Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024
IDOSA DESAPARECIDA.
Quando o absurdo faz caminho
INCÓGNITA
De tanto esperarmos do futuro
Recordando os sofrimentos passados
Avançamos por caminhos errados
Com horizonte sempre mais escuro.
Impingem um caminho menos duro
Porque houve alguns progressos alcançados
Mas já pagamos custos elevados
Por um bem-estar que nunca foi seguro.
Garantindo-nos que podem fazer bem
Afirmam ser necessário ir mais além
No que no fim sobrarão as ruínas;
Para construir faz falta destruír
Isso dizem os falsários a rir
Com propaganda em todas as esquinas.
Amândio G. Martins
Do lado de cá, só heróis
Não é pecado não conhecer a Rússia e a sua história, ou não ter mergulhado na imensa cultura seminal desse país. Votar essa realidade a um ostracismo que roça o ódio, isso sim, é pecado. Tanto mais que a consciência de que, para lá do nosso, existe esse enorme mundo, poderá ajudar a compreender factos que hoje nos assolam. Coisas que a História do futuro haverá de tratar.
Refiro-me à crónica “Heróis e vilões”, de Miguel Sousa Tavares (M.S.T.), na edição do Expresso de 23 de fevereiro. Como é possível, no nosso século, no Ocidente, onde a palavra “liberdade” transborda de (quase) todos os copos “democráticos”, ser necessário preceder o tema “esquecido” do nacionalismo inerente à idiossincrasia russa, com uma introdução de inequívoca condenação do carácter individual de Putin? Tão arregimentados andamos todos nós pela propaganda de que, dos lados orientais do mundo, só podem vir desgraças? Pouco falta para pensarmos que, com a nossa “superioridade moral”, não precisamos deles para nada. Mas eles “estão lá”, no Oriente, e, como são muitos, não se vão calar nas suas pretensões só porque o desejamos.
M.S.T. lembrou, e muito bem, que Navalny, como, aliás, antes, Soljenítsin, nunca alijaram o tal nacionalismo russo. O Ocidente, contudo, arranjou maneiras de os despir dessas roupagens. Passaram a poderosos aliados em cruzadas que deveriam ser impensáveis (e dispensáveis) neste século.
terça-feira, 27 de fevereiro de 2024
QUANDO OS PATRÕES ABANDONARAM AS EMPRESAS
A liberdade sindical, os direitos conquistados a nível laboral, social e económico com o 25 de Abril de 1974, levou a algumas negativas reacções patronais que se traduziram em demissões, abandono de empresas ou em tentativas para o seu encerramento.
Tal acção patronal teve em muitos casos uma resposta organizada dos
trabalhadores para defender e manter os seus postos de trabalho, com a
constituição de cooperativas e empresas em autogestão, beneficiando de apoio
governamental, de legislação para o efeito e apoio bancário, nomeadamente após
o 11 de Março de 1975 e a nacionalização da banca.
Em 1977, associada à jornada de luta do 1.º de Maio, organizada pela
União dos Sindicatos do Porto/C.G.T.P-IN, realizou-se uma exposição de
cooperativas e empresas em auto-gestão, de vários sectores de actividade, na
Rua Alexandre Herculano, perto da Praça da Batalha, no Porto.
A indústria gráfica, devido às suas características, tinha uma razoável implantação
urbana na cidade do Porto e concelhos limítrofes, com muitas pequenas empresas,
algumas vítimas de abandono patronal, levando à constituição de cooperativas.
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024
O conhecimento deve estar ao serviço do Homem. Sempre!
sábado, 24 de fevereiro de 2024
""Así és la vida" uma ova!
Já não foi o primeiro edifício de grande porte a transformar-se em poucos minutos num sinistro esqueleto calcinado, e também não vai ficar por aqui, porque a sedução por ambientes luxuosos à vista, faz esquecer a terrível armadilha em que as pessoas se metem, não cuidando de saber que segurança aquilo lhes pode garantir, e quando uma qualquer avaria ou descuido numa das fracções provoca ali uma pequena ignição, as chamas rapidamente se propagam ao edifício todo quando, numa cuidada construção para habitação humana, deveriam ficar ali confinadas até que o socorro as dominasse.
Desgraçadamente só a estrutura básica, de ferro e cimento, conseguiu resistir ao fogo, embora deva ter ficado inaproveitável, porque todo o revestimento e acabamentos foram feitos com materiais altamente combustíveis, até nos exteriores, por serem muito mais rápidos de colocar, mais vistosos e dispensarem manutenção, um bom argumento para a promoção e venda dos apartamentos; assim, em menos de uma hora foram reduzidas a cinzas 138 habitações, com os bombeiros impotentes para dominar as chamas, por maior que fosse a potência dos jactos de água jorrados para cima daquilo; das últimas notícias que vi, havia dez cadáveres encontrados, não se sabendo se poderão aparecer mais, mas como à hora a que tudo começou ainda havia muita gente fora de casa, e nem todos eram residentes permanentes, esperavam não encontrar mais vítimas...
Amândio G. Martins
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024
Sem querer ser impertinente...
“MONTENEGRO E O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO”
Bom dia, minhas senhoras e meus senhores.
Os meus cumprimentos.
Com o título acima transcrito, teve o JN a gentileza de publicar ontem, 22 de fevereiro, um escrito por mim há dias enviado, de que fico muito agradecido.
Todavia, nem o meu nome, nem o endereço electrónico correspondem à minha identificação habitual.
De facto, sempre assino os meus textos “Amândio G. Martins”, de que a grafia por que optaram, ”A. Gonçalves M.”, não tem nenhuma semelhança nem me identifica.
Peço que me desculpem, se sou impertinente - até porque não vem do lapso mal ao mundo - mas custou-me ter visto o nome “estropiado”.
Amândio G. Martins
Nota - O texto acima refere-se à identificação de um escrito meu que ontem foi publicado no JN com o nome do autor irreconhecível.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024
Se não tem solução, porque te preocupas...
NADA VALE NADA
Pudesse haver alguma validade
Naquilo que a todo o momento escrevo
Para lá da satisfação do ego
Que por si só é inutilidade.
Para lá da minha realidade
Dizer algo que possa ter relevo
A menos que deva fazer de cego
Fingindo alguma felicidade...
Ouvindo a gente que parece feliz
Da qual não se vê sentido no que diz
Fica-se a duvidar se vale a pena;
Andar constantemente ensimesmado
Para não se mostrar desesperado
Se quem pode não quer mudar a cena...
Amândio G. Martins
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024
A mentira tem a perna curta... ou o Chega é repugnante!
terça-feira, 20 de fevereiro de 2024
Viva o Juiz- Abaixo o Juiz
TEMPOS CONTURBADOS E PERIGOSOS
Não amainam as guerras que têm estado mais em evidência nos últimos tempos. A da Palestina, não é propriamente uma guerra. É mais um massacre, um genocídio, um crime contra a humanidade, uma vergonha.
As origens de uma e de outra, são bem conhecidas. Mais a da Palestina: décadas de humilhação daquele povo. Décadas de prepotência e violência de Israel. Décadas de golpes baixos, do vale tudo, como até Josep Borrel o reconheceu: dividir para reinar. O apoio dado ao agora renegado Hamas, para desacreditar a Autoridade Palestiniana, para expulsar à bala o povo palestino e evitar a solução dos dois Estados. A da Ucrânia nem tanto, porque a comunicação social dominante, omite-as.
Para além do golpe de estado de 2014, apoiado pelos EUA, seus aliados e a NATO e, conforme circula na Internet, veio agora mais uma voz insuspeita falar na que é talvez a principal causa.
“ O conflito na Ucrânia foi desencadeado pelos EUA e Reino Unido em 4 de abril de 2008 na cúpula da OTAN em Bucareste, quando prometeram a adesão de Kiev à aliança”. Quem o diz é o ex presidente da República Checa, Vaclav Klaus. E diz mais, diz que esteve presente na referida reunião, “estava lá e já sabia que era um erro trágico. Tentei opor-me a isso. Esta decisão foi forçada pelos EUA, apesar da oposição da maioria dos países participantes”.
Conforme o ex presidente checo, mesmo o então embaixador dos EUA, em Moscovo, William Burns, que alertou a liderança de que tal passo ultrapassaria todas as “linhas vermelhas” para a Rússia.
Tais declarações foram feitas à margem do Fórum Económico Mundial de Davos. No entanto, conforme o jornal Polaco, Mysl Polska, a maioria dos media “não notaram” essas declarações porque elas iam totalmente contra a propaganda antirrussa do Ocidente.
Ou seja, no tempo da União Soviética, o papão comunista é que era agitado, mas havia o chamado “equilibro do terror”. Agora é Putin que é diabolizado para tentarem manipular e interferir na potência do leste. Quem perde é a própria, e ainda mais, o resto da Europa.
E lá vão mais 50 mil milhões da UE para a Ucrânia, para alimentar a guerra. E dois ministro deste Governo em gestão, quais mainatos do império ianque, para adular o desacreditado Zelenski e prometer-lhe a reconstrução de uma escola.
Cá pelo Burgo, o estado em que o Governo/PS deixou o Ensino, o SNS, a habitação, a agricultura e outros, como as polícias (cuja luta agora tem aspetos pouco corretos e criticáveis. Agravados pela sua condição de forças militarizadas), gera um descontentamento que, esperemos, não seja um sinal para o próximo 10 de março como o que se passou nos Açores.
Mas a alternativa não é a recauchutada e velha AD de má memória. Muito menos o partido do demagogo e vendedor de banha da cobra,Ventura, que tudo promete sem dizer com que meios. O homem que diz ser contra o sistema. O filho dele, do PSD. Se este povo lhe desse oportunidade, seria um filho degenerado que agravaria ainda muito mais, o sistema que diz abominar.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE
PS- O presente texto foi escrito antes da anunciada morte de Alexei Navalny. Evidentemente que a morte provocada e confirmada de qualquer adversário político, é condenável. Mas, os hipócritas que até antes da confirmação dos referidos pressupostos, choram lágrimas de crocodilo pela sua morte, são os mesmos que têm deixado a saúde de Julian Assange degradar-se perigosamente na prisão e exigem a sua extradição. E, mais uma vez, vetam o cessar-fogo na Palestina, sendo coniventes com o hediondo massacre daquele povo.
Debate com embate eleitoral
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
Ridículo que mata
Foi para mim hilariante ler no JN que o “mundialmente famoso” – um pouco para lá do Porto e arredores - “crooner” Pedo Abrunhosa se queixou que o “Bloco de Esquerda”, partido político português pelo menos tão famoso como ele, tinha colocado abusivamente num cartaz de campanha eleitoral uma frase por si “inventada”, exigindo daquele partido que a retire imediatamente porque, não lhe tendo sido sequer pedida autorização, se o tivessem feito a recusaria taxativamente.
Lê-se e custa a crer, sobretudo de um músico que se presume também de “intervenção”, embora estejamos a atravessar um tempo em que já nada nos deve espantar; de facto, começo a temer que me apareça gentinha a reclamar de também eu andar a plagiar palavras “suas”, dado que estou constantemente a escrevinhar, seja em verso ou prosa, e já não há mesmo limites para o ridículo...
Amândio G. Martins
sábado, 17 de fevereiro de 2024
Malandragem
SEM HONRA NEM VERGONHA
Há políticos em busca de poder
Que distorcem toda a realidade
Tapando com a mentira a verdade
Contando que o povo não vá perceber.
Mas os enganados não vão esquecer
E quando voltem à “mendicidade”
Para lhes testar a boa vontade
Só os distraídos vão aparecer...
Abusam de todos os artifícios
Em actos com enormes desperdícios
Querendo ver a turba entusiasmada;
Gastam acima do subsidiado
Contando que vá ser amortizado
No voto da gente assim enganada...
Amândio G. Martins
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024
Desacreditados
Com a credibilidade e competência das investigações que dirige constantemente postas em causa pela instância que lhe está acima, mas mesmo assim extrapolando da sua intocabilidade, à senhora “abadessa” que dirige o Ministério Público já só lhe restará a “autoridade” que o cargo lhe confere porque, na realidade, não transmite autoridade pessoal nenhuma, apesar de não se eximir de falar grosso contra os que, cada vez em maior número, não deixam de pôr em dúvida os métodos que a gente que supostamente dirige vem usando.
Num curto espaço de tempo, provocaram a queda do governo da República e de um governo regional, e a basófia de que dão mostras nas suas intervenções públicas leva a crer que ninguém os pode parar, o que não augura nada de bom para o combate à corrupção em que se dizem empenhados, que vai poder continuar a depauperar o povo, porque o aparato de que se rodeiam nas intervenções que fazem, mandando à frente os jornalistas para propagandear como são bons – que é isso de “segredo de justiça"... - ao contrário de atingir os alvos certos, deve deixá-los a rir à gargalhada...
Amândio G. Martins
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024
Bom negócio, o dia dos namorados
QUIMERAS
Fazia-se mais luminoso o dia
Sempre que de manhã a podia ver
Ela parecia longe de entender
O bem que a sua presença fazia.
Contando revê-la à noite à saída
Só pensava no que iria acontecer
Mas chegado o esperado anoitecer
Raramente a magia acontecia...
Quando o que não queremos acontece
E o ser sonhado não aparece
Talvez poupemos piores desenlaces;
Não confiar em amores de perdição
Conservando sempre lúcida a razão
Ajuda a evitar muitos desastres...
Amândio G. Martins
Guerra (também) às crianças
Só imaginar que haja alguém capaz de defender a detenção de crianças (e suas famílias, se as tiverem), requerentes de asilo, numa fronteira, qualquer “cristão” se sentirá estarrecido. Constatar que, no nosso mundo desenvolvido, “exemplo” para tantos povos incultos deste planeta, existe quem possua poderes instituídos, legítimos à face das leis democráticas, e que está prestes a decretá-la, é coisa, para mim, inimaginável. Mas é isso mesmo que o Parlamento Europeu se prepara para aprovar, “à pressa”, num miserável Pacto de Migração e Asilo, invocando argumentos de inegável cinismo como o de que tal se deve fazer antes das eleições europeias e da presidência húngara da UE, que poderá ainda vir a fazer pior.
São estes os tempos em que o “correcto” é apelar ao belicismo, ao rearmamento desmesurado, criando-se na generalidade dos cidadãos europeus a ideia de que temos uma civilização que não ameaça ninguém, mas é ameaçada por tudo e todos. “Correcto” é também pensar-se que os apelos à paz no mundo não passam de ingenuidades celestiais ou de conluios com os “inimigos”.
Polícia de Segurança Pública investigada
terça-feira, 13 de fevereiro de 2024
UUM OPERÁRIO NO GOVERNO
No V governo provisório, que tomou posse em Agosto de 1975,
de que foi 1.º Ministro Vasco Gonçalves, o Secretário de Estado da Segurança
Social foi Armando Artur Teixeira da Silva, sendo Ministro dos Assuntos Sociais,
Francisco Pereira de Moura.
Armando Artur Teixeira da Silva, nasceu no Porto, era
impressor de litografia na empresa R. Durão Rodrigues (Porto). Fez parte da
comissão directiva do Sindicato dos Gráficos do Porto, logo após o 25 de Abril
de 1974 e foi presidente da direcção após as eleições realizadas nesse ano.
Foi membro da direcção da CGTP-IN desde 1975, e depois do
Congresso de Todos os Sindicatos, em 1977, foi coordenador da central sindical
até 1986. Foi também membro do secretariado da União dos Sindicatos do Porto.
Foi deputado à Assembleia da República em 1980 e 1981.
Eleições legislativas
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024
Cegos porque se recusam ver
TRISTE VIDA SEM LEITURA
Talvez para o cérebro lhes não secar
Como àquele herói manchego aconteceu
A gostar de ler ninguém os convenceu
Ignorando um bem que os podia ajudar.
Dizer-se andar cansado de trabalhar
Quem com tempo para tudo nunca leu
Deixa perceber desinteresse seu
E na falta de tempo se desculpar.
A quantos por mera preguiça mental
Dedicam tempo a tudo o que é banal
Menos ao vasto saber disponível;
Seja dito que a viver sem leitura
Nunca vão saber quanto ela ajuda
A tornal possível o impossível...
Amândio G. Martins
domingo, 11 de fevereiro de 2024
o caminho dos 50 anos do 25 DE ABRIL
Em 1999 terminou o primeiro governo PS/António Guterres e iniciou-se o segundo, após eleições legislativas. Também se realizaram eleições para o Parlamento Europeu. A 30 de Agosto realizou-se o referendo em Timor em que a população votou a favor da independência. Comemorou-se o centenário do poeta António Aleixo. O salário mínimo era de 61.300$00. O governo/PS impôs aumentos de 3% na administração pública. Existiu contestação sindical e luta dos trabalhadores contra pacote laboral.
sábado, 10 de fevereiro de 2024
Embuste eterno
INFANTILIDADES
Têm nos pobres bonecos animados
Para que nunca lhes falte animação
Que lhes seja poupada a perturbação
Para o que são os pobres perturbados.
Os fracos sempre foram enganados
Autoconsolando-se na oração
Que lhes há-de garantir libertação
Mas depois de morrerem sequestrados.
Ouviam que sempre assim tinha sido
Que o fraco tem de ser agradecido
Por mais que o explorador seja rapace;
Mas que terá o consolo eterno
Que a todo o rico o espera o inferno
Como se tal patranha o ajudasse...
Amândio G. Martins
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024
Para lhe fazer o trabalho sujo...
Nuno Melo revelou-se-me, desde sempre, como das maiores inutilidades políticas que o regime democrático já pariu, daquelas criaturas que, fazendo da política “modus vivendi”, não acrescentam ao modo de fazer política nada que a enobreça, apenas baixeza, sobranceria e grotescas manifestações de superioridade nos debates com os adversários.
E é a esta pôpa já grisalha, a que nem o tempo que já leva de ofício conseguiu moldar as maneiras de se relacionar com os oponentes, que Montenegro recorreu para apresentar como “lebre” nos debates televisivos, o que me parece mais uma das suas conhecidas espertezas saloias, para não ser constrangido a “descer” ao desgastante debate com os "intrometidos"da Esquerda, que já o conhecem bem do tempo da “calça curta”.
Andaram bem os responsáveis das televisões em recusar a chico-espertice do líder da Direita, em fazer-se substituír pelo oportunista Melo, a quem a situação serviria como uma luva, mas que certamente baixaria o nível da discussão, em vez de esclarecer os eleitores; é que ainda me lembro bem da miséria de textos que enviava para o JN, para o espaço que o jornal lhe deu quando a Esquerda substituíu a Direita na governação do país...
Amândio G. Martins
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024
Por tudo e por nada, Zorra!
“Zorra” é um termo insultuoso recorrente na língua espanhola para chamar putas às mulheres que não se submetem facilmente aos ditames de quem sobre elas tem, ou pretende ter, ascendente, e houve agora quem decidisse explorá-lo numa música que concorreu ao festival espanhol da canção, para apurar a concorrente à Eurovisão, e ganhou; no dia seguinte, aproveitando a presença do chefe do governo no estúdio da TV La Sexta, para uma entrevista em directo, o responsável do programa, António Garcia Ferreras perguntou-lhe, no final da conversa, qual a sua opinião acerca daquela música, cuja escolha estava a causar reacções negativas.
Depois de ouvir uma passagem daquele tema, Pedro Sánchez respondeu ao jornalista que o achava divertido e muito bem escolhido; quanto aos que não gostaram, decerto serão gente da “fachosfera”- termo abrangente criado há pouco pelo próprio Sánchez para classificar toda a direita unida contra ele - que nunca gosta de ver exposta a forma como olham e tratam as mulheres.
No dia seguinte, no programa do mesmo canal “Más Vale Tarde”, a comentadora convidada Lucia Mendes, do jornal El País, mostrou-se indignada com aquela apreciação de Sánchez, dizendo que tinha achado graça a um termo tão vulgarizado no insulto das mulheres, ao que a contradisse a jornalista da casa Ana Pastor - que estava ali para falar de um programa seu – fazendo do tema uma leitura contrária à de Lucia, que o seu objectivo é precisamente apostrofar o insulto, não elogiá-lo: “Se não faço sempre o que eles querem, zorra!; se me visto como gosto, zorra!; se quero saír para me divertir, zorra!”...
Amândio G. Martins
terça-feira, 6 de fevereiro de 2024
O ABACATE É QUE ESTÁ A DAR?
Desde que semeei batatas no meu quintal (3 quilos), há cerca de um mês, que não cai uma pinga de água. E só lá para o fim da semana se prevê qualquer coisa. Ou seja, a falta do precioso líquido que cai cada vez menos regularmente, não se verifica só no Algarve como agora tem sido notícia, tem vindo a agravar-se nos últimos anos, também no Alentejo e até na Estremadura e Ribatejo.
Vem esta constatação a propósito da notícia divulgada aqui em O SETUBALENSE na edição de 29 do mês passado, sobre uma plantação de pera-abacate prevista para a nossa região. Mais precisamente, para o concelho de Alcácer do sal. Plantação esta, reparem, caros leitores, de 800 hectares. É obra! Imaginem 800 campos de futebol ao lado uns dos outros.
Segundo a associação ambientalista Zero em comunicado enviado à agência Lusa, pode ser uma “machada” na conservação da natureza.
Como afirma a Zero, o projeto do empreendimento agro-industrial para produção e exportação de abacate, promovido pela empresa Expoente Frugal Lda, do grupo Aquaterra, cuja consulta pública terminou em 24/01/24; esta “monocultura de regadio dependerá de 34 furos de captação de água subterrânea e do abastecimento do perímetro de rega do Vale do Sado, situa-se em plena Zona Especial de Conservação (ZEC) da Comporta/Galé, em área de habitats dunares”. E prevê-se um consumo anual de 4 milhões de metros cúbicos de água.
Portanto, não é apenas a falta de água, devido às alterações climáticas, que alastra cada vez mais para norte. São também as culturas intensivas a gastá-la. E, no caso presente, numa região tradicionalmente de cultura do arroz.
Não será oportuno e justo questionar-se o que será mais útil para o país e para o meio ambiente, o referido cereal, o milho, batata, forragens para o gado, ou a “invasora” pera-abacate? E, essencialmente para exportação.
A resposta parece-nos óbvia. Mais a mais, com o problema da escassez de água que poderá atingir níveis altamente preocupantes, e quando se trata de uma cultura que tanto a consome.
Será abusivo concluir-se que o lucro, os cifrões, falam mais alto?
Com o mundo agrícola em “pé-de-guerra”, justamente devido aos erros e injustiças da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia, haverá necessidade, a concretizar-se, de se juntar mais este? Que, cremos, até nem está dependente dessa política.
Imperioso, é que se tomem medidas que minimizem o tão nefasto e mesmo potencialmente perigoso efeito das famigeradas alterações climáticas, e ainda mais, o que as provoca. Não só nesta atividade essencial, a agricultura, tendo atenção não ao que dá lucro, mas ao que é indispensável. E noutras atividades, claro! Por exemplo, nos transportes. Promovendo-se os coletivos e menos poluentes, aos individuais que até têm aumentado.
É matéria fundamental também para levarmos em conta na nossa decisão do próximo 10 de março. As decisões dos que maioritariamente têm sido eleitos, estão à vista. Cuidado também com os, ou o, que tudo promete sem dizer como.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O Setubalense
Roubalheira pandémica
JOGO SUJO
Jogam sujo porque é mais lucrativo
E dispensa muitas formalidades
Chegando a subornar autoridades
Para ter o negócio protegido.
O que é vedado é apetecido
E sempre há-de encontrar facilidades
Nos que esperam ter oportunidades
Para alcançar o que não têm podido.
Economia submersa é a praga
Que o actual combate não acaba
Por para ele haver pouco dinheiro;
Os largos milhões do dinheiro sujo
Podem manter no combate um intruso
Que deixa o ilegal passar primeiro...
Amândio G. Martins
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024
Polícia de Segurança ou de (in)Segurança Pública?!
Os policias perderam o norte, a razão e o meu apoio
...o caminho dos 50 anos do 25 DE ABRIL
Em 1984 Portugal tinha um governo do bloco central PS/PSD, política de direita, chefiado por Mário Soares e Mota Pinto como vice-primeiro-ministro. Existia uma falta de habitação da ordem das 700 mil casas, a par de 40 mil disponíveis para arrendar, que aguardavam a concretização da intenção governamental de aumentar as rendas em 300% e a sua actualização passar a ser anual. Em 1984 comemorou-se o 50.º aniversário da luta de 18 de Janeiro na Marinha Grande. Realizou-se em Évora, a 14 e 15 de Julho a 8.ª Conferência da Reforma Agrária, com o lema «Com a Reforma Agrária, Pão, Trabalho, Produção». Realizou-se uma greve no jornal «O Primeiro de Janeiro», no Porto, em Setembro e Outubro, não saindo as respectivas edições, pelo pagamento de salários aos mais de 300 trabalhadores do jornal diário com 115 anos.
GUERRA JUNQUEIRO ATUALIZADÍSSIMO
Começa bem o ciclo eleitoral que temos pela frente. A direita vence as eleições, a extrema direita duplica os resultados anteriores, e a esquerda mais consequente e credível não elege um único deputado.
Isto, na região do país com os piores índices de desenvolvimento humano. Mais pobreza, mais abandono escolar, mais consumo de droga.
Mais uma vez socorro-me de um compatriota ilustre, perspicaz e um progressista do seu tempo; Guerra Junqueiro, que nos definia assim: “Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio”. Mas depois acrescentava: “ Um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta”.
Digam lá se não continua atualizado.
Francisco Ramalho
Do abuso da razão
Desde muito novo fui aprendendo, na complexidade dos problemas que a vida me colocava pela frente, que para resolver a contento qualquer diferendo, não era suficiente ter a razão do meu lado, era também imprescindível saber usá-la; e as movimentações massivas de polícias, para verem melhorada as sua condição, se já puderam contar com a simpatia de grande parte da gente, o esticar demasiado a corda vai acabar por tirar-lhes margem de manobra para o que pretendem.
De facto, o vale-tudo a que parecem decididos, inclusivé o recurso a baixas fraudulentas para faltar ao cumprimento das suas inalienáveis obrigações, a que juntam as mais descabeladas ameaças, revelam aos cidadãos mais conscientes que andam mal aconselhados; é que se perdem as estribeiras ao ponto de não medirem as consequências dos seus excessos, acabarão por ser vistos pelos cidadãos, cuja segurança é a razão da sua existência, como gente indigna da função que lhe foi confiada, por maior que seja a razão de base das suas reclamações...
Amândio G. Martins
Restaurante Centenário, Faro/Algarve
domingo, 4 de fevereiro de 2024
REIVINDICAÇÕES, INÉDITAS, RADICAIS E NÃO SÓ...
Tal como outras profissões, enfermeiros, professores, pessoal da limpeza urbana, etc. As forças militarizadas, supõe-se, deveriam ter melhores condições para desempenharem a sua função. E, provavelmente, subsídios que se aproximassem mais dos atribuídos aos da Polícia Judiciária. Mas será incorreto haver desníveis remuneratórios entre profissionais altamente qualificados como são os da PJ, e os da GNR e PSP que, na sua grande maioria, lhes basta a 4ª classe ou pouco mais?
Tudo isto, o Governo/PS não deveria ter deixado arrastar. Tal como anteriormente o do PSD!
Mas agora às últimas inéditas manifestações neste período especial e à beira de eleições, acrescentar-se “atos de insubordinação muito graves”, como foram classificados, e bem, em que 13 dos 15 polícias que estavam destacados para a segurança de um jogo de futebol não compareceram alegando indisposição física, mesmo apresentando atestado médico, ou chantagens em relação ao cumprimento das suas reivindicações e o contributo daquelas forças para a realização das próximas eleições legislativas, pondo-as mesmo em causa. Que pensar?
Enfim, reivindicações inéditas, radicais e não só, neste país que queremos continuar a ser de Abril.
Francisco Ramalho
Quando o ter subverte o ser
ABUSADORES
Incitas consciente dos abusos
Dos que vos espezinham os direitos
Mas com poder tens os mesmos defeitos
Chegas a copiar-lhes os discursos...
Se fazes teus esses modos intrusos
Porque para progredires são perfeitos
Irás provocar os mesmos efeitos
Com que encorajavas os revoltosos.
Reclama sempre o que te for devido
Mas que nada te faça parecido
Com os que enriquecem porque tos negam;
Todo o que se orgulha de ser correcto
Não usa os métodos dum “chico esperto”
Só porque vê como eles prosperam...
Amândio G. Martins
sábado, 3 de fevereiro de 2024
...o caminho dos 50 anos do 25 DE ABRIL
Em 1976 foi aprovada pela assembleia constituinte a Constituição da República que consagrou as conquistas, direitos e liberdades da Revolução do 25 de Abril. A Constituição apesar de mutilada pela política de direita mantém no essencial os direitos e liberdades conquistados, que são muitas vezes desrespeitados e não cumpridos.
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024
Os imigrantes não são criminosos e fazem-nos falta
O outro que se dane
Uma coisa que sempre me revolve o estômago é ver o aproveitamento oportunista que alguns agentes políticos, sobretudo extremistas de direita, procuram fazer das manifestações de descontentamento, sejam professores, polícias ou agricultores, ao ponto de os próprios manifestantes, por questão de decência, se verem constrangidos a recomendar-lhes que “não se colem”, por quererem impingir a ideia que se fossem eles a governar tudo correria a contento de todos; infelizmente não são eles, lamentam, e os que detêm o poder, por incompetência ou pura maldade, obrigam as pessoas a saír para a rua para fazer valer os seus direitos, nem que para isso tenham de atropelar os direitos dos outros, como é o caso dos cortes de estradas e outros abusos de poder.
São conhecidas as incongruências e injustiças da dita “Política Agrícola Comum”( PAC), que sempre favoreceu uns países, como a França, em prejuízo de muitos outros com menos peso reivindicativo; e neste movimento de agricultores, espoletado precisamente por franceses, mostra como eles continuam a querer ser favorecidos, atacando e despejando nas estradas os produtos espanhóis em trânsito pela Europa, e chocou-me ouvir uma senhora, que até já foi candidata à presidência da República francesa, madame Royal, afirmar em altos brados que os produtos espanhóis são intragáveis, dando razão às barbaridades cometidas pelos compatriotas contra os colegas do país vizinho...
Amândio G. Martins