terça-feira, 30 de novembro de 2021

 

A MANIFESTAÇÃO E O FUTURO


Superando, com certeza, muitas expectativas mesmo daqueles que a apoiaram, nestes dias sombrios em que a pandemia persiste gerando desalento e ainda mais dificuldades a quem já as tem e em que as injustiças aumentam, a poderosa manifestação da CGTP-IN do passado dia 20 em Lisboa, foi um grande sinal de esperança, um incentivo e um catalisador, à necessária contestação e luta por um futuro bem melhor para os trabalhadores no ativo, na reforma e para o povo em geral.

Quando a cabeça da manifestação chegou aos Restauradores, ainda a rotunda do Marquês de Pombal estava pejada de gente e a Avenida da Liberdade transformada num caudaloso e vibrante rio humano, com faixas, cartazes, bandeiras vermelhas e entoando palavras de ordem: “É justo e necessário o aumento do salário”, “Público é de todos, privado é só de alguns”, “35 horas para todos, sem demoras”, Precariedade não, estabilidade sim”, “A luta continua nas empresas e na rua”.

Dirigindo-se àquela imensa mole humana de muitos milhares de trabalhadores, a secretária-geral, Isabel Camarinha, reclamava: “O aumento geral dos salários, as 35 horas para todos, a erradicação da precariedade, a defesa da contratação coletiva, o reforço dos serviços públicos e das funções sociais do Estado”. E ainda: “É urgente valorizar o trabalho e exigir uma política que garanta um futuro melhor, num País desenvolvido, que dignifique quem trabalha e produz a riqueza”. Afirmando também que “A luta vai continuar nos locais de trabalho, empresas e serviços, tendo já expressão nas lutas marcadas, em torno de reivindicações concretas dos trabalhadores e pela exigência de um outro rumo para o País, de progresso e justiça social”.

Perante todos estes problemas que afetam os trabalhadores, perante as carências do Serviço Nacional de Saúde devido à falta de investimento em material e nas condições de quem lá trabalha, beneficiando assim, a medicina privada, perante a falta de professores que já se faz sentir e se agravará muito devido aos milhares que estão à beira da reforma e que entretanto já deveriam estar formados outros tantos para os substituir e não estão, e ainda perante outras anomalias da vida nacional, esta grandiosa manifestação organizada por quem tem propostas para as resolver é, como se disse, um sinal de esperança e um exemplo. Mais trabalhadores reforçarão as fileiras da luta por um país mais desenvolvido e justo

Estamos à beira de eleições, o reforço das forças políticas que apoiaram a manifestação e no geral as lutas dos trabalhadores, nomeadamente da CDU, será absolutamente determinante. Está provado, na prática, à saciedade, que não é o PS sozinho, com o PSD tenha o líder que tiver, ou com qualquer outra versão mais ou menos de direita, que se alterará este critico quadro.

Chega também de demagogia e de populismo da extrema direita. Esses, limitam-se a dizer o que os incautos gostam de ouvir. E, mentindo, propõem-se alterar o sistema. Mas, Pura e simplesmente, agravá-lo-iam.

Francisco Ramalho

Publicado hoje no jornal "O Setubalense"

Fuga ao fisco no futebol - é um caso de polícia...

 

  Centenas de milhões de euros estão envolvidos

em negócios ilícitos, onde dirigentes, empresários
e tantos agentes desportivos a nível nacional
de clubes têm como fim a fuga à Autoridade Tributária (vulgo - Fisco), cujo móbil do mais que alegado crime é o não pagamento, devido, de impostos! 
É por demais sabido, que larguíssimas somas de numerário que não entrem nos cofres do Estado, as respostas deste às inúmeras solicitações de âmbito social, agravadas com 
a situação pandémica, ficam por responder...
Estas malfeitorias não têm adjectivo que as possa qualificar!
A promiscuidade entre a, ainda alguma complacência política e o futebol há muito que está instalada. Até há relativamente pouco tempo, dava ideia ao comum cidadão, que os presidentes dos chamados três clubes grandes em Portugal - era gente intocável. 
Os nomes dos clubes envolvidos, sendo instituições, vêm o seu nome conspurcado na praça pública, inqualificavelmente!

Vítor Colaço Santos

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

A oportunidade perdida do Benfica


No triste episódio do jogo  entre o Belenenses e o Benfica, o que eu esperava do presidente do meu clube era que quando foi claro que efectivamente só havia nove jogadores da parte do adversário, era que ordenasse à equipa técnica, a retirada de dois jogadores.
Isso para mim representaria mais do que qualquer taça e engrandeceria o nome do clube. 
Quintino Silva

Quem tem medo de salários (mais) altos?

 

Não li o estudo “Os jovens em Portugal, hoje”, de Laura Sagnier e Alex Morell, patrocinado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, mas, pelo que o Expresso de 27/11 dele desvenda, 72% dos jovens portugueses, os tais com qualificações como nunca vistas em Portugal, não alcançam o patamar dos “mileuristas”, ficando-se por um salário abaixo dos 950 Euros. Basta observar o que se passa na vida em geral, sobretudo no que toca aos nossos filhos e netos em início de vida profissional, para não ficarmos de boca aberta com tal percentagem. Na Alemanha, discute-se e prevê-se o aumento de 25% do salário mínimo, enquanto o nosso Governo se “desfaz” todo para impor um arrojadíssimo incremento de 6%, alvo de uma estridente “berraria” por parte dos do costume. Sei que a Alemanha é um país rico, incomparável a Portugal, mas ambos pertencem à mesma União que, tendencialmente, deverá (quando?), em cumprimento dos seus anseios fundacionais, promover o nivelamento (por cima, não por baixo!) do nível de vida dos seus cidadãos.

Se há empresas para as quais estes aumentos poderão acarretar alguns riscos de funcionamento, pois que se utilizem verbas da “bazuka”, no apoio mais do que justificado a essas unidades empresariais, contra o compromisso de se prepararem para tempos em que a sua subsistência não se consiga apenas por pagar “poucochinho” aos colaboradores. Não esqueçam ainda os que se indignam com estas “estratosféricas” subidas de salários que, atendendo a quem directamente vão beneficiar, os aumentos serão imediatamente injectados, como se vacinas fossem, na economia real do país, promovendo o seu crescimento. Ou pensam que eles vão engordar uns offshores quaisquer? 


quarta-feira, 24 de novembro de 2021

25 de Novembro de 1975: data da fundação do regime

 

 Fala-se cada vez menos do 25 de Novembro de 1975 e no entanto é essa a única e verdadeira data da fundação do regime actual. Se quem nos governa fosse capaz de dar a cara - festejaria, em vez do 25 de Abril, o golpe militar de Novembro e reconheceria que nesse dia, não saiu o povo à rua, mas reinou o silêncio do estado de sítio. Fascistas e magnates rejubilaram, os militares fiéis ao povo foram enclausurados e os pobres entenderam que chegara ao fim o seu tempo de liberdade. Contra-revolução, essa é a marca deste regime, por mais que pretendam esconder as suas origens e adornar-se com as flores de Abril, porque a verdade vai emergindo da teia das invenções em que tentam afogá-la. Quando, a partir do 25 de Novembro, se quis «repor a normalidade democrática» e «acabar com a bagunça», o que se visava não era criar uma situação de tranquilidade e equilíbrio benéfica para todos, mas arrancar aos trabalhadores tudo o que tinham obtido nesses dezanove meses: Reforma Agrária, controlo operário, plenários, comissões e assembleias, acesso à comunicação social - tudo foi suprimido, porque assim o exigiu os interesses do capital! Em seu lugar reinam as verdadeiras bandeiras desta democracia - abismo entre pobres e ricos, corrupção, leis do trabalho pró patronais, precariedade, capitalismo de casino. Depressão para os mais débeis. E a coroar o desalento da imensa massa humana, as promessas dum futuro radioso servidas por demagogos profissionais. 

Dizer que o 25 de Novembro é a reposição do 25 de Abril é uma monstruosa mentira  condimentada com uma vergonhosa desonestidade política e intelectual.

Viva o 25 de Abril e os dezanove meses que se lhes seguiram!

Vítor Colaço Santos 

terça-feira, 23 de novembro de 2021

O Chega e André Ventura dizem tudo e o seu contrário

 

  O proto-fascista, André Ventura também é

trampolineiro, porque diz tudo, e em poucas horas, o seu contrário! A propósito de não apoiar a caranguejola governamental açoriana,
retirou, em nome do Chega, o crucial voto 
para aprovação do orçamento insular. Como o
seu deputado açoriano recusou, já veio dizer que, 
afinal, o cenário não está fechado(!).
Ventura, em termos de credibilidade 
aproxima-se de zero!
A visibilidade deste partido e do seu líder,
ao nível da imprensa e da televisão,
para quem teve um resultado eleitoral residual de
1,30% correspondente a 67 500 votos, é 
manifestamente um flagrante exagero. Grosseiro até.
A democracia quando dá respaldo aos
seus detractores e (encapotados) inimigos... quem o inimigo poupa, às suas mãos morre. 
Diz-nos a História que não mente!

Vítor Colaço Santos

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

 

ELOGIO AO ELOGIO DA LOUCURA


Fui finalmente ontem ver “Elogio da Loucura” De Maria do Céu Guerra e Hélder Costa na Barraca. Ia apanhando uma valente molha do Cais do Sodré a Santos, mas valeu bem a pena. Não sei quando termina e, de propósito, não me vou informar para vos dizer, para vos espicaçar. Informem-se, porque se trata de algo absolutamente imperdível. Uma autêntica lição de história e de cultura.

Refere grandes vultos do Renascimento: Erasmo de Roterdão, Thomas More, Lutero, Maquiavel, Lucrécia Bórgia, Camões, Damião de Góis, Gil Vicente. Os crimes da Inquisição, a hipocrisia das indulgências, déspotas e tiranos, que travaram a cultura, a evolução positiva, o humanismo.

Erasmo de Roterdão- Teólogo e humanista holandês, autor de “O Elogio da Loucura”, que a Inquisição considerou uma das mais perigosas heresias. Influenciou os nossos, Damião de Góis, Gil Vicente e Camões.

Thomas More- Um dos grandes humanistas do Renascimento, autor de outra obra marcante; “Utopia”, decapitado por ordem de Henrique VIII de Inglaterra fundador da Igreja Anglicana.

D. João III de Portugal- Instaurador da Inquisição em Portugal em 1536

Damião de Góis- Um dos nossos mais brilhantes intelectuais do séc. XVI, cronista, músico, um dos principais responsáveis pela criação da Torre do Tombo, reitor da Universidade de Lovaina. Perseguido e assassinado pela Inquisição.

Lutero- Principal figura da Reforma protestante. Excomungado pela Igreja Romana.

Luís Vaz de Camões- Palavras para quê? Para nosso grande orgulho, um sábio, um humanista, um visionário, um enorme poeta, um Príncipe do Renascimento.

Para além do Elogio Da Loucura, a peça termina com outro grande elogio. Ao Papa Francisco.

Se calhar, já vos contei de mais! Mas não percam, que a minha apreciação, é apenas um pequeno aperitivo.

Francisco Ramalho




domingo, 21 de novembro de 2021

Mais lhes valia o silêncio


É uma benesse termos o direito de ler Pacheco Pereira (P.P.), um historiador com memória. Reporto-me à sua crónica “Lembrar e lembrar e lembrar, contra a memória de passarinho”, no PÚBLICO de sábado (13/11), em que nos recorda algumas posições do passado que já muitos esqueceram.

Claro que os tempos mudam, e o PSD, que, hoje, nada tem a ver com o PPD do princípio da nossa democracia, acabou por se ir modificando, ao longo deste período, num exercício de transfiguração a que tem todo o direito.

Já o direito de qualquer “cão e gato”, dentro do partido, que, a propósito ou a despropósito, “enche a boca” com citações de Sá Carneiro, me parece mais duvidoso, como P.P. demonstra à saciedade. 

Haja maneiras, senhores! 


Público - 14.11.2021


sábado, 20 de novembro de 2021

Vacinas: onde pára a imunidade de grupo?

 

  Será que a almirante famosa e bajuladora campanha de vacinação foi ineficaz?

Primeiro era urgente descobrir uma vacina que seria a nossa salvação. Com os biliões de euros que os Estados da União Europeia deram às indústrias farmacêuticas, estas criaram vacinas, que depois as venderam a esses mesmos Estados(!), em tempo recorde... 
Foram inoculadas as primeiras doses sem os amplos e prolongados testes que as novas vacinas mereciam e exigiam. A testagem foi feita nos vacinados?! Houve efeitos secundários de vária ordem, muitos deles gravíssimos... conhecemo-los particularmente e não pela imprensa, rádio ou televisão. 
Após a primeira dose, segundo os entendidos haveria que dar lugar à 2ª toma. Grande parte dos portugueses foram vacinados pela segunda vez, com a promessa de criarmos imunidade de grupo... Agora já vamos na 3ª dose e as vacinas serão para inocular de 6 em 6 meses e, há especialistas que afirmam que este processo é para continuar...
Com cerca de 87% dos portugueses já vacinados e uns milhares com mais uma terceira inoculação, onde pára a tão apregoada imunidade de grupo?
Disseram-nos que a vacina era voluntária, jamais obrigatória, mas há discriminação para quem tem mais confiança em não ser inoculado. Mais, por cá, constitucionalista reiteram peremptoriamente que ninguém pode ser discriminado por não ter sido vacinado. Mas a segregação avança pela Europa e quando chegar a Portugal far-se-á tábua rasa? 
Entendidos dizem que ainda estamos em pandemia, outros afirmam que já estamos em endemia. Em que ficamos? 
Pelo exposto, sentimo-nos enganados!
E as indústrias farmacêuticas lá vão cantando e rindo...

Vítor Colaço Santos 

 

A TROPA MERECE MUITO RESPEITINHO…


Esta estória do alegado envolvimento de militares lusos com diamantes, droga e lavagem de dinheiro ao serviço da ONU na Republica Centro Africana, está a deixar ficar muito mal na fotografia três dos seus principais protagonistas: o Ministro da Defesa Nacional, o Presidente da Republica e o Primeiro-Ministro.

O primeiro, diz que quando teve conhecimento do caso, não imaginou que tivesse ou podesse vir a ter, a dimensão que, pelos vistos, teve. De maneira que, não lhe atribuiu grande importância. Depois,como a coisa “engordou”, não a comunicou ao seu responsável hierárquico, o PM, nem ao chefe supremo das Forças Armadas e do Estado, o PR, mas apenas à ONU.

Este, no mínimo, estranho comportamento do ministro, foi justificado por Marcelo ao afirmar que tal decisão de Gomes Cravinho se fundamentava em pareceres jurídicos uma vez que os alegados militares em causa, integravam uma força ao serviço da ONU. Agora, que não! Afinal os pareceres foram apenas do MDN, e que ele, Marcelo, é que entendeu mal, assumindo mesmo a responsabilidade e desculpando o titular da pasta da tropa.

O outro protagonista do imbróglio, o superior do ministro, dos ministros, e principal responsável pelo Governo, não tem sido visto nem achado.

Resta saber se, como soe dizer-se, os responsáveis no terreno, os chefes, nomeadamente o comandante da força expedicionária, estava a par do comportamento irregular,para não dizer criminoso, uma vez que não está ainda, longe disso, tudo clarificado, e agiu em conformidade, ou se andava a dormir na formatura…

Nossa conclusão: primeiro, parece que a denominação de “Operação Miríade”, vem mesmo a propósito, quantidade indefinida. Mas, talvez, se se trata-se apenas de praças ou até sargentos, se calhar não seria assim tão indefinida e os principais responsáveis e protagonistas, não teriam tão errático comportamento. E depois, a tropa merece muito respeitinho…

Francisco Ramalho



terça-feira, 16 de novembro de 2021

Capitalismo verde? Não!

 

 No momento crítico climatérico que atravessamos, ninguém pode dizer que não sabia, não sentiu ou não ouviu\viu, os efeitos devastadores provocados pelas alterações galopantes das mudanças climáticas. O Homem é o predador do Homem e do planeta Terra. 

Portugal, apesar de ter um clima prazeroso tem mais de mil quilómetros de sensível orla costeira...   
Fenómenos extremos têm provocado exponenciados dramatismos, com destruições de bens e mortes. 
Negar climatólogos e a ciência é estupidez crassa e no limite - crime! 
Sabemos que, desde a COP1 até à actual COP26, a emissão de dióxido de carbono, a partir dos combustíveis fósseis e cimento, passou de 922 milhões de toneladas em 1995 para 1,7 biliões em 2020. 
Conter o aquecimento global em 1,5ºC é já uma miragem. O efeito estufa está aí e no planeta, caso não haja uma mitigação ambiental profunda e acelerada, haverá devastação, subida do nível dos mares, desertificação e fenómeno climáticos catastróficos, que já se fazem sentir com assiduidade chocante. 
Serão disponibilizados 100 milhões de dólares para os países pobres fazerem a dita transição energética e não sendo dádiva, mas sim dívida!, deixarão estes Estados à mercê das potências capitalistas mundiais... 
Pouco mais houve do que declarações de intenção na Cimeira do Clima e os presidentes da China e da Rússia não estiveram presentes(!). Portugal não esteve representado pelo chefe do governo e devia.
Vi o filme (a ver), no cinema Ideal, 'I am Greta' e fiquei comovido de alegria em verificar que, Greta Thunberg, uma força da natureza, foi capaz de ser o polo principal e aglutinador para a mobilização de milhões de pessoas em todo o mundo, sobretudo jovens, para lutarem contra as alterações climáticas. Estes são os principais prejudicados pela acelerada degradação ambiental. Greta, está comprometida seriamente com a ética e com o futuro do planeta Terra. Exemplarmente. Para ela Vida Longa e um enorme Bem-haja! 

Vítor Colaço Santos 
 

domingo, 14 de novembro de 2021

O Algarve me apresentou ao Fado

 

Registrar este texto sobre a música internacional é abrir o sentimento pelo fado e recordar, com as palavras mais certas, as experiências vividas durante o outono/inverno no Algarve, destino turístico internacional que também consideramos porta-voz dos poetas fadistas e nos traz as lembranças do primeiro contato com uma apresentação da música lusitana na cidade de Faro, dia que fui apresentado ao fado, durante jantar num restaurante localizado na Rua Infante Dom Henrique.

A utilização do silêncio, no sentido de facultar ao intérprete um ambiente dramático me trouxe de uma forma singular sentimentos e emoções de estar naquele lugar. Nesse cenário foi possível ouvir a alma serena da guitarra portuguesa e sentir-se um turista cercado de magia e não somente um estrangeiro que estava a desenvolver um estágio de doutoramento na Universidade do Algarve. Assim, posso afirmar que há um admirador do fado antes e depois dessa viagem de estudo, antes e depois de um tempo em terras algarvias.

Ao ouvir o fado no sul de Portugal, foi possível compreender porque a voz de Amália Rodrigues é capaz de promover as belezas turísticas, cênicas e humanas do país, de aguçar o desejo em conhecer as terras lusitanas cantadas nos versos. Uma música que traz em si um itinerário pela poesia portuguesa, uma marca cultural e relevante componente turística que contribui para a promoção do país no estrangeiro. Evidentemente, falar das vozes fadistas é um modo de reconhecer a sua importância para a atividade turística contemporânea em diferentes destinos de Portugal.

Experienciar a vida e o fado entre o Atlântico e o Guadiana, entre a Ria e as Serras exigiu que eu percorresse outros destinos, livros e obras musicais, colocando-me em contato com diferentes cidades, pessoas, situações e emoções, que me fez sentir a riqueza sonora de um povo e seus infindáveis conhecimentos artísticos.  

Depois das sensações vividas no Algarve, fui descobrindo aos poucos os outros lugares e paisagens do fado em Portugal, visitei Coimbra, momento que tive a oportunidade de assistir um concerto da artista Carminho às margens do Rio Mondego, onde a música parece ter uma comoção incontestável. E assim, nesse tempo viajante, entre partidas e chegadas, também caminhei pelas ruas de Alfama e conheci o Museu do Fado em Lisboa, ambiente sagrado desse gênero musical.

Por fim, não é, porém, inédito afirmar que hoje essa canção e sua poesia mora dentro de mim, assim como o Algarve e todo o Portugal.


Publicado: Jornal mundo Lusíada (https://www.mundolusiada.com.br/)

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Quando o chefe é o último a saber


Paulo Rangel quer explicações do ministro da defesa, por o comandante supremo das forças armadas não estar informado da investigação ao tráfico de diamantes.
Se o dr. tivesse sido tropa como eu saberia o seguinte:
As forças armadas são uma estrutura hierarquizada, e como tal o major que detetou o caso deu conhecimento ao seu comandante, (honremos este Homem) que por sua vez informou o chefe do estado maior general das forças armadas, -, CEMGFA- até aqui tudo bem.
Apartir daqui é que começa o problema, se houvesse respeito pela hierarquia o CEMGFA informava primeiro o seu superior imediato, que é  Marcelo e só depois de uma conversa entre os dois o governo seria informado.
Já no caso de Tancos, por não ter sido respeitada a hierarquia, um ministro foi chamuscado.
As perguntas que Rangel deve fazer é a seguinte:
Porque é que o CEMGFA não informa o seu superior imediato, de casos desta relevância?

Quintino Silva

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

FALTA NA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS UM ILUSTRE ESCRITOR E GRANDE CULTOR DA LÍNGUA PORTUGUESA

 

VIVALDO JORGE DE ARAÚJO

GOIÂNIA, GOIÁS, BRASIL EM 11/11/2021

       Gilberto Mendonça Teles, natural de Bela Vista de Goiás, radicado no Rio de Janeiro, há mais de meio século, sem nunca esquecer suas origens, já nonagenário em plena lucidez com uma produção literária jamais vista, uma das mais expressivas figuras da literatura nacional com projeção internacional.

        Graduado em Curso de Línguas Neolatinas pela antiga Universidade Católica de Goiás e bacharel em Direito pela Universidade Federal de Goiás, de cujas fundações participou intensamente, tornou-se brilhante professor de Língua Portuguesa e de Literatura Luso-brasileira em diversos educandários do antigo Ensino Médio de Goiânia, da Faculdade de Letras da PUC e da UFG, e, posteriormente, da PUC do Rio de Janeiro.

É autor de 19 livros de poesias e de 03 volumosos outros reunindo poemas selecionados constantes de publicações anteriores. Como ensaísta e crítico literário, além de um grande número de trabalhos em colaboração, produziu cerca de 20 obras, entre as quais “Camões e a Poesia Brasileira” e o “Mito Camoniano na Língua Portuguesa”, Porto (Portugal) – 2012, Universidade Fernando Pessoa. Doutor em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; titular de Cursos de Especialização em Língua Portuguesa (1965) pela Universidade de Coimbra-Portugal; Prof. Emérito-Titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e da Universidade Federal de Goiás; Prof. da Pontifícia Universidade Católica de Goiás; Prof. Honoris Causa da Universidade Federal do Estado do Ceará e  Prof. de Literatura Brasileira do Instituto de Cultura Uruguaio-Brasileiro, de Montevidéu. Foi diretor do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás, fechado pela ditadura do regime militar. É Professor Catedrático Visitante da Universidade de Lisboa, Portugal e da Universidade de Salamanca, Espanha.

É membro da Academia Goiana de Letras; da Academia Carioca de Letras; da Academia Brasileira de Filologia, da Academia Brasileira de Filosofia; da Academia Luso-Brasileira de Letras; Sócio Correspondente/Efetivo da Academia de Ciências de Lisboa e possuidor de Comenda da Ordem do Infante Dom Henrique, outorgada pelo governo português em 1987.

Em agosto do corrente ano, veio a lume mais um livro: “Soneto do Azul sem Tempo”, uma bela coletânea de poemas, em cuja dedicação eu e meu irmão Orivaldo Jorge de Araújo tivemos a honra de ser mencionados, o que nos causou grande satisfação por termos sido seus alunos.

    A magistral casa de Machado de Assis ficaria engrandecida, ao tê-lo, com todos os méritos, como um de seus ilustres membros, inclusive já foi premiado com distinção, em duas oportunidades, por esta Academia, em face de ótimos trabalhos sobre Olavo Bilac e Machado de Assis.