terça-feira, 12 de outubro de 2021

 

ESTÁ NAS MÃOS DO POVO


Há hora em que alinhavamos estas palavras, a única solução que a senhora ministra da Saúde, apresentava para tentar ultrapassar a crise no hospital S. Bernardo em Setúbal, onde 87 dos 90 chefes de serviço se demitiram em solidariedade com o diretor clínico, era a promessa de contratar mais cerca de uma dezena de médicos. Tentativa de acalmia tão leve, para tamanha borrasca. Portanto, liminarmente rejeitada.

Os problemas naquela importante unidade hospitalar são antigos. Mas também nos hospitais Garcia de Horta em Almada e no do Litoral Alentejano em Santiago do Cacém. Só para referir 3 dos mais importantes hospitais da nossa região. E em relação ao tão necessário novo hospital no Seixal, ainda nem sequer arrancaram as obras.

Segundo porta-vozes de médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde, as dificuldades nestes três hospitais públicos assim como em tantos outros do país, são comuns: precárias condições de trabalho e falta de pessoal especializado. Sobretudo médicos e enfermeiros que se transferem para o privado ou emigram, à procura de melhores salários e condições de trabalho. E o Serviço Nacional de Saúde, essa tão importante conquista do 25 de Abril que tão intensamente brilhou agora no combate à pandemia, devido à hemorragia para o privado e à falta de financiamento do Estado, vai definhando.

Portanto, o grande problema do SNS, é o não adequado financiamento do Estado e a concorrência dos que fazem da prestação dos serviços de saúde, um chorudo negócio. Os grandes prejudicados, evidentemente, são os mais desfavorecidos.

Costumam dizer os governantes que o país não é rico assim como o Estado, e que este, faz o possível com os meios que dispõe.

Quanto ao pais não ser rico, é relativa tal afirmação. Tem potencialidades para o ser bem mais. E Além da gritante assimetria na distribuição da riqueza, há a corrupção e casos como este recente do senhor banqueiro que se pôs ao fresco com milhões no bolso e mais estas três figuras gradas de partidos do poder, entre muitas outras a nível internacional denunciadas por um consórcios de jornalistas, que colocaram muitos milhões em paraísos fiscais.

O exemplo mais significativo, é o Relatório Global de Fortunas divulgado em Julho último pelo banco Credit Suisse,revelando que a COVID-19 aumentou exponencialmente a fome no mundo mas também as fortunas. Pela primeira vez, os milionários ultrapassaram 1% da população mundial; 5 milhões de pessoas. Relativamente a Portugal onde um quinto da população é pobre, tem agora 136 mil milionários. Mais 19 mil que em 2019.

Portanto,a origem destas imorais assimetrias, não se deve apenas à ganância. Acontecem, porque o sistema capitalista o permite. Aliás, faz parte da sua própria natureza. E enquanto a minoria privilegiada for baralhando e fazendo com que o povo se abstenha ou vote maioritariamente nos partidos que a representam, colabora nessa imoralidade. Como sempre, está nas suas mãos alterar ou erradicar mesmo, o sistema. O capitalismo.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"



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