quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Os bichos que esperem

 

 SEM PRESSAS

 

A terra já me reclama a carcaça

Tal a sua insaciável voragem

Mas não tenho pressa dessa viagem

A menos que aconteça uma desgraça...

 

Ainda vai havendo o que tem graça

Neste mundo onde faz falta coragem

Para nos defendermos da chantagem

Daqueles cuja regra é a trapaça.

 

Quero continuar no mesmo rumo

Enquanto puder manter o aprumo

Sem da última viagem ter pressa;

 

Tentando manter a simplicidade

Sem abusar do que pode a idade

Sabendo discernir o que interessa.

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Marques "mentes" a presidente

 

Das coisas com que certos figurões me conseguem fazer rir é a pseudoimportância que se atribuem, sem a menor noção da realidade; é o caso do primeiro putativo candidato à presidência da República que, porque o patrão dum canal televisivo da sua área lhe ofereceu o lugar de comentador da inanidade política, onde semanalmente se vem cobrindo de ridículo – lembro-me daquela premonição acerca de Centeno, quando já era dado como certo na presidência do Eurogrupo -  já se compara àquele outro comentador que, também a partir de lugares assim, se fez presidente, se calhar justificando a decisão perguntando a si próprio, que tinha ele que eu não tenho.

 

E, na verdade, o outro tinha imensa coisa que ele não tem e nunca terá, desde logo uma carreira prestigiada no ensino, enquanto ele, produto começado e acabado no cavaquismo, é irrelevante o que se lhe conhece para lá de parasitar a política, sem que se lhe tivesse conhecido uma ideia marcante sobre fosse que tema fosse, para além de ter sido o “ódio de estimação” de muitos correlegionários, que a ele se referiam jocosamente por “taquinho de Fafe”...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Professores: profissão mais do que desvalorizada...

É verdade que para alguns professores se prevê alguma parcial recuperação, mas ao nível da recuperação do tempo, mais de 6 anos metidos na gaveta, coisíssima nenhuma é o que os professores irão ter, depois da trapalhada, que originou o decreto-lei: Marcelo vetou e, fez um «vistaço», sendo pólvora seca, o desgoverno reformulou o texto, para dizer, que talvez possa avaliar a situação dos professores na próxima legislatura(!). Vem aí eleições... Os docentes fragmentados pela pulverização de Sindicatos, não ajuda e, ainda menos a fractura, entre a FENPROF e o STOP. As divisões favorecem a política medíocre do ministério da Educação. Ninguém merece, a agitação nas escolas, sobretudo quem quer ser instruído e os pais, que não vêm resolução e o novo ano vai ser com nova justa luta por aquilo, que Lhes assiste por direito próprio a quem prepara o futuro de Portugal. Custa os olhos da cara pedir aquilo que é nosso! Esta gente que diz que governa, alimenta de sobremaneira o desespero dos pais e o populismo da direita extrema e da extrema-direita. Este absolutismo é uma indelével!

 DESTAQUES DE AGOSTO


Os excessos do clima são destaque apenas por serem cada vez mais frequentes e intensos.

A nível nacional, destaque-se a Jornada Mundial da Juventude. Mais concretamente, as intervenções do Papa Francisco.

“ Olhando com grande afeto para a Europa, apetece perguntar-lhe: para onde navegas, se não ofereces percursos de paz, vias inovadoras para acabar com a guerra na Ucrânia e com tantos conflitos que ensanguentam o mundo?

Para onde navegais, Europa, com o descarte dos idosos, os muros de arame farpado, as mortandades no mar, os berços vazio?

Estamos a transformar as grandes reservas da vida em lixeiras de plástico.

As muitas dificuldades colocadas aos jovens, como a falta de trabalho, os ritmos frenéticos em que se vêm imersos, o aumento do custo de vida, a dificuldade de encontrar uma casa e, ainda mais preocupante, o medo de constituir família e trazer filhos ao mundo.

A boa política é chamada, hoje mais do que nunca, a corrigir os desequilíbrios económicos dum mercado que produz riquezas, mas não as distribui, empobrecendo de recursos e de certezas e ânimos.”

Francisco, tal como já nos habituou.

No documentário de Gianfranco Rosi, “A Viagem do Papa”, vemo-lo nas principais chagas do mundo a condenar a guerra. E nos EUA, o comércio das armas. “Imoral e vergonhoso”.

Como diz o meu amigo Jerónimo Jarmelo, autor de mais um grande romance, “Sete Cartas para Salomé, “Quem dera que a Igreja Católica pensasse e agisse como o Papa Francisco”.

Outro grande destaque, foram as Festas Populares de Corroios. O maior evento do género organizado por uma junta de freguesia. Um grande incentivo ao tecido empresarial da região, a centenas de comerciantes e artistas, ao Movimento Associativo. Um milhão de entradas. É obra!

Estão de parabéns o Executivo (CDU) da Junta de Freguesia e a Comissão de Festas, também pelo merecido e brilhante tributo a Carlos Paredes.

No plano internacional, Marcelo deslocou-se à Polónia e à Ucrânia para condecorar com o Colar da Ordem da Liberdade o homem que a reprime política e culturalmente. A guerra teria acabado ainda antes da invasão, se os acordos de Minsk tivessem sido cumpridos. Mas, como afirmaram Merkel e Hollande, serviram de compasso para armar a Ucrânia e causar o máximo de dificuldades à Rússia com as sanções. O Major-General Agostinho Costa, numa extensa entrevista aos académicos brasileiros Rogério Anitablian e Fábio Reis Viana, publicada nas redes sociais, diz que o objetivo último da guerra, seria a substituição do poder político em Moscovo e, se possível, o desmembramento da Federação Russa, tal como fizeram com a Jugoslávia.

Mas o grande destaque foi a Cimeira dos BRICS onde estiveram representantes de Estados que representam mais de 40% da população e cerca de 25% do PIB mundiais, e convidados. Entre os quais, o Secretário-geral da ONU. Falou-se não de guerra, mas de paz e cooperação.

O limiar da nova ordem mundial bem mais prometedora que a atual. Unipolar e com pretensões de hegemonia global mesmo pela força.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O SETUBALENSE"




Não acertam uma

 

Chega a dar-me pena quando vejo tantos jornalistas amontoados à volta duma figura, sobrepondo as perguntas uns dos outros, sem dar ao interrogado tempo de responder ao que antes lhe tinham perguntado, ainda por cima com perguntas intermináveis e com tais considerandos que, quando terminam, a pessoa já nem se lembra do que realmente queriam saber; outra coisa, esta a provocar-me algum riso, é o esforço que fazem para apanhar o PR à “batatada” com o PM, colocando a cada um as mais imbecis questões acerca de como vão as coisas entre ambos, para depois concluirem do estado das respectivas relações, que querem a todo custo ver chegar a um ponto de não retorno e à queda do Governo.

 

E quando as duas figuras do topo da hierarquia do Estado coincidem nalgum evento, reparam nos mais pequenos pormenores que possam denunciar mal-estar, ficando nitidamente aborrecidos quando os vêem chalacear da “gravidade” daquilo que, para alguns jornalistas, é sinal inequívoco de que as coisas entre ambos nunca estiveram tão tremidas, como se não estivessem “carecas” de saber que Marcelo e Costa conhecem muito bem como lidar um com o outro, não sendo os aparentes desacordos mais do que a pitada certa de picante para a opinião pública...

 

Amândio G. Martins

 

 

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

"Queríamos um Calatrava"

 

Desde sempre tivemos por cá arquitectos famosos, cujas obras não ficavam baratas a quem os contratava, porque o prestígio que foram alcançando às tantas os transformava em mitos inacessíveis; todavia, tirando um, que se salientou mais pelo espavento do que pela arte do que riscava, e até protagonizou um escabroso escândalo sexual, não me lembro de mais nenhum que tivesse causado grandes polémicas por incumprimento do que lhe pagavam.

 

O mesmo já não aconteceu com o famoso espanhol Santiago Calatrava - que também cá deixou marca -  que teve de abandonar o país, porque rara foi a obra que não desse escândalo, não só pelo orçamento, que chegava a triplicar o inicial, como pelos graves defeitos que pouco depois de inauguradas as suas obras revelavam, resultando em intermináveis processos, e quando questionavam os muitos prejudicados, alguns até de organismos oficiais, da razão por que não tinham escolhido outro arquitecto, os responsáveis invariavelmente respondiam: “Queríamos um Calatrava”.

 

 De facto, o que neste fim-de-semana foi mostrado no canal La Sexta, no programa”Equipo de Investigación”, da jornalista Gloria Serra, foi um tal “calvário” de reclamações e chamadas do homem aos tribunais que faria supor que o nome Calatrava ficaria inutilizado para sempre como arquitecto; mas qual quê, o seu risco continua muito disputado por americanos e ingleses, alternando entre os dois países, e parece que com os mesmos problemas de incumprimento...

 

Amândio G. Martins

domingo, 27 de agosto de 2023

 AS FESTAS POPULARES DE CORROIOS


As Festas Populares de Corroios, constituem o maior evento do género, organizado por uma junta de freguesia. E também um dos maiores a sul do Tejo. Um milhão de entradas previstas. É obra!

Mas estas festas, não são “apenas” motivo para o povo ter acesso gratuito (com exceção de amanhã para o concerto dos Xutos & Pontapés com um título de solidariedade de 7,5 euros) à cultura, a grandes espetáculos musicais de quase todos os géneros. A diversões várias, a adquirir os mais diversos produtos, a bons e variados petiscos (este ano até temos a Feira do Marisco). As Festas Populares de Corroios, são um grande incentivo ao tecido empresarial , a centenas de comerciantes e artistas e ao Movimento Associativo Popular.

Quando nos referimos a centenas de artistas, referimos dos melhores a nível nacional, mas também local! Não será o caso da Tertúlia Coimbrã de Miratejo? Do Grupo ADA “Amigos de Abril”? Do grupo juvenil do CCRAM “Talentos Sem Fronteiras”? Das Danças de Salão do Clube Recreativo e Desportivo de Miratejo? E também do Grupo Coral e Instrumental Moinho de Maré, Grupo coral e Instrumental Ventos e Marés, “Os Sempre Jovens” da AURPI de Corroios, e todos os artistas/músicos que abrilhantam o Palco Arraial.

Portanto, estão de parabéns o Executivo (CDU) da Junta de Freguesia, a Comissão de Festas, e todos os que colaboram com as mesmas.

Felicitações também pela justa e belíssima homenagem a esse grande músico que foi Carlos Paredes.

Esperemos que tenham até agora, usufruído em pleno das Festas, mas ainda faltam três dias. Ou melhor, três noites. Nomeadamente, com os Karetos, Xutos & Pontapés e Quinta do Bill.

Dizer ainda que a apresentação no Palco Carlos Paredes, mais uma vez, é da competente Carla Rodrigues,e no Palco Liberdade, está a cargo da jovem que é já mais que uma promessa, uma certeza; Leonor Siquenique.

Divirtam-se!

Francisco Ramalho





Aprendizes de cómico

 

Uma coisa que me diverte imenso é a terminologia radical usada nas mais diversas reivindicações, tanto em cartazes de propaganda política como em manifestações sectoriais de algumas classes, ou nos escritos de algum autoconvencido de que aquilo que escreve tem alguma importância e influência: “Exigimos isto e aquilo, já”! ; isto porque me parece que se a entidade a quem se dirigem até teria o assunto em estudo, aquele tipo de radicalismo apenas irá incentivá-la a retardar ou colocar  a coisa de lado.

 

Nessa linha, o chamado maior partido da Oposião vem desvalorizando sistematicamente toda a acção do actual Governo, de uma ponta à outra, desde o momento em que conseguiu unir forças para pôr termo ao que foi a sua desgraçada governação, de esbulho dos mais pobres para dar aos ricos, como foram demonstrando todos os estudos; e como o actual líder, quando fala, há-de levar muita gente à gargalhada, vão colando cartazes por todo o lado, uns atrás dos outros com curto intervalo, no mais recente dos quais se exige do Governo que baixe os impostos, “Já”...

 

Amândio G. Martins

sábado, 26 de agosto de 2023

Manuel Mota, um Ser excepcional...

Manuel Augusto de Jesus Mota, foi um ilustre 'desconhecido' intrépido defensor do SNS, desde a primeira hora. Usou militantemente esta insígnia, na sequência vindoura do dia agitado, claro e esperançoso conquistado com sangue, morte, luta e alegria - o 25 de Abril de 1974. Enfermeiro psiquiátrico, esteve décadas a desempenhar no Hospital Miguel Bombarda, com sobejas provas dadas profissionalmente e na empatia com os psiquiatrizados. Como visitador destes pude testemunhar estas qualidades, ouvindo-os. Disseram-me que sentiam melhoras, na interação empática com o enfermeiro Mota. Esteve ao serviço na Divisão de Higiene, Segurança e Saúde Ocupacional, da Câmara Municipal de Sintra, onde era estimado, reconhecido e valorizado pelo seu dedicado labor: atenção permanente aos doentes; disponibilidade para atender trabalhadores e aposentados e, até para lá do seu local de trabalho, sem cobrar nada, praticando solidariedade activa (foi muitas vezes, graciosamente, o enfermeiro dos pobres). Tive o privilégio de ao longo de anos ter sido atendido de forma irrepreensível. Não tendo médico de família, assumiu de alguma forma esta responsabilidade em estreita colaboração com os drs. Filipe Vaz Azevedo e, agora com Salvador Brito. Largas centenas de pessoas perdem um homem bom, que na sua nobre missão, tudo, tudo fez para ajudar a tratar maleitas. ''Com saúde mental temos muitíssimo mais do que meio caminho andado'', dizia o Mota. Deixou-nos (quase) sem avisar.... Disse-me, a despedir-se?, dias antes de nos deixar: « Não me engano, sei o que tenho...». Desencarnou num dia e foi sepultado no dia seguinte. Exceptuando o meu filho, Miguel Ângelo, perdi o melhor Amigo do coração! O Universo conspira a favor de quem, neste caso, andou neste patamar intermédio em missão de curar, a re-ligar,.... Esteja lá onde estiver descanse na paz inteiramente merecida. Querido 'Manel', serei teu até à Eternidade!

Que bárbaro

 

Seguramente para desacreditar toda a informação que tinha anunciado para o dia seguinte que, “si o si, Rubiales dimitiria”, este decidiu dar aquele triste espectáculo, atacando tudo e todos, desde a Informação aos políticos e ao que chamou falso feminismo, para o que mobilizou todos os que da Federação de algum modo dependeriam e no que até fez participar as filhas, aconselhando-as ali mesmo, com elas à frente, a não se deixarem iludir pelo falso feminismo, que não parava de gritar “campeonas, campeonas!”; no hay campeonas, hay campeones mundiales del futbol feminino”.

 

Este disparate fez a comentadora Cristina Almeida apelar directamente às filhas do sujeito para que não deixassem de respeitar o pai, porque é seu pai, mas que façam o que puderem para o fazer entender que as mulheres têm de ser respeitadas, e o que naquela Assembleia tinha feito era tudo o contrário, repetindo a mentira de que o beijo àquela jogadora tinha sido pedido e consentido, sabendo-se que a moça o desmentia e se recusou estar presente a seu lado no pedido de desculpas públicas que tinha feito...

 

Amândio G. Martins

 

 

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

PR MARCELO E AS DECLARAÇÕES FLOREADAS PARA A FOTOGRAFIA

 


 «Uma justiça tardia não é justiça», afirmou o Presidente Marcelo na sua visita à Ucrânia. Não é justiça na Ucrânia, nem em Portugal. Mas na Ucrânia, o PR Marcelo, para além das declarações floreadas e para a fotografia, nada pode fazer. Em Portugal, pode e deve preocupar-se com o problema que é o estado lamentável da situação da justiça, sobretudo no que diz respeito aos inúmeros processos envolvendo ricos e poderosos e de corrupção, que se arrastam anos e anos sem quaisquer consequências ou desfechos. Vamos aguardar...


Mas o mais certo é tudo continuar na mesma. Como aconteceu, com a simulação de intervenção sem efeito prático, na contagem do tempo de serviço dos professores... Ou com o veto do pacote da habitação, que nada vai alterar...

 Colar da Ordem da Liberdade, para quem a reprime política e culturalmente, para quem promove criminosos nazis a heróis nacionais, é uma afronta à Liberdade e a Portugal de Abril.

Dinheiro faz dinheiro

 

Assim como para o infeliz endividado, o chamado efeito “bola de neve” o enterra cada vez mais, para o muito rico, o faz cada vez mais rico; de facto, comentava-se nesse sentido numa TV espanhola que o velho Amancio Ortega, depois de ter passado para uma filha a “pasta” na Inditex, passou a investir as suas “economias” no imobiliário nos Estados Unidos, no “ladrilho”, como diziam com alguma graça, mostrando um dos “rascacielos” de apartamentos de luxo para endinheirados, negócio com o qual tem aumentado a sua fortuna em muitos “miles de millones”.

 

E sabendo “fazer dinheiro”, é também mostrado como um homem solidário com a sua gente, quer com aqueles que o ajudaram a ser rico como com as comunidades onde verifica haver carências, tendo há tempos causado polémica a “imbecilidade”de Pablo Iglésias, que o criticou por ter oferecido um centro de assistência que foi valer a muita gente, acto que o político extremista, cobrindo-se de ridículo, em vez de agradecer preferiu mostrá-lo como forma de o benemérito exibir a sua fortuna perante os mais pobres...

 

Amândio G. Martins

 

 

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Um destino anunciado

 

Diziam as notícias de fim de tarde de ontem que o líder dos bandidos sanguinários que, ao serviço de Putin, cometeram na Ucrânia as maiores atrocidades, tinha morrido num acidente aéreo, e eu ouvia aquilo e dizia para mim que o patife até tinha sobrevivido bastante tempo ao que era um destino mais que esperado, depois daquela aventura em que experimentou ridicularizar o patrão; claro que isto não passa duma teoria da conspiração dum serventuário do capitalismo americano e da Nato, que as autoridades aeronáuticas russas irão desmascarar rapidamente, demonstrando que a queda do avião onde também viajava o tal facínora, decerto tentando escapar, misturando-se com insuspeita gente , num voo igual a tantos outros que se realizam por todo o lado.

 

Só que ali não se vive num país igual à maioria dos outros; ali, onde os desígnios do “todo poderoso” são insondáveis, quem mijar, um bocadinho que seja, por fora do penico fica com o destino inexoravelmente traçado, e este energúmeno é só mais um que se junta a tantos outros que, depois da barriga cheia, terão tido um rebate de consciência do mal que faziam como lacaios do ditador, contra a imensa maioria do povo russo, impedido por todos os meios de conhecer a verdadira dimensão da estrumeira em que, apesar dela, lá vão vivendo, por não terem outro remédio...

 

Amândio G Martins

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Incorrigíveis

 

As cenas grotescas de que o presidente da Real Federação Espanhola de Futebol foi protagonista, não só com o beijo na boca a uma jogadora, na tribuna de honra, mas esfregando ostensivamente os “cojones” -  como se estivesse a festejar uma vitória de machos - na cara dos milhões de pessoas que assistiam, não deixarão de ser comentadas em termos negativos por tudo o que for gente decente, enquanto Luis Rubiales não se demitir ou for demitido, até porque não é a primeira vez que o sujeito é apontado por comportamentos irregulares, e embora sempre se tenha saído airosamente, o ambiente contra ele agora está tão pesado que até na recepção às vencedoras do Campeonato do Mundo, na Moncloa, Pedro Sánchez, depois de saudar uma a uma as atletas, com dois beijinhos sorridentes, o aperto de mão a Rubiales foi rápido e de cara fechada, numa clara demonstração de que se o fulano dependesse do Governo já não ocuparia aquele lugar.

 

Claro que para a grande parte da gente do futebol, predominantemente masculino, o que fez Rubiales nada tem de “malo”, assim como a corrupção, ou as violações que as “manadas” dos “encierros” cometem porque, para eles, se as raparigas não andam à procura de sexo não vão para ali; de facto, verifica-se que para grande número de espanhóis, os sujeitos que cometem tais actos não são criminosos, mas tidos como “muy listos” – muito espertos ou inteligentes.

 

Na corrupção foi flagrante o que fizeram a Pablo Casado que, tendo assumido a liderança de um  PP enterrado nela de uma ponta à outra, a ponto de ter tentado vender a própria sede do partido – o que levou alguns comentadores a dizer que “mudar de sede para escapar do ónus da corrupção passada era como se Ali Babá, por mudar de caverna, não fosse responsável pelos actos dos quarenta ladrões” -  onde tinham sido feitas obras de centenas de milhares de euros não declarados, pagas por empresários, ficou atento a tudo que pudessem ser irregularidades que lhe manchassem a liderança, mas quando quis matar à nascença os novos casos que vinham sendo denunciados na Comunidade de Madrid, a presidente desta Comunidade, Diaz Ayuso, desatou a gritar contra Casado e os “barões” todos correram a defendê-la, tendo substituído Casado por Feijóo que, apontado na recente campanha eleitoral como sendo amigo do famoso traficante de droga galego Marcial Dorado, mostrando fotos em que o político veraneava no iate do criminoso, Fijóo, com a maior cara de pau, “defendeu-se” que, naquele tempo, Dorado era “só” contrabandista...

 

Amândio G. Martins

 

 

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Federico Garcia-Lorca, expoente iluminado da Palavra Poética

O Enorme Lorca, que nada tinha de lorpa, qu'o tenho sempre à minha visão, Poeta do meu coração postado abaixo do Afonso, José qu'até compunha com o pé... e, hirto, de pé!.... Lorca, foi\é! Tão Grande na Arte, no todo, na intervenção anti-fascista e, não em parte qu'até Desenhista foi e, por ser tão fora da caixa... fuzilaram-no com mortíferas balas, não de borracha... Comovo-me... e muito, sabendo qu'a minha maresia lacrimejal, regará a imortalidade de Federico para-normal... Isto mesmo interpretei na visita à sua Casa-Museu, em Granada onde eu, m'escapou nada e, recolhido, emocionado\enternecido e sentido conversei com ele.... Homem valente, cabelos\tintos, boca bem esculpida\torneada e olhos d'holofote, da Poesia foi Rei - não valete. Estando lá em Granada - eu o Poeta Magistral, Garcia-Lorca, me respondeu.... (...) Já tenho saudades do longo-prazo Futuro... será duro mas, radioso porque o assassino, o fascista, o explorador e, até o asqueroso não terão lugar neste patamar intermédio porque haverá... e, muito médium... (...) Federico Garcia-Lorca, Meu Queridíssimo e, da tua Obra Amantíssimo ..., não estás falecido, continuas Vivo!, de Viço!! Teu até à Eternidade!!! Vítor Colaço Santos Apostila: Fez agora 87 anos que, Francisco Franco, fascista e criminoso deu ordem para o matar. Abascal do Vox e o desventurado são irmãos siameses da parentela de Franco... 100 mais Comentários!

Sem maldade

 

QUANDO O HÁBITO FAZ O MONGE

 

“Dê-nos sua bênção, senhor abade”

Eram pequenas, comigo cruzando

Deus vos abençoe, fui-lhes respondendo.

Embora sem aquela autoridade...

 

Não tinha essa função na sociedade

Mas vendo que me estavam confundindo

Mesmo que por dentro ficasse rindo

“Assumi” essa falsa qualidade.

 

Com gabardina igual ao fato preto

Apresentaria o mesmo aspecto

Dos padres que por ali circulavam;

 

Havendo perto um famoso mosteiro

Ver sacerdotes andar pelo meio

As crianças em nada o estranhavam...

 

Amândio G. Martins

Professores: profissão desvalorizadíssima

As maiorias absolutas geram absolutismos. O partido dito socialista enferma desta arrogante disrupção, pelo: quero, posso e mando a solo! Lembremo-nos da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, do absoluto desgoverno de Sócrates, que iniciou o lançamento para os fojos da desvalorização a carreira dos professores. Hoje, a bitola está igual.... O futuro da instrução em Portugal é negro: professores lesados em mais de 6 anos em tempo de trabalho. Mas, nas Ilhas Adjacentes, esta situação resolveu-se. Por cá, não se soluciona, porquê? Porque as «contas certas» estão à frente da Instrução e, de quem a dá. Docentes devem ser alvo do máximo carinho, compreensão e valorização... há cinco meses, que os professores esperam resultados - em vão! Vem aí novo ano lectivo e esta classe não desarma, na sua justa luta. Quem não luta, perde sempre! As políticas deste ministro, revestem-se de perfeitas nódoas indeléveis. O executivo disponibilizou um manual para os professores que pretendessem habilitar-se a uma casa. Só existem em Portimão e Lisboa... sendo 29 habitações(!). Neste caso gozar com os professores é um crime político! Quem ensina deve ter uma especial ajuda para as deslocações de muitos, muitos quilómetros de suas casas para a escola. Uma professora amiga diz-me: 'Neste momento os jovens descartam a profissão de professor e por este caminho, dentro de pouco tempo haverá um déficit de docentes na Escola Pública!' O rumo dos acontecimentos parece(o que parece em política - é!), que querem estender a passadeira para as escolas privadas.... Nem todas as pessoas têm dinheiro para aceder à onerosa mercantilização do ensino.

segunda-feira, 21 de agosto de 2023

De nenhuma importância

 

Não é meu hábito protestar com o jornal para o qual envio um ou outro dos escritos que aqui publico, e não o farei agora, porque lá mandam eles, e se publicam, ou quando publicam, só a eles diz respeito porque, ao contrário do que alguns escrevedores crêem, o facto de lhes escrevermos para lá não os obriga a nada, estando eu convicto que aquele espaço posto ao dispor do leitor não será mais nem menos do que um acto de generosidade do jornal, embora também lhe possa ser útil para, através dos leitores, poder sentir o pulsar da sociedade acerca do seu trabalho.

 

Vem isto a propósito de um texto que para lá enviei logo a seguir ao 10 de junho, depois de o ter postado aqui, como sempre faço, a pretexto dos incidentes que alguns professores grevistas provocaram com o primeiro-ministro - acto que na altura causou alguma celeuma -  e saíu publicado ontem; sei que não é caso inédito, porque me recordo de o administrador deste espaço ter relatado aqui um caso semelhante com um escrito seu que, enviado para lá no princípio do ano, o surpreenderam com a sua publicação por alturas do verão, ou coisa assim.

 

Entendo eu que isto pode ser o resultado do grande volume de material que para aquela página será dirigido, e como não é de crer que seja sempre a mesma pessoa escalada para fazer a respectiva edição - porque, no que me diz respeito, algumas vezes tem saido exactamente como o escrevi, e outras tão “mastigado” que lhe chegam a alterar o sentido - lhes possam perder o fio à meada, originando até a repetição de textos já publicados...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

domingo, 20 de agosto de 2023

Tratados como indesejados

 

Talvez porque sou oriundo de uma aldeia de montanha e, descontando o curto período da juventude que morei em Lisboa, sempre procurei instalar-me no meio da natureza, nunca me senti atraído por andar de um lado para o outro a fazer campismo, viver em caravanas ou autocaravanas, mas admiro essa gente que não dispensa esses meios de relaxar, transformando viaturas que não nasceram para isso em casas ambulantes, ou comprando-as já preparadas de origem, que lhes custam uma dinheirama, que o dinheiro, quando se tem, é para isso mesmo, para se tirar partido dele.

 

Só que aos adeptos dessa modalidade se deparam todo o tipo de dificuldades – como no JN se relata -  para lá do investimento necessário, dada a falta de locais próprios para se manterem estacionados, o que leva alguns  a ter de arriscar pagar multas, porque alguns municípios fazem com eles o que noutros tempos faziam com os ciganos nómadas, que não podiam ficar ali por mais de 24 horas.

 

É claro que surge sempre aquele “portuguesinho” que gosta de mostrar-se mais esperto que os outros, e mesmo tendo espaço próprio para a sua casa ambulante, devidamente sinalizado, só porque não é onde gostaria, adora transgredir, que é o que em Ponte de Lima vejo com frequência, onde o município disponibilizou espaço suficiente, mas há quem não dispense levar aquilo para a frente do rio, apesar de haver à entrada do areal, bem visíveis, as placas que o proibem...

 

Amândio G. Martins

sábado, 19 de agosto de 2023

Preocupante

 

Fiquei espantado com notícias de que irão ser “libertados” das instituições onde têm estado acolhidos não sei quantos cidadãos inimputáveis, mas que o Estado se desobrigava da sua reinserção social, permitindo pensar que vão ficar ao “deus dará” pessoas que, não sendo responsáveis pelos seus actos, se cometerem desmandos prejudiciais a terceiros, também ficam desprotegidas as eventuais vítimas.

 

E é de temer que seja o que pode acontecer, sobretudo se essas pessoas com problemas de saúde mental pertencerem a familias carenciadas, que é o mais certo, impossibilitadas de lhes darem o acompanhamento que precisam; de facto, decisões deste tipo, analisadas em função da notícia, parecem tão absurdas, que custa a crer que tenham sido pensadas por gente que sabe realmente o que anda a fazer...

 

Amândio G. Martins

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Grande azáfama

 

Os socialistas espanhóis, não tendo vencido as recentes eleições, mas ganhando mais alguns deputados do que tinham conseguido nas de há quatro anos, como não sofreram o “batacazo” eleitoral que algumas pitonisas lhes auguravam, e vendo que a Direita somada não tinha a maioria necessária, ficaram cheios de moral para tentar continuar a governar, bastando entender-se com aqueles com quem já o tinham feito.

 

Assim, já ontem deixaram Feijóo com cara de tacho, ao elegerem para a presidência da mesa do Congresso a sua deputada Francina Armengol, ele que contava com os votos de Vox para lá colocar Cuca Gamarra, mas como a extrema Direita também queria colocar um dos seus numa vice-presidência, e Feijóo queria o maior número de lugares para o seu partido, não apoiando a pretensão de Vox, este partido não lhes deu nenhum voto para Gamarra, ficando esta com uma “tromba” igual  à o líder.

 

Vencido o primeiro “round”, Sánchez tenta agora acertar agulhas para poder apresentar ao rei garantias suficientes para governar, mas como os catalães “Juntos por Catalunha”, de quem precisa apoio -  mas de que o “fugado” Puigdmont é o ideólogo-mor, apesar de exilado -  se fazem caros, exigindo o que Sánchez de forma alguma lhes poderá sequer prometer, porque a Constituição lho não permite, vai continuar a incerteza até à última hora, a menos que consigam os votos da “Coligação Canária” que, oscilando entre Sánchez e Feijóo, ainda não se comprometeu com nenhum deles.

 

E Feijóo vem insistindo num discurso de pressão sobre o rei, afirmando que, tendo ganhado as eleições, é o que tem direito a ser nomeado, mesmo sabendo que o mais certo é ser chumbado no Parlamento, porque prefere mil vezes uma repetição eleitoral do que voltarem ao que eles chamam “Governo Frankstein”, por comparação ao que aqui chamavam ”geringonça”...

 

Amândio G. Martins

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Despenteado total

 

Que motivação que não seja nascida da desgraçada ignorância pode levar multidões, decerto que grande parte de miseráveis, a darem o seu voto a um sujeito que lhes diz na cara que são os apoios que eventualmente possam vir recebendo do Governo a principal causa de o país se encontrar permanentemente na situação de falência técnica, é para mim um mistério, embora se arrange para ele explicação, como voto de protesto, que sempre há uma explicação para tudo.

 

E é um despenteado desses, dito “ultraliberal”, que parece ter já ficado perto de entrar vencedor no palácio presidencial, tais os resultados conseguidos nas “preparatórias” que lá se fazem para a presidência da República, que ali, como em muitos outros países por aqueles lados, é quem governa; e realmente, pelo que percebi daquela desbragada linguagem, a criatura não engana ninguém com promessas eleitoralistas, que as pessoas mais lúcidas logo vêem que não poderão ser cumpridas, mas classificando a “justiça social” e a “cultura” de aberrações, garante que acabará com esses apoios, entre outros importantes que ele chama de cancros da sociedade, percebe-se que, se efectivamente for eleito, as relações da cidadania naquele país vão transformar-se numa selva de “salve-se quem puder”...

 

Amândio G. Martins

 

 

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Para memória futura


Pela “mão” do PÚBLICO (15/8), a Reuters traz-nos à memória o segundo aniversário da retirada americana do Afeganistão, e, de caminho, dá-nos conta da autêntica tragédia que é a vida de uma família entre as muitas que, no Paquistão, (des)esperam pela obtenção do prometido visto de entrada nos EUA. Sem autorização para trabalharem ou irem à escola, vivem das economias e do produto da venda da casa que possuíam no seu país, mas o dinheiro está a acabar. De alguma coisa terá valido a sugestão de autoridades dos EUA para procurarem um país terceiro em que aguardassem vistos de refugiados, pois terão salvado a vida, mas da almejada liberdade, ou mesmo de um mínimo de protecção, depois do trabalho prestado a organizações americanas, é que não adivinham o paradeiro.

As guerras são assim, há dois lados em confronto, e, voluntariamente ou não, acaba-se por alinhar com um deles. O poderio mais ou menos imenso do lado escolhido não é garantia de coisa nenhuma. É o que, infelizmente, poderemos ver na Ucrânia, quando a maldita guerra acabar, com vitória para uns ou para outros.


terça-feira, 15 de agosto de 2023

Escolha-se um nome que fez pontes...

Afirma-se, que a sociedade civil anda anestesiada. Eis que surge uma Petição Pública contra o cardeal Manuel Clemente, designado para baptizar com seu nome a nova ponte do rio Trancão, no mínimo desmente aquele pessimismo. A Comissão de Toponímia e os vereadores da Câmara Municipal de Lisboa foram ouvidos em reunião para aprovar aquela decisão? Não! Foi uma decisão unilateral de Carlos Moedas, presidente desta Autarquia, que se pendurou na JMJ com oportunismo político. Mas, saiu-lhe o tiro pela culatra, porque de imediato foi lançada uma Petição Pública, que já conta com mais de 11 000 assinaturas. O teor desta sairá em Diário da República e será alvo de um debate plenário no Parlamento. Percebe-se esta cavalgada de Moedas: tem por fim apear o frouxo, Luís Montenegro. Aquela decisão não faz sentido, o Estado é laico e denominar a ponte com o nome do cardeal, paga com dinheiro público é uma grosseira contradição, violando a Constituição. Acresce, que associar o nome da igreja católica é um desrespeito e uma ofensa pelas mais de 4 800 vítimas oficiais (não reais), de abusos sexuais por clérigos. Mais grave, Clemente é visado por negligenciar e encobrir a pedofilia predatória, por padres comandados por si... no seu dizer, os criminosos abusos foram «meras carícias»(!). O cinismo tem limites. O Papa sentenciou: '' É tão criminoso o abuso, como quem o oculta''. Nem mais! Clemente, agradeceu que o seu nome tenha sido dado à ponte mas, o imenso protesto contra a escolha fê-lo recuar, abdicando. Um padre progressista, da Teologia da Libertação, dir-me-á, se dar (este) dito, por não dito - é pecado?!

Filho de "boa gente" não pode ser má pessoa...

 

Oriundo de uma familia de actores muito estimada, Daniel Sancho não quis seguir essa carreira, tendo optado pela arte culinária, universo onde era apenas mais um entre tantos em Espanha, sem ter conseguido a notoriedade que decerto procurava; mesmo assim, conseguiu atraír para sócio de negócios um cirurgião colombiano, Edwin Arrieta, com quem há pouco combinou férias na Tailândia, onde se hospedaram num “resort” de luxo.

 

Só que se desentenderam e a coisa deu para o torto, acabando o colombiano, muito mais velho, assassinado a golpes de faca, cortado às postas e lançado ao mar em sacos de plástico; mas aquele Sancho deixou atrás tantas marcas do crime cometido que logo foi apanhado pela polícia que, com ajuda das câmaras onde ficaram registados os movimentos que lhe denunciam a premeditação do crime, como a compra dos sacos e do facalhão num supermercado, depressa recolheu provas altamente incriminatórias para o prender, a que juntou a recolha na praia dos sacos com os restos macabros e o telefone da vítima contendo ameaças.

 

Sabendo-se que na Tailândia, para tão hediondo crime, está reservada a pena de morte, e se ficar livre dessa pena, a alternativa não será muito melhor, dado o inferno que são as prisões naquele país, fazem-se debates nas televisões espanholas acerca da falta de rigor da polícia tailandesa na investigação, que até já libertou o local do crime -  após benzeduras de purificação por monges budistas - quando em Espanha “ un escenário del crimen quedaria meses precintado”, sugerindo que as autoridades espanholas deveriam interferir no processo, para que ao menos possa cumprir em Espanha a pena que lhe venha a ser aplicada, além de que o rapaz até pode ser  inocente, apesar da informação que diz ter este “inocente”, perante as evidências, confessado tudo, mas acusando a vítima de o ter acossado sexualmente e apenas se ter defendido, tendo a morte resultado de um acidente, que depois o desorientou para se desfazer do corpo...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

Chegou ontem


Já me começava a inquietar.

Sem razão, afinal

A demora foi dos correios

Como de costume.


E que farei eu, agora, desta brita?

Pedra (bem) partida 

No cantar da Seara,

Continuando o Versejar


Sem métrica nem rima

(Não sou capaz),

Nada/Tudo a fazer!


Este abstracto 

Disfarça o concreto

Assim é a vida, isto e pouco mais.


15.08.2023


segunda-feira, 14 de agosto de 2023

São como charcos de rãs

 

Margarida Rebelo Pinto, conhecida autora “pink”, tem na revista dominical do JN - Notícias Magazine”-  um espaço onde semanalmente nos dá a conhecer as banalidades que a preenchem, quase sempre à volta do que foi a maravilhosa vida da casta a que pertence, antes de  a “praga socialista” que os incomoda subverter tudo, banalizar tudo e desvalorizar até o que foram boas maneiras; e no mais recente escrito, mais uma vez, passou por cima do que foi o empenhamento motivacional e financeiro do Governo nas JMJ, atribuindo os louros do seu sucesso quase só ao presidente da Câmara de Lisboa.

 

“São como charcos de rãs, fazem grandes matinadas, tudo são palavras vãs”; é que no suplemento “Dinheiro Vivo”,  que acompanha o mesmo jornal aos sábados, escreve outra senhora da mesma casta, chamada Inês Teotónio Pereira que, tal como fazia a ex-directora, Joana Petiz, que marchou não sei para onde, atribuem aos socialistas todas as desgraças por que, na sua isenta avaliação, Portugal tem passado desde a revolução democrática.

 

Diz Margarida: “O Mundo apaixonou-se por Portugal e a Câmara de Lisboa mostrou-se competente e capaz de concretizar dos maiores eventos jamais realizados na nossa capital; o nosso presidente da República, católico convicto, exultou 24 horas sobre 24”, embora tivesse exagerado naquele “ momento gago que foi o vigoroso aperto de mão à saída do papa do avião”.

 

“Estão de parabéns o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, bem como Ricardo Sá Fernandes – aqui talvez contrafeita, para temperar o entusiasmo por Moedas. E terá sido mesmo Ricardo? -  "Moedas, com a segurança e a calma que o caracterizam, nunca deixou de acreditar que seríamos capazes. Como é habitual, o primeiro-ministro esteve sempre no país do Nim que é o seu habitat natural, aproveitando o final apoteótico do evento para apanhar a boleia dos vencedores”...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

domingo, 13 de agosto de 2023

Pitonisa

 

Acho imensa piada a José Manuel Diogo, apresentado como  presidente da Associação Portugal-Brasil 200 anos, que há muito escreve no JN às quintas-feiras, e na pré-campanha eleitoral para a presidência do Brasil, vendo que todas as sondagens davam grande vantagem a Lula sobre o inenarrável Bolsonaro, dava por muito boa a governação deste último, deixando claro que, a concretizarem-se aquelas previsões, “o Brasil se arrebenta”.

 

Aquando da última campanha eleitoral para as legislativas de cá, escreveu um texto com o título “O regresso da Direita”, e seguro da próxima vitória desta dizia: “Chumbado o Orçamento, morta a geringonça, num instante mudará o ciclo e os seus protagonistas. E como também sempre acontece, ao ciclo da Esquerda vai seguir-se um da Direita. Agora pode muito bem acontecer que Paulo Rangel seja o “novo” Passos e Nuno Melo o “novo” Portas. Afinal, à Direita também ninguém vai governar sozinho”.

 

Mas como a “desgraça” que previa não aconteceu, e o CDS de Cristas ficou reduzido a um nome, por exclusiva responsabilidade da “santa” senhora que, entre muitas outras sandices, não perdia um debate no Parlamento com a presença do chefe do Governo para se lhe dirigir da forma mais grotesca, que as boas maneiras reservava-as para os salões da gente “bem”, este senhor Diogo augura agora para o CDS, com Nuno Melo, um futuro brilhante.

 

Diz ele no seu mais recente escrito: “Hoje, a mensagem de Nuno Melo recoloca o partido onde Portugal precisa dele. (...) Basta ler o que está escrito. Familia, propriedade, trabalho, liberdade. Goste-se muito ou pouco, o verdadeiro CDS está de volta, como Paulo Portas o desenhou”. E, realmente, aquela nova frase-chave é, relativamente a“Deus, Pátria e Familia” que lhe esteve na génese,  um bocado mais comprida...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

O País precisa de um «sobressalto»...

O «sobressalto» que o País precisa, como diz o presidente do PSD, soa a falso! Ocorre-me, que ainda trabalhava, e aquele partido, sendo governo, nunca ter tomado uma mera medida a favor dos trabalhadores. Uma que fosse! Chega, IL e PSD, são os competentes defensores do patronato e, no fundo, dos baixos salários. Nunca os ouvimos nem os vimos, à porta de quaisquer locais de trabalho de quem luta contra más condições de laboração, precariedade ou míseros salários, ao lado de quem luta por aquilo que é seu por direito próprio. E, quando tal acontecer lançaremos um cortejo de foguetório... Somos a maioria, que trabalha e (sobre)vive com ordenados tão insuficientes que até nos falta a sopa para o prato.... Daí, eleitoralmente falando, não se perceber o porquê de os citados partidos terem a adesão de tanta gente que defende interesses antagónicos aos seus... Aqueles partidos de extrema-direita e de direita extremada, respectivamente, nada acrescentam para a maioria do Povo que conta os cêntimos!

sábado, 12 de agosto de 2023

Atracção do abismo

 

Todos conhemos gente com cujo aspecto físico a natureza não foi muito generosa, mas são o que se costuma chamar “uma jóia de pessoa”, incapazes de fazer mal seja a quem for e sempre disponíveis para o bem comum, bem ao contrário de outras que, físicamente muito atraentes, são capazes das maiores atrocidades e difícilmente se mostram solidárias quando tudo à volta convoca as pessoas de boa vontade.

 

Vi ontem à noite, numa televisão espanhola, um interessante debate acerca do assédio que, nas prisões, as mulheres jovens exercem, em visitas pessoais e por carta, sobre indivíduos que cumprem pena pelos mais hediondos crimes, doidamente apaixonadas pela figura física que as televisões projectaram durante as peripécias da investigação, prisão e julgamento.

 

E foi demonstrado que muitas destas jovens, que se lhes declararam dizendo-lhes que acreditavam na sua inocência, não  querendo saber dos factos provados, não eram parvinhas românticas com básica instrução, mas gente com formaturas e a exercer profissões de relevo social, sendo mostrado um caso em que a própria advogada do facínora se apaixonou por ele, casaram e acabou sendo assassinada.

 

Estiveram no dabate especialistas da área criminal, psicólogos forenses e psicanalistas tendo estes, dentre as “parafilias” abordadas, encaixado essas paixões femininas avassaladoras como “hibristofilia”, mas o que foi consensual é que só a complexidade da natureza humana pode explicar uma tal atracção pelo abismo...

 

Amândio G. Martins

 

 

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

A coragem da integridade

 

Dizem os registos históricos que Dionísio, não o mítico deus grego da vinha e do vinho, mas o tirano de Siracusa, não satisfeito com os louros de chefe militar vitorioso e de tirano político, queria também passar por poeta, para atraír para si uma admiração que não podia ser imposta pela força.

 

Convencido e susceptível a respeito dos seus talentos poéticos, aproveitou a presença do poeta Filóxeno, num dos muitos banquetes que dava, para lhe ler alguns dos seus pretensos poemas; depois, muito vaidoso, perguntou ao poeta o que pensava dos seus versos, mas este, como sempre fazem os homens inteiros, não esteve para o bajular, dizendo-lhe frontalmente que lhe faltavam, na poesia, os dotes que na guerra o tornaram famoso.

 

Este Dionísio ficou de tal modo irritado com a verticalidade do poeta que o mandou para trabalhos forçados, nas pedreiras de Siracusa; todavia, no dia seguinte, roído de remorsos, decidiu reparar a injustiça, mandando libertá-lo. Tempos mais tarde, por ocasião de outro banquete, voltou a pôr à prova o poeta, perguntando-lhe: “Que pensas tu agora dos meus novos poemas”? Mas aquilo era tão bom que o poeta, não lhe respondendo directamente, virou-se para os guardas e pediu-lhes que o levassem de novo para as pedreiras, atitude que acabou por provocar no tirano uma gargalhada de boa disposição, não repetindo a prepotência anterior...

 

Amândio G. Martins

 

 

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

 CALADOS QUE NEM RATOS


Fez este mês, a 4 e 9, 78 anos, a par do holocausto nazi, que foi cometido o maior crime da história da humanidade. Sabem do que se trata? Sabem que a Alemanha nazi tinha-se rendido há dois meses?

Reduziram a cinzas duas cidades e os seus milhares de habitantes “apenas”, para anunciar ao mundo e, sobretudo, para avisarem a então União Soviética que possuíam e voltariam a usar aquela mais sinistra arma até hoje inventada.

São os mesmos que depois voltaram aos massacres no Vietname, Coreia, Afeganistão, Iraque, Jugoslávia, Líbia, Síria.

São os mesmos, os principais responsáveis pela guerra na Ucrânia. E, desgraçadamente, acompanhados.

A propósito: “A verdade, entretanto, é que a Europa poderia ter evitado a atual guerra da Ucrânia (bastava ter cumprido os acordos de Minsk). Contudo, desistiu de ser um poder global autónomo, preferindo ser um mero peão da estratégia dos EUA/OTAN”.

João Melo, Diário de Notícias, 4.7.23

Em relação à triste efeméride de Hiroshima e Nagasaki, calados que nem ratos.

Rói-lhes a consciência? Há que lembrá-lo!

Francisco Ramalho




 GUERRA: A QUEM INTERESSA?


A tenebrosa máquina opressora do Kremlin, não dá sinais de ceder
A Operação Militar Especial, com duração prevista para 15 dias, virou uma sangrenta guerra sem fim à vista.
A esperança num golpe palaciano que pusesse cobro à ditadura moscovita, esvaneceu-se.
O Ministro da Propaganda, Peskov ( o ventríloco), garante que a Rússia não cederá nem 1 milímetro do território que ocupava no início do conflito.

Do outro lado, contrariando as expectativas de Zelensky, que prometia responder imediatamente, com garantias, ao questionário imposto pela UE para a entrada da Ucrânia à Organização, até à data "nicles", embora a Von Der Leyen não o largue. Penso que o objectivo da serigaita é levá-lo prá cama, só que este, parece estar bem servido...
Mesmo desconhecendo as ideologias dos 11 Partidos que o Presidente ucraniano proibiu de concorrer a eleições, desconfio que até mesmo um pacífico PS de lá, ficasse de fora, só porque se chama Socialista...

Enquanto isso, a América continua a encher os bolsos com a venda de armamento e a Europa definha, com uma inflação descontrolada e milhões de cidadãos a caminho da miséria.



José Valdigem

Quando os vestidos invadem os despidos

 

Como sou mais do monte, a praia nunca me seduziu por aí além, pelo que só enquanto tive filhos pequenos me obrigava a ir, porque eles adoravam andar por lá a chapinhar o dia todo, e apanhado mexilhões quando a maré lhes permitia o acesso seguro às pedras, enquanto eu fica na tenda a ler jornais e a mãe os vigiava; todavia, conforme foram crescendo, assim me foram deixando livre daquele encargo, dispensando a minha “muleta”, mas quando íamos todos era normalmente para o Mindelo, que era a que ficava mais “à mão” para quem residia em Santo Tirso, e eu gostava dessa praia pela extensão do areal para caminhar, que dava para um lado até Vila do Conde, e para outro até Matosinhos.

 

Essa praia tinha dois concessionários, que era o Pinhal, zona de residências exclusivas de gente endinheirada, sobretudo do Porto, que as usava mais para veraneio e ou fins-de-semana, e o Mindelo propriamente dito, mas ambas tinham espaço de sobra para toda a gente, mesmo nos dias de folga  porque, como não havia transporte público para lá dirigido, só para ali ia quem tivesse transporte próprio, e ainda não eram muitos os que o possuíam.

 

O biquini já se tinha há muito popularizado, sobretudo entre as mais moças, que as entradotas ainda não se “atreviam” tanto, principalmente se tinham o corpo já “deformado”, e essas duas reduzidas peças atraíam para lá bastantes velhotes que, completamente vestidos, se postavam sentados no topo da duna e ali ficavam horas a “deliciar-se”, mas comentando uns com os outros, em tom crítico, “ ao quisto chegou”, que alguns deles nunca se terão atrevido a ver nua a própria mulher.

 

Ainda não se falava em praias exclusivas para os chamados “naturistas”, que se despiam às escondidas naquelas praias menos frequentadas, e só mais tarde foram surgindo, embora timidamente, que tanto afastavam delas os “vestidos” como atraíam os tarados mirones; hoje abundam esses lugares reservados a naturistas, mas com a sobrelotação dos espaços aonde vai toda a gente em roupa de banho, começam a ser invadidos os lugares exclusivos para o nudismo, que são mais fluidos, e na Catalunha queixam-se de que os “invasores” não se limitam a usufruír da praia, mas fotografam os corpos nus e fazem comentários desprimorosos àqueles mais idosos cujos corpos já não são o que foram, estragando o ambiente aos que tinham a exclusividade daqueles lugares...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Toda a península é um forno aceso

 

Como eu costumo brincar com os “rapazes” do meu tempo, isto está de mata-velhos. E para além de sufocante que tem sido para as pessoas, esta onda de calor atrofia tudo que sejam plantações mais delicadas, porque mesmo que seja possível regá-las, não há rega que chegue para as manter vivas o suficiente para desenvolver os frutos, como é o caso dos tomates, pimentos e pepinos que, com esta torreira, deram menos do que tinham a dar, porque podiam continuar em plena produção, se o clima não lhes fosse tão adverso.

 

 E como se o calor que se faz sentir de dia não fosse bastante, seguem-se noites inteiras de vento forte, que não só continua a seca do dia abrasador, impedindo a formação de orvalho refrescante, como faz caír das árvores mais resistentes à seca os frutos ainda longe de estarem criados para consumo, como é o caso das maçãs, peras, pêssegos e ameixas desta época que, neste momento, cobrem o chão debaixo das respectivas árvores, só se salvando os figos, que para eles está um tempo tão bom que os deixa uma delícia, por serem uma fruta que não gosta de chuva, sobretudo continuada, que os apodrece facilmente...

 

Amândio G. Martins

 

 

terça-feira, 8 de agosto de 2023

PREGAR NO DESERTO, A SINA DO PAPA FRANCISCO...

 

Palavras do Papa Francisco, em Lisboa, durante a Jornada Mundial da Juventude:

- o mundo tem necessidade, da Europa verdadeira: precisa do seu papel de construtora de pontes e de pacificadora do Leste europeu, no Mediterrâneo, na África, no Médio Oriente.

- olhando com grande afecto para a Europa, apetece perguntar-lhe: para onde navegas, se não ofereces percursos de paz, vias inovadoras para acabar com a guerra na Ucrânia e com tantos conflitos que ensanguentam o mundo?

- para onde navegais, Europa, com o descarte dos idosos, os muros de arame farpado, as mortandades no mar, e os berços vazios?

- estamos a transformar as grandes reservas da vida em lixeiras de  plástico.

- as muitas dificuldades colocadas aos jovens, como a falta de trabalho, os ritmos frenéticos em que se vêm imersos, o aumento do custo de vida, a dificuldade de encontrar uma casa e, ainda mais preocupante, o medo de constituir família e trazer filhos ao mundo.

- a boa política é chamada, hoje mais do que nunca,  a corrigir os desequilíbrios económicos dum mercado que produz riquezas, mas não as distribui, empobrecendo de recursos e de certezas os ânimos.

O Papa Francisco repetiu, em Lisboa, muitas das preocupações transmitidas e afirmadas durante o mandato de 10 anos que já leva à frente da Igreja Católica. Mas mais uma vez deve ter pregado no deserto. De facto, nem hierarquias religiosas e políticas, nem crentes, defendem e praticam o que o Papa tem preconizado.

As palavras do Papa leva-as o vento e o avião.

 INCÊNDIOS, DESTRUIÇÃO, DESOLAÇÃO E DOR


É uma dor d`alma vermos a vegetação e milhares de animais, domésticos e, sobretudo, selvagens, ficarem reduzidos a cinzas. Tanta destruição, desolação e dor.

É o abandono do campo, do interior, a não organização territorial, a irresponsabilidade e a criminalidade não devida e preventivamente detetadas e punidas, são as alterações climáticas, é a ignorância e a insensibilidade.

No dia 25 do mês passado, o jornal O SETUBALENSE, publicou um texto de minha autoria com o título, “ Se não Mudamos de Atitude Temos os Dias Contados”. Teve 1153 visualizações na página eletrónica do jornal. O meu artigo de opinião ali mais lido. A inquietação e o medo?

Mas, mesmo assim, a indiferença mantêm-se. Continua a maltratar-se a Natureza. Por exemplo, há tanta gentalha que não separa o lixo e até o atira para onde calha. Até na praia. Mesmo o que mais danos provoca, plásticos. Claro que talvez a maioria nunca proceda assim. Mas ela, a maioria, importa-se, reclama, chama a atenção, denuncia, esses “crimes” da minoria?

Mais uma vez, aqui fica a reflexão.

Francisco Ramalho




"Habilidosos"

 

Melhor ainda do que por cá, a hotelaria espanhola recuperou rapidamente a clientela forasteira de antes da pandemia, lutando agora com falta de gente convenientemente preparada para as diversas funções que envolvem tal actividade, tradicionalmente mal paga e, consequentemente, perdendo os melhores para outros empregos, para o que a crise por que passaram acicatou as vontades; e à dificuldade de arranjar pessoal à altura das exigências do turismo de hoje, acresce a falta de água, que nalgumas regiões já é dramática.

 

Mas com o boom turístico tem vindo a ganhar terreno um atrevido chicoespertismo, com aqueles restaurantes mais procurados a não aceitarem uma pessoa que se apresente sozinha, mas apenas grupos que preencham uma mesa; e outra habilidade ainda pior, e claramente ilegal, para o que as organizações de consumidores já alertaram as autoridades do fisco, que em Espanha é implacável, consiste em colocarem à entrada um “aviso”, que começou timidamente mas depressa alastrou, que foi o que fez levantar suspeitas: “No se admite el pago con targeta. Datáfono estropeado. Disculpen las moléstias”.

 

Que uma qualquer loja possa ter, momentâneamente, o leitor de cartões avariado, não causará estranheza a ninguém, mas que, qual pandemia de avarias, a coisa alastre rapidamente por todo o lado, mostra o rabo escondido com o gato todo de fora; é que recebendo em numerário, torna mais fácil a fuga aos impostos, uma praga que tem na dialética da extrema-direita toda a cobertura porque, não governando, acusam quem governa de cobrar demasiados impostos...

 

Amândio G. Martins

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

 VARIEDADES


1 - Gostei de ver António Costa, na recepção ao Papa, dizendo-lhe que no geral é apreciado pelos Portugueses crentes e não crentes.

2 - A extrema-direita não gosta de Francisco. Prova disso é a crónica do "ultra" João Gonçalves na segunda página de hoje do JN.
Provàvelmente, para este "hiper-super" até Salazar seria um perigoso comunista infiltrado...

3 - No mesmo diário (o meu diário), no Espaço do Leitor, o escrevinhador Henrique Cardoso, opina que não é favorável à pena de morte, porque por vezes é condenado alguém que é inocente, e que isso é uma injustiça...



José Valdigem

Da nossa idiossincrasia

 

Costumo enviar também para o JN alguns dos escritos aqui postados, e várias vezes já recebi, depois de publicados, comentários de outros leitores, quase sempre correctos e alguns bem simpáticos; digo quase sempre porque, uma vez ou outra, também sou mimoseado com insultos de quem não sabe ser gente, como aquele “alentejano” que, por lhe ter desagradado um escrito meu acerca do que a bandidagem russa vem fazendo na Ucrânia, me chamou tudo quanto lhe veio à cabeça; e creio que era alentejano porque, entre o chorrilho de insultos, me atirou também com o epíteto de “mainato”, que é característico de alguns malandros racistas e xenófobos dessa região, que também chamavam pejorativamente“galegos”aos trabalhadores do Norte que, noutros tempos, acorriam ao trabalho sazonal na lavoura alentejana, por serem gente humilde e trabalhadora.

 

Tendo saido no JN de sábado passado um texto que escrevi na sequência da polémica que causaram as buscas da PJ na casa de Rui Rio, procurando provas do uso indevido de dinheiros públicos pelos partidos, recebi do senhor Amadeu Fernandes, que não tenho o prazer de conhecer, esta citação de Torga, que já conhecia, como outras bem mais contundentes de Guerra Junqueiro: 

                                           

“É um fenómeno curioso:

 

O país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disso.

Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.

 

Somos, socialmente, uma colectividade cívica de revoltados”.

 

 

Amândio G. Martins

 

 

domingo, 6 de agosto de 2023

Um incêndio é sempre uma desgraça

 

Quando se tem um incêndio por perto, com a fumarada  a encobrir o sol e a tornar o ar irrespirável, é que se fica com uma ideia aproximada das dificuldades que enfrentam os que são chamados para o apagar, como ontem pude verificar bem perto da minha casa; era uma mata densa de eucaliptos e mato, este à altura das pessoas, porque os donos daquilo não estiveram para mandar limpar, que fica muito caro e depressa volta a crescer.

 

Começou por vir um elicóptero, mas a ideia que logo deixava é que não iria resolver nada porque, depois de despejar a saquito da água, enquanto ia ao rio buscar outro e vinha demorava cerca de cinco minutos, e o efeito da descarga anterior já tinha sido anulado, sobretudo por acção do vento, ganhando-lhe o fogo grande avanço; vieram de seguida dois “canadair” e parecia que iam resolver a coisa rapidamente, mas como estes aviões não podem carregar em qualquer sítio, precisavam voar para longe, reduzindo-lhes a eficiência, tendo-se prolongado a desgraça pela tarde toda, só ficando dominado ao caír da noite, com os bombeiros a vigiar o rescaldo.

 

A minha aldeia está tão rodeada de eucaliptos que eu nunca perco oportunidade de lembrar isso aos seus defensores, que alugam os seus montes vazios às celuloses por largos anos e não se preocupam nada com o que vai ser o futuro desta terra; à senhora que, ao serviço do “BUPI” , cá veio para certificar de quem são as várias propriedades rústicas que podem ser florestadas ao abrigo de financiamento europeu disse, em nome da minha familia, que nos nossos montes não aceitaremos eucaliptos, tendo recebido a promessa de que não estão previstas plantações exóticas, mas só as árvores do nosso ambiente de sempre, como carvalhos de várias espécies, sobreiros e outras autóctones; a ver vamos...

 

Amândio G. Martins

sábado, 5 de agosto de 2023

Disparidade entre o trabalho e o capital

É voz corrente da governança, tendo sido reiterada no debate do Estado da Nação, uma narrativa idílica do quotidiano da maioria dos trabalhadores. Estes não conseguem fazer face às despesas, sobrando-lhes mês. A ideia de fazer crer, que estamos no bom caminho é uma intrujice: «Portugal está melhor porque os portugueses estão melhor»(!), disse, o primeiro-ministro, sem se rir, pela mentira desbragada! Baixos salários; precariedade em crescendo; elevador social parado; horários desregulados; trabalho pago à peça; contratos a recibo verde, ao dia e até, à hora(!) - mesmo sendo trabalho efectivo e permanente. Comparemos com os privilégios e mordomias dos detentores dos meios de produção: 42% de toda a riqueza está na posse de 5% dos mais ricos. Lucros astronómicos: da banca com 11 milhões de euros/dia; das energéticas; da distribuição alimentar, sem que haja equidade redistributiva. Acresce 1000 milhões de euros, num regime fiscal privilegiado aos não residentes, sem cobrança de impostos anualmente! As disparidades entre o trabalho e o capital, agravam-se. Tudo isto, sob a vigência dum executivo autoproclamado de socialista, é duma indignidade - desconcertante que até nos amolga!

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Anedotas dos tempos que correm

 

Que 54% dos republicanos americanos queiram Trump de novo na Casa Branca só me surpreende pelo número, porque devem ser muitos mais; que aquele partido se limite a aceitar os resultados das “primárias”, sem nenhum mecanismo que trave um criminoso de poder ser seu candidato à presidência do país, não me surpreende nada porque, para aquele tipo de republicanismo, que alberga as mais estranhas alimárias, o que interessa é ganhar, e para isso vale tudo.

 

Mas que a Constituição do país não tenha como impedir que tal possa acontecer é que deve espantar o mundo democrático; segundo afirma um famoso professor de Direito da Califórnia, especialista em Lei Eleitoral do país, a Constituição tem poucos requisitos para definir quem pode servir como presidente, bastando ter 35 anos, não impedindo ninguém que esteja condenado e a cumprir pena de prisão de concorrer e ganhar a presidência, podendo depois indultar-se a si próprio!...

 

Amândio G. Martins

 

 

quarta-feira, 2 de agosto de 2023

"Carabelas portuguesas"

 

É sabido que os ditadores Franco e Salazar se entendiam muito bem, desde logo porque eram ditadores, mas também porque professavam a mesma ideologia política e religiosa, o que os fazia cúmplices nas maldades praticadas contra os respectivos povos, levando a que muitos espanhóis, que escapavam da guerra civil, se não sentissem seguros na nossa terra, sobretudo se estivessem marcados pelo ferrete fascista de “rojos”.

 

Mas alguns ditos populares pouco simpáticos com que os dois povos se mimoseiam a propósito de nada são velhos, e assim como são anteriores aos ditadores, também não morreram com eles, mas o que sempre que é tempo de praia ouço todos os dias parece-me mais acintoso que os velhos provérbios; as correntes quentes que neste tempo de veraneio fazem as águas da Espanha mediterrânica atingir temperaturas altíssimas, trazem com elas chusmas de medusas, algumas enormes mas inofensivas, que chegam a pesar quarenta quilos, e outras, bastante mais pequenas, cuja picada é tão dolorosa que o simples sinal da sua presença põe em debandada toda a gente que a teme.

 

E é a este indesejado visitante que chamam “carabela portuguesa”, e o anúncio frequente da sua presença, em noticiários e comentários televisivos, “cuidadito con las carabelas portuguesas” nas praias tal e tal, desvia logo dessas zonas todos os que gostam de se atirar tranquilamente para a água; e não sei se sugestionado pelo que chamam ao tal bicho, quando pela televisão as mostram em grande plano, enfunadas, vejo-lhes bastantes semelhanças com as caravelas...

 

Amândio G. Martins

terça-feira, 1 de agosto de 2023

 GRANDES MULHERES!


Estou rendido ao futebol feminino. É muito menos agressivo, e, claro, bem mais agradável seguir porque as jogadoras são quase todas muito bonitas. Desta vez, até a árbitra.

Fora este pormenor, dizer que as nossas compatriotas, bateram-se que nem leoas. Que maravilha! Parabéns e um grande beijo para todas.

Dizer ainda, que mereceram a vitória. A determinação e a coragem foram grandes, mas o azar não foi mais pequeno.

Parabéns, navegadoras!

Francisco Ramalho




Das muitas faces do populismo

 

Desde que começaram a tomar forma os preparativos para a JMJ, evento anunciado com a necessária antecedência, para ir mobilizando para ele não só a juventude, mas os crentes e não crentes em geral, que um acontecimento desta dimensão envolve muita coisa, que começaram também a surgir remoques de gente que nada faz para melhorar o mundo, e tanta coisa podemos fazer, começando cada um por si próprio; mas preferem sempre o mais fácil, que para nada válido contribui, para lá de mostrar que existem, mas da forma mais populista e demagógica.

 

Normalmente, e para confundir os espíritos, que para esclarecê-los não mostram nenhuma competência, porque também não lhes interessa para nada, misturam alhos com bogalhos, especulando acerca dos custos dum empreendimento que, na sua estreita mente, só interessará a uma minoria religiosa, para mais de um credo desacreditado, dizem; não tendo a menor capacidade para analisar e medir serenamente, de todos os ângulos, o que são vantagens e desvantagens, a dimensão custo/benefício, seguem o raciocínio mais primário, do mais vulgar populismo, realçando o que cada cidadão irá ter que pagar pela, para eles, exagerada, inútil e descabida festança. Que Deus lhes perdoe...

 

Amândio G. Martins

 

 

O sagrado profanou-se


Tempos houve, há menos de cinquenta anos, em que, com maior ou menor hipocrisia, os poderes instituídos por esse mundo fora tentavam transmitir à populaça uma certa percepção de concórdia universal e de que tudo se fazia para a atingir. No meio disso, não se evitavam episódios como o Vietname, efervescências diversas em países africanos, sul-americanos e do Médio Oriente, mas, para amenizar, lá apareciam os acordos para limitação de armas. Em pleno zénite da JMJ, com tanto fervor humanitário “à solta”, é triste constatar que o sentimento generalizado que hoje se transmite é o da retaliação. Coisas como o “dar a outra face”, só mesmo nas clausuras eclesiásticas e, mesmo assim, nunca fiando. Prefere-se a vendetta à siciliana, o “olho por olho”, subindo sempre o tom de voz e das ameaças. É ver a guerra da Ucrânia, os ricos dos lucros contra os pobres dos encargos bancários, a NATO contra o Oriente, as sanções e as contra-sanções, sempre cenários em que pontificam personalidades que juram tudo e mais alguma coisa sobre a Bíblia, o Corão, a Torá, ou qualquer outro livro sagrado que lhes ponham debaixo da palma da mão. Lérias!


Público - 02.08.2023