domingo, 24 de outubro de 2021

 

UM CRIMINOSO DE GUERRA TRANSFORMADO EM HERÓI


A história da humanidade é um cortejo de horrores. Desde sempre os homens se mataram uns aos outros. E ao longo dos tempos, não ficaram melhores. Aliás, com a evolução do armamento (a principal industria mundial), matam-se cada vez mais. E com a evolução da comunicação social, há criminosos de guerra que são transformados em heróis. É o caso presente. Mas antes, dizer ainda, a propósito, que antigamente o “poder estava na ponta das baionetas”. Agora, continua lá. Há “baionetas” suficientes para matar umas poucas de vezes toda a humanidade. Mas há outro poder quase, ou tão poderoso, como o das baionetas; o que justifica guerras e transforma, como já se disse, criminosos das ditas, em heróis. É o caso deste que morreu há dias.

Cito António Santos no jornal Avante 21/10/21 (que nos tenhamos apercebido, o único jornal em Portugal a divulgar a folha de serviço deste falcão): “A comunicação social da classe dominante do mundo inteiro uniu-se, na segunda-feira, para cantar elegia fúnebre a Colin Powell”.

Biden, que foi apresentado aos EUA e ao mundo para substituir Trump, como inocente pomba celestial,disse agora nas cerimónias fúnebres de Powell: “um patriota de honra e dignidade sem paralelo que repetidamente rompeu as barreiras raciais e cujo compromisso pessoal com os nossos valores democráticos, tornam o nosso país mais forte.(...)

O que não foi dito sobre o general, conselheiro nacional se segurança, presidente do Estado-Maior Conjunto e secretário de Estado, é que o seu nome assinou a sentença de morte de milhões de pessoas durante quase meio século.(…) Vietname, depois com Carlucci(outro “democrata”), foi o responsável pela invasão e ocupação do Panamá. Foi um dos arquitetos da primeira guerra do Golfo, em que popularizou a chamada doutrina Powell: “primeiro chegamos lá, depois cortamos e por fim matamos”. Também assinou as invasões da Somália, do Afeganistão e do Iraque em 2003. Só esta custou a vida a mais de um milhão de pessoas.” E foi este “cavalheiro” o autor da mentira que lhe deu origem. O pretexto para a mortandade e destruição daquele país, ao garantir à ONU e ao mundo que tinha provas de que o Iraque tinha armas de destruição em massa. “ Cada afirmação que hoje faço, é suportada por fontes, fontes sólidas. Não faço alegações. O que vos estou a dar são factos e conclusões baseadas em provas sólidas”.

Como depois a própria ONU efetivamente comprovou, Powell, deliberadamente, mentiu.

Aqui fica um exemplo do outro poder. Do poder paralelo ao das “baionetas”. O poder da gigantesca máquina mediática dos alegados defensores da democracia, dos direitos humanos, do raio que os parta.


Francisco Ramalho



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