O "peso/leveza" da idade....

 Obviamente que falo da velhice, pois a outra, a juventude, essa só "enferma" da segunda parte do binómio. Quanto à primeira, serve para tudo, ora sendo incensada como poço de experiência feita sabedoria, ora "atirada para canto" pelo incómodo que, em termos práticos, só empecilha. As mais das vezes as vozes que dela falam, são ambivalentes na sua contemporaneidade.

Vem isto a propósito de um pretenso "handicap" em Joe Biden, candidato democrata à presidência dos EUA, serem os seus 77 anos, educados, civilizados, delicados.... para além da "falta de carisma" e outras "qualidades" que o desqualificariam para o cargo. Tudo isto sem uma qualquer referência comparativa com os 74 do fanfarrão, malévolo, fascistoide mas - pelo visto - "jovem e atlético" Donald Trump.

Leio hoje que o Papa Francisco, com 83 anos, vai lançar mais uma encíclica - Fratelli Tutti ( Todos irmãos) - e que encíclica! Contra o ódio dos populistas ( egoísmo + ignorância, como hoje, no Público, Rui Tavares muito bem mostra...) e o que isso significa na "regressão" do mundo. Na senda da anterior - Laudato Si - sobre  ecologia. E relembro ainda os 90 anos esclarecidos dos antigos Presidentes da República de Itália, Sandro Pertini e Giorgio Napolitano, aquando do desempenho no cargo, e pergunto-me: como então?

Se me perguntarem se preferia os 40 anos de John Kennedy ou Bill Clinton, claro que sim, mas os 77 de Biden, não o desqualificam, à semelhança do octogenário Bergoglio e dos nonagenários italianos. Não gosto das "bravatas" dos velhos que se dizem "iguais aos outros" ( eu bem os vejo a atravessar a rua com passinhos miúdos, com o "vermelho" e vejo a minha própria - em eufemismo - "disfunção eréctil...), mas também não aceito que me digam que já não sou capaz de ler e entender ( e angustiar...) o "Nada a Temer" de Julian Barnes que fala da morte, da fé vs ateísmo, etc. Bem como, para voltar ao meu título deste texto, a "provecta/jovem" idade de Joe Biden como objecção ao cargo...

Fernando Cardoso Rodrigues