na “santidade política” de Gorbachev um sinal de fraqueza e declararam-se vencedores da guerra-fria. Depois de décadas de humilhação diplomática, Moscovo seguiu Clausewitz. A invasão de 2022, visa “continuar a política por outros meios”. Para os russos, a destruição do Estado é absolutamente inaceitável. Um ataque em força da NATO sofre, por isso, de um paradoxo insuperável. Quanto mais próxima a NATO estiver da vitória, mais certa será a destruição mútua assegurada num inferno nuclear. O tempo escasseia para evitar este pesadelo.
Viriato Soromenho-Marques
DN, 29/06/24
Nota- Normalmente o que aqui se publica, é da autoria de quem o faz. Excecionalmente, não é o caso. Decidi fazê-lo pela gravidade do aviso que VSM nos faz. E o autor, como sabem, não é um charlatão ou demagogo qualquer.
No entanto, caro José Rodrigues, proceda como melhor entender.
Pondo as barbas de molho
segunda-feira, 1 de julho de 2024
Desapareceu-nos um dos nossos melhores!
sexta-feira, 28 de junho de 2024
Para memória futura
Chamem-me o que quiserem, mas não vou esconder que a eleição/nomeação de António Costa para um cargo de topo na UE me deixa um pouquinho orgulhoso. É português, e o facto de não pertencer à minha escola de pensamento político não impede uma emoçãozinha, bem sei que a tender um pouco para o nacional-paroquialismo. Mas, que querem? Eu e ele somos ambos portugueses, e isso nunca se muda.
Antecipo dolorosos arrependimentos pessoais para quando Costa, acompanhado, nesta leva de “eleitos”, por personalidades como Ursula von der Leyen e Kaja Kallas, alinhar em decisões políticas que me vão arrepelar os cabelos, mas… é a vida! Fiquemo-nos por este meu ingénuo “portuguesismo” que, ao menos, não alberga tenebrosas ameaças como as que existem em certas bandas, essas sim, perigosamente nacionalistas.
Expresso - 05.07.2024
quinta-feira, 27 de junho de 2024
NOS 500 ANOS DE CAMÕES
A obra de Camões (Lusíadas, Redondilhas, Sonetos, Canções, Elegias e Éclogas, Odes e Oitavas) é considerada uma fonte exemplar de progressismo, civilização, fraternidade e inconformismo perante a prepotência, a injustiça e o obscurantismo. Tudo demonstrado de maneira genial, com um conteúdo dirigido a um povo, que o inspirou com os seus defeitos e virtudes, realçando as suas potencialidades, capacidade de sacrifício, de luta, progresso e justiça, qualidades que têm um alcance e uma intenção universal. Trata-se dum legado e mensagem poética, artística, científica e social que foi doada a toda a humanidade. Camões foi e é uma figura nacional e internacional defensor duma convivência fraterna e justa entre todos os povos.
O povo português é o
responsável e a prova viva e sempre actual do que é dito por Camões num seu
conhecido soneto: «Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades,/Muda-se o ser, muda-se a confiança;/Todo o mundo é
composto de mudança,/Tomando sempre novas qualidades».
Não só a cultura e o
saber foram preocupações de Luís de Camões. Igualmente lhe mereceram atenção o
amor e os problemas sociais. Foi um lutador e também desagradou aos poderosos,
já que condenou: «Quem acha que é justo e
que é direito/guardar-se a Lei do Rei severamente/e não acha que é justo e bom
respeito/que se pague o suor da servil gente».
Luís de Camões nunca
se vergou à indignidade, estando do lado dos oprimidos contra os poderosos: «Vê que aqueles que devem à pobreza/amor
divino, e ao povo caridade,/amam somente mandos e riquezas,/simulando justiça e
integridade,/da feia tirania e de aspereza/fazem direito e vã severidade;/leis
em favor do rei se estabelecem,/as em favor do povo só perecem…».
A obra de Camões é um
testemunho constante da dignidade do povo português e do lugar a que tem
direito na comunidade internacional. Ler a sua obra é uma fonte permanente de
ensinamentos.
quarta-feira, 26 de junho de 2024
Recordações do passado
INFANTILIDADES
Quando em pequeno os velhos me diziam
Que se crescesse havia de ser grande
Acreditava crescer o bastante
Para se dar o que a brincar previam...
Vi com o tempo como me iludiram
Com o que parecia aliciante
Mas não há como não ser tolerante
Porque já todos há muito partiram.
Naquela inocência em tudo cremos
Porque nada da vida percebemos
Encantados com as nossas ilusões;
Conforme nos vamos desenganando
As doces ilusões se transmutando
Resta-nos minimizar as aflições...
Amândio G. Martins
terça-feira, 25 de junho de 2024
A QUESTÃO CENTRAL
Segundo a última edição da revista Forbes, 2/05/24, o número de bilionários é agora o maior de sempre: 2781. São mais 141 que em 2022. As suas fortunas somam 14,2 milhões de milhões de dólares. E cresceram só no último ano, 2 milhões de milhões de euros. Destes, 700 mil milhões correspondem ao aumento da riqueza dos 20 mais ricos. Na grande maioria, ligados à propriedade ou gestão de topo de multinacionais, que por sua vez registaram aumentos médios de lucros superiores a 50%. Segundo dados de janeiro deste ano, as cinco pessoas mais ricas do mundo mais do que duplicaram as suas fortunas desde 2020, ao ritmo de 15 milhões de dólares por hora.
Em consequência, no mesmo período, 5000 milhões de pessoas ficaram mais pobres. Em apenas dois anos, os salários de cerca de 800 milhões de trabalhadores perderam poder de compra face à inflação num valor estimado de 1,5 milhões de milhões de dólares, cerca de um mês de salário por cada trabalhador. Quase metade da população mundial(3,6 mil milhões) vive numa situação de pobreza auferindo menos de 6,85 dólares por dia. Destes, cerca de 700 milhões vivem em pobreza extrema, com menos de 2,13 dólares por dia, e 828 milhões vivem em situação de fome.
Em Portugal, em quatro anos, a família Amorim subiu 86 lugares na lista dos mais ricos do mundo. Só Fernanda Amorim tem uma fortuna estimada em 5,3 mil milhões de euros. Em 2023 os principais grupos económicos tiveram 25 milhões de euros de lucros por dia. Enquanto isso, três milhões de trabalhadores auferem menos de mil euros brutos por mês, 72% dos reformados vivem com pensões inferiores a 500 euros e cerca de dois milhões de portugueses estão em risco de pobreza ou de exclusão social.
É este o negro quadro em que o mundo se encontra. Mas não é uma fatalidade! É devido às políticas, na esmagadora maioria dos casos, de governos de partidos ditos socialistas ou trabalhistas, social-democratas ou democratas-cristãos. E é a desilusão que provocam, a principal causa da ascensão da extrema-direita
A imoral distribuição da riqueza é a questão central.
Cabe aos trabalhadores e aos povos, lutarem contra ela e contra a manipulação ideológica em que a gigantesca máquina mediática da minoria privilegiada, é essencial. Mas não só! Por exemplo, o futebol, também tem essa função. Não a modalidade em si, que é do agrado de tanta gente, mas o uso e o aproveitamento que dela fazem.
Vejamos o caso das grandes competições como a atual, em curso, os intermináveis tempos de antena que lhe dedicam. E, neste caso específico, como é público, o “pormenor” da estadia da nossa seleção: um complexo hoteleiro/desportivo com 150 quartos, salas para conferências, campo de treinos, um campo de ténis, ginásio, piscinas, lagos e um enorme jardim. Ao todo, são 18 hectares. Imaginem o preço disto tudo! Havia necessidade? Num país com as carências do nosso, onde milhares sobrevivem com donativos recolhidos por instituições de solidariedade social, não será uma imoralidade? Uma afronta?
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE
segunda-feira, 24 de junho de 2024
A igreja católica não é confiável
CARTA A JOÃO ALMEIDA
domingo, 23 de junho de 2024
SER PATRIOTA
Hoje estão18 urgências hospitalares fechadas. Imaginem as consequências disto.
Não há dinheiro para se investir no SNS. Não há dinheiro para se pagar melhor a médicos e enfermeiros, e eles vão para o privado ou para o estrangeiro.
Mas há dinheiro para se pagar um complexo hoteleiro/desportivo com salas para conferências, 150 quartos, campos de treinos de futebol e ténis, piscinas, lagos e jardins de 18 hectares na Alemanha para a seleção.
Portanto, para se ser considerado patriota, basta ficar-se muito eufórico e colocar bandeirinhas à janela por causa da seleção?
Lembrar estas “chatices” também em época de seleção, não é ser-se patriota?
Há muitas formas de se exprimir patriotismo. Acabei mesmo agora de ouvir uma. De um artista. Um grande músico. Um patriota: João Gil.
Oiçam o que ele (e outros músicos) toca e canta, diz, no seu último disco, dedicado aos 50 anos do 25 de Abril.
Comprem o disco, oiçam-no nos espetáculos que irá dar, ou , façam como eu. Oiçam a entrevista que deu a Ana Sofia Carvalheda no Programa “Árvore da Música” da Antena1. E Partes do disco.
Acabei de ouvir há bocado, mas podem ouvir posteriormente.
É muito digno sermos patriotas. Mas apenas pela seleção, é curto. Muito curto!
Francisco Ramalho
Da reprentatividade
Foi noticiado que aquele famoso senhor de Oeiras volta a ser investigado, desta vez num caso relacionado com comezainas, que terão implicado para o município custos pornográficos, sendo enumeradas comidas e bebidas ao estilo das antigas casas reais; ouvi o homem afirmar que as despesas do que comeu e bebeu têm perfeito cabimento no exercício das suas funções públicas, estando à vontade para esclarecer o que for preciso.
Este caso transportou-me ao tempo da minha actividade profissional numa companhia multinacional, quando tinha carro da empresa, de que podia fazer uso na vida pessoal, descriminando a quilometragem andada assim da do trabalho, e as refeições pagas quando ao serviço da empresa, sendo aceitável apresentar despesas de almoços com mais de uma pessoa, se convidasse algum cliente, ou pessoa de interesse para o negócio, que seria descriminada nas costas da factura.
Acontecia que eu, podendo comer bem numa casinha modesta, nunca ia para restaurantes caros, a menos que, acompanhado, a representatividade me aconselhasse a pedir sugestão à pessoa convidada e, neste caso, podia acontecer que essa pessoa escolhesse uma casa de nome mais sonante.
Só que este meu comportamento com as despesas destoava muito do de alguns colegas, de quem o chefe queria saber a razão por que apresentavam facturas tão exorbitantes, quando havia quem nem metade gastava para o mesmo período de tempo; e acabavam por ser referidos os nomes dos que gastavam menos e mais, argumentando estes com o prestígio da empresa, e que os outros, fazendo as refeições em tascos, não representavam bem...
Amândio G. Martins
quarta-feira, 19 de junho de 2024
Para assegurar os privilégios
POLÍTICA
A Direita diaboliza a Esquerda
Por ter sido para isso criada
No tempo em que o povo despertava
Querendo deixar atrás a vida negra.
Porque querem manter a gente cega
Que ache natural ser explorada
Trabalhando a ganhar quase nada
Só para enriquecer quem a despreza.
Mentem ao pobre descaradamente
Dizendo que à Esquerda vota a má gente
Enganando quem é pouco instruído;
É que há boa e má gente em qualquer lado
Mas querem o servidor controlado
Obediente e muito agradecido...
Amândio G. Martins
terça-feira, 18 de junho de 2024
ELEIÇÕES E CONTRADIÇÕES
A guerra na Ucrânia, que é como quem diz, a guerra do Ocidente capitaneado pelo imperialismo norte-americano, contra a Rússia, foi o principal motivo da campanha. Não só aqui, supomos que por toda essa Europa da União afora. Até o PR Marcelo, na sua exortação ao voto dos portugueses em dia de reflexão, se lhe referiu.
Não volto agora a maçar pormenorizadamente os prezados leitores sobre as origens, os interesses, a continuação e intensificação e os perigos desta guerra. Dizer apenas que quem desde sempre alertou e se bateu contra ela (e as outras), o PCP/CDU, nesta democracia condicionada, teve o resultado que teve. Muito injusto, evidentemente.
A comunicação social dominante, principal fator de condicionamento desta e de outras democracias, aponta a Rússia e Putin, não democráticos e únicos responsáveis por esta guerra. Não temos experiência para opinarmos sobre o grau de democracia na Rússia que não será nenhum exemplo, mas será assim tão diferente o capitalismo e a democracia lá, do que aqui no Ocidente?
Ainda a democracia e a liberdade de expressão, por exemplo, neste caso da guerra mas não só, pessoas apesar de bem informadas na matéria, até por cargos internacionais que já exerceram, como os generais Raul Cunha, Carlos Branco, Agostinho Costa. Ou ainda, Carlos Matos Gomes, Viriato Soromenho Marques, Miguel Sousa Tavares, Alfredo Barroso e outros, porque não alinham com o discurso omnipresente, têm as mesmas oportunidades de se exprimirem, nas televisões, rádios, etc., que os outros?
Portanto, isto não é condicionar, manipular, a opinião pública? O resultado destas e de outras eleições, não é condicionado?
Quem não alinha com o discurso apologético da guerra, principalmente desta que referimos, é pró Putin e pró Rússia?
Por exemplo, quando um dos fundadores do PS, Alfredo Barroso, diz: “Estranho o “apoio inabalável” a um “ herói da democracia” de extrema direita, neoliberal acusado de corrupção e de proteger oligarcas e neonazis homofóbicos e russofóbicos (…)
Foi o golpe de Estado da Praça Maidan, em 2014, que deu luz verde aos grupos paramilitares neonazis para incendiar casas, torturar e chacinar ucranianos pró-russos, numa guerra que já dura há dez anos.”
Liberdade de expressão, é omitir-se isto e tanto mais, como a questão do não cumprimento da expansão da NATO para leste ou dos Acordos de Minsk?
Conclusão, fruto da manipulação e de condicionamento da opinião pública, temos esta grande contradição: o partido/coligação, a CDU, que foi e é quem mais reclamou e reclama a paz e se bate contra a guerra, e mais propostas faz em defesa da nossa agricultura, pescas, da nossa produção nacional, principalmente dos pequenos e médios produtores, em vinte e três, elege um deputado. Isto é natural? Não será fruto da manipulação referida? Por isso, João Oliveira já disse que a CDU vai continuar em Bruxelas a bater-se, a trabalhar, pela paz e pelos direitos do nosso povo.
Essa luta, esse trabalho, mais cedo ou mais tarde, darão frutos.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE
PATRIOTISMO FUTEBOLEIRO
Viram a receção na Alemanha? Milhares e milhares de bandeirinha na mão a cantar o hino. Mal o autocarro se aproximou, foi o delírio. E depois no primeiro treino a que assistiram. Doze mil.
E sabem quanto é que vai custar o complexo desportivo/hoteleiro de 14 hectares onde a rapaziada vai ficar?
Mas que importa isso? Que importa que por cá, muitos outros milhares , sobrevivam das esmolas recolhidas pelo Banco Alimentar Contra a Fome?
Importa é que Cristiano & companhia, façam boa figura. E, sobretudo, bons resultados.
A delirante receção dos emigrantes, foi uma amostra do que vai ser a loucura enquanto durar a anestesia.
Com isto, estou a desvalorizar o futebol? De maneira nenhuma! Ainda há pouco tempo o valorizei como modalidade desportiva e disse que o pratiquei. Deve lamentar-se é o aproveitamento que dele fazem. E a alienação que provocam , porque não passa da “coisa mais importante, das coisas menos importantes”. Ou como dizia o meu pai, “não passa de uma brincadeira”.
Uma brincadeira que rende muitos milhões, não é verdade? Mas rende para quem rende! Por tudo isto, lhe dão o tratamento mediático que lhe dão. Por tudo isto, gera assim tanto “patriotismo”.
Francisco Ramalho
domingo, 16 de junho de 2024
BOLERO DE RAVEL
Fui ontem ver o filme “Bolero”. Muito interessante! Baseia-se na criação da obra-prima de Maurice Ravel.
O Bolero de Ravel, uma das músicas mais conhecidas em todo o mundo, teve origem numa encomenda musical que a atriz e bailarina russa, Ida Rubinstein, fez ao compositor e pianista para um dos seus bailados.
Ravel, que já era famoso, porque não ligou muito e tinha mais solicitações, demorou a produzir a referida peça musical para a sua colega/ cliente, também com grande destaque na época. Quando a terminou, Ida Rubinstein, adorou-a e imaginou logo, ao som dela, um bailado carnal, erótico, inspirador de paixões.
No primeiro ensaio do ballet, Ravel ficou chocado e considerou o bailado mais próprio para um bordel. E não gostava muito mesmo, daquela sua obra musical. Ele imaginava-a mais como o ruído de uma fábrica. A revolução industrial estava no auge. Era o Progresso. E Ravel, estava com ele.
Ida e outros amigos do ramo, não concordavam.
O bailado estreou-se na Ópera de Paris (1928), foi um sucesso estrondoso. E depois, como se sabe, tornou-se universalmente conhecido e apreciado. Mas Ravel, só mais tarde, após a estreia, o seu bolero o satisfez plenamente.
O que acho mais interessante nisto tudo, é que este, é um exemplo de que os artistas, os criadores, sobretudo os geniais, o que foi o caso, são pessoas apaixonadas, excessivas, exigentes, e, sobretudo, autênticas. E são essas qualidades que as tornam diferentes e inspiradas para produzirem o que o comum dos mortais, não consegue.
Felizmente para quem é sensível à arte. Tenha ela a expressão que tiver.
Francisco Ramalho
sábado, 15 de junho de 2024
Homo homini lupus
LEI DA SELVA
Para os que no mundo gozam a vida
Pagam os que são gozados por ela
Que nem sabem se terão a parcela
Onde lhes seja feita a despedida
Um mundo que permite ao fratricida
Que a justiça não ponha numa cela
Permitindo-lhe a vida paralela
Com a da gente boa confundida.
Há muita injustiça pelo mundo
Quem nada tem sofre a do que tem tudo
Que quando parece bom é fingido;
Enriquece a roubar a pobre gente
A quem vai massacrar constantemente
Seguro que nunca vai ser punido...
Amândio G. Martins
sexta-feira, 14 de junho de 2024
O MUNDO ESTÁ UM NOJO. E PERIGOSÍSSIMO!
As duas guerras em curso, a da Palestina e da Ucrânia, revelam à saciedade, a hipocrisia e a moral dos senhores da guerra.
A da Palestina, é muito mais que uma guerra. É um massacre, um genocídio, uma imensa vergonha.
E os que a apoiam e os que não a condenam, são os mesmos que também apoiaram o golpe de 2014 na Ucrânia e que depois se seguiu “grupos paramilitares neonazis a incendiar casas, torturar e chacinar ucranianos pró-russos”. Acabei de citar Alfredo Barroso. Sabem quem é? É um dos fundadores do Partido Socialista. Uma das vozes que as televisões quase omitem, ou omitem mesmo. Mas há mais! Homens com informação e até experiência no terreno, devido a cargos internacionais que desempenharam , sobretudo mandatados pela ONU, como os generais, Raul Cunha, Carlos Branco, Agostinho Costa. Ou ainda, o já citado Alfredo Barroso, Carlos Matos Gomes, Viriato Soromenho Marques, Miguel Sousa Tavares e outros.
Mas em relação aos antecedentes da intervenção da Rússia, acrescentar que só na região russófona do Donbass, o atual poder em Kiev, já tinha provocado 15 mil mortos. E contrariando as promessas, a NATO avançou para leste e os Acordos de Minsk não foram cumpridos.
E o ponto da situação é mais que conhecido: muitos milhões e armas e mais armas e o incentivo para que a guerra se intensifique e com objetivos de maior alcance.
De conversações para a paz, apenas quase só aqui o PCP/CDU, e lá fora, Lula da Silva e o Papa, falam. Bastava que se cumprissem os Acordos de Minsk para que o povo do Donbass pudesse decidir, em referendo, do seu destino.
A insistência na solução, através das armas, estando em confronto 4 potências nucleares, será exagerado pensar-se onde isto poderá desembocar? Os 50 milhões de mortos da Segunda Guerra Mundial, teriam alguma comparação?
Muito mais havia a dizer sobre o lamentável estado deste mundo, mas só mais este exemplo:
Sobretudo, devido à desilusão com as políticas do centrão (partidos ditos socialistas, social-democratas e democratas-cristãos), a extrema-direita avança. Mas vejam o resultado dela na Argentina. Mais de 50% da população, já vive abaixo do limiar da pobreza. E agora, fome e porrada.
Mas à saída!
Como sempre, está nas mãos do povo. Dos povos.
Francisco Ramalho