Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
domingo, 8 de setembro de 2024
Está em marcha um SNS para indigentes!
A FESTA DA OPOSIÇÃO
Termina logo à noite a Festa do Avante! Que é como quem diz, a Festa da Oposição. A oposição que deve ser o futuro. O futuro não é o capitalismo. Seja ele gerido pelo PS, pelo PSD, pelo CDS ou pelas novas ramificações da direita ou da extrema direita. O resultado disso, está à vista. Uns, poucos, de pança cheia, outros assim assim, e a maioria sempre a contar os tostões e fazer contas à vida.
Termina hoje a Festa feita de maneira que nem todos os partidos juntos conseguem fazer. De longe, a maior e mais diversificada festa do país. No plano artístico e no plano geográfico/cultural/gastronómico. Está ali presente Portugal inteiro. Do Minho aos Açores e à Madeira. Milhares de militantes do PCP, amigos e simpatizantes, erguem-na, asseguram o seu funcionamento e desmontam-na.
É esta forte determinação em conjunto com outros democratas que será o futuro.
E como dizia O nosso grande Camões (lá bem representado) sobre o futuro que só pode ser melhor que o passado: “ Todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades...”
Francisco Ramalho
Por água abaixo
POESIA
Tudo à volta nos dá poesia
Mas raros são bafejados por ela
De que deverão ser a sentinela
Porque ela os elegeu para a magia.
Nas prioridades do dia a dia
Para haver o que meter na panela
É importante haver uma parcela
Para se ganhar mais sabedoria.
É difícil o que parece fácil
E o que se julga ser muito hábil
Desilude-se a querê-lo demonstrar;
E há-de a desilusão ser imensa
Quando o que é muito pior do que pensa
Percebe que nada vai realizar...
Amândio G. Martins
sexta-feira, 6 de setembro de 2024
"Carapaus de corrida"
BIPOLARIDADE
Propendo a dar-me bem com toda a gente
Mas não sei como entender a bipolar
Que umas vezes saúda alegremente
Logo depois deixa de cumprimentar...
E quando alguém assim me surpreende
Se é doença só me resta lamentar
Se mania de burro/inteligente
Que mude essa forma de se comportar.
A quem não respeita o seu semelhante
Abusando com grotesco desplante
Não se lhe deverá fazer o mesmo;
Porque quem tem educação que baste
Deve fazer valer esse contraste
Perante quem brinca a fingir-se enfermo...
Amândio G. Martins
Restrições, contradições e regressões
Não tenho os pergaminhos necessários, e ainda menos os suficientes, para argumentar, no seu campo predilecto, com o senhor professor doutor Aníbal Cavaco Silva, a propósito do texto que publicou no PÚBLICO da passada quinta-feira sobre a “restrição orçamental”. Mas ser-me-á permitida uma dúvida que me conduz às perguntas seguintes: se é legítimo afastar liminarmente o argumento de que “as portagens são um factor determinante do investimento no interior do país e que daí resultará mais crescimento económico no futuro”, é igualmente legítimo afastar a ideia de que a descida do IRC poderá ser um factor com efeitos semelhantes na economia? É que este parece ser o argumento fundamental dos defensores dessa medida, designadamente entre os habituais correligionários do senhor professor. Por que razões não havemos de concluir que, da mesma maneira que “a eliminação das portagens é uma medida regressiva”, a baixa da taxa de IRC não é também regressiva, uma vez que parece óbvio que os “grupos ganhadores directos” são as grandes empresas?
O “senhor Silva” (a designação não é minha, foi “inventada” há uns bons anos por Alberto João Jardim), definitivamente, não me convence.
quinta-feira, 5 de setembro de 2024
Na grande cidade
GRATA RECORDAÇÃO
Construíam então a grande ponte
Para ligar Lisboa ao outro lado
Que só soube depois de ter chegado
Como tudo o mais que foi importante.
Só depois de chegar vi o bastante
Para saber que crescia afastado
Daquele outro país mais avançado
Que comparado era exuberante.
Das melhores recordações desse tempo
Lembro o que foi o meu empenhamento
Para ser esclarecida pessoa;
Se nem tudo o que quis foi conseguido
Ainda assim muito agradecido
Por quanto pude crescer em Lisboa...
Amândio G. Martins
quarta-feira, 4 de setembro de 2024
Predadores do interesse nacional
Sabia-se que a privatização da TAP, concretizada no estertor do governo de Coelho & Portas, tinha atropelado todas as regras, desde logo porque esse governo já não tinha legitimidade democrática para fazê-lo, por tê-la visto chumbada no Parlamento, não podendo tomar decisões daquela envergadura; todavia, fizeram-no com todo o descaramento que os caracteriza, descaramento agora reafirmado pelos principais protagonistas daquele rombo, para a companhia aérea e para o país, a ex-ministra a quem é oferecido um lugar dourado na Comissão Europeia, e o seu ex-Secretário de Estado, agora ministro, com poder para decidir novamente enterrar a nossa companhia de bandeira.
De facto, no relatório agora divulgado, diz-se que a TAP foi comprada com o seu próprio dinheiro, por uma parelha de empresários, um português e outro americano-brasileiro, que, sabia-se, naquele negócio tinham pouco ou nada que os recomendasse, para lá de serem muito bons no aproveitamento de negociatas como a que se lhes oferecia; e a dupla de génios que concretizou a falcatrua nem pode argumentar, como fizeram com os Correios, que tinha sido uma exigência da famigerada “troika”...
Amândio G. Martins
A anedota serve-se fria
Em 2015, de “pé na tábua”, que o tempo fugia, o Governo de Passos Coelho privatizou 51 por cento da TAP, em venda ao consórcio Atlantic Gateway, com grande protagonismo de Miguel Pinto Luz (M.P.L.), secretário de Estado das Infraestruturas, e de Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças. Quase oito anos depois, em Maio de 2023, pudemos todos ouvir da boca de M.P.L. elogios em boca própria (diz o povo que são vitupérios), reclamando para aquela privatização as honras de ter dado ao país a “maior TAP de sempre e, provavelmente, a melhor TAP de sempre”. É de admirar (?) que tivesse passado à frente sem qualquer referência a que o negócio pudesse ter, na base, pormenores porventura criminais. Ou talvez pensasse que os fins justificam os meios, sobretudo em matéria de privatizações, em que, à aproximação da oportunidade, há que ter “olho vivo e pé ligeiro”.
terça-feira, 3 de setembro de 2024
O paradoxo algarvio
É IMPERIOSO UM MUNDO MELHOR
Vivemos os dias mais imorais da nossa época. Tivemos duas guerras mundiais com cerca de 70 milhões de mortos. Episódios tão horríveis como a sobrevivência e morte nas trincheiras e por gaseamento, o holocausto, bombardeamentos aéreos de cidades e bombas atómicas contra Hiroxima e Nagasaki.
Tivemos ainda tantas outras mortíferas guerras como a da Coreia, do Vietname, onde foram despejadas mais bombas que em qualquer outra. Muitas de napalm que queimaram florestas inteiras e tanta gente inocente. Também as do Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Iémen e tantas outras, mas nunca nenhuma como a atual na Palestina. É que em todas as outras, foram efetivamente guerras. Exércitos contra exércitos. Ali não! Ali, é um genocídio. Um exército poderoso, contra um ou alguns grupos armados. Mas, essencialmente, contra um povo, obviamente, desarmado. Veja-se quem é a esmagadora maioria das vítimas. Atacadas até em hospitais, templos religiosos ou campos de refugiados. E imagine-se a falta de condições e de vontade para a vacinação contra o surto de poliomielite causada pelas condições degradantes onde se morre de fome e falta de tratamentos médicos. E com esta grande diferença; apesar de nem os jornalistas serem poupados e o mundo não ter acesso a todos os horrores impostos pelas Forças Armadas do país ocupante, Israel, mas sabe-se que se trata de um genocídio. O massacre de um povo. E sabe-se também, que o país agressor é apoiado pela ainda maior potência mundial, os EUA, e tolerado pela UE.
Claro que o holocausto nazi, foi ainda pior e de maior dimensão. Mas quase não se sabia e os responsáveis foram e são condenados quase unanimemente. Estes, são recebidos apoteoticamente em Washington e tolerados na Europa.
Portanto, a imoralidade está no poder. Mas, apesar da grande manipulação mediática (Hitler e Goebbels, também manipularam o povo alemão e fizeram o que fizeram), a humanidade não se revê nela.
É imperioso um mundo melhor. Um mundo de cooperação e de paz entre as nações. Sem pretensões hegemónicas como acontece com os EUA a liderar. A beneficiar a sua poderosa indústria bélica, a reforçar e expandir o seu braço armado, a NATO, até ao Oriente com a sua filial, a AUKUS, visando a China.
Mas, é da história, os impérios, depois da ascensão e do apogeu, têm a inevitável queda. Este, não será exceção. Apesar de contradições entre os seus membros, aí estão os BRICS a prová-lo.
As guerras de domínio, o apoio a golpes de Estado e a ditaduras que têm protagonizado um pouco por todo o mundo, por exemplo, Vietname, Chile, Jugoslávia, Iraque, Líbia, Síria e agora o apoio a este genocídio, que moral tem esta gente para impor as suas pretensões, seja onde for?
Por exemplo, é pelo povo ucraniano que mantêm a guerra contra a Rússia? Aliás, depois de terem sabotado todos os acordos como o que previa um referendo para a região russófona do Donbass e a expansão da NATO para junto das fronteiras daquele país. Qual o objetivo? Não será o mesmo de sempre?
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE
domingo, 1 de setembro de 2024
Esta política está embotada e embolorecida...
AS FESTAS DE CORROIOS
Após 10 dias e com mais de 1 milhão de visitantes, termina hoje a 47ª edição das Grandes Festas Populares da Vila de Corroios.
1 milhão e tal de visitantes, é obra! Um dos maiores eventos do género, a sul do Tejo e mesmo a nível nacional. O maior de todos, organizado por um Junta de Freguesia.
Que faz tanta gente acorrer ao Parque Urbano da Quinta da Marialva em Corroios?
A diversidade cultural, musical, gastronómica, a exposição dos produtos e da atividade de comerciantes e empresas.
Mas, por detrás de tudo isto, como é fácil compreender, está muito trabalho e dedicação.
Muito trabalho e dedicação, do Executivo CDU da Junta de Freguesia de Corroios, da Comissão de Festas, dos trabalhadores da JF de Corroios, de centenas de comerciantes e empresários, do apoio das Forças de Proteção e Segurança (Bombeiros e PSP) e, sobretudo, dos artistas. Dos artistas que arrastam multidões. Pelos palcos Carlos Paredes e Corroios, passam dos melhores. Dos melhores, a nível nacional, local e regional.
Mas o principal protagonista é o povo. E esse, como se constata todos os anos, para satisfação de todos os outros protagonistas, alegre e vibrante com as suas Festas, está em força.
Corroios é outra música!
Francisco Ramalho
Pimbalhadas
Como temos um primeiro-ministro “pimba” quanto baste, a sua esperteza saloia não espanta quem minimamente o conheça, e as explicações que dá para o disfarçar só acentuam aquela sua qualidade; de facto, o desplante com que nos diz que “é sua responsabilidade, em nome do povo português, estar ao lado daqueles que também arriscam a sua vida”, quando o que do seu oportunismo resultou não foi mais que estorvar quem trabalhava, atirando areia para os olhos da gente, num exibicionismo populista cujo objectivo não escapará nem aos mais papalvos.
Como não escapa a agressividade com que se dirige aos partidos de que precisa para poder aprovar o Orçamento, criando o ambiente propício para a sua queda, e depois tirar partido de ter sido desnecessariamente derrubado por políticos irresponsáveis, a quem só interessa o Poder, em prejuízo do bem-estar dos portugueses; e sendo claro que Montenegro não tem perfil para governar em minoria, também não ficam dúvidas de que pretende mesmo eleições quanto mais cedo melhor, porque a única capacidade que até agora se viu ao seu governo é na substituição de pessoas que tinham sido nomeadas pela anterior governação, houvesse ou não razão para isso, no mais, quanto mais durar a situação actual, maior será o retrocesso, e isso não o ajudará a ganhar maiorias...
Amândio G. Martins
quinta-feira, 29 de agosto de 2024
A austeritária, Maria Luís Albuquerque, representa o dramatismo, a dor, a fome,...
quarta-feira, 28 de agosto de 2024
Divulgava as boas maneiras
DISSE MARCO AURÉLIO (121-180)
Que todo o homem recto e virtuoso
Se assemelha ao que fede dos sovacos
Que quem dele se aproxime alguns passos
Logo sente o seu carácter bondoso.
Mas desde esse romano estudioso
Que corrigia os espíritos mancos
Não houve muitos que fossem tão francos
E deram por certo o não rigoroso.
Há muito figurão dissimulado
Que se não lhe rende fica calado
Quando poderia ajudar os outros;
Mas nem todos serão maus nesta era
Ainda há-de haver quem no bem se esmera
Embora conhecidos sejam poucos...
Amândio G. Martins
terça-feira, 27 de agosto de 2024
AGOSTO ESCALDANTE
Está a finar-se este agosto que não deixa saudades. Para além das altas e constantes variações térmicas que chegaram a oscilar 10 e 12 graus em dois dias com consequências altamente negativas para a saúde, principalmente dos mais débeis; idosos e pessoas com doenças crónicas, foram em grande parte responsáveis por essa calamidade que são os incêndios, sobretudo os florestais. Com destaque para o maior deles, o da Madeira que provocou imensos prejuízos, críticas ao Executivo local pela forma como geriu o combate, que deixou a Pérola do Atlântico menos bonita e também pela evidente falta de prevenção.
Politicamente, talvez se destaque a rentrée do PSD com críticas ao anterior Governo/PS.
É já um clássico. Quando o governo de um dos alternantes toma posse, queixa-se da herança do outro. Foi isso que fez Luís Montenegro, sobretudo em relação aos problemas no Serviço Nacional de Saúde. E tem razão! Só que o seu partido não faz melhor, e as soluções que apresenta são mais ou menos iguais às do PS.
Quem se lixa é o povo. Agora, ainda mais as parturientes. Imagine-se a aflição quando chega a hora, com tanta maternidade fechada ou sobrelotada.
Portanto, são críticas estéreis e recorrente dos alternantes que, desgraçadamente, este povo, também recorrentemente, os continua a colocar no poder.
Aqui na região, lamentar também denúncias que fizemos na última edição antes das férias, 30/07/24, sobre as “Coisas Feias na Costa da Caparica”, se mantenham. Aliás, a lixeira a céu aberto a cem metros da localidade mesmo junto à Via Rápida, agora, evidentemente, ainda está maior. Mas, felizmente, entre outras coisas positivas, destacamos a 47ª edição das grandes Festas da Vila de Corroios em curso desde 23 de Agosto até 1 de Setembro. Trata-se sempre de um evento de grande importância para dinamizar o tecido empresarial da região e não só, o Movimento Associativo Popular, a Cultura, os nossos artistas, e uma oportunidade para os apreciar que vai muito para além dos habitantes de Corroios e do concelho do Seixal.
O Cartaz, como habitualmente, é excelente. Para além do Carlão, do Festival de Folclore de Corroios, da Irma e Carolina Deslandes e do Herman José, pode ainda hoje à noite, assistir ao concerto da grande fadista Sara Correia e depois, D.A.M.A., Bizarra Locomotiva e Tara Perdida, Calema, Dino D´Santiago, Sérgio Godinho e (primeira parte) Madalena Ribeiro.
No plano internacional, a guerra na Ucrânia e na Rússia mantêm-se, assim como o genocídio na Palestina. Gaza e Cisjordânia. A hipocrisia atingiu o máximo com Netanyahu a ser recebido apoteoticamente em Washington e enquanto falam em cessar-fogo e propostas de paz mesmo temporárias, continuam com a matança de inocentes.
Na Ucrânia, idem idem, aspas aspas. Em vez de propostas de paz, única maneira de se acabar com a guerra, o braço-de-ferro entre os EUA, NATO e UE com a Rússia, continua. Até quando?
Até que morram mais quantos milhares ou milhões? Quem é que ganha com isso? Os povos, de certeza, não!
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE
Abalos sísmicos
Dizem os entendidos no tema que a nossa península se situa entre duas fracturas tectónicas importantes, que são a euroasiática e a africana, e é quando elas se movem que a coisa treme toda à superfície; todavia, o nosso território continental não tem sido muito martirizado, se tivermos em conta que, desde a hecatombe que foi para o Sul, sobretudo a região de Lisboa, aquele de 1755, não nos podemos queixar de grandes tragédias sísmicas.
Estava em Lisboa quando aconteceu o que terá sido o mais marcante abalo desde aquela data acima referida, que então deixou mesmo muita gente a tremer de medo, entre a qual me encontava; cumpria o serviço militar e pertencia ao então chamado Batalhão de Telegrafistas, mas não pernoitava no aquartelamento, tendo um quarto alugado num rés-do-chão ali próximo, Rua Frei Manuel do Cenáculo, uma zona de construções muito velhas.
Dormia quando tudo começou, e acordei com o tropel dos moradores dos andares de cima a descer as escadas de madeira; o que ainda recordo com nidez era a cama como que a balouçar em cima das ondas, da qual saltei rapidamente para a rua, onde me juntei àquela gente que surgia assustada de todos os cantos e ficava a comentar o que cada um tinha sentido, sem ocorrer a ninguém que se um daqueles prédios ruisse podia esmagar muita gente.
A explicação que posteriormente li, para que não tivesse havido estragos de monta, e corroborava aquela sensação de flutuar que tive ao acordar, foi que o movimento imprimido à terra foi horizontal, que é sempre bastante menos gravoso do que se fosse vertical; como quer que seja, a zona Norte do país é sempre menos afectada por estes abalos, e no caso concreto de ontem, que seguramente estava onde estou agora, a escrevinhar as minhas coisas - como sempre faço a partir das quatro horas até à seis e pouco - nem senti nada, sendo surpreendido quando ouvi as notícias.
Amândio G. Martins
segunda-feira, 26 de agosto de 2024
Má surpresa
DESCONFORTO
O gaio é um pássaro bonito
Mas o seu canto é um grasnar sem graça
Como a moça cuja lindeza arrasa
Mas se te fala sufocas um grito.
Suportas o momento em conflito
Porque aquele contraste é uma desgraça
É uma sensação que te embaraça
Queres livrar-te daquilo por instinto.
Estando calada é uma beleza
Começa a falar e na má surpresa
Queres evitar ser antipático;
Enfada-te aquela aproximação
Não te interessa prolongar a palração
Mas és na situação pouco prático...
Amândio G. Martins
domingo, 25 de agosto de 2024
Urge reposição do poder de compra dos reformados e pensionistas
sexta-feira, 23 de agosto de 2024
Predadores incorrigíveis
ÁFRICA
De velho berço da Humanidade
A um continente depauperado
Por todo o invasor a ter roubado
Fazendo-a sua propriedade.
Ao fim de séculos de impunidade
Escravizando gente como gado
O traficante acabou obrigado
A rever a sua indignidade.
Como o mal feito não teve remédio
Ainda hoje mantêm o assédio
Fingindo-se de ajuda necessária;
Não houve rebate de consciência
Disfarçam sem vergonha a indecência
Numa situação sempre mais precária...
Amândio G. Martins
quinta-feira, 22 de agosto de 2024
UCRÂNIA & Zelensky
É incompreensível
como o poder político ucraniano, de que o presidente Zelensky é desde 2019 a
face mais visível e o seu porta-voz permanente, convive com a escalada da
tragédia na Ucrânia, os milhares de mortos, os imensos e dolorosos sacrifícios
do seu povo, os milhões que fugiram da guerra, a destruição de estruturas e
edifícios de todo o tipo, com o PIB a diminuir quatro vezes e a dívida a chegar
a 100% do mesmo, com os E.U.A., Nato, U.E. e indústria militar insistindo no
prolongamento da guerra, empurrando para um conflito, com agravamento recente, que
poderá ocasionar graves consequências para a humanidade.
Os acordos de Minsk
foram uma tentativa para evitar um conflito na Europa e uma base para uma
negociação entre Ucrânia e Rússia, mas como confirmaram Macron (França) e
Angela Merkel (Alemanha) foram sabotados para permitir que a Nato rearmasse a
Ucrânia na sua intenção e acção de continuar o cerco à Rússia. Confirmou-se
também o envolvimento da Ucrânia na sabotagem e atentado contra o gaseoduto
Nord Stream, com conhecimento e aprovação de Zelensky. A mobilização militar
está cada vez mais jovem, os ucranianos com 16 anos serão incluídos no registo
de recrutas e aos 17 anos serão registados no exército.
A guerra na Ucrânia
não se iniciou em Fevereiro de 2022, mas decorre desde 2014, embora a invasão
da Rússia seja condenável. O conflito envolve desde o início a Nato, E.U.A. e
U.E. A constituição ucraniana não está a ser cumprida, o mandato de Zelensky
terminou em Maio e deveriam realizar-se eleições, são atropeladas as liberdades
democráticas, tolerados os neonazis, proibida e reprimida qualquer oposição com
ilegalização dos respectivos partidos,
censurada ou proibida a comunicação social que não apoie o actual regime
e discriminados ucranianos por motivos linguísticos, religiosos e políticos.
Existe um movimento
internacional «A outra Ucrânia» que tenta chegar à comunidade internacional e
faz apelos às várias organizações a começar pela ONU, defendendo a paz e a
resolução do conflito ucraniano com base nas verdadeiras razões da sua
ocorrência.
E se votássemos todos?
Por alturas das campanhas para as presidenciais dos EUA, muitos vêm recordar que, atendendo às consequências globais que o desfecho das mesmas normalmente acarreta, muitos outros cidadãos do mundo também deveriam ser eleitores. No caso presente, congratulo-me por não ter de exercer esse voto. Compreendendo perfeitamente as razões aduzidas por João Miguel Tavares (PÚBLICO de 20/8), concluindo que, caso fosse americano, “votaria de caras em Kamala Harris”, não sei se, a imitá-lo, eu não ficaria com um amargo de boca semelhante ao que se tem quando se engolem sapos (sei do que falo: em 1986, votei em Soares). Por muito simpática que seja Kamala, e é, ninguém tenha dúvidas de que, sob a sua batuta, os EUA prosseguirão as geopolíticas habituais, a começar pelo tratamento desigual e cruel dado a israelitas e palestinianos, e nunca deixando de se intrometer, muitas vezes sem serem chamados, nas “questiúnculas” regionais.
Mas, está claro, como em Trump nem morto eu votaria, talvez tapasse a cara da Kamala Harris e pusesse lá a cruzinha. Se ao menos o Rato Mickey se tivesse candidatado…
quarta-feira, 21 de agosto de 2024
Tudo puxa para baixo
Um dos meus companheiros de caminhada matinal decidiu, antes que lhe negassem renovar a carta de condução, arrumar o carro de vez porque, dizia, já fazia muitas asneiras e andava com medo; com 88 anos, não deixa de ser sensata a decisão, e leva-me a pensar que, mais cedo ou mais tarde, embora seja um bocadinho mais novo, terei de ponderar fazer o mesmo, se entretanto me não for negado o documento, porque é inexorável que os reflexos e a agilidade se vão reduzindo a cada dia que passa.
Vivendo em aldeias mais ou menos distantes, mas tendo prazer em descer do monte até à sede do concelho, caminhar nas ecovias que marginam o Lima, comprar o jornal, cavaquear no café, bem falta faz um transporte colectivo mais dedicado a jubilados para que, sobretudo os de idade mais avançada, possam prescindir do automóvel; mas o que existe, para além do que faz o transporte da miudagem para as escolas, limita-se a uma recolha de manhã cedo, que satisfaria, se a de volta não fosse só ao início da tarde, com uma terceira à noitinha, condicionando muito a mobilidade dos idosos, que ficam dependentes de uma eventual boleia...
Amândio G. Martins
O enigma de Blinken
Ainda não tenho a certeza de saber para quem trabalha Antony Blinken: se para si próprio (ficar para a História como o pacificador do Médio-Oriente); se para o Partido Democrata (não o prejudicar nas próximas eleições); se para a Administração Biden (é funcionário do Governo); ou se para a Paz (nesta matéria, desiludamo-nos, Blinken não acerta uma). Passa por exercer “fortíssimas” pressões sobre Netanyahu, sem nunca se lhe ouvir a mínima referência a reduzir (suprimir totalmente seria sinal de “demência”) os fornecimentos de armas a Israel, quando o que está na ordem do dia é aumentar as autorizações para novas “exportações”, sempre numa lógica de que os israelitas têm todo o direito de se defenderem.
Talvez a resposta seja um pouco mais prosaica. Mesmo que o queira (duvido seriamente), talvez Blinken não tenha poder suficiente para confrontar Netanyahu com essa “pressão”, o que poderá também acontecer a Biden, seu chefe directo. A vassalagem à indústria bélica norte-americana não está escrita em lei nenhuma, mas que la hay, la hay.
terça-feira, 20 de agosto de 2024
Não é boa coisa a precipitação
PACIÊNCIA
Possamos conservar a paciência
Ante os que nos queiram fazer perdê-la
Saibamos como fazer uso dela
Para não cairmos na imprudência.
Saibamos valer-nos da experiência
Evitando caír-lhes na esparrela
Porque provocam a escorregadela
E logo negam ter interferência.
É bom poder manter a confiança
Não deixando morrer a esperança
Em gente que se mantenha aprumada;
Se nada garante a idoneidade
Acautelemo-nos contra a maldade
Daquela gente mal intencionada...
Amândio G. Martins
segunda-feira, 19 de agosto de 2024
Ainda vai sair cara a bandalheira
Sabemos que uma das mais trágicas fragilidades das democracias é a que que permite aos seus inimigos os actos mais corrosivos do seu funcionamento, subvertendo todas as regras, na crença de que eles, pelo exemplo da tolerância que lhes é dado, venham a ter um rebate de consciência, se arrependam do que fazem e se transformem em cidadãos decentes e cumpridores; trágico equívoco, porque essa subespécie de gente, não sendo vulnerável a tais ”fraquezas”, vai servir-se do caminho aberto para dar livre curso aos seus piores instintos.
De resto, veja-se há quantos anos aquele cadastrado nazi do denominado "1143" é notícia, por tudo quanto é mau numa sociedade que se quer livre e pacífica, servindo-se agora duma data em que o fundador da nacionalidade desenvolvia acções para consolidar a independência, para pretensamente legitimar as suas aberrações, para as quais nunca falta a esta escumalha uma ampla divulgação, sobretudo servindo-se das inesgotáveis possibilidades que lhes dão as redes abertas a tudo quanto é lixo, a que os potentados detentores fingem reprimir, mas fecham-lhes uma porta e abrem não sei quantas janelas.
Outro é um sujeito que, expulso da magistratura, se calhar por ir muitas vezes à missa, quando lhe bastaria uma por semana, dá ao seu bando o nome “habeas corpus”, para cometer todo o tipo de atropelos à liberdade dos cidadãos, o que é a negação do nome de que abusivamente se serve; e é verdadeiramente chocante que as autoridades pouco possam fazer, dado que, quando chegam ao local dos desacatos já o mal foi feito e nada acontece aos malfeitores...
Amândio G. Martins
domingo, 18 de agosto de 2024
Não é Entidade para a Transparência é Entidade para a Opacidade!
Do custo da ignorância
BRUXARIAS
Crêem mais na bruxa que no médico
Dando-lhe aura de “mulher de virtude”
Que lhes garante de volta a saúde
E para tudo lhes dá um remédio.
Tirando-lhes o último sestércio
Deixou-lhes mais próximo o ataúde
Vemos esta cena tão amiúde
Que nem apetece tratar em verso.
Esquecem Deus por qualquer vigarista
Que lhes garante ser especialista
Em pormenores que Ele desestima;
E depois de se verem extorquidos
Com nenhum dos problemas resolvidos
Só resta lamentar-se da má sina...
Amândio G. Martins
sábado, 17 de agosto de 2024
Intocáveis
ESTÁBULOS DE AUGIAS
Prosperaram à margem da verdade
Que só cumprem quando é favorável
Para além disso é-lhes descartável
Não lhes rende nada a honestidade.
Como a mentira lhes dá potestade
A pura verdade é-lhes dispensável
Coisa de idealista miserável
Que não é ninguém na sociedade.
Como o dinheiro dá imunidade
Progridem na porcaria à vontade
Por com ela andarem mancomonados;
Quem tiver coragem para os enfrentar
Vai precisar de um rio para lavar
A porcaria de tantos safados...
Amândio G. Martins
sexta-feira, 16 de agosto de 2024
Chantagens e malabarismos
Ensaiando a famosa tactica futebolística, seguro de que a melhor defesa é o ataque, Montenegro mostra-se animadíssimo nessa onda, e subscrevo o que dizem os partidos da Oposição, quando o acusam de andar em campanha eleitoral, ele que ainda só leva quatro meses de exercício; sendo óbvio que ninguém, com alguma noção de realismo, espera que tenha resolvido qualquer problema, muito menos o da saúde, o descaro do homem em afirmar que a saúde já está muito melhor, traz-me à memória aquela vez em que, mera caixa de ressonância de Passos Coelho, concordava que as pessoas não estavam bem, mas o país estava muito melhor.
Sendo verdade que os portugueses não são todos estúpidos, como, quase apoplexo, gritou à militância, será melhor para todos que desça à terra e se deixe de provocações, tentado a esticar a corda até que se parta, porque a maioria das pessoas, que não se confunde com a militância acéfala, quer é que trabalhe e cumpra as suas obrigações, a começar pelas generosas promessas de março passado, e não que consuma o tempo em chantagens e malabarismos...
Amândio G. Martins
quinta-feira, 15 de agosto de 2024
Simulacros de verdade
OPINIÃO
Poder ter a liberdade de opinar
Destapa dos dogmas a falsidade
Permitindo à generalidade
Esclarecer para não se duvidar.
Sabendo o que é difícil comunicar
Contra as armadilhas da liberdade
Atenção à falsa idoneidade
Daqueles cuja função é enganar...
Quem do que diz tem boa consciência
Não vai recorrer à maledicência
Nos diferendos com um oponente;
Que se a retratar-se for obrigado
Por não ter sabido ser aprumado
Vê anulado o respeito da gente...
Amândio G. Martins
quarta-feira, 14 de agosto de 2024
NATO COM TAMBORES DE GUERRA E FALSA BOA SAÚDE DE BIDEN
Biden e Nato
aproveitaram a cimeira dos 75 anos da organização belicista, que decorreu entre
9 e 11 de Julho, em Washington, para além de continuarem a tocar os tambores da
guerra e o seu agravamento, de espalhar desinformação e tentar impor a
candidatura de Biden a novo mandato de presidente dos E.U.A., escondendo a
degradação física e mental, com o auxílio de líderes de diversos países a
passar um falso atestado de boa saúde, para calar as vozes que reclamavam a
desistência de Biden.
Dez dias após a
cimeira da Nato, a 21 de Julho, Biden abandona a candidatura a presidente dos
E.U.A., embora ficando por explicar a razão por que durante tantos meses a sua
incapacidade foi encoberta e negada pela própria administração norte-americana.
Na sequência é lançada a nomeação de Kamala Harris, para assegurar o acesso aos
muitos milhões e milhões de dólares para a candidatura democrata, com origem
nos doadores ligados às corporações e transnacionais.
segunda-feira, 12 de agosto de 2024
Vemos, lemos e não podemos ignorar
A BELA E TÃO DESCONHECIDA AMMAIA
No Parque Natural da Serra de S. Mamede, mais concretamente no belo Vale de Aramenha, encontram-se as ruínas e demais vestígios daquela que foi uma importante cidade do Império Romano, Ammaia. No seu auge, por volta do século III DC, calcula-se que a sua população tenha chegado às 6 mil almas. Quase o dobro do concelho onde se situa, Marvão.
Dos 25 hectares que ocupava, apenas 2% dessa área está explorada. Mesmo assim, é rico e interessantíssimo o espólio. Para além de inúmeras moedas, estatuetas, loiças, adornos pessoais, sarcófagos, almudes, etc., uma das coisas que impressiona é saber-se que naqueles tempos tão longínquos, já ali se fabricava e moldava vidro. As belíssimas taças, e jarras expostas, assim o confirmam.
Situada no eixo Lisboa Mérida, Ammaia, foi um importante entreposto comercial da Lusitânia. E é hoje um valiosíssimo documento vivo da nossa pré-história e do Império Romano. Lamentavelmente, tão pouco conhecido!
Um grupo de 54 alunos e professores da Universidade Intergeracional do Concelho de Almada (UNICA), visitámo-la há dias. Dos 54, a grande maioria, nunca, nem sequer tinha ouvido falar nela. E não somos, de certeza, exceções a nível nacional.
Administrada pela “Fundação Cidade de Ammaia”, cujos membros são a Câmara Municipal de Marvão, a Direção Geral do Património Cultural (DGPC), as universidades de Évora e de Lisboa e o comendador Rui Nabeiro.
Nomeadamente, a CM de Marvão, até como elemento potenciador turístico, será que está a fazer o que lhe é possível para a sua divulgação? E a DGPC? O Sr. Ministro da Educação e Cultura, já solicitou ao seu colega que superintende no grupo RTP, para que os seus canais televisivos e de rádio, suprimam uns minutinhos aos intermináveis comentários, análises e palpites sobre futebol, e divulguem aquela ( e outras) preciosidade histórica?
Aqui ficam as perguntas e o nosso modesto contributo para a sua divulgação.
Francisco Ramalho
Corroios, 13 de Maio de 2018
PS- aqui fica também a sugestão de uma visita para quem estiver de férias ou vá para aqueles lados.
sábado, 10 de agosto de 2024
3 ATLETAS CUBANOS
Nos Jogos Olímpicos de 2024, a decorrer em Paris, na França, no triplo salto, 3 atletas cubanos ganharam as medalhas ao serviço de Espanha, Portugal e Itália.
Não se deve (nem pode) vender, o que já foi vendido
MUNDO MISERÁVEL
Enquanto o mundo está distraído com os jogos de Paris, mais cem pessoas foram mortas.
Não, não foi em confronto umas com as outras, em guerra, o que seria uma estupidez. Foi muito pior. Foi cobardemente numa escola onde estavam abrigadas. A maioria, mulheres e crianças. A somar aos largos milhares a quem também já foi brutal, cruel e desumanamente tirada a vida.
E tudo isto, impunemente. E tudo isto, inperturbavelmente. O principal responsável, foi recebido na sede do império que se arvora em guardião da moral e da democracia, em ovação. E na Europa, nos jogos em Paris, excluem-se uns e admitem-se os representantes do país dos autores desse holocausto.
Apesar desta paz podre, não é de augurar nada de bom estas sementeiras de ódio e de hipocrisia.
Francisco Ramalho
Com o rei na barriga
PÉS DE BARRO
Inquieta-se o pretenso poderoso
Sempre que lhe ignorarmos a ofensa
Melhor forma de vincar a diferença
De quem se dispensa ser respeitoso.
Deixemo-lo arrogante e vaidoso
À espera que lhe peçamos licença
De nos favorecer com a presença
E não lhe permitamos esse gozo.
Façamo-lo esvaziar o balão
Que o habituou à falsa sensação
De ser uma pessoa importante;
Que guarde para si a importância
Que aqueles que trata com arrogância
Preferem distanciar-se o bastante
Amândio G. Martins
sexta-feira, 9 de agosto de 2024
Do estranho prazer de espingardar
CUSTA A CRER
Haver poetas que são caçadores
Como haver os que gostam de touradas
Fazendo par com almas perturbadas
Gozando o sangue de seres sofredores.
Há algo bem estranho nos seus valores
Não explicável em duas penadas
Que massacrar animais em caçadas
Não mostra nada digno de louvores.
De uma necessidade primitiva
Quando a caçar sustentavam a vida
Passaram a um sangrento desporto;
Podiam replicar esse exercício
Observando os animais no seu sítio
Sem precisar ver nenhum deles morto...
Amândio G. Martins
quinta-feira, 8 de agosto de 2024
Salvemos o Serviço Nacional de Saúde!
Mentes confundidas
ANJOS E DEMÓNIOS
Quem finge de anjo decerto é demónio
É o que mais se tem visto acontecer
Pode ser um homem mas tembém mulher
Nunca se sabe se está ou não sóbrio.
Sente-se ninguém sendo anónimo
Nunca sabe como deve proceder
Embora prefira sempre aparecer
Confundido com aquele binómio.
A gente não nasce boa ou má pessoa
Mas o que teve orientação boa
Será melhor do que quem a não tiver;
Distinguirá o certo do errado
Fará questão de estar do melhor lado
Preocupando-se com o saber ser...
Amândio G. Martins
quarta-feira, 7 de agosto de 2024
O sermão dos morangos
Montenegro saberá para que a escolheu...
Quando comecei a reparar na forma como a actual ministra da Saúde se comportava com Fernando Araújo, com quem tinha tido um diferendo quando foi responsável pelo Hospital de Santa Maria, logo percebi como era mesquinha e vingativa, e que deverá ter sido por isso mesmo que Montenegro a escolheu para tão delicado cargo, não para "salvar" o Serviço Nacional de Saúde, como eles querem fazer crer, mas antes para lhe começar a fazer o funeral; de facto, quem da área da saúde conheceu o trabalho que Fernando Araújo desenvolveu enquanto responsável pelo Hospital de S. João, não duvida das suas capacidades, nem do que poderia fazer pelo SNS no lugar de onde a ministra, não tendo a frontalidade de o demitir, tudo fez para que saísse.
Tratando-se de um profissional de reconhecida seriedade e competência, e não sendo militante partidário, o comportamento da ministra com ele foi uma demonstração clara de como vai ser incapaz de fazer seja o que for em favor do SNS, e Fernando Araújo não sofreu a mais leve beliscadura no seu prestígio; agora, perante o sôfrego desmantelamento do que vinha a ser feito, e que a actual equipa dirigente socialista logicamente denuncia, o panfletário Hugo Soares vem gritar-lhes que metam a mão na consciência, como se fosse razoável esperar dos socialistas um louvor à desgraça que a cada dia que passa se vai ampliando...
Amândio G. Martins
É isso que queremos?
Quando vemos a violência nas ruas de Inglaterra, provocada por movimentos de extrema-direita e espoletada por notícias falsas divulgadas em algumas redes sociais, sem qualquer escrutínio jornalístico digno de respeito, perguntamos-nos como é possível que, vários dias depois de serem completamente desmentidas, ainda continuem a ser a inspiração de tanta destruição.
Já depois disso, assistimos ao infame desenvolvimento “noticioso”, nas mesmíssimas redes, de factos igualmente falsos sobre o género da pugilista argelina Imane Khelif que, segundo fontes fidedignas, nasceu e é mulher, aliás cisgénero. Nem sequer os altos níveis de testosterona estão certificados cientificamente, nem nada comprovariam, caso existissem, mas o racismo, a islamofobia e um impulso completamente irracional de transfobia “preventiva” levaram a que correntes de extrema-direita, dos EUA (Trump) a Portugal (Rita Matias), com passagem pela Itália (Melloni), pátria da pugilista vencida no combate “fatídico”, se sintam “à solta” para vir a terreiro proclamar diferenças rácicas imaginárias. O mesmo fez Hitler relativamente à “raça” ariana, também em tempos de Jogos Olímpicos, pelo que talvez valha a pena recordar Jesse Owens.
Até quando vamos permitir/alimentar a perpetuação de mentiras nas redes sociais, mesmo depois de cabalmente desmentidas?
Público - 11.08.2024
terça-feira, 6 de agosto de 2024
HIROXIMA E NAGASAKI, OS CRIMES MONSTRUOSOS DE 1945
O império que é conivente com o atual genocídio na Palestina, há 79 anos (dias 6 e 9 deste mês), cometeu dois dos maiores crimes da história da humanidade ao bombardear as cidades de Hiroxima e Nagasaki com duas bombas atómicas.
Toda a Natureza ali ficou radioativa, desaparecendo toda a vida animal e vegetal. Até hoje, há pessoas a sofrer de doenças oncológicas.
A Alemanha nazi tinha-se rendido há dois meses, e o Japão, com as suas Forças Armadas exangues, sabia-se, era uma breve questão. Mesmo assim, o império, para anunciar ao mundo e avisar a União Soviética, não se coibiu de cometer tão hediondos crimes.
Depois da ascensão e do apogeu, todos os impérios têm a inevitável queda.
Para bem da paz e da humanidade, este que não seja exceção.
Francisco Ramalho