MUITO CONFUSO

Não entendo, estou confuso, é urgente ser prudente, não se deixar ir nas ondas das notícias, em catadupa, tantas ao minuto que um dia não dá para as ler todas. E pensar sobre elas, compreender, fazer um mapa mental, que permita formar uma opinião com alguma decência, sem se correr o risco de ser impreciso.

Nestes momentos de confusão, é impossível agarrar um norte, escolher um rumo, fazer um palpite que não se transforme no segundo seguinte, na mais incongruente e idiota das ideias.

Já não sei se os gregos têm razão, se os burocratas de Bruxelas a têm, se o governo que me representa, me representa mal ou muito mal.

Esse meu não saber, de nada vale, porque não posso decidir nada mais – pouco mais – que a intenção de querer esboçar um pensamento honesto acerca do mundo em que vivo.

Já não somos indivíduos, somos números, manipulados habilidosamente para estatísticas.

Este pessimismo não é um bom exemplo, pois não, mas que bom exemplo posso eu dar se já nem o meu voto é de valor. E pensava eu que o meu voto era a minha carta de alforria, o carimbo da minha liberdade. Nada disso, vote no que vote ou não vote em nada, essa minha actitude ou intenção, só vai valer para a tal da estatística.

Apesar disso, eu vou continuar a gostar dos gregos, como gosto dos alemães, e a elaborar pateticamente que um dia teremos políticos à altura da Polis.  Quando for a data vou desenhar a minha cruz, valha ela nada ou coisa nenhuma: que são as opções que tenho para escolher.

Entretanto estou a fazer figas para que o mundo ganhe algum juízo, e amanhã não me veja grego para levantar meia dúzia de euros, podendo com eles fazer um festim gastronómico para a minha família.