Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
domingo, 31 de maio de 2020
LIMITAÇÕES NATURAIS DO USO DE SEXO
"Fundo perdido" e... impostos
Fernando Cardoso Rodrigues
sábado, 30 de maio de 2020
A REVOLTA DOS EUA
Como?!
Ou seja, não há Ambu ( insuflador de fole) e "abaixa-linguas" e.... morre para ai porque é.... PROIBIDO dar-te ar!...
Fernando Cardoso Rodrigues
A árvore... e a floresta - Comentários
Nota: Este texto constitui uma resposta a um comentário ao post “A árvore… e a floresta”, de ontem, que, por excesso de caracteres, teve de vir “parar” aqui.
Não, não se trata de um confronto entre um economista e um médico. Nunca tive esse posicionamento, como o poderão atestar inúmeras “discussões” com médicos (e muitos outros profissionais) que rebatiam a primazia que eu sempre dei aos gastos/investimentos nas áreas da Saúde, Educação e Justiça, em detrimento da inviolabilidade dos diversos défices que tanto nos afligiram. O meu escopo sempre foi - e é - o interesse geral.
Na minha posição, não poderá encontrar qualquer acusação ao pessoal afecto à Saúde. Rendo-lhe totalmente os meus respeitos e reconhecimento e, como o Fernando, também não tenho dúvidas em afirmar que, no caso da “distribuição” dos ventiladores, tanto como em todas as decisões que, em cima da hora e do acontecimento, os médicos tiveram de tomar, o fizeram no escrupuloso cumprimento da ética. Acrescento ainda que tenho altíssima confiança nas capacidades desse mesmo pessoal em regenerar e recuperar os doentes. Alguém os levou a preferirem afastar esse “cálice”, adoptando a posição sistémica da prevenção. Teria sido o que mais interessava às populações?
O problema não é esse, o do confronto, mas, francamente, confesso que me tem custado passar esta mensagem que, para mim, cada vez me parece mais óbvia, inevitável. A responsabilidade por esta dificuldade tem, forçosamente, de ser minha e, em consciência, não posso ceder à preguiça de a abandonar... só porque é difícil!
Em primeiro lugar, não fui ainda convencido, desde o princípio da pandemia, de que o “problema” nos obrigasse a fazer tudo quanto nos foi exigido. Porquê? Porque esta não é a primeira pandemia da Humanidade que, já neste século, se deparou com uma outra que, à partida, poderia acarretar repercussões não menos “catastróficas”. Se, então, se tivessem tomado as medidas actuais teria sido “inteligente”? Não, mas dir-me-ão que agora é fácil responder. E eu respondo que, se idênticas medidas tivessem sido ordenadas - e isto não é “especular” gratuitamente sobre o assunto, é fazê-lo com a curiosidade indispensável à progressão científica - todos nós as teríamos acatado e a ninguém seria permitido questionar a sua imprescindibilidade.
Depois, eu quis chamar a atenção para uma falha, grave a meu ver, do estudo da Escola Nacional de Saúde Pública. Realizar um estudo considerando apenas alguns dos efeitos das acções tomadas, medindo-as sem olhar às outras, parece-me tudo menos cientificamente correcto e, dado o caso, ainda menos ético. Hão-de dizer que sou um fanático na citação da condição coeteris paribus, mas arrisco-me a afirmar que ninguém achará de bom senso aproveitar as experimentações in vitro de fenómenos eminentemente sociais, e ficar-se por aí, sem que se analisem as alterações observadas no restante universo, sobretudo quando se agiu sobre ele. Ora, poderá alguém contradizer-me irrefutavelmente quando digo que houve mortes ocasionadas indirectamente pela confinação? Basta isto para não validar a “provocação” do cotejo entre “mortos”, tanto mais que a minha “contabilidade” nunca entra em linha de conta com grandezas de mensurabilidades que não as naturais do ofício. Mas o que não posso é esconder que a “cura” trouxe - e vai trazer - muitas mais vítimas. Não esqueçamos as suspensões de consultas e cirurgias, os tratamentos e novos diagnósticos, tudo adiado. E o aumento das tensões sociais, com as vítimas da violência doméstica e familiar, o empobrecimento generalizado dos mais pobres.
Na Europa, tudo vai “bem” com o confinamento. O Reino Unido até arrepiou caminho na estratégia inicial, coisa que, aliás, só merece os meus encómios, não obstante o seu destinatário principal ser esse sr. Boris. Quanto aos suecos, sem ignorar a diferença abissal que existe nas características do seu povo e da sua organização político-social, comparativamente aos outros países, eles continuam a dizer que as contas ainda não estão fechadas, e que o confinamento dá resultados a curto prazo, mas não é sustentável no tempo. A seu tempo, veremos. Tenho enorme curiosidade em observar os resultados obtidos nos testes sorológicos, quanto mais não seja para afastar de vez a ideia de que tanto esforço e prejuízo (não só económico…) talvez não tivesse sido necessário.
Como quer que seja, temos de aceitar as directrizes tomadas no combate à pandemia. Não há volta a dar. Até me disponibilizo para admitir que podem ter sido as mais adequadas. A questão é que ainda ninguém me provou incontestavelmente que é assim. E continuo a ver motivos de sobra para as questionar, com explicações que, francamente, deixam muito a desejar.
Estou perfeitamente conformado com a ideia de que nunca terei reconhecimento nesta questão. A dimensão das medidas que se tomaram nunca permitirão que alguém perca a face, e como nunca se poderá provar que esta ou aquela posição seria a mais correcta - o Mundo não é um laboratório, e não existe outro ao lado para podermos comparar - terei de me submeter ao “politicamente correcto”.
sexta-feira, 29 de maio de 2020
A árvore… e a floresta
De um estudo recente da autoria de investigadores da Escola Nacional de Saúde Pública, ficámos a saber que a prontidão com que as autoridades portuguesas actuaram face ao surto do coronavírus, a par da correcção do comportamento da população, beneficiaram o país, durante a primeira quinzena de Abril, com a “poupança” de 146 mortes pela doença associada. Sem desvalorizar a oportunidade e o rigor “milimétrico” do estudo, ficou-me uma dúvida, ocasionada pela omissão de possíveis consequências paralelas das medidas tomadas. Seria bom saber-se, por exemplo, se houve mortes, e quantas, por efeitos colaterais desencadeados pela abstenção de muitos que, por pavor, evitaram visitas a centros de saúde e hospitais, ou por terem sido eventualmente colocados em lista de espera porque não eram “urgentes” (a hierarquização das prioridades é um facto da vida quotidiana, incluindo a médica, e não só quando se escolhe o destinatário de um ventilador). Já sem pensar nos que morrem do desemprego e outras fragilidades sociais, actuais e no futuro, como consequência indirecta das medidas. Provavelmente, tal como se verifica na maioria das questões relacionadas, a resposta a esta dúvida girará em torno da trivialidade reinante do “ainda não se sabe, ainda não há dados suficientes, etc.”.
Se já nos sentimos reconfortados com a justeza das medidas tomadas, não poderemos ainda dispensar a sugestiva imagem que João Miguel Tavares nos deu na sua crónica de quinta-feira: “convém que a civilização humana não fuja para cima de uma árvore quando se desconhece o verdadeiro perigo daquilo que a persegue”.