sábado, 31 de julho de 2021

A história julgará Otelo

 JN 27.07.2021

 

As direitas têm Otelo como alguém condenável, definido pelo que fez no Copcon e nas FP-25.

As esquerdas consideram -no o estratega do 25 de Abril, logo,  um protagonista da queda da ditadura.

Na Revolução dos Cravos, Otelo ajudou a programar o caminho para a democracia. Isto é indubitável. E por isso nós que gostamos da liberdade devemos-lhe muito.

Porém, claro que, a dado momento, se achou o " dono da revolução", um possível Fidel português.

O melhor, é deixarmos que o tempo e a História façam o seu julgamento.


A. K. MAGALHÃES

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Otelo Saraiva de Carvalho já está inscrito na História de Portugal

 

Não, ainda não é cedo para se inscrever na

História de Portugal, Otelo Saraiva de Carvalho. 
Foi o guionista, o encenador e o cerebral protagonista
da data mais gloriosa de Portugal - o 25 de Abril!
Já está, por direito próprio, imortalizado na nossa História.
Ocorre-me algumas conversas com o valoroso, Otelo.
Pedi-lhe que me vendesse o seu livro, 'Alvorada em Abril'.
Quando me colocou o seu livro nas mãos, com dedicatória, 
disse: «Ofereço-te porque sei que irás sempre defender Abril!». 
Nas vezes que conversámos foi sempre duma lisura e companheirismo assinalável. Pelo empenho e pela sua generosidade desinteressada lembra-me o seu notável camarada de armas, Fernando Salgueiro Maia.
E, convém recordar, se não acontecesse este marco libertador
histórico, estas palavras seriam rasuradas ou censuradas.
A liberdade jornalística também ganhou, e muito, com o 25 de Abril!
À sua família, as minhas mais sinceras e sentidas condolências!

                Vítor Colaço Santos

 OTELO, HERÓI OU VILÃO?


Estranho silêncio este, sobre a morte de Otelo Saraiva de Carvalho! Também sou "culpado". Pronto, mas cá estou a dar o peito às balas.

Para mim, seré sempre um herói. Foi o estratega das complexas manobras militares que culminaram com o derrube duma ditadura com quase meio século de existência. Manobras concluídas com êxito, com, pràticamente, sem derramamento de sangue.
Independentemente da opinião política que cada um de nós tenha, este facto é, indiscutívelmente, um feito histórico merecedor de realce.

Mais tarde, aquele seu envolvimento com um grupo terrorista, retirou-lhe parte do brilho adquirido. As famílias das vítimas têm o direito - natural - de o odiarem.


José Valdigem


sábado, 24 de julho de 2021

ABAIXO DE CÃO


Leio no JN de hoje, que "o governo trava salários de estagiários abaixo de 537 euros".
O salário mínimo nacional é de 665 euros. Se um estagiário, em Lisboa, tiver que pagar para dormir, como um humano normal, os 537 não chegam para pagar um beliche!

No mesmo diário (que não dispenso), lê-se que "Joe Berardo recorre da caução de 5 milhões" imposta pelo tribunal para se livrar da cadeia imediata. Como é possível exigirem dum homem que apenas tem como património, uma garagem, tal quantia?...


José Valdigem

 

Dar o exemplo

 PÚBLICO Sábado, 24 de Julho de 2021 


As pessoas públicas, em público têm de ser exemplares no que dizem, no que fazem, como dizem e como fazem.

(…)

Está-se a falar em excesso, a criticar em demasia, a não parar, a não pensar, e implica estar-se a colocar " a jeito" para serem escrutinados  ao segundo, ao milímetro.
Temos de elevar o nível.

Temos que ouvir mais, para isso temos duas orelhas, e falar menos, que só temos uma boca.


E ler o que deve ser lido.

 E pensar.

 A bem dos próprios, mas essencialmente dos outros e a bem da Democracia.

Augusto Küttner de Magalhães

Lógica partidária


Há seis décadas que os EUA tentam, sem sucesso, aniquilar um regime que lhe é contrário, ali mesmo nas suas “barbas”, a algumas dezenas de quilómetros. De início, é possível que a punção punidora se baseasse num difuso receio de que o exemplo frutificasse e o comunismo de Cuba se contagiasse aos seus territórios. Hoje, o argumento já não será válido, mas Biden, curiosamente na esteira de Trump, e ao arrepio da orientação da administração Obama, de que fez parte, e de algumas promessas na campanha eleitoral, insiste em “bater no ceguinho”. Já com alvos focalizados em certas figuras cubanas, talvez por julgar o método mais eficaz, o presidente americano impõe novas sanções. Duvida-se (?) que o repetido interesse em “libertar” os cubanos seja altruísta, já que não se vislumbram idênticos movimentos relativamente a ditaduras que, ferozmente, oprimem os seus cidadãos, como, por exemplo, a dos sauditas. Muito prosaicamente, esse interesse estará mais em não deixar fugir os votos dos cubanos exilados na Florida, de modo a conservar a escassa maioria na Câmara dos Representantes, nas eleições intercalares do próximo ano.


Público - 26.07.2021

PSD em estado de catalepsia

 

No debate do Estado da Nação que devia ter sido

também do estado actual da governação, o chefe do
governo, com a habilidade retórica que se lhe conhece
nada adiantou, sobre como é que Portugal é capaz de sair
da cauda da Europa. A oposição também não questionou.
Já lá vai o tempo em que Durão Barroso, do PSD, nos enganava,
dizendo que estávamos a chegar ao pelotão da frente...
O primeiro-ministro, ainda ficou com mais energia, ao desmentir,
e bem, uma monstruosa e ridícula mentira do líder para lamentar e parlamentar do PSD, Adão Silva, depois deste ter afirmado que o seu partido «foi fundador do Serviço Nacional de Saúde»(!). Esta oportunista atitude de querer atrelar-se ao humano e bom desempenho do SNS é, também uma afronta aos profissionais de saúde. O PSD, além de ter votado contra o SNS em 1979, voltou a votar contra a Lei de Bases da Saúde.
Esta gente medíocre como oposição não existe e tem vergonha em se assumir de direita. Assim sendo, o PS vai de vento em popa...

                                  Vítor Colaço Santos 

O turismo espacial e a injustiça social

 JN 23.07.2021 


Evidentemente, algo que nos caracteriza como humanos e muito bem é sermos totalmente diferentes uns dos outros. Seria péssimo se fossemos todos iguais. Desde que nascemos até morrermos, dois percutires inevitáveis, aqui “algo” semelhantes. Assim a diferença é de sexo, género, cor, tamanho, educação, instrução, hierarquias, e, mais ou menos dinheiro, faz-nos todos distintos. Sendo que, é total compreensível que quem tem mais e mais dinheiro o aproveite no que mais gosta, desde grandes automóveis, a grades viagens cá pela Terra, e até fora desta. E no que mais possa apetecer. Porque não?

Mas talvez, quiçá, num tempo novamente difícil com a pandemia que não nos larga e vem mais e mais – como sempre que há um revés - aprofundar as diferenças entre os muito ricos – em dinheiro – e os muitos pobres, os primeiros provavelmente não devessem tanto exibir como gastam fortunas, que para alguns daria para comer durante anos e anos.

E se quem tem dinheiro tem direito a usá-lo, até, durante 4 minutos lá dos “ares” a olhar-nos tão pequeninos, e depois chegar e gabar-se do que fez, talvez, talvez devesse “ter” que pagar um imposto que de modo nenhum o afectaria, e que reverteria na totalidade para quem se vê aflito para pagar as viagens do dia-a-dia para ir trabalhar. E até, para quem, se conseguir ter uma refeição uma vez por dia, tantas vezes é tão insuficiente, tão” pouquinho”! Tão exígua! Mais ou menos sofrível, e, uma vez por dia. De modo algum, caridadezinha de que tantos gostam de trazer para os jornais. Um imposto para quem tem dinheiro para o que a maioria da população, não tem. Deve o Estado conseguir um equilíbrio e uma justiça social que o actual sistema de distribuição de riqueza está muito longe de conseguir

Augusto Küttner

O capitalismo não resolve a crise social, climática e ambiental

 



Segundo relatório da ONU, entre 720 e 811 milhões de pessoas, em 2020, sofrem o flagelo da fome e 2,3 mil milhões de pessoas não tiveram uma correcta e justa alimentação, abrangendo um número significativo de crianças. A pandemia covid-19 provocou um agravamento da situação. Esta inadmissível e alarmante injustiça social não atinge só os países mais pobres, já que na União Europeia em 2019, 18,5 milhões de pessoas são atingidas pela pobreza e exclusão social, das quais cerca de 2 milhões em Portugal (19,8% da população segundo o Instituto Nacional de Estatística).

Ao mesmo tempo, aumentou o número mundial de milionários, que passou para 5 milhões, dos quais 136 mil são portugueses, mais 19 mil do que em 2019, segundo relatório do banco Credit Suisse.

Entretanto, no centro da Europa, com particular gravidade na Alemanha e Bélgica, violentas tempestades com fortes chuvas e inundações já provocaram perto de duas centenas de mortos, feridos, muitos desaparecidos, o caos e um rasto de destruição.

Para além de entidades oficiais alemãs terem ignorado alguns avisos para tomarem medidas de protecção e defesa das populações, segundo cientistas e especialistas de universidades, as mudanças climáticas provocarão cada vez mais estes fenómenos e até de forma mais grave.

Pela mesma altura, começaram a treinar turismo espacial, os multimilionários Richard Branson (britânico) e Jeff Bezos (americano). Acrescente-se que segundo uma organização de jornalistas americanos, Jeff Bezos, que será o homem mais rico do mundo, entre 2007 e 2011 não pagou impostos federais.

Este conjunto de factos remete-nos para o filme «Elysium», onde a Terra, daqui a 150 anos, se encontra completamente degradada, onde vive a maioria da população, enquanto os mais ricos e poderosos vivem numa estação espacial onde se reproduz a vida, a civilização, curam-se doenças, existem condições para o prazer. «Elysium» é um flime de 2013 de Neil Blomkamp, com Jodie Foster e Matt Damon nos papéis principais. O tema do filme pode ser a previsão de como o capitalismo irá tentar resolver a crise social, climática e ambiental que provoca. (ver também texto publicado aqui na Voz da Girafa em 17 de Julho de 2019)

GUERRAS DAS VACINAS

 

Orivaldo Jorge de Araújo
Goiânia, 23/07/2021

     ENQUANTO ISTO NUM LINDO PAÍS CHAMADO DE “CORONALÂNDIA”, QUE JÁ FOI CONHECIDO PELO NOME DE BRASIL, ENCONTRADO PELOS PORTUGUESES NO ANO DA GRAÇA DE 1500, CONTINUA A FRATICIDA CHAMADA “GUERRA DAS VACINAS”. TENDO  DE UM LADO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DO OUTRO, O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO, COM PERDAS DE QUASE 550 MIL INOCENTES CIDADÃOS.    

quarta-feira, 21 de julho de 2021

O PS e o Livre, afinal, são siameses...


 O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, 

que denunciou muita gente às embaixadas de 
países alvos de manifestações e de protestos,
Fernando Medina, se tivesse carácter e 
vergonha já se tinha demitido! Aquela atitude
revela uma baixaria inqualificável. Foi um crime!
Sem castigo... porque não foi demitido nem se 
demitiu, ainda se recandidata, com o inaceitável 
respaldo populista do chefe do PS. Portugal não 
é uma república das bananas... O PS vai coligar-se 
com o Livre para a Câmara de Lisboa. Afinal, estes 
dois partidos são siameses. Rui Tavares, deste partido, 
tem o privilégio de escrever três vezes por semana, 
uma página inteira, no PÚBLICO, contra as mais variadas 
malfeitorias, mas neste caso, entra em contradição e branqueia 
Fernando Medina(!). Tudo isto não foi\é ficção. É uma 
realidade difícil de engolir e que escangalha a democracia 
e nos desmobiliza. Sobre estes partidos - Deus nos livre!

                      Vítor Colaço Santos

terça-feira, 20 de julho de 2021

ARISTIDES DE SOUZA MENDES: NOS 136 ANOS DO SEU NASCIMENTO TEM SEU BUSTO DESCERRADO NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Orivaldo jorge de Araújo
Goiânia, 20 de julho de 2021


NASCEU EM 19 DE JULHO DE 1885, NA PEQUENA ALDEIA DE "CABANAS DE VIRIATO


 Este singular e admirável ser humano foi Cônsul no Brasil na década de 1920, nas cidades de Curitiba, São Luiz do Maranhão e Porto Alegre. De seus 14 filhos dois nasceram no nosso solo, tendo em 1940 assumido o consulado em Bordéus, França, por designação do então ditador Salazar, em pleno furor da segunda guerra mundial, na qual Portugal se declarava neutra.

 Na qualidade de Cônsul na França ocupada pela Alemanha, Sousa Mendes desafiou as ordens expressas de seu governo, concedendo mais de 30 mil vistos de entrada em Portugal a refugiados de todas as nacionalidades, dos quais cerca de 10 mil eram judeus.

Revelando uma coragem e determinação invulgares - e consciente do risco para sua vida e a da sua família - recusou-se a entregar milhares de pessoas a um destino certo nos campos de concentração nazistas. Confrontando com as ordens de Lisboa, ele teria dito: "Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus".

O governo português, ao se sentir pressionado pela sua condição de país não beligerante, o destitui de suas funções no consulado. Souza Mendes ainda apelou para o Supremo Tribunal Administrativo e para Assembleia Nacional, mas de nada lhe valendo estes recursos.

Para agravar a sua situação, ele foi colocado em disponibilidade com drástica redução salarial, e o pior: foi lhe proibido exercer a advocacia, com total retirada de oportunidades, inclusive aos seus filhos, que com isto foram obrigados a emigrar. Consta que dois deles se juntaram ao exército americano na invasão da Normandia (Dia D).

Aqueles que defendem Salazar pelo excessivo rigor aplicado a Souza Mendes, ao lhe ter tirado as mínimas condições de manutenção da família, alegam que ele o fez por pressão direta de Hitler que tinha inclusive pedido a sua cabeça, por não perdoar o Cônsul, principalmente por   ter concedido visto ao Príncipe Otto de Habsburg, filho do último imperador do império Austro-Húngaro. O ditador nazista considerava o Príncipe seu desafeto pessoal e lhe tinha jurado de morte.

O que nos causou estranheza foi, no após guerra, Salazar, mesmo tendo ficado com o mérito do salvamento de tantas pessoas, não ter restituído Souza Mendes ao seu antigo cargo, fato só acontecido simbolicamente após a sua morte com o título póstumo, “Ordem da Liberdade” em 1989, no governo de Mário Soares, onde a Assembleia da República reparou a grave injustiça que lhe fora cometida, reintegrando-o no serviço diplomático por unanimidade e aclamação.

Dois fatos marcantes na vida humanitária deste diplomata português foram muito explorados pelos meios de comunicação: é que entre as várias pessoas salvas pelo seu gesto de rebeldia, está a do grande pintor Salvador Dali e por ele ter recebido em vida uma profunda admiração, respeito e amizade por parte do grande cientista Albert Einstein.

Em estimativas realizadas em Israel, presume-se que a quantidade de descendentes oriundos dos judeus salvos alcança a ordem de 60 mil pessoas, façanha bem superior a conseguida pelo alemão do filme Lista de Schindler.

Em reconhecimento aos seus atos humanitários, o seu nome foi inscrito em árvores plantadas em sua homenagem na avenida “Dos Justos Entre As Nações”, no museu do holocausto Yad Vashem, na cidade de Jerusalém. A sua destemida conduta solidária foi perfeitamente enquadrada dentro do espírito do provérbio judaico que diz: “Quem salva uma vida salva a humanidade”

 

INCÊNDIOS FLORESTAIS, VIRA O DISCO…


Não vamos aqui enumerar todas as causas da praga que constituem os incêndios florestais. São tantas, nem de longe, temos a pretensão de as conhecer todas.

Talvez as principais sejam, desde logo, as condições atmosféricas. Altas temperaturas, ventos, etc. Claro que sempre se verificaram. Mas agora, mais incertas, frequentes e graves, devido às alterações climatéricas(AC).

Mas esta não deve ser a principal. A falta de prevenção, sim.

A falta de limpeza e de desmatação das bermas de estradas em locais de vegetação alta e de matas, tão comum por esse país fora, associada à irresponsabilidade de se atirarem de veículos em andamento pontas de cigarro a arder, descuidos e abusos com queimadas, o abandono dos campos devido à crise na agricultura, principalmente de pequenas e até médias explorações por falta de incentivos, de pouca rentabilidade, tudo mais ou menos relacionado com a Política Agrícola Comum(PAC) da União Europeia que privilegia as grandes propriedades, nomeadamente os latifúndios do Alentejo e Ribatejo, o crime de fogo posto por incendiários com ou sem mandantes que deve ser muito mais investigado e punido, e a não diversificação de espécies onde avulta, de longe, o eucalipto. Estas sim, são os principais rastilhos que originam o tão grande numero de incêndios.

Portanto, fundamental, seria, prevenção, planeamento e uma política séria e consequente para os nossos campos e florestas. Fundamental, por todas as razões e mais esta agora da sustentabilidade do ambiente, do país, do planeta, perante os já tão visíveis e terríveis efeitos das AC.

Infelizmente, não é isso que se verifica. Veja-se, por exemplo, o caso do pinhal de Leiria. O histórico pinhal de Leiria também denominado Pinhal d`El-Rei, ou Mata Nacional de Leiria com os seus 11.080 hectares e já com oito séculos de existência e de tanta importância para os Descobrimentos (da sua madeira construíram-se caravelas para a façanha que nos orgulha) e para a proteção de terrenos agrícolas das areias transportadas pelos ventos.

No passado, durante séculos, sempre que se abatiam pinheiros, eles eram de seguida replantados. Agora, D. FernandoIII e D. Dinis, devem dar voltas de indignação nos respetivos túmulos. Se não vejamos: depois do grande incêndio de Outubro de 2017 que consumiu 86% da sua área, passados estes longos 5 anos, apenas foram replantados 11%. Aqui está refletido, nesta tão importante matéria, o exemplo, principalmente do atual Governo, mas também dos anteriores, porque poderíamos citar tantos outros exemplos.

Valha-nos a boa vontade e dedicação dos esforçados bombeiros. Mas, como recorrentemente se constata, não chega. O que chegava, seriam campanhas de sensibilização da opinião pública, mais fiscalização , limpeza e manutenção das bermas de estradas com cantoneiros como no passado acontecia, punição dos prevaricadores, e políticas sérias e eficazes para este setor de vital importância. Ganhava o ambiente, a economia, o país, ganhávamos todos.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "  O Setubalense"




FADO: “IGREJA DE SANTO ESTÊVÃO”—ATENÇÃO DE JOSÉ VALDIGEM




 

DESENGAVETANDO RECORDAÇÕES:

BELÍSSIMO FADO, DO TEMPO EM QUE AS MÚSICAS ERAM DOTADAS DE FINAS MELODIAS, COMBINADAS COM POÉTICAS COMPOSIÇÕES.

 MEMÓRIAS DO PASSADO


Fez na semana passada, dia 15, dezoito anos que nos deixou o enorme Fernando Maurício. Um dos maiores fadistas de sempre. Tive a satisfação de o ver e ouvir pessoalmente na Adega Mesquita, acompanhado do Francisco Martinho. 
Aqui, cantam os dois mais o ainda sobrevivente João Braga, no cruzeiro do Adro, junto à icónica Igreja de Santo Estêvão, numa noitada, há mais de 40 anos.







José Valdigem

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Kenedy e os farmaceuticos


Não perguntem ao covid o que pode ele fazer por vós, mas perguntai antes o que podeis fazer para ajudar no combate.
O teste custa 2€ e 10 não lhes chega?
Tenham, mas é vergonha.

Quintino Silva  

Cuba, mon amour


Completamente a despropósito e despudoradamente, adapto o meu título ao do filme de Alain Resnais, indissociável desse grande nome da literatura francesa, Marguerite Duras. 

Há cerca de 25 anos, estive em Cuba. Continuava ainda um país de esperança, não obstante a perda do principal apoio, a União Soviética, entretanto “desaparecida em combate”, após o estertor aparatoso da queda do Muro de Berlim. Talvez o embargo americano de 60 anos de idade não explique completamente a actual situação, mas não poderá ser alijado de qualquer maneira por aqueles que o consideram uma mera “desculpa”. Há que reconhecer que o sistema não funcionou. Mas funcionaram os sistemas neoliberais por onde foram implantados? O panorama actual a que assistimos na África do Sul é o de um país de sucesso? Os Estados Unidos não têm, na sua população, milhares e milhares de famintos? 

Nada deverá ser desculpa para o corte nos direitos individuais dos cubanos. Nem mesmo o embargo que, quando vem à liça para se aferir da sua (i)legitimidade, leva, sintomaticamente, a discussão para o campo da política interna americana, na sua geografia floridista e correspondente aritmética eleitoral. 


Público - 20.07.2021 (expurgado do parágrafo inicial).

sábado, 17 de julho de 2021

Surdez progressiva


Em reacção à carta aberta que 21 prestigiados médicos e farmacêuticos publicaram (ver PÚBLICO de 16 de Julho), a Ministra da Saúde entendeu por bem dizer que a lê como um apelo a que continuemos a observar as medidas básicas que já todos assimilámos.

Quando tal ouvi na RTP, fiquei pasmado. O que leio na “carta” é, acima de tudo, uma crítica, aliás bem construtiva, de algumas - outras, que não aquelas - medidas que o Governo tem vindo a tomar altamente perturbadoras da nossa vida colectiva. A senhora ministra só leu o que lhe interessou, o que não me admira, porque, mais uma vez, constato que os governos, quando atingem a "maioridade", que nestes casos anda pelos 5 ou 6 anos de idade, adquirem uma estranha tendência para desenvolver surdez, agravada quando, no horizonte, não há fortes ameaças da oposição. Passa-se mais ou menos a mesma coisa com o repúdio de decisões promulgadas pelo Presidente da República, após aprovação pela Assembleia da República em “coligações negativas”, segundo diz um Secretário de Estado. Temo o que vamos ver nas discussões do OE2022 e da negociação das penas com todos os tipos de criminosos e não só os da corrupção. Entristece-me que o Governo, nascido num berço “pobrezinho”, autêntica “geringonça”, tenha evoluído para “novo rico” e sofra deste “autismo”. Será que quer o regresso de um Passos Coelho qualquer… ou pior?


Público - 18.07.2021 (expurgado da parte sublinhada).

LUPANAR INFLUENCIANDO NOME DE PERSONALIDADE HISTÓRICA PORTUGUESA NO INTERIOR DO BRASIL

 

Orivaldo Jorge de Araújo em 17/07/2021

Bataclan: Ilhéus-Bahia-Brasil

Na nos anos dourados de1960, recém-formado em engenharia civil, recebi a incumbência de inspecionar construções públicas no meu Estado, Goiás, que nesta época ainda não tinha sido desmembrado, com a criação de mais um ente federativo que levou o nome de Tocantins. A Capital Federal, Brasília, encravada em solo goiano, já era uma realidade.

As mobilidades nas visitas eram feitas por veículos auto - motores e por pequenos e malcuidados aviões; com isto, tive oportunidade de visitar a maioria das cidades que compunham o então extenso Estado. Estas localidades, na sua grande maioria, eram desprovidas de qualquer atividade de lazer noturna; a única saída era procurar as alegres casas que abrigavam as mulheres que exerciam a considerada profissão mais antiga que se conhece. Não faltava nenhum lugarejo, por menor que fosse, que não as tinha. Costumava anotar os exóticos nomes, dados pelos locais a estas casas; eis alguns: “sossego”, “puxa-faca’, “fôia”, “faz-me rir”, “vai quem quer”, “a jiripoca vai piar”, “cê que sabe”, “fazer nenê” e assim por diante.

Na minha terra natal, quando ainda criança, era simplesmente chamado de “Pombal” o nome dado à casa mais representativa desta atividade, que muito lembrava, guardando as proporções, o famoso Bataclan da novela Gabriela baseada no livro do escritor Jorge Amado.

Situada quase na divisa com Minas Gerais, herdando costumes e tradições daquele Estado, carregados dos mais fortes princípios morais e religiosos, grande parte de seus habitantes considerava a palavra “Pombal” altamente pornográfica e demoníaca, orientando os filhos a não passar nem próximo daquele “covil da perdição”, exercendo fortes preconceitos contra as mulheres que lá residiam, tolhendo-as até de frequentar igrejas, com plena aprovação dos padres. Um fato merece registro com relatos de pessoas que viveram na época, era chamada “noite do reboliço”, quando lá aparecia um determinado morador da cidade, em que as mulheres se negavam a atende-lo, pelo fato desta pessoa estar enquadrada dentro daqueles dizeres populares: “pé de mesa”, “tripé”, “três pernas”, “se perder uma perna anda normalmente” e vários outros.

A intolerância era estendida aos filhos (eram raros), lembro-me bem que um deles, que nem mesmo sua mãe sabia quem era seu pai biológico, nascera com uma cor de pele diferenciada, moreno com tom avermelhado, por isto conhecido por “Roxinho”, que teve uma infância recheada de preconceitos, com falta de interações com outras crianças por proibição de algumas famílias, sendo discriminado até na escola. Bem mais tarde o encontrei por mero acaso na capital, onde me afirmou que era um pequeno empresário, mas notei que não estava confortável com minha presença, talvez por trazer lembranças não muito agradáveis que teria passado na sua meninice.

Nesta época, a escola conhecida como grupo escolar, mantinha o chamado curso primário, similar ao hoje 1º grau. Na parte referente ao ensino, História era composta de duas ramificações, Geral e do Brasil. Portugal era privilegiado neste quesito, pois pertencia aos dois ramos, por ter uma história em comum com a nossa.

Quando se tratava de estudar o Marquês de Pombal, era um verdadeiro “Deus nos Acuda”. Algumas professoras não se sentiam à vontade, pelo nome de seu título de nobreza, pela aguçada curiosidade dos alunos e por crença religiosa que ele estaria penando no fogo do inferno, pela expulsão dos Jesuítas, levando consigo o Rei José I (bisavó do nosso primeiro imperador D. Pedro I), então rei de Portugal, o qual servira como secretário de estado, Esquecendo que esta figura histórica se revelou um grande administrador, sendo responsável pela reconstrução de Lisboa, após terríveis danos produzidos por um terremoto.

Por aqui é muito comum, quando se quer dar uma possível solução a um determinado quesito, e este ficar pior que o original, enquadrá-lo dentro do conhecido pensamento que tem atravessado séculos: “a emenda ficou pior do que o soneto”. Era caso da tentativa de mudança de nome do nobre português, para outro seu título de nobreza: Conde de Oeiras, ou Marquês Sebastião de Portugal.

 Diante de tal ridículo, do aparecimento de outras religiões mais liberais, a evolução da própria igreja católica, com perda de seus valores fundamentalistas, o Marques de Pombal, por aqui, conseguiu ficar na história como tal, mas permanecendo   o pensamento de que ele estaria ardendo no fogo do inferno, acompanhado pelo Rei D. José I.

      Existe uma tese defendida por renomados historiadores, que a causa principal da loucura da Rainha Maria I, filha de D. José I, se deveu a sua inconformidade com a eterna última morada do pai, por isso ela se mergulhava em infindáveis orações diárias, na tentativa de obter junto as autoridades celestes, um possível passaporte para leva-lo pelo ao menos ao purgatório.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Cuba saberá sair desta encruzilhada...

 

Pela 27ª vez, a Assembleia Geral das Nações Unidas rejeitou

o levantamento do embargo que dura há 62 anos a Cuba e ao
seu Povo imposto pelos EUA que mais uma vez votou pelo bloqueio.
Este é a grande causa da penúria geral e pelos protestos dos cubanos.
O continuado embargo norte-americano em plena pandemia é um
crime desumano contra o Povo cubano. Esta atitude, também colonialista, 
fará com que os cubanos tenham uma força maior para resolver o seu
destino. Os milhares de manifestantes, não são todos agentes do 
imperialismo, conforme nos fez crer o governo cubano e não podem ser
sujeitos à repressão policial nem à prisão. E muito menos em nome do
socialismo... 'Pátria ou morte' foi uma palavra de ordem que fez sentido.
Agora, é importante que seja - 'Pátria com Vida!'. Para tal, criem-se canais 
de comunicação com representantes de quem pede pão, medicamentos,
reposição da energia eléctrica e demais bens básicos. Da Flórida(EUA), 
cubanos americanizados pedem uma intervenção militar em Cuba, por
parte dos EUA(!). Querem para o seu país natal carnificina e barris de 
pólvora prontos a explodir!
Cuba, através da solidariedade activa inscrita no internacionalismo
democrático e a não ingerência nos seus assuntos internos, saberá ter 
as chaves para sair desta encruzilhada...

                             Vítor Colaço Santos