sexta-feira, 26 de abril de 2024

Como reparar os crimes coloniais...

 

...Se até os países mais poderosos, aqueles que souberam aplicar e multiplicar nas respectivas metrópoles as riquezas roubadas – bem ao contrário dos portugueses, que delapidaram tudo em exóticos e escandalosos luxos  -   massacrando vidas humanas e aniquilando culturas, não fizeram mais, quando o tentaram, que disfarçar as culpas com ofertas de reparação menos que simbólicas, que não foram mais que um agravo das ofensas sofridas pelos povos brutalmente colonizados; é que tudo ainda hoje continua a ser vergonhosamente gravoso e ofensivamente ridículo na cultura dos outrora colonialistas opressores, com intoleráveis expressões como, no nosso caso, nos autoelogiarmos constantemente pela “força civilizadora como fomos capazes da dar novos mundos ao mundo”.

 

É verdade que já nada nos deve espantar na leveza palradora do nosso presidente da República que, vendo ali uma oportunidade de ouro de brilhar ao vivo e em directo para jornalistas estrangeiros, soltou-se-lhe a língua para aquela impensada verborreia, comprometendo o país em indemnizações que nunca poderia pagar, tão avassaladores foram os estragos causados pelos antepassados por esse mundo fora...

 

Amândio G. Martins

 

 

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Carta a um amigo desprevenido



Sei que tem saudades da sua juventude. Quem as não tem? Mas é legítimo confundi-las com as que, por associação de ideias, se podem misturar com a vivência global em que nos inseríamos? Isto aplica-se a tantos de nós que, há 50 anos, já éramos adultos, com diferenciadas responsabilidades na vida. Convém não esquecer que essa vida de então estava amplamente condicionada pelo circunstancialismo político dominante. Ou porque estávamos na guerra colonial, ou porque, se pertencêssemos a alguns dos grupos sociais “desfavorecidos”, tínhamos condicionada a nossa liberdade de movimentos, sujeita à vontade de outros. As nossas mulheres ou mães, por exemplo, não poderiam deslocar-se ao estrangeiro sem autorização expressa dos respectivos maridos. Qualquer “cidadão” que não fosse “branquinho de gema”, embora não sujeito a um “apartheid” declarado, tinha o ferrete da cor da pele e, consequentemente, muitas portas fechadas, mesmo na sua terra natal, em África. Era o colonialismo em toda a sua força, com países a oprimirem “legalmente” outros países. 

Não nos deixemos confundir nem enganar. A todo o tempo somos assediados por populistas que nos segredam que o 25 de Abril acabou com os tempos felizes. Prefiro, sem tibiezas, os tempos, ainda que imperfeitos, em que podemos falar, discordar, pensar pela própria cabeça. E isso foi o 25 de Abril que nos trouxe.


Expresso - 25.04.2024

Carta a um amigo incauto, nestes 50 anos

 

Sei que você nunca partilhou dos ideais democráticos. Pela educação que recebeu, pela propaganda que ingeriu, nunca sentiu a pulsão dos ideais de liberdade e, menos ainda, dos da igualdade. Apesar disso, porque o ordenamento democrático lho permite, ninguém o incomodará por isso, podendo continuar a pensar-se anti-sistema. Coisa que o regime que lhe dá saudades não permitia. Pode votar em partidos que, sub-repticiamente, acusam a democracia de ser a razão de todos os males que afligem o país, que insinuam que “dantes” é que se vivia bem. É claro que não vêm lembrar-nos da miséria que grassava, do obscurantismo a que nos submeteram, do monolitismo intelectual a que nos obrigaram. Não vêm lembrar-nos da iniquidade que, “legalmente”, protegia os poderosos e oprimia os fracos.

Está tudo perfeito? Não, mas é bom podermos afirmá-lo sem medos. Afinal, se “dantes” tudo era “perfeito”, por que é que o sistema se fechava, nos obrigavam a ir ao café de mordaça na boca? Tinham medo de quê? Obviamente de perder privilégios que só se davam aos “amigos”, de perder os “doces” poderes que um autoritarismo feroz lhes permitia: explorar os pobres sem o perigo de que alguém os denunciasse, meter os insubmissos nas cadeias, concentrar nas mãos do mesmo todos os poderes, censurar os jornais com toda a “naturalidade”.

Não duvido da sua generosidade e grandeza de carácter. Não se deixe enganar. Há quem queira que o ovo da serpente termine a gestação. 


Público - 24.04.2024


quarta-feira, 24 de abril de 2024

Glória ao 25 de Abril!

O meu mestre-escola e notável jornalista, Viriato Dias, director do Jornal da Costa do Sol, relembrava-nos na nossa comemoração evocativa do 25 de Abril: ''Tudo o que escrevíamos tinha de ir à censura''. Criminosa. Muitas, muitas vezes o miserável censor lápis azul cortava tudo(!). Tinha de se reescrever, com toda a ginástica mental da imaginação para produzir a mesma ideia com outras palavras, com frequência nas entrelinhas... A autocensura ainda foi mais diabólica. A imprensa foi deveras vergastada, ofendida, mutilada e, jamais quereremos e lutaremos para que essas abjectas humilhações regressem. Mas, atenção!, o quadro político actual não está fácil... O célebre, Ferreira de Castro, autor duma obra-prima, 'A Selva', (a ler) foi obrigado a ser escritor porque não quis ser - censurado jornalista... O glorioso 25 de Abril, com um brilho nos propósitos, acabou com os exames prévios e mordaças e, a todos(as) os(as) que nos proporcionaram fazer da escrita criação, mensagem e megafone, neste caso, a minha maior gratidão!

terça-feira, 23 de abril de 2024

PORQUE O PR MARCELO ESCONDEU A CONDECORAÇÃO DE SPÍNOLA


 

Spínola nas suas funções e altos cargos desempenhados após o 25 de Abril de 1974, procurou sempre dificultar e impedir os objectivos e conquistas da Revolução de Abril, apoiando os que a atacaram. Tentou impedir a extinção da PIDE. Não pretendia que presos políticos fossem libertados. Foi contra a descolonização e opôs-se à independência dos novos países que resultaram das ex-colónias. Conspirou, organizou e apoiou as tentativas de golpe contra o 25 de Abri, em Julho de 1974 o golpe Palma Carlos e em 28 de Setembro de 1974 a chamada «maioria silenciosa». Já depois de afastado dos cargos que lhe tinham sido confiados, foi o principal responsável pela tentativa de golpe de 11 de Março de 1975. Foi ainda um dos fundadores do grupo terrorista MDLP, que efectuou atentados contra instalações e pessoas do PCP, outros partidos de esquerda e sindicatos, sobretudo no chamado verão quente de 1975.

Spínola nasceu em Abril de 1910 em Estremoz. De 1968 a 1973 foi governador da Guiné. Em Janeiro de 1973 foi assassinado Amílcar Cabral, líder do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde). Foi general desde 1969 e em 1980 foi-lhe atribuído o título de marechal.

E, se não houvesse o 25 de Abril?

Devemos perguntar: onde estavas, se não houvesse o 25 de Abril? Teria, como milhares de jovens, ido para as Colónias defender interesses de meia dúzia de abastados, usurpando território que há muito reclamava - justa independência! Muitos, muitos regressaram com sequelas, nomeadamente stress pós- traumático, obnubilados, estropiados e dentro dum caixão! Não foi só a irreversibilidade da morte dos mancebos (10 000 militares falecidos) foi a insanidade mental perene, como sucedeu ao meu tio, no Hospício do Telhal. (20 000 inválidos). Os exemplos são mais que muitos... Por dever teremos que homenagear os progressistas militares, os movimentos de libertação das ex-Colónias, a luta do sindicalismo e o Povo, que foram dos elos mais decisivos para o êxito do dia mais inteiro, mais limpo e mais radioso da nossa História - o 25 de Abril!

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Quem acreditou neste executivo, acredita no Pai Natal!

Quem gritou contra quem anunciou mais do mesmo desta gente, que diz que governa, foi uma certa imprensa orientada, associações patronais, um localizado bloco central de interesses, comentadores do óbvio e por aí adiante. Também são os mesmos políticos de sempre. Da direita extremada e da extrema-direita. Desde o PSD ao CDS, que os unem à IL e ao Chega, respectivamente! Faz sentido. Um dos resultados do desgoverno já está à vista: Um IRS mentiroso e uma benesse para as grandes empresas em sede de IRC - muito generosa. O estado de graça do executivo acabou, mais uma vez, a honestidade pelo cumprimento das promessas eleitorais não fazem parte do seu léxico político, daí já estarem a prazo.... Justificadamente!

sábado, 20 de abril de 2024

Bom casamento

 

RESTAURAÇÃO

 

Luisa de Gusmão era espanhola

Casada com o duque de Bragança

Os Filipes entraram por herança

Impondo a sua pior bitola.

 

Mas vendo que Portugal estiola

Uns patriotas cheios de pujança

Puseram nessa senhora a esperança

De pôr os opressores a dar à sola.

 

Para ver os parentes porta fora

Nem que fosse rainha uma hora

A duquesa nenhum medo mostrava;

 

Animando o temeroso marido

Este por fim mostrou-se decidido

A Nação de morrer recuperava...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Abril, onde já vais sonhos mil...

A ti, 25 de Abril, já tantos te querem invernil. Tantos mais dão-te energia primaveril, sempre! Através de dialéctica permanente. Abril, dos mil sonhos, contra já fascismos medonhos, defendo-te 'com' espingarda e palavras mil... ''Quem não gostou do PREC (Processo Revolucionário em Curso), do 25 de Abril a Novembro de 1975, não gostou do 25 de Abril!'' Esta tirada não é dum esquerdista, foi dita por um intelectual da direita dita democrática, José Pacheco Pereira. E esta hem! Podemos e devemos comemorar o 25 de Abril, porque foi até então, um pioneiro golpe militar progressista e libertador. O dia mais feliz de tantas, tantas vidas! Com o outonal 25 de Novembro de 1975 desaguámos, agora, num regime capitalista que mata! O carácter generoso em demasia dos militares de Abril, foi duma benevolência extrema a tratar os carrascos da PIDE/DGS. A Revolução não tinha nem podia ser florida, daí, no final do dia redentor, de dentro da sede daquela criminosa polícia politica rajadas de tiros fizeram 4 mortos(!). Cerca de 1500 pides estiveram presos entre 3 e 6 meses(!), e muitos fugiram para o estrangeiro... e, como se não bastasse, o então primeiro-ministro, Cavaco Silva, recusou atribuir uma pensão a Salgueiro Maia, capitão fundamental para o êxito do 25 de Abril e, posteriormente a sua esposa já viúva, com uma filha, Catarina Salgueiro Maia. Como pior presidente da República, no 10 de Junho de 2009, depositou uma coroa de flores no túmulo daquele valente, generoso e corajoso militar(!). Anos depois, pasme-se!, atribuiu pensões a inspectores da DGS e, a um miserável pide, Óscar Cardoso, que esteve barricado na sede, na rua António Maria Cardoso, presumivelmente um dos quais que dispararam e mataram 4 concidadãos democratas. A História não absolverá o inqualificável, Cavaco. Hoje, indubitavelmente, faz mais sentido homenagear, rememoriar e comemorar o PREC! Apostila: I) Vi, li na internet um cartão da PIDE, dum jovem adulto. Quem era? Anibal Cavaco Silva.... Se não é fotomontagem, faz sentido. II) A seguir ao nascimento do meu filho e da minha filha, o dia mais Feliz da minha vida foi - o 25 de Abril de 1974!

25 de Abril, data maior da nossa História quase milenar!

A madrugada mais histórica, através dum golpe militar com contornos libertadores pioneiros no Mundo, foi desencadeado por bravos e corajosos progressistas, no 25 de Abril! Com o outonal Novembro de 1975 estamos, agora, num capitalismo que mata!

quinta-feira, 18 de abril de 2024

“Bendita” guerra


Perante o repúdio geral, ninguém se atreveria, alguma vez, explicitamente, a apontar algo de positivo no “fenómeno” da guerra, que, por definição, é negativo. A guerra destrói pessoas e bens, é certo, mas não deixa de enriquecer muitos. Há quem lucre desmesuradamente na construção e venda dos armamentos que, dado o nível de sofisticação tecnológica que atingiram, são produzidos com o recurso a vultuosos capitais, longe das capacidades financeiras das “fabriquetas” de outrora. 

Mas há outros “ganhadores” da guerra. Netanyahu, por exemplo, só sobrevive politicamente à custa dela. Abrindo uma nova frente com o Irão, desde logo abençoada pelo ocidente em geral, capitaliza em seu favor a hostilidade suscitada pelos ayatollahs extremistas, deixando cair no apagamento da memória, tudo quanto de cruel praticou e pratica em Gaza. Não será tão cedo que a abertura dos telejornais vai incidir sistematicamente no horror da Palestina que, à semelhança da Ucrânia, tenderá a diluir-se nos alinhamentos. Não que se deixe de falar do assunto, mas… 


Público - 19.04.2024

quarta-feira, 17 de abril de 2024

Deslocados

 

 

GIOCONDA

 

Sendo tão semelhante à Mona Lisa

A Gioconda devia ser gémea

Meditava a visitante ingénua

No que ali à volta se discorria...

 

Ouvia o que falavam confundida

Se aquela gente estaria a ser séria

Ou aquilo que ouvia era pilhéria

De gente com aspecto de sabida.

 

Ouvindo alguém que falava em “Da Vinci”

Um novo-rico ofereceu trinta

Levando logo a mão à carteira;

 

Como se o museu fosse a galeria

Que ao traficante deixa a mais-valia

De algum artista sem eira nem beira...

 

Amândio G. Martins

 

 

terça-feira, 16 de abril de 2024

O homem não se enxerga

Vi e ouvi na RTP 3, repescada de outro media, alguma da conversa estragada com que aquele Passos de má memória se quer a todo o custo manter vivo, qual múmia cavaquista, que também não perde nenhuma oportunidade para fazer crer que está vivo, quando toda a gente que lê, vê, ouve e pensa sabe que está morto e enterrado; de facto, aquele seu discípulo nunca recuperou do trauma de ter sido apeado do pedestal a que subiu inesperada e apressadamente, aproveitando a oportunidade que lhe deu a crise financeira mundial, que debilitou de morte o seu opositor em funções.

 

E ao contrário de muita gente de real valor, a quem as crises e derrotas pessoais fazem crescer, a este Coelho fizeram engordar, e quanto mais engorda mais disparates profere, decerto embalado pelas bojardas daquele outro a quem inspira, que já lançou para o espaço público a ideia de poder vir a ser o próximo presidente da República, somando-se ao outro da mesma área que há muito já atirou o barro à parede; e do que retive da tal conversa, este gordo Coelho lamenta que o actual primeiro-ministro, ao que a ele parece, esteja a renegar o seu legado...

 

Amândio G. Martins


segunda-feira, 15 de abril de 2024

ESPANTALHO


 Espantalho é um boneco feito com roupas velhas, enchidas com trapos, palha ou outros materiais, a que se coloca normalmente também um chapéu ou boné e que é colocado no meio de hortas e outras culturas, a imitar a presença duma pessoa, para afastar sobretudo aves, impedindo a danificação de sementes e plantas. O espantalho tradicional é por vezes substituído por elementos sonoros, face a uma certa habituação das aves à sua presença.

A existência de espantalhos terá uma origem de mais de cinco mil anos no Egipto, onde armações de madeira com rede eram colocados nas culturas de trigo das margens do rio Nilo, embora a forma de se parecer com um humano tenha sido adoptada mais tarde na Grécia antiga, há cerca de 2500 anos. O império romano espalharia o uso de espantalho um pouco por toda a parte.




domingo, 14 de abril de 2024

Citações e ironias


A propósito da discussão do programa do governo, vi coisas muito curiosas.
Vi o partido que boicotou Saramago a citar Saramago.
Vi o partido que nos quer trazer de volta a mocidade portuguesa e as mulheres p'rá cozinha
a citar Camões ( e cece tudo que a antiga musa canta).
Agora cito eu sem ironia António Aleixo.
P'ra mentira ser segura/ E atingir profundidade/ Tem que trazer à mistura / Qualquer coisa de verdade. 
Agora citando a minha avó (galinha gorda por pouco dinheiro, ou é choca ou foi roubada)
Eu até baseado no que me ensinou minha avó não comprei esta galinha, mas muitos compraram, agora aguentem-se.


Quintino Silva 

 

ERA PRECISO FAZER QUALQUER COISA...



Após mais de 2 meses de massacre e genocídio, era preciso fazer qualquer coisa para manter a credibilidade mesmo junto dos seus. Assim, bombardeia-se um consulado e, claro, espera-se pela retaliação. Depois faz-se de vítima e até se diz que os outros não querem acordo nenhum para libertar os seus prisioneiros. E dizem, já depois da retaliação, que irão continuar e que “não ficará pedra sobre pedra”. Ou seja, com as costas de novo, mais quentes, querem terminar o “trabalhinho”. O massacre.

Em conjunto, têm o maior arsenal convencional do mundo. Mas os outros também têm alguma coisa! E em relação ao nuclear, a coisa está mais ou menos equilibrada. De maneira que, o bailinho está armado. Esperemos que não dure muito e que não entremos todos na dança.

Mas sabemos quem é o mandador e os seus acólitos.

Há que desmascará-los.

PS- Já aqui tinha dito que soam mais alto os tambores da guerra…

Francisco Ramalho





sexta-feira, 12 de abril de 2024

LOGOTIPOS...

 


Apesar de tanta pressa, tanto espectáculo, tanta euforia na substituição do anterior logotipo governamental por parte do governo AD/Montenegro… e afinal a capa do programa do governo entregue na Assembleia da República acabou por repescar, de certa forma, alguns elementos gráficos do logotipo odiado, só com ausência de amarelo.

À espera de um génio

 

Terminada a festa eleitoralista, já vemos o Montenegro como ele é verdadeiramente, um malabarista cheio de truques, embora já com outro requinte, agora que conseguiu o supremo sonho de chegar a primeiro-ministro; de facto, já não tendo como poder usar mais a famigerada “bancarrota”, com que sempre apedrejavam os socialistas, tendo até invertido o mimo para “forreta”, porque viu no trabalho do antecessor uma situação única em democracia, com excedente orçamental e contas públicas controladas, por muito que o outro lado da moeda se tenha traduzido em enormes carências.

 

E são estas carências em muitos serviços públicos que lhe vão pôr à prova o génio para as resolver, para poder continuar na “cadeira de sonho” porque, com tanta gente à espera de ver satisfeitas as generosas promessas que fez em campanha, e com menos meios para as satisfazer, que é o que vai resultar da baixa de impostos para aqueles que os devem pagar, querendo/devendo também continuar a baixar a dívida pública, se for capaz disto tudo terá conseguido a chamada “quadratura do círculo”...

 

Amândio G. Martins

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Desapareceu-nos fisicamente Eugénio Lisboa. Permanece a sua obra

Eugénio Almeida Lisboa foi ensaísta e crítico literário, especialmente vocacionado em José Régio. Porventura o mais habilitado. Privou e cultivou uma amizade salutar no conhecimento com o ilustre, José Régio. Este tem um museu em Portalegre digno de ser amplamente visitado e estudado. Perdemos Lisboa, um dos nossos melhores. Foi lúcido, priorizava o rigor, a seriedade e a objectividade, sendo frontalmente sábio. Tive o grato privilégio e prazer de o ouvir algumas vezes em conferências sobre, Régio, no auditório do belo Museu Ferreira de Castro, em Sintra. Perguntávamo-nos: como é possível este escritor, poeta, declamador e estudioso ser uma enciclopédia ambulante? Sim, era possível. Lisboa foi! Amo a sua obra. A sua esposa, que conheci e simpática senhora e a seu filho, Joao Lisboa, jornalista e crítico musical, as minhas sentidas condolências. Até à Eternidade!

Ventura que se cuide


Passos Coelho (P.C.) aproveitou a oportunidade, dada por um conjunto de “pensadores” que editaram um livro em defesa, dizem eles, da Família e da Identidade (de quem?), para lançar a confusão e, sabe-se lá, o ódio entre os militantes do partido em que está inscrito. A troco de quê? Na sua ideia, provavelmente, para devolver ao PSD a linha “correta” de que, com a liderança de Montenegro, se afastou. De caminho, “purificado” o partido, assim expurgado de sacrilégios como a eutanásia, o aborto ou a ideologia de género, então sim, apoiaria o seu governo.

O raciocínio será simples: ao PSD faltará, para ter uma maioria inabalável, aquele milhão e tal de eleitores do Chega, logo, o dever é ir lá conquistá-los. Parece claro que P.C. está a ignorar os muitos militantes que se reviram no famoso “não é não”, o que poderá estar a enviesar-lhe o pensamento. Ou então, não o sabemos, poderá estar na estratégia “passiana” o que não passará pela cabeça de ninguém, pelo menos até ver: quererá P.C. riscar o PSD do mapa partidário, filiar-se no Chega e, desse posto, comandar a direita “toda, toda, toda”?


Expresso - 12.04.2024


terça-feira, 9 de abril de 2024

 

SOAM MAIS ALTO OS TAMBORES DA GUERRA


Com o desmoronamento da União Soviética, os teóricos e beneficiários do capitalismo, sem a “ameaça do comunismo”, prometeram um mundo de paz e felicidade. Depois tem sido o que se sabe. As guerras proliferam, e agora cresce o apelo ao aumento de verbas para a “defesa”, serviço militar obrigatório, e para o reforço da NATO que fez 75 anos. E Portugal, mesmo em ditadura, foi um dos seus fundadores.

Entretanto, a “ameaça do comunismo”, foi substituída pela “ameaça da Rússia”, mesmo capitalista. Putin é diabolizado e considerado um ditador com desejos expansionistas. Deste lado, são todos democratas dos quatro costados. Gente pacífica e sem ambições expansionistas.

A realidade, é um mundo cada vez mais injusto e perigoso.

Portanto, não são os motivos ideológicos que fazem ecoar mais alto os tambores da guerra. São ambições desmedidas. A rapina de matérias-primas, a conquista de posições geo-estratégicas, a sede de poder e de lucro, a hipocrisia e a insensibilidade perante a vida humana.

Os exemplos são mais que muitos. Desde o desmembramento à bomba, da Jugoslávia, à guerra no Afeganistão que deixou no poder os mesmos fanáticos religiosos, à invasão do Iraque baseada numa monumental mentira deixando o país destruído, destruída, ficou também a Líbia, a tentativa do mesmo na Síria. Tudo isto, causando milhões de mortos, estropiados e refugiados. Depois, o apoio aos “democratas” que mantêm no poder em Israel e na Ucrânia.

No primeiro caso, depois do holocausto nazi, o resultado é outra imensa vergonha. Só faltam os fornos crematórios. Um povo a ser dizimado à bomba, à fome e por falta de assistência médica. A grande maioria das vítimas são os mais fracos e indefesos; mulheres e crianças. Nem jornalistas, médicos, funcionários de agências da ONU, pessoal voluntário de organizações assistencialistas, escapam. E em vez de sanções como noutras situações com efeitos até de boomerang, aqui, continua é o fornecimento de mais armas. Nomeadamente, aviões de combate.

E é esta esta gente, com tal moral, que omite os antecedentes que deram pretexto à invasão e à intensificação da guerra na Ucrânia. O massacre da população russófona do Donbass, a quebra dos acordos (de Minsk) que poderiam resolver pacificamente a situação, e o avanço para leste da NATO.

Dos apelos à resolução pacífica do conflito e da paz, nomeadamente do Secretário-Geral da ONU, do Papa, do Presidente do Brasil, de diversas organizações pacificas como o Conselho Português para a Paz e Cooperação, e de milhões de pessoas por todo o mundo que o têm exigido em manifestações, os arvorados defensores da democracia e dos direitos humanos e seus aliados e os mesmos que mandam na NATO, dizem nada. O que os move, é a guerra. Mesmo estando em oposição as principais potências nucleares do mundo. Logo, a vida, a paz mundial.

Alinhando com os acima referidos, e até em oposição à nossa Constituição, Montenegro e depois Rangel, já se apressaram a assegurar a contribuição para a guerra.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal O Setubalense








segunda-feira, 8 de abril de 2024

o P A V Ã O

O pavão azul tem origem no subcontinente indiano e o pavão verde no sudoeste asiático. O pavão azul é o que existirá em maior número no nosso País. O pavão abre e exibe o seu leque de penas na cauda para cortejar as fêmeas. O seu peso é de cerca de 4 quilos e a altura de 80 centímetros, sendo as fêmeas mais pequenas, com menor peso e envergadura. Durante o dia os pavões andam sobretudo no chão e à noite empoleiram-se nas árvores. A sua criação, em viveiros, é efectuada essencialmente para ornamentação, embora a carne possa ser consumida e será saborosa nas aves mais jovens. O pavão é uma ave muito sociável. Os pavões viverão entre 25 e 30 anos, embora a idade média seja de 16 anos. Uma fêmea pode pôr cerca de 23 ovos.




domingo, 7 de abril de 2024

 


LISBOA CAPITAL DA SOLIDARIEDADE


Realizou-se em Lisboa uma grande manifestação pelo povo mártir da Palestina.

Da embaixada de Israel à Assembleia da Republica, milhares de pessoas empunhando cartazes e bandeiras e gritando palavras de ordem a propósito, durante horas, transformaram ontem Lisboa na capital da solidariedade.

Evidentemente que perante a monstruosidade que está a acontecer há já 6 meses, onde ninguém é poupado, onde para além dos bombardeamentos, se utiliza até a fome como arma de guerra, onde a maioria das vítimas são os mais fracos e indefesos; mulheres e crianças, milhares delas, mas até jornalistas, mais de 100, médicos, pessoal de agências da ONU e voluntários de organizações assistencialistas, onde já se contam quase 40 mil mortos, a manifestação devia ser ainda muito maior.

No final, frente à AR, usaram da palavra representantes das organizações promotoras da manif. O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), o Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente, a CGTP-IN e uma senhora palestiniana que falou em nome do seu povo e da sua pátria.

Evidentemente que todos apontaram o seu dedo acusador ao Estado sionista, mas também aos hipócritas que o apoiam às claras ou mais veladamente. Como é, respetivamente, os EUA (uma das palavras de ordem foi: “os Estados Unidos a Armar, Israel a Bombardear!) e os seus aliados e vassalos com destaque para a UE.

Já dissemos que foi uma grande manifestação mas que ainda devia ser muito maior. Um dos principais motivos porque não foi, é que a comunicação social dominante, como habitualmente, em obediência aos seus donos e/ou a quem a controla, também solidários com todas as guerras que os seus homens de mão concretizam, não a divulgou. 

Portanto, uma CSD, não isenta e pluralista, como devia ser.

Mas, apesar de tudo, como muitas vezes lá se gritou, e porque um povo só é vencido quando se rende;

A PALESTINA VENCERÁ!

Francisco Ramalho





Bem te conheço, ó máscara

 

LINGUAGEM

 

A nossa língua é cheia de armadilhas

Se não prestamos a devida atenção

Mas quando se escreve com o coração

Não há artimanhas nas entrelinhas.

 

Dizer o que se quer sem artimanhas

Faz a verdadeira comunicação

Ao contrário dos que fazem confusão

Para melhor passarem as patranhas.

 

Aqueles que se presumem espertos

Enganam os que andam menos despertos

Até ficarem a falar sozinhos;

 

Que quem à falsidade faz reparo

Destapa do aldrabão o descaro

Desmascarando os falsos pergaminhos.

 

Amândio G. Martins

 

 

 

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Falsários em maré alta

 

 INFORMAÇÃO

 

Há imensa gente mal informada

Que aceita por boa a falsa informação

Desde que a mentira dê satisfação

Apreciando ser desinformada...

 

Assim dão força à perigosa manada

Que põe na mentira a sua devoção

Tão facilitada fica a difusão

Ao serviço da gente mal formada.

 

Quando a mentira serve a política

E ninguém a tempo a rectifica

Pode levar ao poder os trafulhas;

 

E nem sempre quando fazem muito mal

Com a gente a querer saír do lodaçal

Fica fácil corrigir as agulhas...

 

Amândio G. Martins

 

quinta-feira, 4 de abril de 2024

 

PAZ SIM! NATO NÃO!


Embora tendo sido constituída antes do Pacto de Varsóvia, a NATO, segundo os seus criadores, era para se lhe opor, assim como à “ameaça do comunismo” que a União Soviética representava. Entretanto a US assim como PV foram dissolvidos, e a NATO não só o não foi também, como se reforçou. E muito!

O alegado principal inimigo, a Rússia, embora agora capitalista, é um inimigo fabricado, fictício.

Omitem completamente o que foi o pretexto para a invasão e intensificação da guerra na Ucrânia: o massacre das populações russófonas do Dombass, os acordos (de Minsk) não cumpridos que poderiam ter resolvido o conflito e as promessas também não cumpridas do não avanço da NATO para leste.

A NATO, que faz hoje 75 anos, não é uma organização defensiva, como dizem, mas sim ofensiva.

A prová-lo, entre outras, estão as suas intervenções bélicas no desmembramento da Jugoslávia, no Afeganistão, na Líbia e agora, por enquanto indiretamente, na Ucrânia.

A NATO é o braço armado do imperialismo norte-americano e dos seus aliados, uma ameaça à paz mundial. Como tal, deve ser dissolvida.

Francisco Ramalho


Um texto que dá gosto ler

 

Comentando o documentário sobre a célebre composição We are de World - “The greatest night in pop” - aquela noite em que um grupo de celebridades das mais diversas sensibilidades conseguiu unir-se para gravar uma música de solidariedade com a fome na Etiópia, música que depressa comoveu grande parte da humanidade, o escritor Afonso Reis Cabral escreveu ontem no JN um texto descritivo belíssimo, de como foi possível aquele milagre...

 

Amândio G. Martins

Os mortos não são todos iguais


Poucos dias depois de viabilizar a aprovação de uma resolução de cessar-fogo por parte do Conselho de Segurança da ONU, a administração norte-americana deu luz verde para o reforço significativo do fornecimento de armamento a Israel. Dir-se-á que é uma decisão que se enquadra na política externa tradicional dos EUA, que, mais coisa menos coisa, se mantém invariável mesmo quando muda o partido no poder. Poder-se-á sempre falar dos insaciáveis interesses da indústria de armamento americana, mas convém não esquecer o papel “evangelizador” dos EUA na expansão da liberdade e da democracia liberal pelo mundo fora. 

Comparando com a influência americana na guerra da Ucrânia, percebe-se que o argumento de base para o fornecimento de armas que combatam Putin é muito fácil de encontrar pelos ocidentais, “avisados” que estão, há décadas, para o “perigo” russo. Mais difícil será encontrar paralelo no “perigo” palestiniano. Nem Hamas, nem Hezbollah, nem mesmo o Irão, possuem, até ver, as ogivas nucleares de que dispõe a Rússia. Não bastaria aos EUA decretarem sanções económicas aos palestinianos? Eles devem ter com o que pagar, nem que seja com o corpo. 


quarta-feira, 3 de abril de 2024

CARTA A INÊS

Tive e tenho animais, cães na sua maioria, mas também, na fase infantil da vida dos meus filhos, pombos, periquitos, cágados, canários. Montei cavalos e sempre os tratei com a lealdade e respeito que mereciam. E todos retribuíram, cada um à sua maneira, o afecto que lhes dediquei e dedico. Numa relação homem animal que nunca questionei porque me parecia natural como o ar que respiro.
Até que apareceu um grupo de pessoas que veio complicar tudo isto. Apercebi-me delas quando os meus cães começaram a ser tratados no veterinário como pessoas, nomeados como o "menino ou a menina", numa infantilidade que me surpreendeu. E a ouvir lições de moral e ética que não tinha solicitado. Afinal, eu só ali estava a adquirir cuidados veterinários, nada mais.
Mas estas empresas veterinárias, que tratam o meu cão como se ele fosse meu filho (não é!!) mas na realidade se estão marimbando para ele, cavalgando a onda animalista que agora nos assola, trataram de subir os preços até valores incomportáveis, convertendo num bem de luxo a posse de animais de companhia. Criando, afinal, condições para que um número crescente de animais deixem de receber os cuidados veterinários mínimos que necessitam e engrossem os números do abandono. Alguém, ao balcão do veterinário onde estava, como eu, a ser extorquido, comentava "agora é mais caro olhar por um cão do que por uma criança!!" E começa a ser perigosamente verdade.

Fachadismo

 

Saberei logo pelo JN o que foi dito na tomada de posse do novo Governo, cuja cerimónia não tive a menor pachorra para ver, não porque a alternância em si mesma me incomode, mais faltava, mas porque aquela gente, a começar pelo “primeiro” e passando por um tal Nuno Melo, me provoca urticária; deste último, lembro o seu parente de Santo Tirso, Eurico de Melo, suponho que terá sido também seu padrinho, que, quando foi ministro da Defesa, fez com os americanos um negócio de compra de aviões-sucata para a Força Aérea que, se não caíram todos, devem ter escapado poucos, e quando questionado acerca do assunto, Eurico de Melo respondia que os americanos eram amigos, e os amigos entendem-se sempre.

 

De outro ministro do partido do Melo, o Portas, conhecemos o imbróglio dos submarinos, que na Alemanha deu condenações e aqui foi tudo estranhamente arquivado, decerto porque o dito cujo, ao aperceber-se que ia ser corrido, passou uma noite no ministério a queimar literalmente arquivo que o pudesse incriminar; tendo ouvido há dias o Melo referir-se ao seu anterior líder como tendo sido um grande ministro da defesa, temos conversado quanto ao que se poderá esperar dele.

 

No mais, também li que a primeira medida do novo Governo, “urgentíssima”, que a gente espera como pão para a boca, será mudar o símbolo da República; presumo que se seguirão as mesas e cadeiras das salas de trabalho, assim como os automóveis, que os novos senhores não poderão sentar-se nos mesmos bancos onde os anteriores se terão peidado...

 

Amândio G. Martins

terça-feira, 2 de abril de 2024

o peso dos salários no PIB

Desde a adesão ao euro, segundo indica o Eurostat, o peso ajustado dos salários no PIB (Produto Interno Buto), baixou de 60,1%, em 1998, para 52,9% em 2023, confirmando a perda de poder de compra dos trabalhadores nos últimos anos. Portugal foi dos 20 países da zona euro, um dos que aonde a quebra dos salários teve maior expressão. Esta realidade contraria e desmente todos que só vêm benefícios, privilégios e mordomias na U.E.

 

 

 

RESVALANDO PARA O ABISMO


O passado mês de fevereiro, foi o mais quente dos últimos 93 anos. Dia 21 do passado mês, a temperatura máxima registada em Braga, foi de 30 graus. Quatro dias depois, baixou para 11. As temperaturas têm-se mantido muito baixas, tem chovido bastante e nevado até no Alentejo (Serra de S Mamede) e Algarve(Serra de Monchique), e a previsão é que este anormal tempo para a época, continue.

Para além dos efeitos nocivos em culturas como o tomate, favas, ervilhas, batatas, feijão, etc., estes são apenas alguns exemplos mais que evidentes das alterações climáticas, cuja principal causa é a emissão de gases com efeito de estufa, sobretudo dióxido de carbono, que provocam o aquecimento global.

Há dias, fui à Quinta do Conde, e à tarde, vim pela estrada de Sesimbra. Apanhei uma fila quase compacta de Fernão Ferro a Corroios. Em todo o percurso, vi apenas três autocarros. Depois, outro dia de manhã, fui à Charneca de Caparica, regressei logo a seguir, com filas apenas um pouco mais fluentes. Mas, evidentemente, estes casos não são únicos na região da grande Lisboa e no país.

Segundo o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), o tráfego automóvel o ano passado em relação a 2022, aumentou 10%, e com tendência para continuar a aumentar.

Bem nos avisa António Guterres como Secretário-Geral da ONU, o Papa Francisco e diversos especialistas responsáveis, mas a cegueira, a irresponsabilidade, a loucura, continuam. Este lindíssimo planeta caminha para um tão elevado estado de degradação que num futuro mais ou menos próximo, se tornará inabitável. Ou, pelo menos, com uma drástica redução de todas as espécies. Tantas delas, já desaparecidas.

E, claro, para dar uma “ajudinha”, para contribuir para a poluição e antecipar uns milhares ou, quiçá, uns milhões de mortos, temos a outra loucura, que é a guerra. E, mais uma vez, devemos aplaudir de pé, o atual SG da ONU, o Papa Francisco e o Presidente Lula da Silva. As únicas personalidades mundiais, a apelarem à paz. Os outros, apelam à guerra. Principalmente os que se arvoram em guardiães da democracia e dos direitos humanos. Os exemplos são mais que muitos. Veja-se o caso do conflito Israel- Palestina. Mesmo depois de ter entrado no atual estado de genocídio por parte de Israel, depois do seu apoio de sempre e de terem rejeitado todas as propostas de cessar-fogo, apresentaram uma que não exigia cessar-fogo nenhum. Considerava-o um imperativo, condicionava-o à libertação de prisioneiros, mas apenas de um dos lados do conflito. E agora, perante o repúdio mundial sobre a prepotência do governo sionista e na iminência do genocídio atingir proporções dantescas, limitaram-se a absterem-se na resolução que efetivamente exige o cessar-fogo. Mesmo assim, já veio o seu porta-voz, Jonh Kirby, afirmar que a abstenção dos EUA “não significa uma mudança de rumo” e que “ a resolução não é vinculativa”

Portanto, é imperioso que mais vozes se juntem às de Bergoglio, Guterres e Lula, na defesa da paz e do planeta.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal O Setubalense



PS- Depois da edição deste artigo de opinião, sete voluntários humanitários de diversas nacionalidades, devidamente assinalados, foram mortos em Gaza e a embaixada do Irão na capital da Síria foi bombardeada provocando um número ainda indeterminado de vítimas.

Que país poderia ter um comportamento destes sem um clamor mundial?

Mas, meus amigos, este comportamento do país protagonista e dos seus aliados, não poderá ter consequências imprevisíveis também a nível mundial?




Remédios insuspeitos

 

ANTIDEPRESSIVOS

 

Substituir a medicação por livros

Para equilibrar a nossa saúde

Tem tudo para ser boa atitude

Para dispensar antidepressivos.

 

Os livros podem ser bem decisivos

Em vez da medicação amiúde

Embora quando a remédios se alude

Não os imaginemos tão precisos.

 

E são remédio que não vai fazer mal

Quando o consumo se torna habitual

Como acontece com os químicos;

 

Quando ganhamos a vontade de ler

Cresce o entusiasmo para o fazer

E deixamos de ser ciclotímicos.

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 31 de março de 2024

 

BOA PÁSCOA


Celebra-se hoje a ressurreição de Cristo. É isso que é a Páscoa.

Não sei de Cristo ressuscitou ou não. Hoje também ninguém sabe. Só os seus conterrâneos e contemporâneos, o souberam. E os crentes que acreditam que sim. Como não sou crente, nem deixo de o ser, sou agnóstico, não sei se Cristo Ressuscitou.

Numa coisa creio: é que Jesus Cristo foi um homem bom. Foi um revolucionário e um patriota. Por isso, pagou com a vida a sua solidariedade para com os famintos, as vítimas dos poderosos e insensíveis, e contra o domínio de Roma sobre a sua pátria, a Palestina.

Portanto, neste sentido, como admirador de Cristo, sou cristão.

Assim, desejo uma boa Páscoa a todos os que, tal como Jesus Cristo, se interessam não só pelos seus familiares e amigos, mas, pelo menos um pouco, pelo menos que se lembrem, também dos famintos, vítimas dos poderosos, e dos muitos milhões, vítimas da exploração, da hipocrisia e das guerras movidas pelos poderosos e pelos fanáticos religiosos ou outros.

Entre tantos exemplos, atentemos no que se passa hoje na terra, na pátria, de Cristo, a Palestina. Portanto, aos poderosos e aos hipócritas, não lhes basta já quase 40 mil mortos, a grande maioria, mulheres e crianças, não lhes basta já, como ouvi dizer a um médico nosso compatriota; estão a morrer lá, à fome e por falta de assistência, cerca de 250 pessoas por dia. Mais uma vez, a maioria, mulheres e crianças. Ou como alerta a Organização Mundial da Saúde, que para salvar vidas, é imperioso transferir e socorrer milhares de doentes. Não lhes basta os apelos, nomeadamente, de António Guterres, do Papa Francisco, de Lula da Silva e de milhões que se manifestam um pouco por todo o mundo.

Não lhes basta aos que mandam e aos que diretamente continuam a fazer a guerra, a cometerem um genocídio, e aos hipócritas que os continuam a apoiar e a não os condenar.

Aos meus familiares e amigos e aos acima referidos,

BOA PÁSCOA!

Francisco Ramalho



sábado, 30 de março de 2024

Populistas, precisam-se


Entre todas as “explicações” para o estrondoso êxito eleitoral de André Ventura, importa destacar uma que me parece fundamental: o monopolismo que ele exerce sobre o mercado à sua disposição. Não que não existam muitos outros populistas, embora a maioria deles se acobertem, para já, no Chega. Valha a verdade, também, que o talento, a inteligência e a desfaçatez de Ventura, inegáveis, não se encontram por aí ao desbarato. Estou convencido, no entanto, de que, quando começarem a aparecer outros mentores intelectuais do vazio mental até aqui ocupado pelo Chega, a “chama” começará a esmaecer. Pode ser que, à falta de melhor, dentro do partido se encontrem “ideólogos” que se julguem pelo menos tão capazes como Ventura de pesquisar e arrebanhar as “pepitas de ouro” que se transformarão em chorudos votos em próximas eleições. Saiam da toca, desertem, e formem novos partidos populistas, vão à luta, que o vosso partido é que será o “autêntico”! E quanto mais depressa melhor, não se acanhem. 


Público - 31.03.2024

sexta-feira, 29 de março de 2024

Terroristas


1 Há duas qualidades terroristas: há aqueles que atiram as bombas à mão e há aqueles que as atiram de avião.
O resultado prático é o mesmo com uma diferença é que agora vemos o mundo solidário com a população de Moscovo, mas a população de Moscovo nunca se mostrou solidária com a população da Ucrânia, na mesma vítima de terrorismo continuado já lá vão dois anos.
:2 Cobardes e sádicos.
Uns e outros são covardes que atacam populações civis, mas no caso de Israel são também sádicos, pois se um terrorista apeado se refugia num prédio, o terrorista  que está a bordo do avião manda tudo abaixo.
Ando a ler um livro editado pela universidade de Lisboa das cartas que dois prémios Nobel Judeus (Max Born e Einstein) trocaram, cuja leitura recomendo ao Sr. embaixador de Israel
Transcrevo e faço minhas as palavras de Max Born em 22 Maio de 1948.
« Caro Einstein fiquei muito triste quando os judeus começaram eles próprios a fazer uso do terror e mostraram que tinham a lição com Hitler».
3 Dia mundial do terrorismo.
Como há dias para isto e para aquilo também deveríamos escolher uma data para lembrar este flagelo.
Datas não faltam, mas eu escolheria 9 Agosto de 1945 dia em que foi lançada a  bomba atômica sobre Nagasaki, uma vez que a que tinha sido lançada sobre Hiroxima tinha como justificação acelerar o fim da guerra.
Com esta bomba efectivamente o Japão ficou de rastos, logo a 2ª  bomba Foi terrorismo (salvo melhor opinião).
PS os terroristas de avião matam muito mais que os apeados.

Quintino Silva

quinta-feira, 28 de março de 2024

GANHAR NA SECRETARIA

No rescaldo das eleições há uma miríade de perspectivas pelas quais se podem analisar. E se podemos unanimemente dizer que o Chega teve um grande resultado eleitoral, o CDS fez….um grande negócio!! Para o que concorreu uma conjuntura a que foi completamente alheio que voltou a por na AR um partido destinado a irrelevância política. Isto porque o PSD entendeu ressuscitar a AD e para isso era necessário recuperar o triunvirato onde se incluía o CDS e o PPM. Chama-se a isto ganhar na secretaria, bastou assinar um papel para arranjar um grupo parlamentar e, quiçá, um lugar no próximo governo da República. Grande jogada. E convocaram os jornalistas para irem ao gabinete esconso que lhes calhou no edifício da AR afixar a placa do partido que tão zelosamente tinham guardado neste período  em que não fizeram falta nenhuma ao País. E tiveram o desplante de vir dizer que fizeram imensa falta à AD nesta vitória de Pirro. E que se tratou de um interregno sem exemplo passado ou futuro. A ver vamos.

 

quarta-feira, 27 de março de 2024

A criação renega o criador

 v

INCORRIGÍVEL

 (Génesis 6.6)

 

Deus já lamentava ter feito o homem

Que não saíu à sua semelhança

Recusando-se a ser sua ordenança

Não se acomodando a cumprir ordem.

 

Na sua tendência para a desordem

Tratava o criador com arrogância

Trocando-o por deuses de circunstância

Com cultos que ainha hoje o consomem.

 

E Deus afogou tudo num dilúvio

Mandando Noé fazer um refúgio

Para recomeçar tudo de novo;

 

Mas não saindo bem a encomenda

Viu a humanidade sem emenda

Mais rude a ingratidão do seu povo...

 

Amândio G. Martins

 

 

terça-feira, 26 de março de 2024

repressão do governo da AD no 1.º de Maio de 1982

 


Em 1982 foi derrotada a tentativa, brutal e sangrenta do governo/AD de retirar a baixa da cidade do Porto (Praça da Liberdade, Av. dos Aliados, Praça General Humberto Delgado) aos trabalhadores nas comemorações do 1.º de Maio. Verificou-se uma madrugada sangrenta com 2 trabalhadores mortos pela polícia e centenas de feridos. Na tarde do 1.º de Maio, mais de 100 mil trabalhadores estiveram na baixa da cidade do Porto e participaram na jornada de luta do 1.º de Maio.

Em 1982, o governo era da AD(PSD/CDS), com maioria absoluta na Assembleia da República, o 1.º Ministro era Pinto Balsemão, o Ministro da Administração Interna era Ângelo Correia, mais directamente responsável pela repressão e carga policial sobre os trabalhadores no 1.º de Maio. Marcelo Rebelo de Sousa foi o Ministro dos Assuntos Parlamentares.

Em 12 de Fevereiro de 1982, realizou-se a primeira greve geral depois do 25 de Abril, tendo como objectivo «por uma nova política, uma só solução, AD fora do governo», verificando-se uma participação de cerca de 1 milhão e 400 mil trabalhadores. Contra a violenta acção repressiva governamental no 1.º de Maio no Porto, foi realizada uma greve geral a 11 de Maio, exigindo a imediata demissão do governo. Em Dezembro de 1982, o 1.º Ministro Pinto Balsemão, apresentaria a sua demissão, realizando-se eleições legislativas em Abril de 1983.

 

A CEREJA NO TOPO DA DESGRAÇA


50 anos anos depois de Abril, e um partido de extrema direita, praticamente unipessoal, elege 50 deputados. Os últimos dois, num total de quatro, provenientes da emigração. Foi a cereja no topo da desgraça.

É conhecida a aversão destes partidos xenófobos, aos emigrantes. Aliás, um excelente exemplo, é o deputado que foi eleito por este partido pelo circulo da Europa. Emigrante em França há muitos anos, tendo sido expulso por ilegalidade, mas voltou até que regularizou essa situação. Se a lei naquele país fosse igual ao que o partido em foi eleito propõe, só lá poderia regressar passados 5 anos.

Portanto, mais esta contradição, esta ignorância, este analfabetismo político. Um país de onde partiram (e partem) milhões de filhos seus na demanda de melhores condições de vida ou até fugindo à opressão da ditadura. Agora repudiam os que pelas mesmas razões nos seus países, procuram o nosso à busca do seu pão e que para além contribuierem para a nossa economia, contribuem também para o sistema da Segurança Social.

A grande maioria dos emigrantes que demandam o nosso país e muitos outros da Europa, vêm de outros que a mesma Europa e a América, exploram. Extraindo combustíveis, minérios, madeiras e diversos produtos agrícolas, a preços que eles próprios estabelecem, estando-se nas tintas para os desenvolverem em benefício dos seus habitantes. E se não for assim, pela força das armas colocam ou tentam colocar lá governos que sirvam os seus interesses. Daí as guerras que proliferam principalmente em África e na Ásia, provocando a fome e milhões de refugiados. Tantos deles, como sabemos, encontrando a morte no Mediterrâneo, nas costas de África ou nos desertos.

Portanto, é uma tristeza vermos os nossos emigrantes votarem maciçamente num partido que tanto hostiliza quem procura pão e paz e que contribui para o nosso desenvolvimento e da restante Europa.

Guerra Junqueiro definia-nos como “um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio”.Mas também dizia, na sua obra “Pátria” de 1896 (1ª edição), “...um povo enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.”

Tantos de nós, mudámos alguma coisa? Emigrantes e não só.

50 anos depois do 25 de Abril de 1974, estamos a retroceder. Estamos a fazer coisas que, ao contrário de outras que fizemos, nada nos engrandecem, nem contribuem para termos um país mais justo de que nos orgulhemos e que seja um exemplo para o mundo. Mas nós somos assim. Capazes do pior e do melhor. Já nos fizemos ao mar em “cascas de nozes” e demos novos mundo ao mundo, corremos com quem ocupou a nossa Pátria, os castelhanos, levantámo-nos por outro povo, o de Timor, fizemos 0 25 de Abril, e havemos de fazer outras coisas nobres. Distribuir melhor o que podemos produzir, evitando assim que continuemos a ser um país de emigrantes e contribuirmos para a paz no mundo, como prevê a nossa Constituição.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal O SETULALENSE


segunda-feira, 25 de março de 2024

 

MATARAM O PIANISTA


Mataram o pianista, só porque ele era suspeito. Usava barba grande, era amigo de Vinicius de Morais, Caetano Veloso, Gilberto Gil, José Gilberto, Paulo Moura e de outros monstros sagrados da Música Popular Brasileira (MPB), dos criadores da Bossa Nova.

Prenderam-no, interrogaram-no, torturam-no. E mesmo sabendo que não tinha qualquer ligação com a política do seu país, Brasil, muito menos com a da Argentina, mas como depois iria contar os métodos dos esbirros de Videla, da tenebrosa Escola de Mecânica da Armada (ESMA), para onde o levaram. Depois de o torturarem, deram-lhe um tiro na cabeça, meteram-no num saco e atiraram-no ao mar e passou a ser mais um DESAPARECIDO, como muitos milhares de vítimas da cruel ditadura Argentina.

Era um brilhantíssimo jovem pianista. Uma das maiores promessas da música brasileira.

O Governo do seu país foi informado, mas não levantou qualquer problema. Vigorava lá também outra ditadura. Como no Chile, no Uruguai, no Paraguai, nas Onduras, na Nicarágua e noutros países da América Latina. Todas apoiadas sabem por quem? Isso mesmo! Pelos que a consideravam como o seu quintal das traseiras. Os que estão por detrás ou mesmo às claras de quase todas as guerras. Os que têm apoiado o genocídio em Gaza, na Palestina. Os “amigos” da Ucrânia.

O Pianista chamava-se Tenório Júnior. E, tal como eu, podem ver tudo isto através do filme com o mesmo nome que está aí em exibição nos cinemas.

Já tinha dado origem a um livro escrito por um grande jornalista e melómano norte-americano, Jeff Goldblum. Evidentemente, como em todo o lado, também lá há boa gente.

Francisco Ramalho



sexta-feira, 22 de março de 2024

Ajuste de contas com a Democracia

 

Foi o que disse o chefe dos cinquenta pro-nazis que vão passar a conspurcar ainda com mais ruído o Parlamento português, honra lhe seja feita, que não engana ninguém quanto aos seus desígnios de “limpeza” de Portugal; de facto, como também tinha dito, num comício de campanha, uma tal Rita Matias, eles são superiores em tudo, pelo que a imensa massa de inferiores que constitui a população portuguesa que se cuide, a começar pelos plumitivos que, desde o início, sempre relativizaram o seu linguajar arruaceiro, porque Imprensa livre e liberdade de opinião só para os que tiverem a mesma que eles.

Isto porque, quando aquele “elemento” afirma, numa entrevista à RTP, que o crescimento do seu partido, somando cinquenta assentos no Parlamento, justamente nos cinquenta anos do 25-A, é um ajuste de contas com a história está a dizer, à cidade e ao mundo, que vão a passos largos a caminho de repor o anterior regime; enquanto isto, aqueles que já se arrogaram a condição de “muralha de aço” da revolução democrática caminham avante para o fundo do poço, sem se vislumbrar ali uma cabeça que diga alguma coisa que faça sentido, não conseguindo nada mais construtivo que ameaçar com uma “moção de censura”, sem a mínima noção do ridículo, algo que ainda nem sequer existe, quando o que vai ser preciso é que as forças a quem a democracia diz tudo, se realmente querem defendê-la, façam menos disparates...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

quarta-feira, 20 de março de 2024

O voto dos emigrantes é de 2ª categoria

«Este país é um desatino, tá tudo grosso, tá tudo fino», cantava a notável actriz, Ivone Silva. A governança está «bipolar(!)»: O presidente da República ouviu os partidos para indigitar o primeiro-ministro sem se saber o resultado dos votos da diáspora - Europa e o resto do Mundo. Estes votos são de 2ª categoria. O secretário-geral do PS, logo após o resultado nacional, autoproclama-se chefe da oposição e o cabeça de lista da AD considera-se primeiro-ministro, tudo isto com o beneplácito de Marcelo(!). Mais uma vez é passado um atestado de menoridade mental ao povo, que só interessa para os respaldar no poder. Urge respeitar os nossos emigrantes, heróis, que tiveram de procurar o pão no estrangeiro, porque neste sistema capitalista não o obtiveram. Aqueles deixam nos bancos milhões de euros, como convém.... Haja respeito!

Perigo escondido com rabo de fora


Conturbado como anda, cá dentro como lá fora, este nosso mundo favorece a cultura dos comentadores, que nascem como cogumelos nas estufas das televisões. Não será de admirar que esta proliferação propicie concomitantemente uma outra cultura, a do disparate e da incoerência. São já vários analistas que tenho presenciado a defender, durante o mesmo discurso, às vezes em frases quase consecutivas, ideias que, tomadas individualmente, apenas revelam uma inclinação perfeitamente legítima. Se proferidas no mesmo contexto, perturbam o meu entendimento. É o caso, por exemplo, da incontornável guerra da Ucrânia, apreciada sob diversos ângulos, e a partir de pontos de vista predeterminados, envolvendo, por vezes, processos de intenção como aquele que é frequentemente apontado a Putin no que toca aos seus intuitos expansionistas. Como conjugar a ideia de que o ditador das estepes planeie avançar militarmente por essa Europa adentro quando, imediatamente antes ou depois, se desvaloriza o potencial militar da Federação Russa, considerando que, em plena Ucrânia, não consegue progredir e, mais, que se encontra nos limites do seu poderio? Alguma coisa vai mal em certas estruturas mentais, ou então, sob interesses pouco claros, querem apenas moldar-nos o pensamento.


terça-feira, 19 de março de 2024

 

O 25 DE ABRIL NÃO MERECE ISTO


O resultado destas eleições é uma afronta ao 25 de Abril. Este acontecimento maior da nossa história recente, foi conseguido à custa de muito sofrimento e de muita heroicidade de milhares de portugueses e portuguesas. Foram 48 anos de perseguições, prisões, torturas atrozes, humilhações e de mortes. Culminando gloriosamente, com o golpe dos Capitães de abril. O Movimento das Forças Armadas (MFA).

Sabemos que o resultado do partido da extrema direita, contrário aos ideais do 25 de Abril, supomos, ninguém previa de tal dimensão, é fruto principalmente do descontentamento, da crescente desilusão, com as políticas dos governos do PSD e dos mais recentes do PS. Aliás, o crescimento dos partidos congéneres por essa Europa fora e não só, o principal motivo , é o mesmo. A desilusão com os partidos do centrão, ditos socialistas, social democratas ou democratas cristãos, subordinados ao grande capital. Mas depois a resposta, no nosso caso concreto que evidentemente é o que conhecemos melhor, fruto da manipulação dos principais media e da ignorância, foi a pior possível. O partido que se diz contra o sistema mas cujo líder é filho dele (ex militante do PSD), agrava-o e torna-o ainda mais injusto ao subir de 12 para 48 deputados enquanto o principal partido (coligação) da oposição, passa de 6 para 4.

Além disso, os mais de 1 milhão tinham ainda outras hipóteses; o BE, o PAN, o Livre, ou até a abstenção. Mas não, votaram contra eles próprios, contra o povo. Queriam muito justamente melhores condições de vida e estabilidade, vão, vamos, ter ainda mais injustiças e instabilidade.

Claro que as condições para termos uma sociedade bem mais justa, estão agora mais difíceis, mas os democratas, as forças progressistas, não vão cruzar os braços e a luta vai continuar.

As comemorações do 50º aniversário do 25 de Abrir e do próximo 1º de Maio, irão demonstrar que os trabalhadores e o povo em geral, estão com os ideais progressistas daquela data libertadora.

Um passo atrás, não significa que o caminho do futuro seja adiado. Viemos da escravatura, passámos ao feudalismo, e o capitalismo também será ultrapassado, rumo ao socialismo. O autêntico. Não o que os partidos com essa designação, socialistas ou trabalhistas, têm feito. Daí a desilusão dos povos e o aparecimento oportunista de partidos populistas, xenófobos e racistas com o Chega.

Só o esclarecimento e a luta determinarão esse futuro. Muitos dos que votaram agora erradamente, que foram atrás do canto de sereia, juntar-se-ão aos que continuam a bater-se por ele.

O futuro será de mais justiça social e de paz. Os ideais do 25 de Abril, cumprir-se-ão.

Que outro caminho nos aponta a dignidade, a justiça social e a paz?

A unidade e a força do povo sempre foram e continuarão a ser o motor da história. O progresso, a história da libertação dos povos, tem avanços e recuos. Pode ser lento, mas é irreversível.

Como disse Ary, “Ninguém mais cerra as portas que Abril abriu.”

Nada de desânimos.

A luta continua!

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal O Setubalense



Marcelo, um presidente de fação

«Serei o presidente de todos os portugueses», disse o presidente da República após ter vencido as duas eleições. Nunca foi nem é. Durante o primeiro mandato pareceu um malabarista/contorcionista dando uma no cravo e outra na ferradura, já que, o governo do PS, apesar de contrário à sua cor política, estava a roubar o programa político do seu, PSD. Esperou sempre uma oportunidade para entregar o poder à direita. Fê-lo com competência e até se substituiu à sua fação como oposição, muitas vezes. Teve dois pesos e duas medidas para o mesmo problema. Cá dissolveu a Assembleia da República, em nome do «Povo é quem mais ordena», (na prática não manda nada!), dizendo que era para «clarificar» e para «estabilizar»... a estabilização é para os seus correligionários e para os interesses económicos, que representam. Na Madeira, uma situação idêntica, porque o presidente do governo regional da Madeira é PSD, fez vista grossa. Na ânsia de colocar o seu PSD, no poder abriu portas à extrema-direita, ficando ligado ao avanço do Chega fascista! A História não o absolverá!