terça-feira, 31 de maio de 2022

Mais um salvador da Pátria

 

Qualquer  governo, por mau ou muito mau que seja, há-de deixar sempre alguma coisa aproveitável, que os seguintes têm obrigação de respeitar, se o que os move é realmente o interesse geral, sob pena de, não o fazendo para satisfação de fanatismos, prejudicarem uma comunidade inteira, que assim paga o desperdício e volta a pagar para ver diferente, quase sempre para pior.

 

E há muita gente assim, que só vê bem feito aquilo que os da sua cor fazem, que o feito pelos outros deve ser banido a qualquer custo, como se depreende de tudo quanto há anos vem escrevendo o jurista João Gonçalves, na segunda página do JN das segundas-feiras; este senhor chegou a interromper essa escrita para se candidatar a um lugar por aquele grupo nado-morto de Santana Lopes, mas tendo dado ”com os burros na água”, aceitaram que voltasse para o mesmo sítio.

 

O mais recente texto do dito jurista foi para acabar de enterrar Rui Rio -  “que quis mostrar que era possível fazer oposição ao PS namorando com ele, sonhando ocupar o lugar do PC e do Bloco no coração político frio de António Costa” -  e dar toda a força  ao novo líder eleito, “para um PSD capacitado para federar a alternativa de poder ao socialismo imoderado do PS, grande desafio político, cultural e social"...

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Dois (analistas) em um (contraditório)


Teresa de Sousa (T.S.) e Jorge Almeida Fernandes (J.A.F.) são dois “pilares” do PÚBLICO a quem consagro a máxima admiração, como jornalistas e, sobretudo, como analistas. Exibem os seus argumentos de forma brilhante e fundamentada, mas porque quase sempre colados em demasia a uma determinada visão do Mundo, a eles não adiro amiudadamente.

Nas suas crónicas do passado fim de semana, T.S. escreveu, na “Sem fronteiras”: “(...) a teoria (...) do ‘droit de regard’ das grandes potências sobre os pequenos países deixou de ser aceitável, pelo menos para as democracias”. Já J.A.F., no “Ponto de vista”, a propósito de declarações de Andrey Kortunov, director do think tank Conselho Russo de Assuntos Internacionais, à Economist, debitou que “Os ucranianos são claramente movidos por valores”.

Ambas as afirmações me levantam sérias dúvidas: a primeira porque dá a entender que esse “droit” já foi aceitável, o que repudio, fosse quem fosse o seu “legítimo” detentor, e porque não estou convencido de que tenha sido “descartado”, em especial pelos EUA; a segunda porque exprime um mero wishful thinking, de belíssima inspiração, mas de nublada aderência à realidade, escamoteando ostensivamente tantos outros interesses que são visíveis no “terreno”.

domingo, 29 de maio de 2022

UM MINISTRO INCONSTITUCIONAL

 



A propósito da possível adesão da Finlândia e Suécia à Nato, afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros, João Cravinho: “A aprovação política eu acredito que será feita antes da cimeira de junho, em Madrid, e depois a rapidez da adesão vai depender do mais lento dos 30 países atuais em termos de ratificação, e Portugal não será o mais lento seguramente e esperamos que esteja entre os mais rápidos”.

 

Estabelece o Artigo 7.º (Relações internacionais) da Constituição da República Portuguesa, no seu número 2, que «Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança coletiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos».

 

As declarações do ministro João Cravinho são pois contra a letra e o espírito da Constituição.

É bom andar acautelado

 

Diz a notícia que mais de metade dos portugueses estão contra o fim do uso do máscara, o que me parece uma boa coisa, significando empenho na defesa da saúde, agora que sabemos não estarmos livres de novos ataques dum “bicho” que vai tomando sempre novas formas; mas como ninguém vai ser obrigado a andar sem ela, todos temos a liberdade de a colocar no “focinho” onde e quando nos pareça prudente fazê-lo.

 

Por mim - que nunca usei a máscara na via pública, porque não via uma boa razão para isso, andando na rua sozinho, até porque nunca fui de rebanhos, só a colocava à porta dos locais onde era obrigado a fazê-lo para poder entrar, se fosse mesmo imprescindível lá ir, como farmácia ou supermercado, porque a cafés e coisa assim, simplesmente não ia e pronto -  vou manter a mesma postura;  andando sempre com um desses apetrechos no bolso, se vejo que há lá dentro uma grande multidão, meto os óculos no bolso e coloco o “malfadado” acessório porque, creio bem, à obrigatoriedade de usar máscara não nos irão impôr o contrário...

 

Amândio G. Martins

sábado, 28 de maio de 2022

Voto obrigatorio...

 

Parece-me pouco pensada a ideia do voto obrigatório, frequentemente apontado como solução para a baixa participação dos portugueses em eleições, desde logo porque votar é um direito, e fazer um direito obrigatório é um contracenso; de facto, se o que se pretende é reduzir para cifras menos “escandalosas” as percentagens de abstenção, o que se impõe fazer é prestar mais atenção à formação cívica da juventude, que anda pelas “ruas da amargura”, como a cada passo podemos constatar, nas mais diversas áreas da vida.

 

O comportamento dos actores políticos, claramente responsável por muita abstenção, também precisa levar uma grande volta, substituindo o espectáculo degradante de muitas das suas intervenções no Parlamento por atitudes pedagógicas, apontando da governação tanto o que precisa ser melhorado como o que deve ser continuado, usando linguagem civilizada e respeitadora dos que pensam diferente, não “arrasando” tudo , só porque são outros que governam, na pretrensão absurda de que é assim que levarão o “mercado” eleitoral a votar a seu favor...

 

Amândio G. Martins

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Boa sorte, J.M.T.


A vetustez de Henry Kissinger (H.K.) não garante nada, muito menos a sua infalibilidade. Atesta apenas a longa experiência que acumulou no desempenho dos múltiplos cargos em que influenciou decisivamente o mundo. 

Escrevendo, na sua crónica de 26/5 no PÚBLICO, sobre as posições reiteradas por H.K., João Miguel Tavares (J.M.T.) desejou “boa sorte” a todos quantos escolhem “prudência, prudência, muita prudência” no tratamento da questão ucraniana. Diria eu que quem vai precisar de muita “boa sorte” será J.M.T. e os outros (todos nós!) caso se prossiga o proposto exercício de displicente indiferença quanto ao que virá a seguir às exibições de bravura dos ucranianos, como se elas dependessem apenas deles e não do empenhamento concreto dos países e povos que proporcionam as condições necessárias a tanto heroísmo. Um princípio, não infalível, mas básico, de quem aspira à “boa sorte”, é, no mínimo, não desafiar a “má sorte”.


Público - 29.05.2022

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Foi um crasso erro de escolha \\com apostila

  

Foi escolhido para ministro da Cultura alguém que ao

nível da abrangência da arte não tem um mero rasgo. 
Nada! Um tecnocrata que não se lhe conhece quaisquer
aproximações á Cultura. Um boy paraquedista, que não
levanta ondas... um sim, senhor primeiro-ministro. Esta
má escolha, também denota a importância que o executivo
dito socialista reconhece e dá à Cultura, que se aproxima
da irrelevância. A Cultura para esta gente que diz que governa
é pouco mais do que um emblema para colocar na lapela. E em
campanhas eleitorais aproveitarem-se dos artistas reconhecidos
para lhes darem umas pancadinhas nas costas e vice-versa. O 
Povo diz e bem que isto é: 'lavagem de dentes'.
É/foi um comentador televisivo futeboleiro e do óbvio .
Desde que é figura de pantalha, esteve sempre colado ao
partido socialista.
Observem-se estas 'pérolas' quando afirmou no Parlamento: «Não devemos ter por ambição acabar com todos os vínculos precários na Cultura, isso não é desejável» e «a precariedade nem sempre é um mal absoluto''(!).
Fala de barriga cheia. Quem devia estar na precariedade era ele para ter tento na língua! Inqualificável!
Num país com um governo decente, que não este, o lastimável
ministro teria sido despedido com justa causa!

Vítor Colaço Santos

Apostila: Causaria um enorme espanto de espantar, a redundância é propositada, se o irrelevante ministro reivindicasse - 1% para a Cultura!
Esta gente - PS e PPD/PSD tem fundido a Cultura...

EM BICOS DE PÉS...

 



«…Portugal, para utilizar a expressão anglo-saxónica, “está a dar murros acima do seu peso”… ou, utilizando uma portuguesíssima expressão, está a pôr-se em bicos de pés no rol de apoios à Ucrânia»

«…em comparação… Governo Austríaco aprovou um apoio de 42 milhões de euros… a que acrescem 10 milhões de euros… os Estados Unidos… doaram 500 milhões de dólares… o Canadá… mil milhões de dólares canadianos (cerca de 735 milhões de euros)…»

«…surpreendeu os 250 milhões de euros de apoio financeiro de Portugal à Ucrânia. A título de comparação, note-se que o Governo, no relatório do Orçamento de Estado de 2022, prevê 197 milhões de euros para actualização extraordinária de pensões e 225 milhões de euros para o aumento salarial dos funcionários públicos em 2022 (+0,99%).»

(Ricardo Cabral, no Público de 23 de Maio de 2022)

Não queria ser quem pensas que és

 

TERTÚLIAS DO POVO

 

Das velhas tabernas do nosso país

Tertúlias da mais popular nobreza

Desvia-se o pedante que despreza

O que a nossa honrada gente diz.

 

Crê ser pura casta e torce o nariz

Àquela gente de rude franqueza

Que apoia os cotovelos na mesa

Não dobra por qualquer coisa a cerviz.

 

Gente calejada de grande valor

Não procura tratamento de favor

Reivindicando só o que merece;

 

Repele o que se mostrar arrogante

Que por se julgar muito importante

Pensa que tudo se lhe oferece...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

quarta-feira, 25 de maio de 2022

 

O PREÇO DA GUERRA, INJUSTIÇAS E DESPERDÍCIO


O preço de qualquer guerra é sempre elevado. Nem que se tratasse apenas da perda de uma única vida. Mas, qualquer uma, vai muito para além disso, como é o caso da que está em curso na Ucrânia. Desta, a principal vítima, evidentemente , é o povo deste país. Depois o da Rússia, e pelas consequências da dimensão, das sanções e dos países envolvidos,os restantes povos da Europa e não só.

Em relação a nós, portugueses, como todos já bem sentimos na carteira, sobretudo, como sempre, os de menores posses que é a grande maioria.

A partir do aumento do preço dos combustíveis, gasóleo, gasolina e gás, tudo sobe. Isto, em relação a estas matérias que, como se sabe, a Rússia é um grande produtor e exportador. Em relação à Ucrânia, é o caso dos cereais. Milho e, sobretudo, trigo. Felizmente, ainda não nos faltou porque temos outras fontes de abastecimento (e podíamos produzir bem mais do que produzimos), mas com os preços a subiram no mercado mundial, somos também afetados. Afetados, e muito, somos também noutros aspetos. Desde logo, e bem, pelo acolhimento aos refugiados que já são largas dezenas de milhar. Depois, pela decisão do Governo, como país membro da NATO e da União Europeia, mas ao arrepio da Constituição, por tomar partido em relação a um contendores, a Ucrânia. Em material de guerra e de assistência médica, Portugal já contribui com centenas de toneladas.

Mas mesmo neste lamentável quadro que devia e podia ter sido evitado, há injustiças que beneficiam ou prejudicam sempre os mesmos. Por exemplo, em relação ao preço dos combustíveis, como disse e bem explicado, na edição de 12 do corrente do SETUBALENSE a deputada do PCP, Paula Santos: “É Mesmo Necessário Controlar e Fixar os preços dos Combustíveis”, para que as gasolineiras não tenham lucros fabulosos à conta da guerra e do bolso dos portugueses, o Governo não devia efetivamente fazer esse controlo e fixar preços? Depois, há desperdícios inconcebíveis como, por exemplo, com tanta frequência, iluminação pública, ligada de dia.

Na penúltima semana, na minha ida à praia, durante 3 dias, entre Vila Nova e os Capuchos, foi o que verifiquei. Assim como, dias seguidos, entre Corroios e Santa Marta do Pinhal, junto à Piscina Municipal.

São apenas dois casos atuais. Imagine-se a quantidade deles por esse país fora!

Portanto, a guerra, a indiferença, a má gestão e a injustiça, são cancros que matam e prejudicam tanto ou mais que os reais. Todos podemos e devemos contribuir para extirpá-los. Desde logo, denunciando-os e batendo-nos por uma sociedade bem mais justa. O que implica, evidentemente, quem elegemos.

Em relação à guerra, o pior de todos os males, como se existisse apenas um culpado, é o que se vê: sanções e mais sanções para um dos lados, e armas e mais armas, para o outro. Esforços para acabar com ela, zero! A quem interessa esta situação? Aos povos dos países implicados e aos outros, não é com certeza. A sede de domínio e o comércio das armas, falam mais alto.

Francisco Ramalho

Publicado ontem no jornal "O Setubalense"


PS- Falta a referência aos 250 milhões. Quando escrevi o texto, ainda não era conhecido. Nem talvez se previsse que o Governo/PS fosse tão generoso com o fomento da guerra. Sempre a surpreender-nos (pela negativa) este PS.








Ao biscate...

 

Segundo noticia o JN, há perguntas ainda sem resposta para o acidente do autocarro que, de Guimarães, se dirigia para Fátima com vários peregrinos, mas já se sabe que o condutor, que foi um dos que morreu no local, era também o proprietário daquela máquina de transportar pessoas, para cuja actividade não teria seguro, de acordo com o que dá a saber a Associação Portuguesa de Seguradores.

 

E é de pôr os cabelos em pé saber-se que podem andar por aí no transporte de passageiros veículos sem o elementar seguro – não há muito tempo foi noticiado um caso semelhante, de um indivíduo que se dedicava a transportar emigrantes, que teve um acidente em que morreram vários -  para além do mau estado de conservação que em muitos deles é bem visível; de facto, se o acidente em causa foi provocado pelo rebentamento de um pneu, como numa primeira análise foi sugerido, em que estado estaria esse pneu, para rebentar num piso tão macio, como em geral é o de uma autoestrada...

 

Amândio G. Martins

 

 

terça-feira, 24 de maio de 2022

A camisola de Maradona e a fome no mundo


Seis milhões de quilos de arroz (a preços de supermercado) é quanto se podia comprar com a importância que alguém deu pela camisola de Maradona.
O iate de um dos magnatas russos dava para comprar duzentos e vinte milhões.
Os triliões gastos só em material militar na Ucrânia, possivelmente dava para erradicar a fome no mundo.
Porque é que sobra a uns quantos o que falta  biliões inclusive àqueles que plantam o arroz?
Será que isto tem conserto, ou efetivamente é preciso outro (dilúvio) para recomeçar? 

Quintino Silva

É pior a emenda do que o soneto...

 

 As eleições para a chefia do PPD/PSD estão aí à porta.

Este partido com duas siglas tem vários 'partidos' no seu seio. Até há uma sensibilidade política que se chega ao Chega... Quando não são
poder transformam-se num saco de gatos. Concorre, Moreira da Silva, um envernizado cavaquista/passista em versão português suave e Luís Montenegro. Este é um clone de Passos Coelho, com uma linguagem agressiva, sendo adepto do darwinismo social. O descalabro do desgoverno do seu 'guru', Passos Coelho está-lhe colado ao seu passado político, sendo muito difícil os portugueses ditos de baixo esquecerem... A recusa de Montenegro em não se confrontar politicamente com o concorrente ficou-lhe muito mal. Estes acrescentam algo para a vida dos trabalhadores? Sim, a regressão dos seus direitos!
As organizações patronais têm nestes dois - uns bons ecos e competentes representantes...  
Aqueles são pior a emenda do que o soneto.
Entre um e outro venha o Diabo e escolha!
A travessia no deserto do abusivamente auto-intitulado, partido social democrata continuará

       Vítor Colaço Santos 

domingo, 22 de maio de 2022

Repugnante

 

Um sujeito asqueroso, investido na importante missão de sacerdote da igreja católica, aproveitou um convívio colectivo para tentar aliciar um rapaz para actos indecorosos de natureza sexual; começando por pedir ao adolescente que o acompanhasse aos lavabos, aí chegados tentou beijá-lo, atitude que fez o rapaz afastar-se dali, mas nem isso demoveu o tarado de insistir no assédio, enviando ao jovem mensagens de teor tão escabroso que não deixaram ao juíz que o interrogou quaisquer dúvidas de que estava perante um repugnante pedófilo.

 

Sabe-se que a formação de um padre católico é demorada e não é fácil, precisamente para capacitar a pessoa para a grande sensibilidade das funções em que fica investido na sociedade, o que dá aos seminaristas a possibilidade de se mudarem para outra coisa qualquer, se a vocação já não é o que inicialmente pensavam, o que acontece com muitos deles; todavia, a quantidade de actos indignos que foram sendo conhecidos por todo o lado, que só nos últimos tempos tem havido disponibilidade para investigar, parece-me revelar grandes lacunas na formação dessa gente.

 

E o que não pode deixar de chocar é que, num tempo em que os actos de pedofilia, e o assédio impróprio, seja qual for o sector da sociedade em que se manifestem, vêm provocando alerta geral, continuemos a encontrar alimárias como esse padre de Viseu a que este texto se refere, que para além de não deixar dúvidas da sua culpabilidade ao magistrado que o mandou para julgamento, pelas explicações que deu para o teor das mensagens enviadas ao moço que tentou aliciar, será também um indivíduo muito estúpido ...

 

Amândio G. Martins

 

sábado, 21 de maio de 2022

Ainda tem muitos amigos

 

“El emérito hace lo que le dá la gana”, diziam alguns dos seus amigos indefectíveis, quando perguntados pelos jornalistas, se crêem que Juan Carlos pretende mesmo voltar definitivamente para Espanha; o próprio, “temblente de las piernas, cadeira e rodillas muy malitas”, mas sempre sorridente, só respondia estar “un tiempo magnífico”, deixando frustrados os que esperaram várias horas para lhe arrancar algo que desse polémica.

 

Hospedado em casa do seu amigo Pedro Campos, presidente do club de vela de Sanxenxo, que guarda o veleiro Bribón, pertença de Juan Carlos, da família só teve a recebê-lo a infanta Elena, mas parece que está previsto um almoço com todos na Zarzuela, na próxima semana, voltando depois para o de onde veio, pelo menos por agora, porque ainda tem que resolver uma contenda com a eis- amante, que lhe pôs um processo num tribunal inglês, a que um juíz deu andamento.

 

Os espanhóis que têm memória não o condenam de nada, chamando “pecadillos” sem  nenhuma importância àquilo de que foi sendo acusado, e as sondagens até hoje conhecidas ainda dão o regime de “monarquia constitucional” como sendo o melhor para Espanha, mas os detractores da monarquia não perdem nenhuma oportunidade para tentar mudar o sistema; todavia, o que preocupa verdadeiramente o povo que vive do trabalho é o mesmo que a nós por cá, coisinhas como a Covid, o custo de vida, e surge-lhes agora mais essa porcaria a que chamam “viruela del mono”...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

Caldo entornado não alimenta ninguém


Percebe-se que Finlândia e Suécia tivessem despertado, subitamente, para o perigo russo. Na verdade, não é bem assim, porque, sabe-se agora, ambos os países já se preparavam para qualquer “eventualidade” há cerca de 25 anos. Conhecia-se, aliás, o cuidado que sempre puseram nas suas políticas de defesa, quanto mais não fosse pela colaboração activa que tiveram com a NATO em diversas operações militares. Ainda assim, só agora se deram ao trabalho de solicitar formalmente a adesão à Aliança, exercendo naturalmente um direito indiscutível de se aliarem com quem entendem ser a melhor opção para os interesses dos seus países. 

À NATO, que integra alguns dos países com maiores poderios financeiro e bélico, caberá a tarefa de avaliar os candidatos à adesão, tendo em conta uma grelha de critérios que serão, certamente, ultra-rigorosos, sem se compadecerem com o prosaico desejo de aumentar o número de “sócios” e/ou elevarem o volume de receitas das “quotas”. O que está em jogo é muito mais importante e, antes de qualquer outra coisa, o Mundo deve exigir-lhe a máxima ponderação no que toca às consequências dos seus actos.


Público - 22.05.2022

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Mais barriga que olhos

 

ABSURDO INFINITO

 

Programam crescimento infinito

Exaurindo a Terra de recursos

Mas como se vêem tão astutos

Fazem ouvidos moucos ao seu grito.

 

Não vemos o depredador aflito

Porque pensa não suportar os custos

Ao cofre dos exploradores brutos

Acede um número muito restrito.

 

Não lhes falem em Terra esgotada

Seguros das riquezas que guarda

Sem noção da responsabilidade;

 

Sob ameaça de um cataclismo

Em vez de agirem com realismo

Insistem na mesma indignidade.

 

Amândio G. Martins

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Guerra com muitos contornos...

 

 Desde o início da guerra invasora russa à Ucrânia, onde este país se pôs a jeito... o conflito começa, no mínimo, em 2014. Desde 24 de Fevereiro a informação da rádio, 

da televisão e da imprensa tem tido, quase, exclusivamente uma só direcção. São notícias, dia após dia e já lá vão umas dezenas, elaboradas pelo chamado Ocidente. Onde está o contraditório com alguma seriedade? Para que possamos formular uma opinião mais robusta e balizada? Não há! Tudo o que saia fora de uma condenação à Rússia capitalista e imperialista ou desafinar pelo seguidismo (bastas vezes acéfalo) à Ucrânia, cujo governo tem contornos nazis e fascistas, aos EUA, à UE e à Nato é-se ostracizado ou histericamente humilhado e rotulado de russófilo... 
Esta guerra é entre direita e extrema direita, cujos valores são diametralmente opostos à esquerda que tem uma atitude anti belicista! Quem está a ganhar esta guerra é o colosso da indústria do armamento, com os EUA à cabeça que já se ofereceu para reconstruir a Ucrânia(!), e a Nato. Pobre soldadesca ucraniana e russa que são carne para canhão!
Assim, esta agenda quer que sejamos todos ucranianos, a começar pelo (atrevido) presidente da República. Quem lhe dá o consentimento para falar em nome de todos os portugueses?
Nem ucraniano nem russo. Sou português!

                                                 Vítor Colaço Santos 

terça-feira, 17 de maio de 2022

 

O PREÇO DA COERÊNCIA


Compreende-se que muita gente seja influenciada pela avassaladora campanha em curso contra o PCP pela sua posição em relação à guerra na Ucrânia, e agora reforçada com “o caso Setúbal”. Também se compreende que alguns, mais bem informados, aproveitem a onda para criticarem o partido que mais se bate pelos trabalhadores e pela paz. É o preço da sua coerência.

Apresentam a Ucrânia como um pais normal e democrático. Um país, cujo Governo ilegaliza partidos políticos que não lhe agradem (onze), o Partido Comunista, já estava antes das últimas eleições. Um país onde nazis desfilam de mão estendida e cometem crimes impunes tão hediondos como o da Casa dos Sindicatos de Odessa, em que 40 pessoas encurraladas são vítimas de bombas incendiárias, umas morrem queimadas, outras saltam pelas janelas ou tentam fugir e são abatidas a tiro. Um país que incorpora essa gente nas suas forças armadas como o tristemente Batalhão Azov e provavelmente não só. Um país que reprime populações russófonas de regiões que pretendem a sua auto-determinação como é a região do Dombass. Onde, antes da invasão, já havia 15 mil mortos.

Um país com estas característica e provavelmente com outras menos conhecidas tão “normais e democráticas” como estas, é um país democrático e normal, como a comunicação social dominante e os críticos do PCP, o “vendem”?

O maior país encostado à Rússia, e a crucial questão do avanço da NATO para junto das suas fronteiras, onde ele se inclui, evidentemente.

Os que nada fizeram contra os desmandos acima citados, antes pelo contrário, apoiaram-nos. Assim como apoiam a continuação da guerra com o confessado objetivo de desgastarem ao máximo a Rússia. O que os move contra o PCP, o partido que coerentemente, desde sempre e mais agora, reclama o fim da guerra, é o facto de não condenar apenas a Rússia pela invasão, mas quem lhe deu todos os pretextos: EUA/NATO/UE.

Em relação a Setúbal, cito João Oliveira na sua página do FB: “ Os refugiados ucranianos não terão todos as mesmas origens ou convicções. Não se pode excluir que existam entre os russófonos, independentistas, refratários, ou seja, homens que fugiram da lei marcial, recusando a incorporação obrigatória nas forças armadas e a ida para a guerra, entre outros. As obrigações do Estado Português não pode excluir nenhum deles.

A Câmara Municipal de Lisboa acaba de tomar uma decisão que deixa estes refugiados expostos a uma óbvia vulnerabilidade. Os dados pessoais destes refugiados (por exemplo, os refratários) e suas famílias podem agora estar à disposição da Embaixada da Ucrânia. O perigo é evidente.

Isto porque a Câmara Municipal decidiu atribuir a gestão do apoio aos refugiados em Lisboa, sem qualquer concurso, a uma associação (com conhecidas e assumidas posições nacionalistas) indicada pela Embaixada da Ucrânia. Desta vez, porém, não há manchetes bombásticas, nem comentários indignados, nem pedidos de investigação, nem moções de censura.

Quem responde pelas consequências desta decisão?”

Francisco Ramalho

Publicado hoje no jornal "O Setubalense"





Nas mãos dos falcões


No rescaldo da II Guerra Mundial, a Europa “decidiu” acabar com todas as guerras no Continente, adoptando o diálogo e a diplomacia para resolver qualquer diferendo. Faz pouco tempo, não faltava quem exaltasse a Paz que a Europa tinha “inventado” há sete décadas, considerando-a mesmo um direito adquirido (e eterno?). Tanto que se chegou a diagnosticar “morte cerebral” à NATO, constituída em tempos dos “papões” soviéticos. Afastados receios "infundados", a Europa Ocidental, com a ajuda dos EUA, entendeu-se com os “moribundos” soviéticos, e tratou de incluir numa expansiva Aliança diversos países que, antes, pertenciam ao outro lado da Cortina de Ferro. Foi o tempo das “pombas”, crentes de que a Rússia tudo aguentaria.

Como não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe, sobreveio o tempo dos “falcões”. Entrevendo a possibilidade da realização de um sonho antigo, alguns deles, persistindo em confundir a Federação Russa com a União Soviética, entenderam que chegou a hora da vingança pelo atrevimento de 1917, e, mal Putin cometeu o erro fatal da Ucrânia, desvelando as suas insuspeitadas fraquezas, logo os “falcões” apareceram a exigir a destruição e humilhação da Rússia.

Resta saber se há um momentum para se humilhar um país, em especial um dos “grandes”. O preço poderá ser demasiadamente alto. Aconselham-se cautelas.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

a PAZ que bem precisa é...

 


Paz que bem precisa é… mesmo contra opinião de governos europeus e comissão da U.E…. que pouco ou nada fazem para tal… e pelo contrário parecem empenhados em estimular o confronto e a guerra… e em esconder dos cidadãos a tragédia e eventuais consequências para toda a humanidade … (a imagem foi obtida em N.ª Sra. dos Prazeres, Rio de Moinhos, Sátão, Beira Alta, em 05.2022)

domingo, 15 de maio de 2022

Madeleine

 

 

 

A  pretexto de mais um aniversário do desaparecimento desta menina inglesa, no Algarve, vi um dia destes na televisão espanhola “La Sexta” um debate interessante, motivado por recorrentes notícias que dão um alemão, que ao tempo também cirandava pelo Sul de Portugal, onde teria violado uma mulher, como principal suspeito do sumiço da criança; é que na furgoneta do tal sujeito, que no seu país também tem cadastro de violador, teria sido encontrada agora uma fibra do pijama que a criança vestia na altura em que foi arrancada da cama.

 

Nesse debate participava um antigo inspector da polícia espanhola, a quem ao tempo as autoridades portuguesas pediram colaboração, por se suspeitar que a menina tivesse sido levada para Espanha, um psiquiatra forense, uma crominóloga e um investigador ao serviço da própria televisão, que trata no canal os assuntos da criminalidade.

 

Nesse debate foi comentada a intervenção “abusiva”das autoridades inglesas, o extraordinário interesse do Governo inglês de então em proteger os Mc Cann, a desautorização  e a “injustiça” que fizeram ao inspector Amaral, por considerarem que fez um excelente trabalho – la polícia portuguesa es muy buena – e ridicularizaram a ideia de que a fibra de roupa encontrada no seu carro possa incriminar o alemão, se não existe sequer a tal peça de roupa para comparar...

 

Amândio G. Martins

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Tontos...

 

As empresas existem para que na sua actividade, nos mais variados sectores da economia, produzam os bens de que os povos precisam e, como resultado disso, gerem lucros atractivos para os que nelas investem; todavia, o que se vem passando no sector das energias, com as dificuldades reais e inventadas na obtenção de matéria-prima a justificar tudo, transformando a vida dos cidadãos num calvário impossível, os lucros declarados por esses gigantes no primeiro trimestre são qualquer coisa de obsceno.

 

Os gestores destas máquinas de surripiar ao povo o que tem e não tem, acusam os governos de levar a maior fatia, mas o que se tem verificado é que, sempre que os governos reduzem a sua margem, logo eles a comem com mais um aumento, aqui como em Espanha.

 

E causou escândalo o que disse um dia destes o chefe máximo da Iberdrola, Ignácio Sánchez Galán, acerca da tarifa regulada para as famílias de baixos rendimentos, com dez milhões de espanhóis beneficiários, dizendo que não passavam de uns tontos, levando alguns comentadores a dizer que se vivessem numa sociedade onde os dirigentes tivessem noção das suas responsabilidades, Galán não ficaria naquele lugar nem mais um minuto...

 

Amândio G. Martins

terça-feira, 10 de maio de 2022

Bola baixa

 

Aquele sujeito atarracado de quem ontem muitos  esperavam mais um discurso “explosivo”, no tão cantado “Dia da Vitória”, no qual comemoram terem sido eles os  vencedores da Segunda Guerra, na qual só entraram porque a ignomínia que tinham pactado com Hitler foi traída por este, afinal saldou-se por mais umas quantas banalidades e mentiras justificativas do seu acto criminoso, para embalar o povo, como aquela de ter ordenado “uma acção preventiva” na Ucrânia para evitar que o Ocidente invadisse as suas terras sagradas, para o que há muito se vinha preparando.

 

Às hordas de violadores e assassinos que despejou sobre a Ucrânia chamou “gloriosos soldados que se cobrem de glória a defender-nos a todos do nazismo”, mas não permite que o povo russo veja o que realmente têm feito, para que não possa concluír que os seus filhos se cobrem é de vergonha perante o mundo.

 

A uma socióloga russa que, a partir de Moscovo, comenta habitualmente para a televisão espanhola “La Sexta”, o jornalista perguntou se era credível que 80% dos russos apoiavam o belecismo de Putin, como circulou por estes lados, ao que a senhora  respondeu, em fluente castelhano, que há ali muitos idiotas, como em qualquer outro lado, mas aquela percentagem é um claro exagero...

 

Amândio G. Martins

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Uma semana estranha

 

Conforme dito em curta mensagem escrita no “tablet” – detesto ter de escrever aí, ou no telefone, porque me falta sempre qualquer coisa -  fiquei sem computador há uma semana; contactado o “arranjeiro” habitual nestes casos, que é o meu filho, respondeu-me que estava em Madrid numa auditoria, que tinha um serviço semelhante nas Astúrias, e só no fim-de-semana, se tudo corresse bem, poderia passar por cá, sugerindo-me que levasse a coisa a um técnico aqui na vila, se tivesse mesmo pressa.

 

Como sempre deconfio que, entregando uma máquina destas em mãos estranhas, se corre o risco de ver os “segredos de estado” pessoais indevidamente usados, resignei-me a esperar, o que valeu a pena, porque o homem cumpriu a promessa, e a peça de museu de que me vai custar muito separar um dia, quando a isso for mesmo obrigado, ficou de novo operativa.

 

O estranho é que eu, que só gasto no computador a primeira hora activa do dia, de manhã bem cedo, nem me passando pela cabeça ser “viciado” nisto, vivi uma semana como que amputado de alguma coisa de primeira necessidade, às “aranhas” para ocupar de forma útil essa hora...

 

Amândio G. Martins

sábado, 7 de maio de 2022

 

UM FUNDADOR DO PS QUE TEM A DIGNIDADE DE SE DEMARCAR DOS DEFENSORES DA GUERRA


"A União Europeia, dirigida por uma porção de 'políticos de refugo' que já deram o que tinham a dar (e deram pouco e mal) nos seus países, está a perder a oportunidade de se colocar como potência autónoma entre os EUA de um lado e a Rússia (e a China) do outro desempenhando o papel de medianeira (que a ONU de Guterres, em decadência, não foi capaz de assumir) e tentando um acordo de paz razoável que teria de passar, obviamente, pela neutralidade da Ucrânia em relação à NATO, deixando de ser o instrumento de luta dos Estados Unidos da América contra a Federação Russa.

Com a 'chuva' de 'pacotes' cheios de sanções contra a Rússia, esta Europa está a virar-se contra si própria e, mais exactamente, contra os povos europeus, que já estão a sofrer na pele as consequências dessas sanções contra a Rússia. Claro que a responsabilidade não é apenas de políticos medíocres como Ursula Von der Leyen, Charles Michel e 'tutti quanti' (espécie de 'reformados' porreirissimamente bem pagos pela UE). É também, e sobretudo, dos líderes políticos dos diferentes países europeus, nomeadamente Portugal, onde estão a prevalecer os apelos à guerra de, por exemplo, o actual presidente da AR, Augusto Santos Silva (ex-esquerdista) e do actual ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho (ex-ministro da Defesa) perante uma óbvia e incompreensível 'apatia' do primeiro-ministro, António Costa (que ainda é o melhor que o Governo e o PS têm), e o frenesi, tão empolgante como ridículo, do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sempre na brecha para causar brechas na maioria absoluta do PS... Portugal podia perfeitamente ter passado (mas não passou) sem a triste e lamentável "macacada" que foi o presidente fantoche da Ucrânia, Volodymyr "Pandora Papers" Zelensky, ter vindo fazer (em modo virtual), à Assembleia da República, apelos à guerra e a mais armas, para gáudio da frenética e irresponsável Ana Gomes (um exemplo de 'caso perdido' para a política), do frenético Marcelo PR (que não perde uma para se exibir), mas também, o que é mais grave, dos deputados do PS e do Bloco de Esquerda, todos a aplaudir, muito acéfalos e "contentinhos da Silva", o ex-comediante (que chegou a apresentar um número em que fingia tocar piano com o pénis) ao serviço dor oligarcas ucranianos (sobretudo de um deles, que lhe abriu contas 'offshore') e do Presidente 'Donkey' Joe Biden, dos EUA, sempre em busca da asneira, como aconteceu tragicamente no caso da retirada das tropas americanas do Afeganistão.

Será que não há um único líder político europeu mais corajoso e capaz de ir contra a corrente belicista, e erguer a sua voz em defesa de uma Europa que precisa de paz e que tem de coexistir com a Rússia e os Russos - e não vá na estúpida 'conversa' de que isto é tudo contra o Putin e não contra o povo Russo, como se os pacotes de sanções fossem apenas contra o Kremlin e não afectassem os Russos, todos os Russos (além dos Europeus em geral)... E quem não perceber isto, não percebe o que lhe vai acontecer…"

Alfredo Barroso

Campo d'Ourique, 4 de Maio de 2022