sábado, 29 de fevereiro de 2020


“As palavras”...


“Falsificado até aos ossos e mistificado, escrevi alegremente sobre a nossa infeliz condição. Dogmático, duvidava de tudo, excepto de ser o eleito da dúvida; restabelecia com uma das mãos o que destruía com a outra e tomava a inquietação como a garantia da minha segurança; era feliz. Mudei.
                                                              (...)
Voltei a ser o viajante sem bilhete que era aos sete anos: o condutor entrou no compartimento e fita-me, menos severo que outrora: na realidade, só deseja ir-se embora, deixar-me concluír a viagem em paz; basta que eu lhe dê uma desculpa válida, não importa qual, e ele aceitá-la-á. Infelizmente não acho nenhuma e nem tenho, aliás, vontade de a procurar.

Desinvestí-me, mas não abjurei das ordens: continuo a escrever. Que outra coisa fazer? É o meu hábito e é, também, o meu ofício. Durante muito tempo tomei a pena por uma espada; agora, conheço a nossa impotência. Não importa: faço e farei livros; são necessários; sempre servem, apesar de tudo. A cultura não salva nada nem ninguém, não justifica. Mas é um produto do homem.

Quanto ao mais, o velho edifício ruinoso, a minha impostura, é também o meu carácter: livramo-nos de uma neurose mas não nos curamos de nós. Gastos, obliterados, humilhados, encantoados, passados em silêncio, todos os traços da criança permanecem no quinquagenário. A maior parte do tempo abatem-se na sombra, espreitam: no primeiro instante, de inadvertência, levantam a cabeça e penetram, disfarçados, no dia claro: pretendo sinceramente escrever apenas para o meu tempo, mas irrita-me a minha notoriedade presente; não é a glória, pois estou vivo, e só isso basta para desmentir os meus velhos sonhos; tendo perdido as minhas probabilidades de morrer desconhecido, gabo-me às vezes de viver mal conhecido.
                                                                     (...)
O que eu amo na minha loucura é o facto de me ter protegido, desde o primeiro dia, contra as seduções da élite; nunca me julguei feliz proprietário de um “talento”; a minha única preocupação era salvar-me – nada nas mãos, nada nos bolsos – pelo trabalho e pela fé. Desta feita, a minha pura opção não me elevava acima de ninguém: sem equipamento, sem ferramentas, dei-me inteiro à acção para inteiro me salvar.  Se arrumo a impossível salvação para o quarto das velharias, o que me resta? Apenas um homem que os vale a todos e a quem, por sua vez, valem quaisquer outros”.


Nota – transcrito do livro anexo por
Amândio G. Martins

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Hoje dei comigo a pensar....

.... que andamos todos nós preocupados com as alterações climáticas avisadas para "amanhã", sem ligarmos nada e, de repente.... aparece o coronavírus, "saído do nada" e obriga à paragem do movimento de pessoas e materiais, que é como quem diz, da Economia, ou, consequentemente,, da emissão de poluentes variados...
Será que "Deus" teve um "rebate de consciência" e quer corrigir o erro de "nos ter largado por aí" e não vai mais deixar-nos ao sabor da nosso "discernimento" de "pequenos deuses" cheios de soberba?...
Estarei maluco ou.... tornei-me "crente" num ente que julgava distraído ou mesmo mal intencionado?... Provavelmente deve ser somente o medo, que aqui é mais... esperança no "já que não vai a bem, vai a mal"...

Fernando Cardoso Rodrigues

Quando o inacreditável é verdade...


Lendo o título da notícia do JN: “Directora de lar condenada por forçar crianças a comer o próprio vómito”, a gente é levada a pensar que se fez justiça; só que, continuando a leitura, fica-se a saber que a dita cuja, se calhar por ser “uma pessoa com formação superior e formação específica de assistente social, e também catequista(!), só levou com três anos e meio...mas  de pena suspensa.

De notar que esta – não encontro um nome suficientemente adequado para lhe dar -  andou oito anos a maltratar crianças já de si muito fragilizadas, em regime de acolhimento, talvez porque, para gente assim, estas crianças têm menos direitos que aquelas a quem nada falta, pondo-lhes na cabeça pó de matar formigas para despiolhá-las, e quando não queriam comer – imagino que qualidade de comida - tapava-lhes o nariz, empurrava-lhes a cabeça para trás, metia-lhes a comida à força pela boca e, se vomitavam, obrigava-as a comer o vómito!

Os actos praticados e provados foram classificados pelo tribunal de Matosinhos de “Práticas totalmente desadequadas, em que a ré agiu com a intenção de molestar a saúde física e psíquica , bem como a autoestima, de crianças muito jovens e em situação de especial vulnerabilidade, que estavam ao seu cuidado,  completamente indefesas e incapazes de se queixar”.

 Todavia, depois de concluírem assim, dão como atenuante o que deveria ser agravante, que é a formação superior,  o facto de também ser catequista, e estar agora a trabalhar num hostel, quando uma pessoa assim, a meu ver, deveria ser colocada numa pecuária, não a cuidar dos porcos, coitados, mas exclusivamente a limpar-lhes a pocilga!...


Amândio G. Martins



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020


Como minas de ouro...


Um daqueles empresários viciados em jogo sujo nos negócios que,  para conseguirem o que querem, não olham a meios, tentou corromper um vereador da Câmara de Lisboa para permuta de um terreno de grande valor por outro ainda mais valioso; e para  abordar o delicado assunto pediu uma reunião com um advogado irmão do vereador que, desconfiando das intensões do figurão, foi preparado para gravar a conversa.

É sabido que grande parte dos homens de negócios vêem no Estado uma mina de ouro, a ponto de, no caso em apreço, ocorrido há já quinze anos e nos tribunais até ao presente, o sujeito ter oferecido duzentos mil euros ao vereador para que lhe “facilitasse” a transacção, só que a coisa não correu como previu, porque o irmão do vereador gravou mesmo a conversa e fê-la chegar às autoridades.

Mas o que se seguiu é um daqueles tristes casos da nossa Justiça, que acabou por ilibar o traste e condenar o denunciante por ter recorrido a um meio não permitido para desmascarar a tramóia; e o que é revelador de muita coisa preocupante é ter sido condenado em segunda instância com “ajuda” de um juíz que até já foi expulso da magistratura por corrupção!...


Amândio G. Martins

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

NÃO NOS DEIXEMOS COMPRAR!

Em nome do Ser Humano. Em nome dos animais e das plantas. Em nome da Terra e da Criação. Não nos deixemos enganar mais. Não nos deixemos mais comprar pelo Dinheiro, pelo estatuto, pelo Poder. Sejamos seres livres, poetas. Usemos a nossa arte, a nossa inteligência, todas as nossas capacidades em prol do bem, do amor, da liberdade. Salvemos o mundo destes filhos da puta!

Página 9....

.... do PÚBLICO de hoje ( 26/2), a não perder! Dois artigos actuais e, sobretudo, percucientes. Um - "Sobre decência e vergonha" - assinado por Manuel Soares ( Presidente da Direcção da Associação Sindical dos Juízes Portugueses) e outro - "A desocidentalizaçãp do Ocidente" - assinado por Nuno Severiano Teixeira ( Professor Catedrático da Universidade Nova de Lisboa. Do segundo registo "somente" a análise lúcida, sucinta mas bem escrita, de como o, ainda, mais poderoso país do mundo, os EUA, e a zona mais mais desenvolvida do planeta, a Europa, por razões diversas, estão a deixar-se minar por uma "Eurásia" que, com métodos disruptivos, por fora e por dentro e numa mescla de "ideologia não ideológica", valendo-se de tudo, vão tentando conseguir os seus intentos. O segundo que, confesso, foi para mim uma boa surpresa, diz "com todas as letras" ( "...não há outra maneira de o dizer: rua com essas pessoas!" (sic) ), que o Conselho Superior de Magistratura (CSM) tem que actuar, JÁ, uma investigação sobre se o sorteio de juízes para os processos está ou não viciado, como vem sido anunciado na imprensa. Diz ele, e muito bem,que " a confiança dos cidadãos é a enxada de trabalho dos juízes" (sic) e sem ela, o Estado de Direito democrático está em perigo. E é mesmo VERDADE! E, se calhar, um artigo tem mais a ver com o outro do que poderá parecer à primeira vista....

Fernando Cardoso Rodrigues

Paco de Lucía Concierto Aranjuez - Adagio


“Picharam-lhe” a fachada...


O descarado do cavaleiro tauromáquico há dias desmascarado como maltratador de animais, com provas apresentadas publicamente, continua a negar que alguma vez tenha maltratado fosse que animal fosse, e tenta iludir a gente com conversa enviesada, tentando fazer crer que são os inimigos da tauromaquia que lhe querem sujar a imagem, com desculpas como:

 “A tauromaquia  não etá a viver um momento fácil. “É curioso – diz ele – que tenham aberto alguns telejornais com a notícia de que eu tinha sido detido. Se tivesse ganho um importante troféu em Espanha, como ganhei tantos, ninguém diria nada”.

Realmente, é preciso um grande descaramento para continuar a negar a evidência, dizendo que quem o conhece sabe quanto gosta de animais; só falta mesmo que diga não serem seus os 18 galgos esfomeados e doentes que lhe foram “confiscados” e estão agora à guarda de uma organização protectora, que tenta recuperar as fêmeas e eventuais crias que ainda estarão na propriedade do dito cujo...


Amândio G. Martins

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Pêsames

Faleceu a Srª. D. Laura Ferreira, esposa do antigo primeiro ministro de Portugal, Passos Coelho. Senhora discreta e de postura digna, apresento os meus pêsames à família. Aproveito para dizer que, "navegando" eu em "águas" políticas bem diferentes das do agora viúvo, não posso deixar de elogiar a atitude nobre que ele sempre teve em relação à doença da esposa, sem queixas espúrias, o que me fez apreciar esse lado humano da sua personalidade. O que não é pouco.

Fernando Cardoso Rodrigues


Um passo atrás... um passo à frente

Não é engano, não, o número de passos somente foi "adaptado" a partir do velho aforismo leninista. Desta vez foi o Papa Francisco que, dias depois de negar o casamento  a padres - ou, "melhor", o sacerdócio a casados - abriu as portas do arquivo ao período do papado de Pio XII. Este, de seu nome Eugenio Pacelli, foi eleito Papa em 1939 - ano do começo da II guerra mundial - e foi-o até à morte em 1958. As especulações sobre a sua colaboração, mais passiva, com o nazismo e a tentativa de exterminação dos judeus, perseguem-no desde sempre. Daí a boa notícia da investigação livre ao "trabalho" de Pio XII. Temem-se "demónios"? A ver vamos e, como dizia Alexandre O´Neil, que se "roa até ao osso" e, se "osso for"...
E fica claro que Francisco também é "osso duro de roer". Os padres não casam, mas a verdade tem que ser procurada. Pode "desestabilizar" o mundo mas... este não o está já neste momento? E quem não deve, não teme, não é?

Fernando Cardoso Rodrigues


Exibicionismos grotescos...


Passa nas televisões espanholas uma publicidade divertida a uma marca de carros sonante, onde um “José Lopez” qualquer aparece no stand com um carrito vulgar e, à saída, conduzindo um carrão, já exibe o nome de “D. José Lopez dos Santos Montijo de la Concepción Ferrera”.  Assim também ”Félix Ventura”, o vendedor de passados do livro de Agualusa, se dedica a inventar passados ilustres para as figuras “pimba” que constituem as elites angolanas, que pagam o que for preciso para ter um nome que faça figura! Transcrevo abaixo um pequeno trecho:

 
“O ministro suspendeu a respiração, ansioso, enquanto o meu amigo lhe declamava a genealogia: “Este é o seu avô paterno, Alexandre Torres dos Santos Correia de Sá e Benevides, descendente em linha directa de Salvador Correia de Sá e Benevides, ilustre carioca que em 1648 libertou Luanda do domínio holandês...”

“Salvador Correia, o gajo que deu o nome ao liceu?”
“Esse mesmo”.  “Julguei que era um tuga.  Algum político lá da metrópole, ou um colono qualquer, porque mudaram então o nome do liceu para Mutu Ya Kevela?”
“Porque queriam um herói angolano, suponho, naquela época precisávamos de heróis como de pão para a boca. Se quiser ainda lhe posso arranjar outro avô. Consigo documentos provando que você descende do próprio Mutu Ya Kevela, de N´Gola Kiluange, até mesmo da rainha Ginga. Prefere?”

“Não, não, fico com o brasileiro. O gajo era rico?” 
“Muito rico. Era primo de Estácio de Sá, fundador do Rio de Janeiro, que teve um triste destino, coitado, os índios tamoios acertaram-lhe com uma flecha envenenada em pleno rosto. Mas, enfim, o que lhe interessa saber é que durante os anos em que permaneceu aqui, governando esta nossa cidade, Salvador Correia conheceu uma senhora angolense, Estefânia, filha de um dos mais prósperos escravocratas daquela época, Filipe Pereira Torres dos Santos, apaixonou-se por ela, e desse amor... um amor ilícito, desde já esclareço, pois o governador era um homem casado..., desse amor nasceram três rapazes. Tenho aqui a árvore genealógica, veja, é um objecto de arte.

O ministro estava assombrado: “Maravilha!”  Estava indignado:  “Porra! Quem teve a estúpida ideia de mudar o nome do liceu?!  Um homem que expulsou os colonialistas holandeses, um combatente internacionalista de um país irmão, um afro-ascendente, que deu origem a uma das mais importantes famílias deste país, a minha. Quero que o liceu volte a chamar-se Salvador Correia  e lutarei por isso com todas as minhas forças.Vou mandar fazer uma estátua do meu avô para colocar à entrada do edifício. Uma estátua bem grande, em bronze, sobre um bloco de mármore branco. Salvador Correia, a cavalo, com uma espada maior que a do Afonso Henriques”.


Nota - Transcrito do livro anexo por
Amândio G. Martins

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Buena Vista Social Club

Guardo "religiosamente" o DVD com o filme-documentário com o título acima. E, já antes de o comprar, o tinha visto numa sala de cinema, com um enorme enlevo. Toda a história de (re)construção do grupo musical, pelo trabalho maravilhoso de Ry Cooder, é de " ir às lágrimas" de ternura e qualidade musical! Compay Segundo, Ibraim Ferrer, Eliades Ochoa, Rubem Gonzalez, Omara Portuondo e outros mais novos, tudo "carcaças velhas" cheias de alegria e companheirismo! Foi lindo de ver o penúltimo, para aí com "cem anos", a sair pelo piano fora, imitando tocar, no Madison Square Garden!!
Ao Compay Segundo ainda o ouvi ( duas vezes?)  ao vivo, nos jardins do Palácio de Cristal  e com ele dancei entusiasmado! À Omara Portuondo também a vi no Coliseu do Porto ( o que eu "rezei" para que ela, vestida de branco, não se desconjuntasse toda...) e... voltei a dançar, nos corredores entre filas, apesar da minha mulher me dizer que eu estava com uma "infância serôdia"!
Escrevo isto no momento em que sei que o Eliades Ochoa, a solo, vem fazer um concerto único,em Lisboa. E... já não tenho "pedalada" para o ir ouvir! E assim relembro todos os outros citados e que já desapareceram desta vida. Homenageio-os pela beleza que me trouxeram e me fez vibrar por dentro, numa estética musical cubana que só a ternura ultrapassava!

Fernando Cardoso Rodrigues

Realidade da política brasileira


Para início de conversa nunca fui adepto de Lula da Silva, de seus seguidores ou de quem por ele indicado, votei no atual presidente por falta de opção no segundo turno. Por ter sido seu eleitor, sinto-me no direito de enaltecê-lo naquilo que eu acho certo e criticá-lo quando ao contrário. Embora o senso comum seja naquela tônica dos fanáticos: “aos amigos tudo certo, aos adversários tudo errado”, sem antever que em matéria de política não existe ninguém santo, todos têm seus deslizes em maior ou menor intensidade.
Julgo que o nosso atual presidente teve o azar de ver seu filho envolvido em práticas que, embora corriqueiras no Brasil, o obrigam a governar para tentar isentar o seu primogênito, mesmo às vezes até ferindo os seus próprios princípios éticos.
A imprensa tem cumprido o seu papel de informar, não existe na face da terra algum governo que a queira bem, esquecendo eles de que os problemas estão nos fatos e não nas pessoas envolvidas; exemplo notório é o da rede globo, no governo petista era a eterna vilã e heroína para os opositores e hoje diametralmente ao contrário.
Concluindo, diante desta realidade, muito me lembro de uma passagem do livro do genial e saudoso escritor Jorge Amado no livro, “Gabriela Cravo e Canela”, onde um promissor candidato (Dr. Mundinho), após derrotar os chamados “coronéis”, teve adesão destes, antes inimigos e, no novo governo, aderiu ao coronelismo, tornando-se um deles. O ingênuo personagem Nacif, indignado com esta situação, teria dito a um fanático interlocutor apoiante de Mundinho: Mas não está tudo igual ao que era? Este então lhe respondeu, Sr. Nacif, é igual..., mas é diferente!!!



Irresponsáveis “biscateiros”!...


Sabe-se que, num tempo em que tudo anda a prazo e é descartável, há muita gente a desempenhar funções para as quais não tem vocação nem apetência para aprender o necessário indispensável; estão ali porque foi o que apareceu, e daquele trabalho não esperam realização alguma , apenas o parco ordenado ao fim do mês.

Dizem as notícias que uma menina de dois anos ficou o dia todo no veículo de transporte da creche, oito horas presa na cadeira de viagem, sem comida nem bebida, simplesmente porque quem era responsável pelo acompanhamento e segurança das crianças  na viagem – é suposto, nestes casos, ser uma educadora  - se esqueceu dela.

E no infantário, da responsabilidade de um Centro Paroquial, também não deram pela sua falta! Mas o que é difícil de “engolir” é que tendo as crianças de ser desapertadas dos bancos uma a uma, lhes tenha escapado aquela, como se de um simples saco da viagem se tratasse. Diz a mãe, na descrição feita pelo JN, que a menina lhe disse que pensou que a tinham deixado de castigo – se calhar também há castigos, naquela creche -  e que agora acorda de noite com pesadelos...


Amândio G. Martins




domingo, 23 de fevereiro de 2020

Desde Edmund Burke até Marega passando por Luter King


Sempre que os energúmenos acoitados nas claque de futebol fazem das suas,lá vem a conversa do costume: estes indivíduos não representam o clube nem a sociedade.
Porém os presidentes dos clubes sabem  quem são e servem-se deles para atemorizar árbitros e adversários.
No século XVIII Edmund Burk dizia « para que o mal vença basta que os bons fiquem de braços cruzados».
Pois é, ao lado desses energúmenos estão sentados os bons.
Depois no século XX Luter King dizia « o que me incomoda não é grito dos corruptos e dos arruaceiros mas o silêncio dos bons»
E assim chegamos a Marega.
O progresso é só técnico.A estupidez continua como séculos atrás.
E não é culpa dos maus NÂO.
Quintino Silva 

Vasco Pulido Valente


Quem pode não lamentar a morte de Vasco Pulido Valente? É uma perda, uma morte - ninguém lhe escapa - a ser sentida pelos pares, os que ainda aqui ficamos. A dor pela partida de um de nós justifica que se obscureça parte relevante da memória que nos fica? Ficaremos condenados a suavizar a pena sentida com elogios fúnebres de grande exaltação? 
VPV tinha imensas qualidades. Escrevia como ninguém, beneficiava de uma enorme inteligência, possuía uma cultura vastíssima, esbanjava coragem, era um incansável trabalhador. De tudo isto, beneficiámos todos no prazer (ou irritação...) que os seus textos nos despertavam. 
Mas VPV possuía outras características que, para mim, nesta hora de dor nacional, não devem ser escondidas. Profundamente vaidoso e arrogante, insolente e cínico, misantropo até à medula, não se coibia de, orgulhosamente, insinuar o seu próprio mau feitio como qualidade só de “deuses”. E ele, que criticava tudo e todos, sem braga nem amarra, era portador de susceptibilidade fortemente irritadiça. 
Apesar de tudo, honra a VPV pelo brilho que irradiou. Mas ele, que abominava as convenções, foi tudo menos o que convencionámos chamar de um “bom homem”. Estou tranquilo: ele diria de mim coisas muito piores.  

Expresso - 29.02.2020 (amputado das partes sublinhadas).

Prémios, mas só para uns quantos...


Tal como os banqueiros, que se atribuem prémios chorudos porque é assim que a coisa funciona, e há-de haver sempre alguém para pagar os rombos nas contas, assim também os gestores da TAP dão provimento aos arreigados maus hábitos, cultivando o vício de distribuír prémios àqueles que estão mais por perto de quem manda, mesmo tendo apresentado prejuízos de 100 milhões de euros em 2019!

E como diz o ministro das Infraestruturas, “Os prémios dados a uma minoria dos trabalhadores é uma falta de respeito para com a esmagadora maioria dos trabalhadores da TAP e para com os portugueses”, com o gravame de ainda escolherem para “premiar” os que menos o merecerão, digo eu...


Amândio G. Martins

sábado, 22 de fevereiro de 2020

O(s) homem(ens) sem qualidades ou um texto "inoportuno"

Nos últimos dias tem sido uma "vindima" entre figuras públicas. Vasco Pulido Valente (VPV), Pina Moura (PM) e João Ataíde das Neves (JAN). Bem lhes queria escrever um epitáfio bonito mas.... há algo que me trava a mão. Dirão que estou a ser inconveniente mas, olhem, estou a ser sincero, embora, claro, deseje "paz às suas almas".  De VPV, o elogio tonitroante chega a ser obsceno, já que é a inteligência  e a cultura que se glorificam e. mais ainda, elas desculpam toda a truculência, convencimento, má educação e ideologia que o carcterizavam. Se Deus irrelevar assim os meus "pecados", ainda tenho uma probabilidade de se me abrirem as portas do céu.... De Pina Moura. o trajecto político, de delfim de Álvaro Cunhal a "Cardel Richelieu"  de António Guterres, acabando a administrador da "liberalérrima" Iberdrola, tudo é incoerência pois defendeu - e no poder - tudo e o seu contrário. Ah, mas .... era super inteligente, como VPV! O último, JAN, - obviamente inteligente e culto - sendo magistrado da judicatura, voltou-se para a política em diferentes e variados cargos, deixando de lado a profissão para que teve formação específica, acabando, na véspera da morte... a votar, na última fila, com uma abstenção, todos os projectos-lei sobre a despenalização da morte assitida. Isso mesmo, da morte assistida! Como pode alguém abster-se naquela tarde e sobre aquele assunto?!
Perdoem-me "crueldade", mas fui incapaz de escrever panegíricos e também.... não me abstenho.

Fernando Cardoso Rodrigues

Acalanto Para Um Rio...


...”Escolheu um disco de vinil e colocou-o no prato do velho gira-discos. “Acalanto para um Rio”, de Dora, a Cigarra, cantora brasileira que, suponho, conheceu alguma notoriedade nos nos setenta. O que me leva a supor isto é a capa do disco. É o desenho de uma mulher em biquini, negra, bonita, com umas largas asas de borboleta presas às costas. “Dora, a cigarra – Acalanto para um Rio – O Grande Sucesso do Momento”. A voz dela arde no ar. Nas últimas semanas tem sido esta a banda sonora do crepúsculo.Sei a letra de cor”.

 

“Nada passa, nada expira
O passado é
um rio que dorme
e a memória uma mentira
multiforme.

Dormem do rio as águas
e em meu regaço dormem os dias
dormem
dormem as mágoas
as agonias,
dormem.

Nada passa, nada expira
O passado é
um rio adormecido
parece morto, mal respira
acorda-o e saltará
num alarido”.


Transcrito do livro anexo por
Amândio G. Martins

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Impressões...

São somente impressões, não ilacionando nada a partir delas, muito menos para "dizer mal" em generalização abusiva. Ainda, há pouco tempo, falei do excesso de livros onde, no título, entra a palavra Auschwitz. Já antes disso, foi a plétora de livros de auto-ajuda, que ainda não passou de moda, especialmente aqueles que nos "ensinam" a.... ser felizes. Hoje dei comigo a olhar para o escaparate das "novidades" na Bertrand e, em seis, havia estes dois: " Rocknomics" ( escrito na vertical...) e "A Insanidade das Massas" ( sub-título: Como a opinião pública e a histeria envenenam  a nossa sociedade). Será impressão minha ou, como tantos outros, são demasiado "aproveitadores" dos tempos  coevos, para venderem?...

Fernando Cardoso Rodrigues

ARY DOS SANTOS,Estamos Vivos, com Fernando Tordo



Estamos Vivos, foi um LP lançado na Festa do Avante de 1977, que decorreu no Vale do Jamor, com a presença de Ary dos Santos e Fernando Tordo. As canções deste disco foram praticamente ignoradas pela rádio e televisão, inseridas na campanha anticomunista e de promoção da política de direita.

Ary dos Santos escreveu todos os poemas de Estamos Vivos (1977), com músicas e interpretação de Fernando Tordo. Também todos os poemas de Um Homem na Cidade (1977) e Um Homem no País (1982), ambos de Carlos do Carmo, foram escritos por Ary dos Santos. Todos os poemas de três discos será um facto único e inédito na discografia portuguesa.

No final do passado mês de Janeiro, a TAP deu o nome de Ary dos Santos a um seu novo avião, seguindo uma prática de homenagear portugueses que se distinguiram, sempre que coloca uma nova aeronave ao seu serviço.

Autor de mais de 600 canções e de uma obra poética assinalável, José Carlos Ary dos Santos nasceu em Lisboa, em 07.12.1937 e morreu, também em Lisboa, em 18.01.1984. Além de ser um dos mais importantes poetas portugueses do século XX, foi declamador e militante do Partido Comunista Português, desde 1969.

Na cerimónia do novo avião da TAP, participaram Fernando Tordo e Simone de Oliveira que interpretaram as canções Tourada e Desfolhada Portuguesa, vencedoras do Festival da Canção da RTP, respectivamente em 1973 e 1969. Ary do Santos venceria igualmente o festival da RTP em 1971, com Menina do Alto da Serra, interpretada por Tonicha; e em 1977, com Portugal no Coração, cantada por Os Amigos (Ana Bola, Luísa Basto, Fernanda Piçarra, Paulo de Carvalho, Fernando Tordo, Edmundo Silva).   

Normalmente as canções mais divulgadas de Ary dos Santos são as associadas ao festival da canção, escondendo-se sobretudo as de cariz mais político e de intervenção, ligadas à vida e luta do povo português. Nos intérpretes dos seus poemas, para além dos já referidos, importa salientar Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, José Afonso, Beatriz da Conceição, Hugo Maia do Loureiro, José Manuel Osório, Maria Armanda, Tony de Matos, Teresa Silva Carvalho e Vasco Rafael.



Maltratador encartado e condecorado...


Condecorado por um presidente da República de Portugal e por um rei de Espanha, basicamente por dar espectáculo a torturar animais de grande porte, foi agora apanhado na vergonha de também manter em casa 18 cães doentes e esfaimados, segundo o veterinário que acompanhou as autoridades na busca feita à sua herdade no Alentejo; diz a notícia do JN que o cavaleiro tauromáquico João Moura – ele há cada Moura! – é um dos maiores criadores de cães de raça “galgo” em Portugal.

A notícia não esclarece de que tipo são os galgos, que ele há vários e das mais diversas procedências, e para que fim seriam depois adestrados, mas cabe perguntar como é que “um dos maiores criadores” consegue que se reproduzam, em termos de negócio, cães doentes e esfomeados; diz-se que tem dois filhos, calcula-se que com a mesma dedicação do pai para com os animais, pois parece que também não se aperceberam do estado daqueles infelizes cães!...


Amândio G. Martins

População portuguesa


São assustadoras as noticias que ultimamente vamos recebendo sobre as baixas taxas de nascimento em Portugal tornando-nos um dos países mais envelhecidos do Mundo. É mesmo necessário melhorar as politicas de apoio e incentivos às famílias, criar empregos e  condições de estabilidade no trabalho, melhorar os salários e os horários de trabalho, e depois não esquecer uma boa politica de habitação possibilitando a todos disporem de um lar. E até uma boa rede de transportes com horários e trajectos que sirvam mesmo os confins de cada Município que ajudará a encontrar empregos e será um suporte para uma família se fixar.
Mas, entretanto, temos uma grande população envelhecida que mesmo com família, muitas vezes vive sozinha a maior parte dos dias,  entretida com a rádio e a televisão. E a televisão só ouvindo porque os olhos estão debilitados não podendo seguir as imagens e muito menos as legendas.
E ler? Mesmo com ajuda de lentes  as letras não crescem o suficiente para se ir seguindo as várias linhas do texto. Há, por vezes instituições que têm uma rede local de voluntários com a vocação de fazerem companhia que vão lendo um livro a esses deficientes visuais, mas os intervalos de visitas hás vezes são muito longos e perde-se um pouco o ritmo da leitura.
Há também umas poucas bibliotecas locais que dispõem de livros gravados em suportes áudio como cassetes, CD’S ou Pens que podem ser requisitados e os deficientes visuais ou pessoas com dificuldade na leitura os podem ouvir ao ritmo que estiverem com disponibilidade. É necessário é terem um amigo ou familiar que possa dar apoio neste ir requisitar e depois devolver e disporem de um leitor destes suportes de fácil manejo.
A Biblioteca Nacional em Lisboa dispõem de um bom serviço de apoio à leitura áudio para deficientes visuais com a ajuda de um serviço de correios especial para o envio dos suportes para serem gravados.
Seria interessante que no nosso Município de Oeiras o apoio à leitura áudio fosse uma realidade pois existe mesmo um número apreciável de oeirenses retidos em casa por falta de autonomia na mobilidade agravada, muitas vezes, pelas falhas de visão.
Entretanto foi dado a conhecer, num programa de um canal da TV, um dispositivo que pode ser colocado numa haste dos óculos e que ajuda a ler textos, reconhecer rostos, identificar coisas dando quase total autonomia ao utilizador. Muitas pessoas (ligadas a familiares com problemas de visão) tomaram nota deste dispositivo correndo para a internet à procura de mais detalhes principalmente dos custos. AH! Os custos (?): passa os quatro mil euros… Será assunto para autoridades de saúde se debruçarem sobre este dispositivo e encontrarem maneira de o mercado o disponibilizar a preços acessíveis. Vamos esperar que o bom senso impere e que as falhas de visão possam ser superadas em breve. 

Maria Clotilde Moreira

Jornal Costa do Sol - 19.02.2020

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Não quero, não gosto... não faço!

Os projectos de lei ainda não foram aprovados ou rejeitados e "eles" aí estão já a ameaçar! Os grupo CUF e as Misericórdias, assim mesmo, taxativamente. A Ordem dos Médicos, invocando o Código Deontológico e, pior ainda, arvorando-se em "voz única" de todos os médicos portugueses, volta, neste plano, a ser aquilo que já foi antigamente: somente uma corporação. O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV), diz não prévio aos projectos dos PS, BE, PAN, Verdes, por razões.... apenas logísticas ( chamando-lhe...éticas!)! Curioso que não disse não ao projecto da Iniciatica Liberal. Porquê? A unanimidade é sempre suspeita, como as vírgulas decimais em estatística mal amanhada... Acrescento como estranho, os "segundinhos" que ouvi do "Prós e Contras" em que a moderadora, Fátima C. Ferreira, admoestou o Prof. Reis Novais quando ele trouxe à colação a Igreja, pois.... não se poderia falar dela no debate! Mas se a Igreja se meteu "forte feio" no mesmo, não se importando de ser ambivalente ao querer um referendo para uma coisa que ela própria considerou... "irreferendável"!
Tenham calma senhores! A votação é só hoje e é melhor não "pôr o carro à frente dos bois" e não vale a pena serem ameaçadores de boicote à eventual lei. Tem uma vantagem: mostrarem à saciedade a formatação das vossas mentes do ... "ou vai - como nós queremos - ou racha". Eu sou médico, ouvi dois jovens ( um com artrogripose e outra com coreia de Huntigton), bem como um senhor tetraplégico, todos lúcidos, a defender a despenalização da morte assistida ( eutanásia e suicídio assistido) com a sua (deles) autonomia.... não com a minha que felizmente vou sendo saudável.

Fernando Cardoso Rodrigues

“Lo vás a pagar muy caro”!...


O Governo espanhol aprovou um dia destes, num Conselho de Ministros em que até teve a presença de Sua Magestade, as taxas Google e Tobin, cuja importância e necessidade há muito tempo são faladas por todo o lado, contando com o dinheiro assim embolsado, cerca de três mil milhões de euros, segundo estimativa -  muito optimista, dizem alguns comentadores -  para ajudar nas despesas com os recentes aumentos de salários e pensões; só que, além de não chegar a nada para aquelas necessidades, ainda vai ser problemática a sua aplicação.

De facto, logo que soube daquela decisão do Governo espanhol, aquele por de mais conhecido Trump fez  saber que tal “atrevimento” ia custar muito caro aos espanhóis, pois nomeou logo grande quantidade de produtos da agricultura e pecuária importados de Espanha sobre os quais aplicaria elevadas taxas de entrada; e Sànchez não teve outro remédio que não fosse “meter a viola no saco”, informando que a medida ficava suspensa até ao próximo Outono, na esperança de que das próximas eleições americanas saia um presidente mais tratável, coisa que, para já, também parece improvável...


Nota – Vi ontem numa televisão, em mensagem de rodapé, que a União das Misericórdias “avisou” que recusaria praticar a eutanásia, caso a lei venha a ser aprovada; notável esta declaração, quando é sabido que em alguns locais do país até morrem, como consequência de maus tratos,  idosos em lares da responsabilidade da Misericórdia!


Amândio G. Martins

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

SOU PELO AMOR E PELA LIBERDADE

Relaxado. De consciência tranquila. Sempre defendi ideias rebeldes e revolucionárias. Farto-me de "fait-divers". Já dei muitas vezes a cara. Já fui à PJ e a Tribunal por razões políticas e até já apanhei porrada. Sou claramente anti-racista e pelos povos indígenas. Sou pela Greta e pela salvação do Planeta e da Humanidade. Sou por Jesus, por Bakunine, pelo derrube do capitalismo e do big brother. Sou pelo Amor e pela Liberdade.
Vou encher o peito para a paciência respirar (Mia Couto)

A coisa tá preta.
A política está totalmente dominada por grupos mafiosos de gravata e capital.
Os banqueiros (e amigos) são condenados (quando são), mas não pagam as multas. Quem os denuncia, vai prá cadeia.
O governo - em jeito de vingança - penaliza os que menos podem. Sabe que estes, não têem poder reivindicativo.

Acabo de ver na TV, que o cavaleiro João Moura, foi detido por maus tratos a animais (cães). Maltratar touros não basta a esta besta.
Com as últimas eleições, houve uma renovação no grupo parlamentar do PS. Mesmo assim ainda lá restam 40 bestas, que acham divertido ver maltratar animais!!!
Estou pessimista.

José Valdigem



Baden Powell deve estar a chorar....

A maior organização de escuteiros dos EUA, com 72 anos de existência, declarou-se... insolvente. Problemas de dinheiro? Não. Foi sim descoberto que na "Boy Scout of America", houve milhares de casos de abuso sexual sobre crianças.
São coisas como esta que me "desconjuntam". Se somos "obra de Deus", este estava distraído ou era pérfido. Se vimos "evoluindo" segundo Darwin, houve qualquer "coisa" no caminho que distorceu a dita "melhoria". Resta ainda a hipótese, demasiado rebuscada, que o caminho congregou os antípodas, melhoria biológica com pioria comportamental, numa quase "esquizofrenia" atávica. E todos vociferamos "convictamente", sem pensar que o estamos a fazer.... reflectidos no espelho.

Fernando Cardoso Rodrigues

Arrogância – dizem eles...


Uma coisa que muito me tem divertido  é o “bailinho”que Jorge Jesus – quem diria – vem dando, até na dialética, a alguns “catedráticos-comentadores” desportivos brasileiros, que não há meio de se renderem à evidência, por muito que os resultados conseguidos pelo Flamengo – e já vai no terceiro troféu  em menos de um ano – lhes mostre que não têm razão.

E parece que não há “sais de fruto” que lhes valha, tamanha azia  JJ lhes vem provocando; agora foi uma afirmação do treinador português, na sequência de mais uma vitória, quando disse que a sua equipa está em outro patamar, o que não é mais que uma evidência e não diminui o adversário, antes o desculpa, porque não pode competir em igualdade com uma equipa de tal gabarito.

Mas ia caindo o “Carmo e a Trindade” – talvez o Valdigem saiba o equivalente no Brasil – com os tais sábios a vociferar que o nosso compatriota foi arrogante, ao que ele já respondeu de forma que considero bem didáctica, explicando o que quis dizer e porque o disse; bom, no sucesso de Jorje Jesus só há uma coisa que me desagrada, que é ele também estar a dar alegrias a  Bolsonaro...


Amândio G. Martins



terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

A Constituição é uma opinião?!

Soube, há momentos, que um constitucionalista e professor de Direito da Universidade Católica, Paulo Otero, entende que o Presidente da República (PR) pode invocar a objecção de consciência para não promulgar a eventual despenalização da morte assistida. Ouço e não acredito! A lei fundamental do país, usada a bel prazer do PR porque ele sente a consciência pessoal a "bulir?! Quero crer que o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que elegeu o "tripé" ética/ sentido cívico/bom senso, como sustentáculo duma decisão, tenha o último num grau bem elevado....

Fernando Cardoso Rodrigues

Exploradores manhosos...


Os trabalhadores portugueses fizeram - lê-se no JN -  4,7 milhões de horas extraordinárias em 2019, metade das quais não foram pagas; cálculos feitos a esta prática concluem que tamanho número corresponde a 57 mil empregos a tempo inteiro que poderiam ser criados.

Quase um milhão de empregados por conta de outrem trabalha acima do limite estipulado por lei para o sector privado, que é onde o abuso se verifica, e quem se apodera indevidamente dessa  mais-valia, que representa muito dinheiro, não rouba só o trabalhador na actualidade, mas também a sua reforma futura, ao não entregar o correspondente desconto das horas não pagas na Segurnça Social...


Amândio G. Martins

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Mais que racismo


O que aquela turba ululante fez durante o jogo entre o Vitória de Guimarães e o F.C.Porto ultrapassa em muito o racismo. Se a isso se resumisse, poderíamos ter visto idênticas provocações dirigidas a outros intervenientes no jogo, em ambos os clubes, também eles diferentes da facção “macaqueante”. Só por isso, já foi certificável a imensa estupidez reinante, mas, ainda mais, é fácil vislumbrar naquelas gentes muito ódio, que vem não só da xenofobia que “acarinham”, mas também do discurso clubístico que diariamente lhes é inculcado, sobretudo por dirigentes que, quando muito, poderão ter competência para dirigir o galinheiro lá de casa, e por comentadores que, coitados, não têm a culpa toda, porque, por razões insondáveis, há quem lhes dê antena. Alguém devia lembrar a toda esta casta de f(uteb)oleiros que, mesmo no futebol, os pés servem para jogar. Não para pensar. 
Fico à espera de ver quantos daqueles “valentes” que exibiram a sua “coragem” na bancada virão a terreiro assumir frontalmente as responsabilidades pelos seus actos criminosos. Público - 18.02.2020 - truncado das partes sublinhadas.


Anormalidades “normais”!...


Há umas dezenas de anos, vivia eu nos arredores de Santo Tirso, deu-se na vizinhança um acontecimento nunca antes visto por ali, que dividiu as pessoas entre as que apoiavam a moça e aquelas que lhe chamavam coisas pouco simpáticas porque, na véspera do casamento, dirigiu-se aos convidados da parte dela, devolveu os presentes recebidos e disse-lhes que não iria haver casamento.

Era uma jovem operária fabril, apenas com a instrução básica, e o rapaz com quem havia tido um namoro problemático era da mesma condição, mas muito controlador, discutindo com ela por tudo e nada até que, talvez considerando que já estava no papo, com o casamento marcado, deu-lhe a primeira bofetada, que foi a gota de água para que ela percebesse que não iam ser felizes, decidindo saír enquanto era tempo.

No JN de sábado, com o título “O que o amor não é”, Inês Cardoso começa o seu texto na coluna da direcção dizendo que dois em cada três jovens de 15 anos consideram normal a violência no namoro; no mesmo jornal de domingo, com o título “Violência no namoro”, Valter Hugo Mãe  diz que “Não basta que o Estado lance campanhas de sensibilização para esta desgraça. É preciso que nos mobilizemos em todos os gestos, em todas as conversas, para mudar os discursos embrutecidos que convencem que a cidadania hoje  é ressabiamento e retaliação.

Em artigo de página inteira, no mesmo jornal de domingo, a humorista Joana Marques, com o título “Carta de São Valentim” ,  “transcreve” no seu estilo divertido a carta que um desses machistas dirige à namorada, de que deixo aqui um popuco:(...)“Temo-nos um ao outro, é o que importa, e vamos passar um São Valentim como tu mereces, minha princesa. Passo à tua porta para te buscar às sete.Vê se te despachas, desta vez; ah, e vê se não trazes aquele vestido prateado, demasiado curto, que já da outra vez deu chatice. Lembras-te do que aconteceu no teu dia de anos, porque aquele gajo armado em pintas não parava de olhar para ti? Não me apetece nada andar à porrada hoje”...


Amândio G. Martins

domingo, 16 de fevereiro de 2020

O referendo estúpido


Um referendo só faz sentido num assunto em que a parte que perde fica sujeita à vontade da parte que ganha.
Tal como os britânicos que queriam continuar agora têm que sair.
A eutanásia é só para quem quer, logo eu se a não quiser não tenho o direito de impedir quem a quer, por que me lembro de a minha mãe extremamente religiosa ter passado semanas de agonia.
Digamos que foi a passagem pelo inferno antes de ir para o céu, e como ela passou parte desse tempo a mal dizer a Deus por sujeitá-la a tanto sofrimento até é provável que ele depois a rejeitasse.
Porém se insistirem nisso eu vou votar sim, pois se vier a ficar na situação da minha mãe, quero poder viajar sem passar pelo inferno.

Quintino Silva

O PAÍS A ARDER

"O País a Arder" foi um êxito, considerado um dos discos de 2019, ou mesmo o melhor, com críticas muito elogiosas do "Público", do "Jornal de Notícias", da Antena 3, da Time Out, do I, da SBSR e do Adolfo Luxúria Canibal no "Correio da Manhã". Os Sereias são uma das melhores bandas portuguesas. Graças, também, à nossa editora Lovers & Lollypops. Mesmo que esteja aborrecido, entediado ou revoltado com o mundo e com a vida, tenho a certeza de que passamos uma mensagem, de que as minhas letras passaram uma mensagem. Por isso, estamos no caminho certo e agora que volto a soltar as amarras, agora que posso voltar a beber sigo, de novo, o caminho dos céus, sigo, de novo, o caminho das estrelas.

O TRIPALIUM E A MÁQUINA

Não se trabalha para satisfazer uma necessidade, e logo repousar em sossego, trabalha-se para se poder trabalhar ainda mais. E é nos meios artísticos que encontramos vozes críticas ao culto do trabalho e da produtividade. Foi essencialmente a tradição poética francesa, primeiro com Baudelaire e mais tarde com os dadaístas, surrealistas e outros, que se opôs à sociedade do trabalho. Vendêmo-nos todos os dias ao patrão, vendêmo-nos como objectos, como mercadorias, a nossa liberdade está castrada. É uma imposição e um absurdo o "ganhar a vida", um insulto à graça do nascimento, à bênção e à poesia da vida, da vida total e plena. Não percebo porque é que grande parte das pessoas parece estar contente no meio de tanta obrigação, de tanta ordem, de tanta finança. Não percebo porque aceitam e obedecem, assim, à máquina.

Uma história "exemplar"...

...a do político Benjamin Griveux, que desistiu da candidatura à Câmara de Paris pós o aparecimento dum video dum "voyeur" russo, Piotr Pavlenski, que o colocou em público, visualizando algo íntimo da vida do primeiro. O segundo fê-lo, diz ele, porque " denunciar altos funcionários e representantes políticos que mentem aos eleitores e inpõem à sociedade o puritanismo que eles próprios desprezam" (sic). O russo faz parte duma estirpe de pessoas que justiceiras e de "meia tigela", conseguem que a cobardia do francês, como já tinha sido a de Bill Clinton, com a sua desistência, deixem misturar política e vida íntima, dando valor aos "voyeures" deste mundo, que não valem a "ponta dum corno".

Fernando Cardoso Rodrigues   

PÚBLICO 16 de Fevereiro de 2020 (AKM)



Eutanásia e referendo



Estamos, e ainda bem, nos países mais desenvolvidos, a viver cada vez mais tempo.



Ainda não há muito tempo se morria de velhice aos 50, 60 anos.



Hoje, quando se morre aos 70 anos, já se diz que ainda não era suficientemente “velho” para morrer.



Mas viver mais tempo tem as implicações de já não se ter a mesma vitalidade aos 70 que já se teve aos 30 anos.



Envelhecemos, ficamos velhos e, também sem se chegar a “velho”, acontecem doenças incuráveis que nos tiram qualidade de vida.



Ora, quando por alguma razão de saúde, física ou psíquica, o nosso “estado de vida” se torna totalmente irrecuperável, e deixamos de “viver de facto”, devemos “legalmente” poder pedir a um médico que “nos ajude a morrer”.



A vida deve ser vivida o máximo de tempo possível, mas com qualidade (...).



Augusto

Küttner de Magalhães, Porto

Coisas de bárbaros?...


O nosso presidente, em viagem de Estado pela Índia, não poupou “superlativos” nos  habituais discursos destas situações, como é bem do seu feitio, mas naquele país ainda se verificam comportamentos de causar arrepios até aos mais prevenidos.

Diz a notícia do JN que dezenas de jovens indianas foram forçadas a despir-se numa universidade(?)  hindu, para verificar se estariam a menstruar, porque o regulamento interno as proíbe de estar nas residências universitárias durante o período menstrual, espaço de tempo em que são obrigadas a  isolar-se numa cave!...


Amândio G. Martins

sábado, 15 de fevereiro de 2020

O LULA SENDO RECEBIDO PELO PAPA


CHARGE DO CARTUNISTA JORGE BRAGA DO JORNAL “O POPULAR” DE GOIÂNIA, GOIÁS, BRASIL


D e s u m a n i d a d e!...


O homem entrou na urgência do hospital com sérios problemas, mas passou horas a fio à espera que uma alma caridosa se compadecesse dele; e quando a mulher, ao ver o marido cada vez pior, alertou deseperada para o que lhe acontecia, ainda lhe disseram que tinha mais de duzentas pessoas à frente!

Duzentas pessoas na urgência de Lamego? Que raio de epidemia terá acontecido por lá que levou tanta gente à urgência àquela hora, naquele dia, e teve direito a passar à frente de quem realmente carecia de atendimento urgente, a ponto de o deixarem morrer
ali, porque ainda não tinha chegado a sua vez de ser atendido? Diz a viúva, lê-se no JN,  que depois de o marido lhe ter morrido nos braços, ao fim de seis horas de desespero, então já apareceram médicos e enfermeiros de todo lado.

Já estive na urgência de um hospital algumas vezes, acompanhando outra pessoa, e devo dizer que o critério de atribuição das pulseiras, que determinam o grau de prioridade para atendimento, sempre me deixou dúvidas, porque via gente sem nada que parecesse urgente passar à frente de outros com evidentes sinais de sofrimento, e os casos já verificados de morte nas urgências revelam que aos profissionais a quem cabe fazer o rastreio lhes faltará algo importante...


Amândio G. Martins

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020


Paranoia viral...


Com o surto infeccioso surgido na China, começam a observar-se comportamentos  pouco menos que paranoicos, como o que transforma navios de cruzeiro em prisões flutuantes, com milhares de pessoas em sobressalto, impedidas de saír a terra e até de se aproximarem dos portos, como aquele que viu recusada em cinco países a sua aproximação, até que as autoridades cambojanas o autorizaram aportar.


E se é óbvio que não se podem descurar cuidados básicos, o pior vírus parece ser a forma como se passou a olhar o problema e o medo irracional poder estar a ser transformado em arma económica; é que em igual espaço de tempo decorrido desde que surgiu notícia deste problema, todos os anos morre maior número de pessoas com outras  gripes, pneumonias e sarampos sem que se verifique tal alarmismo.

O cancelamento daquele importante evento tecnológico em Barcelona, usando o “vírus chino” como argumento, parece a muita gente um sinal claro de irracionalidade que, a manter-se noutras situações, irá causar bem pior mal ao mundo;  e os malvados que fazem da falsidade a sua forma de vida já semeiam por todo lado imagens de performances artísticas que há tempo foram notícia, usando corpos espalhados pelo chão numa praça pública, como sendo a razia que o coronavírus está a fazer na terra de origem!...


Amândio G. Martins

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Querida Amazónia....

Assim começa a "terna" exortação do Papa Francisco... em que nega aos seus habitantes a presença de padre, pois não permite a ordenação de homens casados. É, mais ou menos, assim: se querem missa, rezem muito para que surjam vocações, senão não há nada para ninguém... meus queridos. Surpresa? Confesso que é mais desilusão. A força da Cúria ainda é muita e aceita melhor padres como aquele, norte- americano, que "prefere" a pedofilia ao abortamento porque.... a primeira não mata (sic).

Fernando Cardoso Rodrigues

 RAP himself – refinado provocador...


“Como calculam, é para mim uma honra prefaciar este livro. O autor é uma pessoa que prezo muito e esta é, sem dúvida, uma obra maior da literatura portuguesa. Não posso deixar de dar os parabéns à VISÃO por ter tido a lucidez de contratar um cronista desta envergadura. Claro, Lobo Antunes e Mega Ferreira escrevem benzinho, e José Gil e Eduardo Lourenço produzem um ou outro raciocínio interessante. Mas qual deles alguma vez abordou temas como a problemática dos coletes de segurança, as idiossincrasias dos empregados de café, ou a carreira de José Cid?

Ao contrário, Ricardo Araújo Pereira tocou todos os pontos fulcrais da sociedade portuguesa. Ricardo Araújo Pereira sabe, em cada assunto, qual é a questão essencial. Nunca nos diz qual é, mas vê-se que sabe. Ricardo Araújo Pereira não tem papas na língua. Ricardo Araújo Pereira é, digamos, o maior – passe o eufemismo.

Durante o ano que passou, Ricardo Araújo Pereira irritou – ou, pelo menos, esforçou-se por irritar – muita gente. Convido o leitor a descobrir se é uma das pessoas que este interessantíssimo cronista tentou aborrecer (se o leitor for o Vasco Pulido Valente, digo-lhe já que sim. Confirme-o, lendo este magnífico livro de Ricardo Araújo Pereira”...


Transcrito por Amândio G. Martins


Os penalizadores da eutanásia

A necessidade de um referendo sobre a despenalização da eutanásia é coisa que não compreendo facilmente. O raciocínio que aplico ao assunto é muito simples (simplista?), mas, para mim, concludente. No caso de a despenalização vir a ser decretada, ninguém ficará obrigado a praticar a eutanásia, pelo que, para os que advogam a penalização, este referendo será redundante, uma vez que poderão continuar a sua “vidinha” sem problemas nem qualquer obrigação acrescida. Os outros, os que pensam de maneira diferente, apenas verão descriminalizados certos actos, cometidos de boa-fé e em consciência perfeitamente tranquila perante a lei, sem bulir com os “penalizadores”. Evidentemente, não se discute a imperiosa obrigatoriedade de a prática da eutanásia, a ser legalizada, se dever regular por um instrumento legal de extrema precisão. São, então, os “referendistas” tão permissivos e descuidados na análise de um problema desta monta a querer resolver tudo entre um SIM e um NÃO, por mais voltas que dêem à pergunta a fazer? Platão não teria muitos rebuços em considerá-los autênticos sofistas, por menosprezarem a verdade em benefício da argumentação estéril. Porquê quererem subjugar os outros às suas ideias e crenças, por muito respeitáveis que sejam?   

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

A nossa imprensa




Na sequência do meu post “Bem-vindos”, aqui colocado em 10 de Fevereiro, venho dar nota do enriquecimento da galeria dos ocupantes do espaço “Cartas ao Director”, no Público, através da inclusão de nomes sonantes da vida social portuguesa. Hoje, foi a vez de José Ribeiro e Castro, ex-líder do CDS e colunista habitual do Público, e de um leitor de Lisboa, Jorge Miranda, que, com sinceridade, não posso afiançar ser o conhecido constitucionalista, mas que, pelo teor da “carta”, não me custa identificar como tal, expondo uma opinião sobre a programação da Antena 2 com a qual estou totalmente de acordo.

Por outro lado, gostaria também de referir outro “episódio” que me fez sorrir. Por mero acaso, deparei hoje com uma “carta” publicada no “Espaço do Leitor”, no JN, assinada por mim, embora com o texto e, inevitavelmente, com o próprio título alterados. A razão do sorriso “amarelo” foi que enviei essa carta ao JN no próprio dia em que o publiquei aqui n'A Voz da Girafa, em 22 de Janeiro do ano passado, isto é, há mais de um ano. Por essas e por outras, já há longo tempo deixei de enviar textos ao JN, jornal que me continua a merecer grande respeito.
Será que os jornais de referência andam com dificuldades em preencher os espaços dedicados aos leitores?

E pur si muove...

Hoje optei por um "pot-pourri" de factos, uns em jeito de interrogação, outros somente como registo dos mesmos e... algumas considerações pessoais. Aqui vai.
1- Porque diabo será que, na Turíngia, Alemanha, a CDU local - indo contra a direcção nacional - se "uniu" à AfD fascista na eleição para presidente do "land"? Imitando o PP espanhol no "acasalamento" com o, também fascista, VOX. E o "curioso" é que a Turíngia tem largas faixas de população e terreno vindos do leste alemão e a razão acima virá de entenderem que a reunificação alemã foi... uma anexação. Donde virá esta "doutrina" de unir dois extremos afins?...
2- A Conferência Episcopal da Igreja Católica portuguesa defende o referendo sobre a eutanásia. Hélas! Para quem entende que " a vida é irreferendável" (sic), não está nada mal!... Ah, e a "idónea múmia paralítica" que dá pelo nome de Cavaco Silva, também defende...
3- O Sinn Fein ganhou as eleições na República da Irlanda. sob a "batuta" de Mary Lou McDonald. Vejam lá, esqueceu o IRA e a luta armada no Ulster e vem vencer nas urnas e.... mais a sul, na mesma ilha! Cuide-se senhor Boris Johnson...
4- No apoio ao referendo à eutanásia, várias igrejas em Portugal se unem. Entre elas.... a Comunidade Islâmica de Lisboa. A morte a pedido do próprio sofredor deve ser proscrita... mas a morte executada como castigo "divino" a quase banalidades civilizacionais, é de todo aceite... Valha-lhes "Deus"!
5- O futebol e o VAR. Bem me queria parecer que meter o rigor "à outrance" ( foras de jogo de 1cm...) num desporto jogado "online" e com muita aleatoriedade, não casava.... E se lhe juntarmos a "honestidade" dirigente e a "alma" de adeptos ululantes, está o "caldo entornado"...
6- Para terminar, uma notícia excelente! Jorge Miranda, constitucionalista, propõe que TODOS os políticos devem  declarar - no caso de pertencerem - a sua filiação em sociedades secretas.  No caso de não se lembrarem de nenhuma, eu digo: Maçonaria e Opus Dei.

Fernando Cardoso Rodrigues
Como todos se parecem tanto!...


Os sujeitos da política que detestam a livre informação têm todos a mesma “escola”, os mesmos tiques autoritários e copiam-se mutuamente, sempre que não podem calar aqueles que lhes põem os podres ao léu; e se por desgraça ganham notoriedade pública, começam por não deixar entrar, nos locais onde  vão vender as suas patranhas, os órgãos de informação de que não gostam e acabam, chegados ao Poder,  ameaçando fechar jornais e estações de televisão.

Assim, Putin é igual a Duterte, que é igual a Bolsonaro, que é igual a Trump, e todos são adorados e copiados pelas nascentes organizações de extrema-direita que lutam por um lugar ao sol; e assim como Trump insulta e expulsa das salas onde perora aqueles que têm o “atrevimento” de lhe colocar perguntas incómodas, assim também Bolsonaro faz o mesmo e ameaça não renovar a licença da Globo, Duterte não deixa por menos com a maior cadeia de televisão do país, ABS-CBN, onde trabalham mais de onze mil jornalistas porque, diz o ditador, publicam informações injustas sobre ele...


Amândio G. Martins

EXIJO O CÉU NA TERRA!

Queriam-me um cidadão normal,
cego,
obediente,
cumpridor,
ao serviço da compra e venda,
pai de família,
alheio à polis,
à filosofia,
à sociologia,
peça da máquina,
da engrenagem,
escravo do Dinheiro,
do Poder e dos media,
pois não o terão!
Sigo a raça dos malditos
dos revolucionários
dos loucos divinos,
exijo a Vida Total,
o Céu na Terra,
a Liberdade Livre!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Da cozinha "chic"

Mesmo correndo o risco de a maioria dos colegas já conhecerem, não resisto a transcrever um delicioso texto de autor desconhecido, que me chegou às mãos há bastante tempo.

Fui ao gourmet e tramei-me!

Sou um tipo moderno. E chique. Muito chique. Por isso não podia deixar de entrar num restaurante gourmet da moda. Vesti um Armani que comprei nos saldos dos chineses. Calcei umas sapatilhas com uma vírgula estampada que regateei ao ciganito da feira e esvaziei, pelo pescoço abaixo, meio frasco de Chanel dos marroquinos.
E foi assim, cheio de cagança, como mandam as regras do pelintra luso, que fui jantar ao tal restaurante, gerido por um "chef" reputado com categoria internacional e olímpica.
Tramei-me! Antes tivesse ido ao tasco da esquina aviar uma bifana! Confesso que já levei muita tanga, mas como esta, nunca. Passei fome, fui gozado e fui roubado!
Sempre achei que cozinhar era um acto de descontração, de partilha, de alegria, de afecto. E eu devia desconfiar, porque aqueles concursos gastronómicos das TVs transformaram uma atividade social sadia, numa agressão stressante, provocadora de lágrimas e depressões . Já para não falar das parvoíces dos mestres cozinheiros da moda, cujos pratos espatafúrdios e minimalistas se apelidam agora de "criatividade culinária".
Colocaram-me um prato à frente que foi mais difícil de decifrar que as palavras cruzadas do JN ao domingo. Um prato que exibia 5 cm2 de um pobre robalo que pereceu inutilmente só para lhe extraírem um pedacito do cachaço, meia batata engalanada com um pé de salsa, e 2 ervilhas a nadarem numa colher de chá de um azeitado molho de escabeche, bem disfarçado com um nome afrancesado que nem vem nos dicionários. Para remate, três riscos de uma substância pastosa, estilo Miró, para preencher os restantes 90% do prato vazio.
E o bruto do português, habituado à sua travessa de cozido e ao panelão de feijoada, olha para aquilo com uma cara de parvo capaz de partir todos os espelhos lá de casa.
Esboça-se um sorriso amarelo, engole-se em seco, diz-se que está tudo óptimo ao empregado de mesa que mais parece uma melga à nossa volta, e enfiam-se dois Xanaxs quando nos metem a conta à frente. E, a muito custo, cala-se o berro de duas peixeiradas à nortenha que nos vai na alma.
Nunca mais lá volto. E sabem que mais?
Porque se quero comer aperitivos, como bolinhos de bacalhau e tremoços, que são muito mais saudáveis e baratos.
Porque para ver pintura abstracta, vou a uma exposição.
Porque detesto jantar uma comida onde toda a gente meteu as mãos.
Porque para ser roubado bastava ir à Autoridade Tributária, vulgo Finanças.
E, acima de tudo, porque desconfio dum cozinheiro que vive e trabalha com a ambição obsessiva de ser medalhado por uma companhia de pneus.
José Valdigem