quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Falando-se de OE


Ouvi António Costa afirmar que distribuir riqueza também é uma forma de criar riqueza. Por uma vez, estou completamente de acordo com o primeiro-ministro, ao arrepio de todos os que, atavicamente, se limitam a pensar que distribuir a riqueza é dissipá-la. Muitos dos que, por formação e posicionamento na cadeia de valor social, têm a obrigação de lobrigar um pouquinho mais longe, deixam-se amortalhar na avidez de não abdicarem do ganho imediato. Não deixa de haver aqui muito de arrogância e amesquinhamento do próximo. Por interesse próprio ou egoísmo, esses possidónios deveriam apostar mais no futuro, se conseguissem compreender que uma distribuição mais justa, menos desigual, será um investimento com retorno para si próprios e seus descendentes. Mas não, prenhes de sofreguidão, preferem lambuzar-se já. 

Distribuir melhor poderá ser a sementeira para um mundo mais equitativo e, simultaneamente, mais produtivo, capaz de gerar a auto-suficiência material de todos. Em vez disso, os ricos comprazem-se em acumular recursos em infinitos saldos fátuos, todos balofos e virtuais, mas que, convenhamos, dão imenso poder a quem os possui.


Público - 24.10.2021

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