Registrar este texto sobre a música internacional é abrir o sentimento pelo fado e recordar, com as palavras mais certas, as experiências vividas durante o outono/inverno no Algarve, destino turístico internacional que também consideramos porta-voz dos poetas fadistas e nos traz as lembranças do primeiro contato com uma apresentação da música lusitana na cidade de Faro, dia que fui apresentado ao fado, durante jantar num restaurante localizado na Rua Infante Dom Henrique.
A utilização do silêncio, no sentido de facultar ao intérprete um ambiente dramático me trouxe de uma forma singular sentimentos e emoções de estar naquele lugar. Nesse cenário foi possível ouvir a alma serena da guitarra portuguesa e sentir-se um turista cercado de magia e não somente um estrangeiro que estava a desenvolver um estágio de doutoramento na Universidade do Algarve. Assim, posso afirmar que há um admirador do fado antes e depois dessa viagem de estudo, antes e depois de um tempo em terras algarvias.
Ao ouvir o fado no sul de Portugal, foi possível compreender porque a voz de Amália Rodrigues é capaz de promover as belezas turísticas, cênicas e humanas do país, de aguçar o desejo em conhecer as terras lusitanas cantadas nos versos. Uma música que traz em si um itinerário pela poesia portuguesa, uma marca cultural e relevante componente turística que contribui para a promoção do país no estrangeiro. Evidentemente, falar das vozes fadistas é um modo de reconhecer a sua importância para a atividade turística contemporânea em diferentes destinos de Portugal.
Experienciar a vida e o fado entre o Atlântico e o Guadiana, entre a Ria e as Serras exigiu que eu percorresse outros destinos, livros e obras musicais, colocando-me em contato com diferentes cidades, pessoas, situações e emoções, que me fez sentir a riqueza sonora de um povo e seus infindáveis conhecimentos artísticos.
Depois das sensações vividas no Algarve, fui descobrindo aos poucos os outros lugares e paisagens do fado em Portugal, visitei Coimbra, momento que tive a oportunidade de assistir um concerto da artista Carminho às margens do Rio Mondego, onde a música parece ter uma comoção incontestável. E assim, nesse tempo viajante, entre partidas e chegadas, também caminhei pelas ruas de Alfama e conheci o Museu do Fado em Lisboa, ambiente sagrado desse gênero musical.
Por fim, não é, porém, inédito afirmar que hoje essa canção e sua poesia mora dentro de mim, assim como o Algarve e todo o Portugal.
Publicado: Jornal mundo Lusíada (https://www.mundolusiada.com.br/)
Caro Jean Carlos: as suas palavras soam a sinceridade e amizade e fazem-me sentir envaidecido. Como "portuga", o meu obrigado. Também sou adepto do fado. Noutros tempos frequentei no Porto, casas como o "Mal Cozinhado" e a "Casa da Mariquinhas", mas sinto que há uma diferença enorme quando se ouve fado ao vivo em Lisboa. Nas vielas de Alfama, Mouraria, Bica, Bairro Alto, Madragoa, cheira bem, cheira a Lisboa...
ResponderEliminarBom, mas é apenas a opinião de um simples curioso.
Caro José Valdigem, em Lisboa o Fado é pra além da envolvência e sentimento, e concordo consigo, há uma diferença para as outras cidades de Portugal, como Faro. Escrevo para me apresentar como fã...
EliminarAmália Rodrigues, foi uma das grandes intérpretes a nível mundial. Mas tivemos e temos outros e outras grandes fadistas. Alfredo Marceneiro, Fernando Farinha, Lucília do Carmo, Carlos do Carmo, Camané, tantos outros que não me recordo agora os nomes. Poderei depois acrescentar. O fado é a expressão mais genuína da alma lusa.
ResponderEliminarCaro Francisco Ramalho, estou plenamente de acordo, pois são tantos grandes nomes do Fado em Portugal que qualquer texto produzido sobre essa temática deixará lacunas.
EliminarAna Moura, Gisela João, Manuel de Almeida, Fernando Maurício, Aldina Duarte, Argentina Santos
ResponderEliminarAntigos, já desaparecidos, em minha opinião, os maiores: Amália, Alfredo Marceneiro e Argentina Santos( o fado personificado), Manuel de Almeida e Fernando Maurício.
Atuais, Camané, Aldina Duarte e Ana Moura.
Ouço muito Ana Moura, aqui do estado de Goiás no Brasil, sou fã. Ana Moura é muita emoção.
EliminarÉ verdade amigo Jean. Ana Moura das atuais fadistas, é uma das maiores. Mas experimente ouvir Camané. Depois há os gostos pessoais. Também gosto de Aldina Duarte. Sabe amigo, como já disse, o fado "nasceu"? em Lisboa. Mas ele reflete o sentimento, a alma, de todos portugueses. Sejam eles, alentejanos, como eu, minhotos, transmontanos, beirões, madeirenses. Felizmente, não temos regionalismos exacerbados. Somos mesmo uma nação.
ResponderEliminarObrigado pelas sugestões, Amigo Francisco Ramalho. Camané e Aldina Duarte são duas vozes que não conheço, vou apreciar. Na minha lista musical sempre estão presentes Ana Moura, Mariza, Carminho e Amália.
EliminarSó mais esta sugestão, se ainda não ouviu Camané, oiça. E não deve perder "Sei de um Rio". Versos do poeta portuense, Pedro Homem de Melo. O mesmo de, "Povo que Lavas no Rio". Interpretado por Amália Rodrigues, outra preciosidade.
ResponderEliminarSugestões preciosas, muito obrigado!
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