terça-feira, 30 de junho de 2020

Professores no 'Preço Certo': A indigência falou mais alto...


Ao pagarmos, e não é assim tão pouco, 
todos os meses uma injusta contribuição 
audiovisual à RTP dita de serviço público 
seria para, maioritariamente, termos uma 
programação que nos pudesse
elevar culturalmente e não só.
Mas não, afinal pagamos para sermos
alienados, embrutecidos! Merecemos melhor
do que um concurso diário pseudo-
cultural em horário nobre que é medíocre.
Outro exemplo ainda mais grave: O 
embrutecedor 'Preço Certo'  reflecte  a 
futilidade confrangedora e basbaque! 
Professores, leu bem, foram professores a 
este concurso para advinharem o preço de 
electrodomésticos(!). Tão indigente é o 
programa e o apresentador como foram 
os professores que lá estiveram! Estiveram 
todos bem mal! Estes querem instruir? Quem?

           Vítor Colaço Santos 


Tentando exorcizar o fantasma...


Entre março e junho, houve na família cinco aniversariantes, que habitualmente festejavam cada um na data que lhe cabia; com as restrições impostas pela pandemia, duramente confinados uns, e fortemente condicionados outros, tudo foi sendo adiado para melhor oportunidade, contentando-se cada um com o telefonema de parabéns da praxe.

Com a “nova normalidade”, foi possível agora festejarem por atacado e, reunidos na casa de um deles, mesmo assim não deixamos de almoçar fora, juntando mesas debaixo das árvores, num belo dia de sol de verão; e o que não passaria de um almoço de família igual a tantos outros, teve o “excitante” de mais parecer um exorcismo, perante a excepcionalidade que se tem vivido;  comida caseira da boa, com  o “bolão” do aniversário colectivo adaptado às circunstâncias, com uma só vela no meio, onde foi colada uma etiqueta com o número  274, que foi a soma dos anos de todos, soprada com um abanico, para não encher de perdigotos aquela “obra de arte” caseira...


Amândio G. Martins

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Carlos Fino

Lembram-se dele? Pois ouvi-o ontem na RTP Memória, dando uma entrevista a Júlio Isidro. Com "bom aspecto". Lá rememorou um longo trajecto de vida, que "começou" com uma saída "a salto" para Paris, seguida de Bruxelas e, logo depois Moscovo onde, sendo comunista, se desencantou com o sistema observado "in loco". Saiu de lá e voltou, entretanto correu mundo, como repórter, tendo estado no Afeganistão, Iraque, Tchechénia "and so on", com episódos marcantes e diversos como profissional e um outro, pessoal, em que foi agredido por elementos da KGB, o que emotivou um internamento. Em Portugal trabalhou em vários cargos da RTP. Foi ainda assessor de imprensa na embaixada de Portugal em Brasília, casou lá e por lá ficou. Agora, reformado mas não "cansado" dessa "vidinha louca".... doutorou-se, numa cojunção entre as Universidades de Brasília e do Minho, com uma tese sobre as relações entre Portugal e o Brasil. Gostei de o "reencontrar". Aliás, toda a entrevista também deve imenso ao bom desempenho do entrevistador, fazendo os dois um óptimo "tandem".

Fernando Cardoso Rodrigues

Generosidade é com eles...


Todos crentes em Deus, católicos muito devotos mas, como uma vez dizia Carlos Carvalhas, num debate no Parlamento, só conseguem rezar o “Padre Nosso” até ao “venha a nós”! Diz a notícia que os gestores das grandes cotadas portuguesas ganham trinta vezes, alguns cinquenta vezes mais que os trabalhadores que fazem funcionar as organizações que dirigem.

Alguns gestores a nível mundial – lê-e no JN – tomaram a iniciativa de partilhar o esforço da actual crise, cortando nos seus salários, gestos notáveis, comparados àqueles que se apressaram a cortar custos e receber ajudas do governo sem cortar no topo, diz uma análise da Bloomberg.

E no topo das que, no nosso país,  pior pagam ao seu pessoal constam a Jerónimo Martins – cujo velho líder, há pouco falecido, pontificava em todos os eventos da Direita, perorando que empregava muitos milhares de pessoas, deixando sempre a ideia que o país não lhe dava o valor que um tal génio merecia -  Mota-Engil, Ibersol, Sonae e CTT; diz o director de uma consultora que a crise poderá levar a uma aproximação do salário dos gestores à remuneração média dos trabalhadores mas, no que diz respeito aos portugueses, digo eu, talvez seja avisado esperar sentado...


Amândio G. Martins





domingo, 28 de junho de 2020

EUA ou Trump?...

A pergunta é somente retórica- escusam de "afiar as navalhas" os que acham que são mesma coisa... - e serve-me apenas para dar um exemplo maior, precisamente do contrário. "A administração Trump pede ao Supremo que derrube o Obamacare", é o título da notícia e demonstra à saciedade toda a estrutura mental do actual presidente dos EUA, em que, no caso, a crueldade avulta. Não tendo conseguido fazer desabar no Congresso, as óptimas leis que, muito justamnete, mereceram a designação de "Obamacare, devido à lucidez do republicanos John McCain, Lisa Murkowksi e Susan Collins, há anos, Trump volta agora à carga duma forma e num tempo muito especiais. A forma é o uso do Supremo Tribunal Federal, o que já diz muito do viés democrático que "vai naquela cabeça", o tempo é o da Covid-19 e... escuso de dizer mais, não é? Ou seja, o objectivo do "homem" é retirar cuidados de saúde a mais de 25 milhões norte-americanos! À "bruta" e, mais ainda, quando estão a morrer que "nem tordos" no meio dum epidemia que os dizima! Um grande país - para onde milhares queriam ir e não dele sair - com alguns grandes presidentes, e  Obama foi um deles, entregue nas mãos de um tipo que, ele sim, é a personificação do mal!

Fernando Cardoso Rodrigues

Quem julgarão os trapaceiros que enganam?...


Os inconfundíveis democratas e “anti-racistas” Ventura e Machado, com a folha de serviços que se lhes conhece, tiveram o topete de convocar uma manifestação para demonstrar que os portugueses não são racistas; quer isto dizer que, sendo eles e os seus aficionados portugueses, e declarando-se agora anti-racistas, isso prova ao mundo que não somos um povo racista.

E tem graça que o Ventura chame para o seu  lado, para uma prova dessas, um indivíduo que tem atrás de si uma vida inteira de indignidades contra a liberdade e autodeterminação das pessoas, só porque têm uma cor de pele diferente.

Esse cadastrado, Mário Machado, condenado por crimes de coação agravada, discriminação racial, danos e ofensas à integridade física, apelou a que “os nacionalistas e alguns com tendências mais radicais não realizassem saudações de braço ao alto”. Seria contraproducente e ignóbil, diz o bicho!...


Amândio G. Martins




sábado, 27 de junho de 2020

A pandemia também nos roubou os afectos


O toque, o contacto epidérmico afectuoso entra as pessoas é imprescindível, também, para a nossa protecção e equilíbrio emocional. Continuo a abraçar os meus filhos. Temos de saciar esta fome dos afectos que vai grassando, pela construtiva conversa, pela disponibilidade em ouvir (não querendo julgar nem ter razão, mas sim, apelando aos nossos sentidos - para a conexão). A insegurança social materializada na 
perca do emprego e da habitação, os medos e a ansiedade geram falta de energia e vai-nos debilitando a imunidade para enfrentarmos o vírus.. Vivemos num clima pandémico novo e temos, obrigatoriamente, de nos auto-cuidar. E cuidar dos outros pela solidariedade. Ninguém pode ficar para trás! São os economicamente vulneráveis quem está mais exposto. 
    Um factor social em perda afecta o psico. O equilíbrio entre a saúde mental e a economia não pode deixar empobrecer ainda mais quem já é pobre. A Saúde Mental no âmbito do SNS está a ficar para trás.. Uma sociedade psicologicamente doente é um colectivo absentista... 
Tem de haver uma fortalecida acção com dotação de meios na saúde pública para que os seus agentes ataquem com êxito todas as fragilidades que nos assaltam. Não só no que à covid-19 diz respeito...

                                                          Vítor Colaço Santos 

De novo "O Fiel Jardineiro"...

... ou "a realidade imita a ficção". Isto, muito embora, no tempo de hoje, já seja banal uma imitar, e ultrapassar, a outra e vice-versa. Realmente a notícia de que "milhares de guineenses (Guiné-Bissau) participam em ensaio clínico suspenso nos EUA", incomoda imenso, até porque já a vi descrita no filme em epígrafe, com outros "medicamentos". No filme (baseado no livro homónimo de John Le Carré), a acçção passava-se no Quénia e falava duma multinacional farmacêutica que, com a cobertura da diplomacia britânica, "dava", pretensamente, medicamentos contra a SIDA e ensaiava um novo fármaco contra a tuberculose. Na realidade, a acção desenvolve-se na antiga colónia portuguesas e testa-se a vacina anti-poliomielite ( "paralisa infantil") oral no tratamento à Covid-19. Sem "consentimento informado" e corrrendo o perigo duma mutação vírica, o que faria que esta doença poderia retornar, agora que é dada como, praticamente, extinta. Ou seja, teríamos uma Nemesis, que Philip Roth tão bem descreveu no livro com esse nome. E já nos bastava esta outra que nos assola neste mundo "preso por arames"....

Fernando Cardoso Rodrigues

“Old lives matter”!...


É realmente impressionante o número de pessoas que, nas residências para terceira idade da desenvolvida Europa, morreram “à desprocura”, como dizem na minha aldeia, quando alguém morre sem assistência médica; e em Espanha, sobretudo na Comunidade de Madrid, estão a ser tornados públicos os audios de chamadas telefónicas que familiares dos acolhidos em lares faziam para saber da saúde dos seus pais e avós, que recebiam respostas revoltantes dos directores dessas casas, por não poderem levar os infectados ao hospital.

Havia uma ordem expressa de quem governa aquela Comunidade que, lida por um director de um serviço hospitalar ao seu pessoal, era classificada por ele como: “isto é horroroso;  se houver pessoas que nas residências tenham Covid, “mala suerte”! E já há advogados a tomar conta de casos apresentados por famílias enlutadas que não aceitam que os seus tenham morrido por falta da mais básica assistência, sobretudo depois de vir a público o tal documento que obrigava os hospitais a não aceitarem aqueles enfermos, com a responsável máxima de Madrid a meter os pés pelas mãos, dizendo que aquele documento não passava de um “borrador”, documento de trabalho que não chegou a entrar em vigor, e que só veio a público porque houve uma “mano negra” dentro do seu governo de coligação.

No nosso caso concreto, sabendo o que hoje se sabe, também é difícil aceitar que continuem a morrer, infectadas pelo vírus,  pessoas nos lares da terceira idade; de facto, já não há desculpas para que gente que vive isolada do mundo esteja a ser infectada, só podendo acontecer isso por negligência de quem, portador da moléstia, não tem os cuidados que se impõem...


Amândio G. Martins

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Transportes públicos e Covid-19

Não sou epidemiologista e, portanto, a minha opinião vale o que vale... e será pouco. Mas a reportagem da SIC, ontem, deu mais razão de ser ao que penso. Os comboios, autocarros e Metro, apinhados e, mais que isso, o linguajar simples dos utentes, ilustrando as imagens, não deixava dúvida nenhuma!
Da minha janela, no Porto e durante o período de "confinamento",via passar os autocarros das três linhas, praticamente vazios e percebi que se tivesse diminuído os horários, mas agora, na "Grande Lisboa", que o número de autocarros esteja a 50% ( informação da reportagem) do existente no pré-crise?! Como é possível?...
Quem circula nesses meios de transporte? Obviamente toda uma gente que trabalha no "duro", que nunca deixou de trabalhar, que, pela natureza desse trabalho, se acumula em "horas de ponta" e "vai e vem" num circulação inelutável, não podendo - MESMO QUE QUEIRA - cumprir as regras sanitárias. É ela, sem o querer, que veicula o vírus, quase sem dúvida! Senhores governantes, olhem para este "nó" com muita atenção e... desatem-no!

Fernando Cardoso Rodrigues

Já passaram muitos anos...


...Que uma corajosa rapariga alentejana, escolhida pelos colegas para encabeçar uma comissão de trabalhadores rurais, para reivindicar melhores condições de vida, foi assassinada pelo oficial da GNR que comandava a força requisitada pelo proprietário das terras onde trabalhavam; era maio do ano de 1954, tempos de ditadura.

Em 2020, com um regime democrático consolidado, é totalmente inadmissível que naquela força policial continuem semelhantes práticas de agressão a trabalhadores que protestam contra a exploração a que são sujeitos; diz a notícia que, na mesma região do país, cinco militares da GNR de  Odemira, sequestraram e agrediram no seu alojamento imigrantes indianos que reclamavam do compatriota que os contratou os pagamentos em atraso.

No julgamento, a decorrer em Beja, afirmando que “actuaram de forma cobarde e ao arrepio da ética da instituição”, o procurador pede que sejam suspensos de funções; e eu pediria que gente assim fosse pura e simplesmente expulsa da instituição; com idades de 24, 27, 28, 30 e 36 anos, ainda estão a tempo de ensaiar outra actividade qualquer, desde que não lhes dê “cobertura” para agredir seja quem for, imigrantes ou não...


Amândio G. Martins

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Descubra as diferenças entre um homem e um HOMEM

Sobre Carlos Costa (ex-militante de extrema esquerda), escrevia há tempos no JN, o diretor-adjunto, Pedro Ivo Carvalho:
Numa decisão histórica, a ADC (Autoridade da Concorrência) aplicou uma multa de 225 milhões de euros a 14 instituições bancárias por, durante mais de dez anos, terem trocado informações sensíveis sobre ofertas comerciais. O típico cartel. Acertaram preços sobre crédito à habitação, ao consumo e às empresas, combinaram estratégias, potenciaram lucros. Prejudicaram clientes.
Mais adiante: Já tínhamos percebido que ao Banco de Portugal escaparam (quase) todas as patifarias cometidas pelo setor financeiro na última década, mas faltava-nos este gomo de indecência.Não falamos de um ano nem de cinco. Esta prática concertada vigorou impunemente entre 2002 e 2013, nas barbas de dois governadores (Vítor Constâncio e Carlos Costa). Ora, perante isto, o mesmo Banco de Portugal que não desconfiou de nada, mostra estar mais preocupado em proteger o sistema que sucessivamente o ludibria do que os consumidores que servem o sistema.

Sobre Manuel Abreu, a quem me referi na última segunda-feira:
Sempre inquieto, sentia a consciência permanentemente a convocá-lo para o dever de cidadão. De uma honestidade moral e material a toda a prova, não de ficava por conversas de café. Era vê-lo a qualquer momento a encabeçar um grupo de injustiçados desamparados, indiferente aos que o criticavam por considerarem que a sua conduta prejudicava o "bom nome" da sua família e principalmente da família da sua esposa.

Acabo de reler o romance Camila, de sua autoria.

José Valdigem

Hospitais de campanha...

... ou a "culpa morre solteira". Já o tinha intuído mas a SIC tirou-me as ilusões, ontem. Uma série de hospitais de campanha foi "construída" no país. Todos eles, aparentemente, numa ânsia que se revelou excessiva, já que, cotejando o número de camas que se instalaram com aquelas que foram utilizadas,... a maior parte ficou vazia. Então no mastodôntico Pavilhão Rosa Mota, no Porto, com trezentas daquelas... só foram ocupadas 28! E o hospital está a ser desactivado...
Tudo isto não estaria mal, se pensarmos que a pandemia era ( ainda é?...) uma incógnita e haveria uma boa intenção pro-activa. Só que...ouvidos ontem, na reportagem, quer o Presidente da Câmara do Porto, quer o presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, quer o Bastonário desta última ( que trabalha e vive no Porto), sem nunca "baterem no peito" - eles que foram os grandes organizadores do "Hospital Super Bock" ( passe a ironia...) - renovaram as suas críticas ( algumas retroactivas) à Administração Regional de Saúde, num "regionalismo" tacanho e sem contrição alguma. A culpa é sempre do "outro" pois "nós",... "nós" somos infalíveis, mesmo quando falhámos!

Fernando Cardoso Rodrigues

Do ódio e mentira como propaganda...


São detectadas a toda a hora falsidades em catadupa nas redes sociais, e continuam a fazer caminho porque encontram receptores ávidos daquele lixo, que já puseram alguns javardos no comando de grandes países; diz a notícia do JN que, nas últimas semanas, foram detectados online mais de quatro mil mensagens de ódio na União Europeia.

Mas, tanto quanto se pode perceber, o código de conduta  criado, sendo um mecanismo voluntário de autoregulação, mesmo que tenha sido subscrito pelas principais plataformas, revela-se insuficiente para acabar, ou sequer minimizar, a porcaria que grassa nas redes.

A vice-presidente da Comissão para os valores da Transparência vincou que “chegou o momento de garantir que todas as plataformas têm as mesmas obrigações em todo o mercado único, e de clarificar na legislação as suas responsbilidades”; de facto, talvez que legislação específica para  o fenómeno resolva, com coimas dissuasoras para incumpridores, que isto de autoregulação revela muitas fragilidades.

Tenho verificado que, em Espanha, há jornais online que fazem um trabalho notável, a que as televisões dão ampla cobertura, desmontando as vigarices com que muitos políticos procuram intoxicar a opinião pública; de facto, com jornalistas que dominam aqueles mecanismos, desmascaram os autores das patranhas, identificando a origem das imagens e textos, alguns muito antigos, que são falsamente apresentados como sendo a realidade actual daquele  país...


Amândio G. Martins


quarta-feira, 24 de junho de 2020


Anda tudo de pernas para o ar...


Acerca da eleição de Trump – diz Michael Wolf – quase todos os elementos da campanha se consideravam uma equipa lúcida, perfeitamente realistas acerca das hipóteses de vitória. O acordo tácito de todos era que não só Donald Trump não seria presidente, como não deveria sê-lo. O próprio estava convencido de que não o seria, dizendo que sairia da campanha senhor de uma marca ainda mais poderosa, afirmando: “Não penso em perder porque não se trata de perder.Vencemos em todas as frentes”. E já tinha preparado a resposta para a derrota eleitoral: “Fomos roubados!” Donald Trump e o seu grupo de guerreiros estavam preparados para perder; o que não estavam era preparados para ganhar – diz Wolf.

De facto, estes anos em que temos levado com Trump a toda a hora têm sido a demonstração cabal de que a presidência da dita maior potência mundial não era para ele mais que um divertimento, que põe a nu todas as fraquezas da democracia. Agora está para saír outro livro, de alguém que privou com ele como conselheiro de Segurança, e também destapa a incompetência e misérias morais daquele homem, deixando o mundo ainda mais estupefacto.

E com  Bolsonaro têm-se visto as mesmas tristes cenas, resultantes de um comportamento ainda mais obsceno, com ex-apoiantes a desmascará-lo sem nenhuma cerimónia, tamanha é a porcaria que assola a governação daquela nação que tanto diz aos portugueses!...


Amândio G. Martins






terça-feira, 23 de junho de 2020

S. João de Sobrado, Bugios e Mourisqueiros



Na freguesia de Sobrado (agora Campo e Sobrado), do concelho de Valongo, no distrito do Porto, realiza-se uma antiga e genuína manifestação de tradição popular, uma animada e participada festa, a bugiada, no dia 24 de Junho, um dos maiores dias do ano. Em 2020, a festa não se deve realizar, em consequência do surto epidémico.

A festa, baseada numa lenda, caracteriza um conflito entre Mouros e Cristãos, designados respectivamente por Mourisqueiros e Bugios. Os Mourisqueiros participam de cara descoberta e os Bugios com máscara.

A festa decorre durante todo o dia 24 de Junho, com concentração dos grupos Mourisqueiros e Bugios em locais diferentes; missa na igreja Matriz em honra de S. João Baptista; uma procissão, em que os andores são transportados pelos Mourisqueiros; vários momentos com diversas danças.

Este texto foi elaborado com base numa pequena brochura «Bugios e Mourisqueiros – S. João de Sobrado – Valongo – 24 Junho», editada pela Câmara Municipal de Valongo, Junta de Freguesia de Campo e Sobrado e Casa do Bugio. As fotos foram recolhidas durante a participação dos grupos na parte final do Cortejo do Traje de Papel, S. Bartolomeu, na Foz do Douro, Porto, em 25 de Agosto de 2019.  



Diferentes tatuagens...

O canal Fox Crime é meu companheiro habitual, com algumas boas séries "policiais". Agora anda a repor as primeiras temporadas da "Testemunha Silenciosa", com um "naipe" de actores totalmente diferente da mais recente. E no papel da patologista Profª. Sam Ryan, lá está a magnífica e bela Amanda Burton. Tudo isto para dizer que o episódio que vi ontem era muito bom, mesmo, e fiquei a saber que em Auschwitz havia dois tipos de tatuagens: as "bem conhecidas", dos presos, com números, na face anterior do antebraço e.... as dos SS, na axila, com o grupo sanguíneo, não fosse um desses "senhores" ter um acidente e poder necessitar de transfusão de sangue. Números "frios" para identificar na chamada para a câmara de gás e um ORh- ( exemplo) para salvar o assassino....

Fernando Cardoso Rodrigues

Pode, mas não deve...


Para tantos o ex-ministro das Finanças,
Mário Centeno, foi o homem das 
«contas certas». E muitos não dizem, 
deliberadamente, como é que foram 
conseguidas. Sabemos que
foram à custa de cativações, muitas
cativações e rubricas aprovadas em sede
do Orçamento do Estado que não passaram 
do papel... Sem concretização. Agora, Centeno
quer ser nomeado governador do Banco de Portugal.
Pode? Pode, mas não deve... Como é que ele
vai avaliar assuntos sobre os quais teve uma
acção decisiva enquanto ministro das Finanças?
Teve-a no ex-BES que redundou e redunda na
extorsão dos contribuintes para o Novo Banco (NB), 
no Banif, na Caixa Geral dos Depósitos.
Só o ruído permanente do NB a que estará sujeito, 
devia-o fazer mudar de vontade.
O 'Ronaldo' das Finanças foi-o, de facto, para a finança!

Vítor Colaço Santos

Da estúpida procura de “adrenalina”...


Quando esta peste de vírus por cá apareceu, supostamente trazido de Itália por alguém da indústria do calçado que teria estado numa feira desse negócio, a coisa espalhou-se assustadoramente depressa pela região do Porto, ao ponto de as informações reportadas pelas autoridades o referirem constantemente, comparativamente com a “grande Lisboa”, que andou bastante tempo “convencida” de que estaria imune.

E agora, que cá por cima parece ter-se reduzido muito, é importante termos sempre presente quão enganonoso isso pode ser, pelo que faz sentido que se mantenham anuladas as grandes festas  e romarias, sem ceder aos apelos dos que dessas manifestações populares fazem a sua vida, já que ficará muito mais barato à sociedade subsidiá-los enquanto se espera por melhores dias.

E é por isso que se torna chocante a irresponsabilidade daqueles que, um pouco por todo o lado, se comportam em ajuntamentos como se já estivéssemos no melhor dos mundos, ou a sua juventude os mantivesse ao abrigo de contágios, coisa já mais que demonstrada que não acontece; podem e são mais resistentes que os velhos, curando-se mais facilmente, mas isso não lhes dá qualquer direito a desafiarem o perigo, na busca da tal “adrenalina”, espalhando depois a infecção por onde passam e deitando por terra o esforço de tanta gente nos serviços de saúde!...


Amândio G. Martins



segunda-feira, 22 de junho de 2020

O que eles querem...


Há muito que me vem incomodando que, na informação diária “servida” à hora do almoço (agora, passámos a “almoçar” apenas de dois em dois dias…), a ênfase fosse posta no número de novos infectados. Na minha singeleza analítica, agora confortada pela leitura do artigo “Visto daqui”, de Sónia Sapage, pensava haver falta de um dado importante: o número dos infectados “activos”. Os portadores do vírus que, entretanto, deixaram de o possuir, parecia-me ser de grande relevância, dado que favorecem o rácio da imunidade global, e que, quanto a novas vacinas, até ver, estamos “conversados”.

Fiquei contente em contabilizar uma diminuição no número de infectados activos em mais de 43%, num período de 34 dias desde o início do desconfinamento. Se pudesse, pagava anúncios a publicar nos principais jornais dinamarqueses, austríacos e gregos (entre outros países), com esta divulgação, a que acrescentaria que o “alarmante” número de novos infectados se tem verificado esmagadoramente no seio de comunidades de trabalhadores precários a habitarem casas sobrelotadas de Lisboa, que se deslocam em transportes públicos suburbanos, “geografias” facilmente evitáveis pelos potenciais turistas daqueles países. Ainda lembraria o enorme aumento do número de testes realizados, em percentagens que a maioria dos países não consegue atingir. Mas será que querem ouvir a verdade? Talvez não, porque, entre outras coisas, o que eles querem é surripiar o turismo das nossas terras.

O turismo, a liga milionária e o SNS

Portugal colocou (quase) todos os ovos na cesta do turismo...
As receitas híper milionárias das suas grandes empresas ao
longo da vivência das galinhas dos ovos de ouro serviram para
quê?... e, também, para despedirem funcionários antes de recorrerem
ao lay off, e aqui, beneficiaram do dinheiro dos descontos para a 
Segurança Social daqueles mesmos trabalhadores... Óptimo negócio.
Lisboa vai receber oito jogos da Liga dos Campeões. O evento, em Agosto,
foi celebrado pelo triunvirato que nos comanda: O presidente da República, o presidente do Parlamento e o chefe do governo. Marcaram presença ministros e os presidentes da Câmara de Lisboa e da Federação de Futebol. Não havia necessidade. Um provincianismo. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que a realização se baseia na nossa autoridade moral(!). Qual? A que nos confere os dirigentes dos clubes de futebol de topo? Já, António Costa disse que a concretização da escolha é um prémio para os profissionais da saúde(!). Como é que se vai controlar hordas de adeptos do clube ganhador e não só? Será que o SNS irá enfrentar um recrudescimento pandémico por via destes descontrolados
amontoados de gente? Os Assistentes Operacionais, os Enfermeiros e os Médicos, heróis relembre-se, estão fartos de promessas, palmas e palmadinhas nas costas. Paguem-lhes, antes, o merecimento! E juntem subsídio de risco por direito próprio.
Bem hajam!

Vítor Colaço Santos 
Mais, de A. O. Cabral

Nas traseiras da Drogaria Central e do Café Himalaia, tínhamos um quintal que - de tempos a tempos - servia para o sr, Artur, que vinha lá da capital com o seu Cinema Ambulante exibir uns filmes.
Habitualmente o terreno era ocupado pelas equipas de futebol do Torneio  " Inter-Cãezinhos" Foi assim que batizou o sr. Cabral, o nosso grupo de vizinhos jogadores de futebol.
O nosso herói ficava sentado, de apito na mão, a fazer de árbitro.
Ainda hoje, tenho um grupinho de amigos, a que demos esse nome, que reúne periodicamente, não pra jogar, mas pra sentar à mesa, com as respectivas caras-metades.

José Valdigem
António de Oliveira Cabral

É um nome que me vem muitas vezes à memória, da meninice. Empregado de uma alfaiataria, ali a 30m. da minha casa, na Rua Conde de São Bento. Homem culto, de fortes convicções, mas que a Natureza tramou. Deficiente físico profundo, demorava nunca menos de 1 minuto a percorrer a distância do local de trabalho, ao Café Himalaia, ali, numa das dependências térreas da nossa casa, cujo inquilino (Manuel Abreu), amigo de infância era também comunista como ele. Mesmo ao lado, a drogaria do meu Pai, era um "perigoso" reduto subversivo.
Foi por diversas vezes detido por pedofilia. A caminho de casa, parava no Parque de N. S. das Dores, onde aliciava, com rebuçados, as meninas que vinham da escola.
Quando me tornei adulto, muitas vezes me questionei, se aquele homem era merecedor de compaixão. Hoje não tenho dúvidas: sim, era.
O meu Pai era dos poucos amigos que o visitavam na Cadeia em Sto. Tirso.
Teve diversos livros de poesia publicados. Entre eles: Estes , Os Meus Versos, de que transcrevo um pequeno texto:                   

                       Acróstico
             
                       (Na Prisão)

                        Celeste, vem do céu. És anjo ou estrela?
                         E eu a julgar-te simples fadazinha!
                        Lembrava-me eu ao ver-te, assim tão bela,
                        Estar vendo uma fada, ó Celestinha.Sejas fada, anjo ou estrela, tu és Aquela
                        Tirsense mui gentil que à tardinha,
                         Eu, enlevado, vejo da janela.

José Valdigem

Ler o jornal no – e do – café...


Congratula-se a notícia que os jornais tenham voltado aos cafés, sendo ouvidos alguns dos que aí costumam compartilhá-los, depois de um interregno de meses; normalmente são já conhecidos de ali passar umas horas da manhã: o que chega primeiro tem a primazia de  “estrear” o jornal da casa, e ouço-os a combinar quem está a seguir, a perguntar ao que está a ler se ainda vai demorar muito, e dou comigo a pensar que não teria pachorra para aquilo.

Mas há também os que chegam e, sem cerimónia, pegam em qualquer jornal que vejam em cima duma mesa, nas barbas do “dono” desprevenido, sem nem dizerem “com licença”, e outros ficam-se por isso mesmo, certos de que aquele jornal é do café; quando agora o fazem comigo, sem que os conheça de lado nenhum, são logo metidos na “ordem”, por já estar “escaldado”, dizendo-lhes que não é da casa e já estou de saída.

E tornei-me assim “egoísta” depois de algumas experiências desagradáveis, em que o sujeito se aproxima e, deitando as manápulas ao jornal, pergunta se pode, estando eu na leitura de algum suplemento; acontecia que, quando me preparava para saír e o procurava, o fulano já tinha desaparecido e o jornal já estava noutras mãos, ficando eu “às aranhas” sem saber quais, tendo depois de explicar isto tudo à mulher, quando em casa me perguntava por ele...


Amândio G. Martins

domingo, 21 de junho de 2020

Ordem dos Médicos

Há dias, num comentário, disse que aqui voltaria com o tema da "morte assitida e da recente posição da Ordem dos Médicos (OM). Uma decisão do Conselho Nacional executivo foi comunicada aos poderes de Estado, em carta assinada pelo Bastonário, avisando que não integraria qualquer comissão nem indicaria nenhum médico em processos de eutanásia. Leia-se "morte assitida". Confesso a minha discordância.Para exercermos a profissão temos que estar inscritos na OM, mas esta não pode tomar posições prévias sobre disposições individuais, mais a mais sabendo - e eu já estive em algumas reuniões plenárias da Secçãodo Norte - que há profissionais  a quem não repugna exercer a ajuda a pessoas que, com autonomia e enquadrado em lei com critérios bem apertados, e executada sob observação, querem a morte para si próprias. Tudo sem clandestinidade. Como pode a Ordem ignorar duas autonomias conjugadas: a do doente a do médico? Aliás, mesmo partindo do princípio que a Ordem não tem intenções axiomáticas, porque não faz ela um referendo aos médicos e assim terá ideia certa sobre quantos discordam da posição agora assumida em jeito de "aviso à navegação" pela instituição?

Fernando Cardoso Rodrigues

Por cruel que pareça...


...Costumo dizer que os avós não são pessoas confiáveis para se deixar as crianças; e não quero com isto acusá-los de negligência, coitados, que bem hão-de sofrer perante as tragédias que ocorrem debaixo do seu nariz; mas são tantos os casos noticiados que tenho pavor de um dia poder passar por uma situação assim.

1 – O menino ficava o dia todo com a avó, que só tinha olhos para ele; todavia, ocupada momentâneamente com qualquer tarefa, quando olhou para o lado já não viu a criança; aflita, como é fácil imaginar, procura em todos os cantos, chegam vizinhos para a judar, até que vão encontrar o pequeno a boiar num tanque da quinta.

2 – A criança desapareceu da vista tão repentinamente, que só podia ter sido raptada, tão pequenina que era que não podia ir longe por si própria - diziam; só que foi mesmo, sendo encontrada, no dia seguinte, numa mata das redondezas, tranzida de frio e fome.

3- O menino e o avô eram inseparáveis; um dia, no momento em que manobrava  o carro em marcha a trás, não viu a criança que corria para ele e passou-lhe por cima; noutro caso semelhante, levava o avô o neto em cima do tractor e, num ressalto inesperado, o menino caíu e a pesada máquina passou-lhe por cima.

4 – A menina ia na rua, pela mão da avó; de repente, dá um esticão e atravessa para o outro lado, no justo momento em que passava um carro, que não pôde evitar a tragédia. E vem este relato a propósito de mais um caso, noticiado pelo JN, acontecido na Póvoa de Varzim.

“Quando a avó se apercebeu – diz a notícia – a bebé, que ainda mal andava, tinha desaparecido. Avó e neta estavam na nova casa, num prédio ainda por acabar. Depois de uma busca, os pais acabariam por encontrar a menina a boiar na piscina comum do prédio”.

Ora bem: tudo isto também pode acontecer na companhia dos pais, mas o que pretendo mostrar é que não é justo que os avós, para lá da dor da tragédia, ainda tenham que carregar a culpa de não terem sido “competentes” para vigiar as crianças; é que onde há crianças o perigo espreita a cada momento, e os avós, quase sempre, já não têm os reflexos suficientes para acompanhar a cada segundo a irrequietude natural das crianças!...


Amândio G. Martins