ELEIÇÕES E CONTRADIÇÕES
A guerra na Ucrânia,
que é como quem diz, a guerra do Ocidente capitaneado pelo
imperialismo norte-americano, contra a Rússia, foi o principal
motivo da campanha. Não só aqui, supomos que por toda essa Europa
da União afora. Até o PR Marcelo, na sua exortação ao voto dos
portugueses em dia de reflexão, se lhe referiu.
Não volto agora a
maçar pormenorizadamente os prezados leitores sobre as origens, os
interesses, a continuação e intensificação e os perigos desta
guerra. Dizer apenas que quem desde sempre alertou e se bateu contra
ela (e as outras), o PCP/CDU, nesta democracia condicionada, teve o
resultado que teve. Muito injusto, evidentemente.
A comunicação
social dominante, principal fator de condicionamento desta e de
outras democracias, aponta a Rússia e Putin, não democráticos e
únicos responsáveis por esta guerra. Não temos experiência para
opinarmos sobre o grau de democracia na Rússia que não será nenhum
exemplo, mas será assim tão diferente o capitalismo e a democracia
lá, do que aqui no Ocidente?
Ainda a democracia e
a liberdade de expressão, por exemplo, neste caso da guerra mas não
só, pessoas apesar de bem informadas na matéria, até por cargos
internacionais que já exerceram, como os generais Raul Cunha, Carlos
Branco, Agostinho Costa. Ou ainda, Carlos Matos Gomes, Viriato
Soromenho Marques, Miguel Sousa Tavares, Alfredo Barroso e outros,
porque não alinham com o discurso omnipresente, têm as mesmas
oportunidades de se exprimirem, nas televisões, rádios, etc., que
os outros?
Portanto, isto não
é condicionar, manipular, a opinião pública? O resultado destas e
de outras eleições, não é condicionado?
Quem não alinha com
o discurso apologético da guerra, principalmente desta que
referimos, é pró Putin e pró Rússia?
Por exemplo, quando
um dos fundadores do PS, Alfredo Barroso, diz: “Estranho o “apoio
inabalável” a um “ herói da democracia” de extrema direita,
neoliberal acusado de corrupção e de proteger oligarcas e neonazis
homofóbicos e russofóbicos (…)
Foi o golpe de
Estado da Praça Maidan, em 2014, que deu luz verde aos grupos
paramilitares neonazis para incendiar casas, torturar e chacinar
ucranianos pró-russos, numa guerra que já dura há dez anos.”
Liberdade de
expressão, é omitir-se isto e tanto mais, como a questão do não
cumprimento da expansão da NATO para leste ou dos Acordos de Minsk?
Conclusão, fruto da
manipulação e de condicionamento da opinião pública, temos esta
grande contradição: o partido/coligação, a CDU, que foi e é quem
mais reclamou e reclama a paz e se bate contra a guerra, e mais
propostas faz em defesa da nossa agricultura, pescas, da nossa
produção nacional, principalmente dos pequenos e médios
produtores, em vinte e três, elege um deputado. Isto é natural? Não
será fruto da manipulação referida? Por isso, João Oliveira já
disse que a CDU vai continuar em Bruxelas a bater-se, a trabalhar,
pela paz e pelos direitos do nosso povo.
Essa luta, esse
trabalho, mais cedo ou mais tarde, darão frutos.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE